Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41982
Andityas Soares de Moura Costa Matos, Bárbara Nascimento de Lima
{"title":"Por uma prática política desobediente","authors":"Andityas Soares de Moura Costa Matos, Bárbara Nascimento de Lima","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41982","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41982","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131032032","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.44293
William E. Scheuerman, Bárbara Nascimento de Lima
O populismo autoritário impõe grandes desafios à democracia. No entanto, relativamente pouca análise sistemática político-teórica ou filosófica se concentrou na melhor forma de se opor ou resistir a ele. O presente ensaio se dedica a três abordagens possíveis que, no momento, estão sendo provisoriamente discutidas. Alguns escritores enfatizam as possíveis virtudes da desobediência civil, outros defendem uma estratégia ainda mais ampla de resistência civil e outros, ainda, abandonam ambas as abordagens “civis” em favor da desobediência não-civil. Apesar de seus muitos pontos fortes, cada abordagem possui pontos fracos, em parte porque cada uma responde de forma incompleta aos desafios do populismo autoritário e ao uso de modos cada vez mais comuns de repressão “inteligente”. Com implicações sinistras para aqueles preocupados com o destino da democracia, os populistas estão adotando técnicas coercitivas destinadas a reprimir a dissidência sem gerar a simpatia do público ou uma reação popular.
{"title":"Como resistir ao populismo autoritário","authors":"William E. Scheuerman, Bárbara Nascimento de Lima","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.44293","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.44293","url":null,"abstract":"O populismo autoritário impõe grandes desafios à democracia. No entanto, relativamente pouca análise sistemática político-teórica ou filosófica se concentrou na melhor forma de se opor ou resistir a ele. O presente ensaio se dedica a três abordagens possíveis que, no momento, estão sendo provisoriamente discutidas. Alguns escritores enfatizam as possíveis virtudes da desobediência civil, outros defendem uma estratégia ainda mais ampla de resistência civil e outros, ainda, abandonam ambas as abordagens “civis” em favor da desobediência não-civil. Apesar de seus muitos pontos fortes, cada abordagem possui pontos fracos, em parte porque cada uma responde de forma incompleta aos desafios do populismo autoritário e ao uso de modos cada vez mais comuns de repressão “inteligente”. Com implicações sinistras para aqueles preocupados com o destino da democracia, os populistas estão adotando técnicas coercitivas destinadas a reprimir a dissidência sem gerar a simpatia do público ou uma reação popular.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131957043","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.44731
Luísa Machala
“Ainda quando" é uma videoperformance que se propõe pensar a desobediência civil como um ato diário de existência dos corpos pretos. Reunindo quatro pessoas artistas da performance e da dança, com direção de Luísa Machala e trilha sonora de Fellipe Miranda, o trabalho compreende a desobediência como condição do corpo e, portanto, a sua revelação estaria nas mais sutis situações cotidianas. Não é preciso muito para abalar os abismos estruturais da sociedade racista em que vivemos. Em uma mistura de cansaço e persistência, o corpo preto segue, o corpo preto cria, o corpo movimenta-se, acima de tudo, move paradigmas. No processo criativo, decide-se por trazer para o roteiro as nuances entre pessoa e artista, obra e processo, ancestralidade e contemporaneidade, fragilidade e permanência. Cada pessoa artista criou seu trajeto-cena nos arredores de suas casas e, como estímulo criativo, foram convidadas a pensarem suas atividades cotidianas, suas relações com aquele espaço e como seus trabalhos autorais poderiam ser pensados nesse contexto: reunir, em queda, o artista, a obra, a pessoa que acorda cedo e dorme tarde para trabalhar, que pega o ônibus, que gripa, que atrasa, que se vira para continuar a caminhada. Sinopse: Ainda quando, a andança persiste. O corpo vagueia com a coragem que a carne carrega para além de sua própria história. Na tentativa de curar abismos, Rodrigo escuta seus ancestrais no Largo do Rosário; Flavi, em risco, tempera fluxos; Eli cria mundos possíveis em seu rosto e André constrói um jeito de seguir. Num desafogo, sem nem ver, a desobediência aparece como condição do corpo, como único modo de existir.
{"title":"Ainda quando","authors":"Luísa Machala","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.44731","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.44731","url":null,"abstract":"“Ainda quando\" é uma videoperformance que se propõe pensar a desobediência civil como um ato diário de existência dos corpos pretos. Reunindo quatro pessoas artistas da performance e da dança, com direção de Luísa Machala e trilha sonora de Fellipe Miranda, o trabalho compreende a desobediência como condição do corpo e, portanto, a sua revelação estaria nas mais sutis situações cotidianas. Não é preciso muito para abalar os abismos estruturais da sociedade racista em que vivemos. Em uma mistura de cansaço e persistência, o corpo preto segue, o corpo preto cria, o corpo movimenta-se, acima de tudo, move paradigmas. No processo criativo, decide-se por trazer para o roteiro as nuances entre pessoa e artista, obra e processo, ancestralidade e contemporaneidade, fragilidade e permanência. Cada pessoa artista criou seu trajeto-cena nos arredores de suas casas e, como estímulo criativo, foram convidadas a pensarem suas atividades cotidianas, suas relações com aquele espaço e como seus trabalhos autorais poderiam ser pensados nesse contexto: reunir, em queda, o artista, a obra, a pessoa que acorda cedo e dorme tarde para trabalhar, que pega o ônibus, que gripa, que atrasa, que se vira para continuar a caminhada.\u0000Sinopse: Ainda quando, a andança persiste. O corpo vagueia com a coragem que a carne carrega para além de sua própria história. Na tentativa de curar abismos, Rodrigo escuta seus ancestrais no Largo do Rosário; Flavi, em risco, tempera fluxos; Eli cria mundos possíveis em seu rosto e André constrói um jeito de seguir. Num desafogo, sem nem ver, a desobediência aparece como condição do corpo, como único modo de existir.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"22 24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123672287","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41910
Krishna Schneider Treml, Jairo Marchesan, S. L. Bazzanella
O objetivo deste artigo é compreender o controle e a violência exercida pelo Estado por meio dos instrumentos jurídicos e da racionalidade dos dispositivos econômico-políticos e suas implicações sobre o desenvolvimento regional. A partir dos escritos de Michael Foucault, Giorgio Agamben e Maurizio Lazzarato, faz-se permissível estabelecer uma relação ambígua e complexa na qual o Estado – alicerçado em injunções jurídicas e dispositivos econômico-políticos – exerce uma violência institucionalizada que não apenas determina condutas, mas segrega indivíduos e populações, produz constantes ameaças e assegura contratos e imposições financeiras sobre comunidades e povos, sob a obsessão do padrão desenvolvimentista. Esse modelo é tão ávido que se liquefaz ao projeto biopolítico e transforma a vida humana em vida meramente biológica, especialmente nas populações periféricas ou excluídas social, cultural e economicamente. A violência, atrelada à lei e a este processo, contamina todas as instituições, projetos e injunções, inclusive o “desenvolvimento”, nas suas mais diversas adjetivações, conservando e (re)produzindo vidas desqualificadas.
{"title":"Biopolítica, desenvolvimento, insegurança, exclusão e violência","authors":"Krishna Schneider Treml, Jairo Marchesan, S. L. Bazzanella","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41910","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41910","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é compreender o controle e a violência exercida pelo Estado por meio dos instrumentos jurídicos e da racionalidade dos dispositivos econômico-políticos e suas implicações sobre o desenvolvimento regional. A partir dos escritos de Michael Foucault, Giorgio Agamben e Maurizio Lazzarato, faz-se permissível estabelecer uma relação ambígua e complexa na qual o Estado – alicerçado em injunções jurídicas e dispositivos econômico-políticos – exerce uma violência institucionalizada que não apenas determina condutas, mas segrega indivíduos e populações, produz constantes ameaças e assegura contratos e imposições financeiras sobre comunidades e povos, sob a obsessão do padrão desenvolvimentista. Esse modelo é tão ávido que se liquefaz ao projeto biopolítico e transforma a vida humana em vida meramente biológica, especialmente nas populações periféricas ou excluídas social, cultural e economicamente. A violência, atrelada à lei e a este processo, contamina todas as instituições, projetos e injunções, inclusive o “desenvolvimento”, nas suas mais diversas adjetivações, conservando e (re)produzindo vidas desqualificadas.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"59 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123208211","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41973
J. Ferraro
O presente ensaio aborda a desobediência como ethos a partir da leitura do prefácio foucaultiano intitulado Introdução a uma vida não fascista à obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari, O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia, lançada em 1972. Embora escrito em 1977 para edição publicada nos Estados Unidos, o prelúdio escrito por Michel Foucault nos oportuniza problematizar a desobediência como ethos. O olhar elogioso do filósofo francês para o livro de Deleuze e Guattari insere a obra de ambos em uma dimensão ética para que possamos pensar nossa relação com o desejo a partir de um inconsciente que abandona sua condição fantasmática para assumir-se maquínico. Em sua alegoria como usina do desejo, no embate entre a psicanálise de então com uma esquizoanálise insurgente, abre-se a oportunidade para observarmos a crítica como ferramenta para pensarmos todos estes elementos com os microfascismos – os fascismos contemporâneos; seja no seu combate ou na assunção de posturas complacentes em relação a eles. É nestes termos que o presente ensaio toma Foucault, leitor de O anti-Édipo, para pensarmos a possibilidade da desobediência como ethos. Palavras-chave: desobediência como ethos; Michel Foucault; Gilles Deleuze; Félix Guattari; microfascismo.
{"title":"desobediência como ethos","authors":"J. Ferraro","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41973","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41973","url":null,"abstract":"O presente ensaio aborda a desobediência como ethos a partir da leitura do prefácio foucaultiano intitulado Introdução a uma vida não fascista à obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari, O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia, lançada em 1972. Embora escrito em 1977 para edição publicada nos Estados Unidos, o prelúdio escrito por Michel Foucault nos oportuniza problematizar a desobediência como ethos. O olhar elogioso do filósofo francês para o livro de Deleuze e Guattari insere a obra de ambos em uma dimensão ética para que possamos pensar nossa relação com o desejo a partir de um inconsciente que abandona sua condição fantasmática para assumir-se maquínico. Em sua alegoria como usina do desejo, no embate entre a psicanálise de então com uma esquizoanálise insurgente, abre-se a oportunidade para observarmos a crítica como ferramenta para pensarmos todos estes elementos com os microfascismos – os fascismos contemporâneos; seja no seu combate ou na assunção de posturas complacentes em relação a eles. É nestes termos que o presente ensaio toma Foucault, leitor de O anti-Édipo, para pensarmos a possibilidade da desobediência como ethos.\u0000Palavras-chave: desobediência como ethos; Michel Foucault; Gilles Deleuze; Félix Guattari; microfascismo.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"53 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115994578","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41486
Victor Hermann
O presente ensaio visa contribuir aos estudos sobre os processos de percepção social da violência no Brasil, com ênfase nas redes sociais. Como recorte, elegemos a repercussão no Instagram e Twitter do assassinato de Evaldo Rosa e Luciano Macedo pelo Exército em 2019, no Rio de Janeiro – episódio que ficou marcado pela hashtag #80tiros. Vamos analisar os argumentos mais recorrentes, seus fundamentos sociológicos e limitações interpretativas, bem como a influência da infraestrutura algorítmica na sua construção. Nossa hipótese é de que a fala mítica dificultou a percepção da zona cinza formada com o avanço das necropolíticas de Estado contra setores da classe batalhadora.
{"title":"#80tiros: como contar a violência?","authors":"Victor Hermann","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41486","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41486","url":null,"abstract":"O presente ensaio visa contribuir aos estudos sobre os processos de percepção social da violência no Brasil, com ênfase nas redes sociais. Como recorte, elegemos a repercussão no Instagram e Twitter do assassinato de Evaldo Rosa e Luciano Macedo pelo Exército em 2019, no Rio de Janeiro – episódio que ficou marcado pela hashtag #80tiros. Vamos analisar os argumentos mais recorrentes, seus fundamentos sociológicos e limitações interpretativas, bem como a influência da infraestrutura algorítmica na sua construção. Nossa hipótese é de que a fala mítica dificultou a percepção da zona cinza formada com o avanço das necropolíticas de Estado contra setores da classe batalhadora.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"186 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122370106","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41697
Rafael dos Santos Ferreira
Neste ensaio, procuro desenvolver a noção de estética da ferocidade. Para isso, primeiramente, busco me relacionar criticamente com alguns elementos da Escola de Frankfurt e dos Estudos Queer. A respeito da primeira escola de pensamento, reflito sobre o teórico Herbert Marcuse. Diante de Marcuse, é possível compreender – já na década de 1960 – uma valorização dos saberes minoritários, da produção de novas formas de subjetividade, de uma positivação das sexualidades ditas perversas e, também, a valorização das utopias que se pode chamar de subalternas. A respeito da segunda escola de pensamento – os Estudos Queer –, é possível encontrar muitas semelhanças com o pensamento de Marcuse, mas penso que o queer evoca uma experiência de desestruturação dos processos normativos, ou ainda de determinadas ontologias. Nesse sentido, o que direciono para uma estética da ferocidade seria a compreensão do queer como uma experiência de implosão dos processos normativos, mas, também, de uma explosão do Simbólico via pulsão de morte.
{"title":"Estética da ferocidade","authors":"Rafael dos Santos Ferreira","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41697","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41697","url":null,"abstract":"Neste ensaio, procuro desenvolver a noção de estética da ferocidade. Para isso, primeiramente, busco me relacionar criticamente com alguns elementos da Escola de Frankfurt e dos Estudos Queer. A respeito da primeira escola de pensamento, reflito sobre o teórico Herbert Marcuse. Diante de Marcuse, é possível compreender – já na década de 1960 – uma valorização dos saberes minoritários, da produção de novas formas de subjetividade, de uma positivação das sexualidades ditas perversas e, também, a valorização das utopias que se pode chamar de subalternas. A respeito da segunda escola de pensamento – os Estudos Queer –, é possível encontrar muitas semelhanças com o pensamento de Marcuse, mas penso que o queer evoca uma experiência de desestruturação dos processos normativos, ou ainda de determinadas ontologias. Nesse sentido, o que direciono para uma estética da ferocidade seria a compreensão do queer como uma experiência de implosão dos processos normativos, mas, também, de uma explosão do Simbólico via pulsão de morte.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"86 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126984926","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.45479
A. Livingston, Bárbara Nascimento de Lima
Mohandas Gandhi é o criador de mitos mais influente e o teórico mais original da desobediência civil. Como editor de jornal na África do Sul, ele narrou suas experiências com satyagraha traçando paralelos com nobres precedentes históricos, dentre os quais os mais duradouros foram Sócrates e Henry David Thoreau. A genealogia que Gandhi inventou nesses anos se tornou a pedra angular das narrativas liberais contemporâneas de desobediência civil como uma tradição contínua de apelo consciencioso que vai de Sócrates a King e Rawls. Uma consequência dessa canonização contemporânea da narrativa de Gandhi, no entanto, foi obscurecer a crítica radical da violência que originalmente a motivou. Este ensaio se baseia no relato de Edward Said sobre a teoria da viagem para desestabilizar o mito da doutrina que se formou em torno da desobediência civil. Ao colocar a genealogia de Gandhi no contexto de sua crítica da civilização moderna, bem como seu encontro formativo (embora muitas vezes esquecido) com o movimento sufragista feminino britânico, ele reconstrói a noção paradoxal de Gandhi de que a ação política sacrificial é a expressão mais completa do autogoverno. Para Gandhi, Sócrates e Thoreau exemplificam a desobediência civil como uma prática destemida de fidelidade à verdade, profundamente em desacordo com as concepções liberais de desobediência como fidelidade à lei.
{"title":"Fidelidade à verdade","authors":"A. Livingston, Bárbara Nascimento de Lima","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.45479","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.45479","url":null,"abstract":"Mohandas Gandhi é o criador de mitos mais influente e o teórico mais original da desobediência civil. Como editor de jornal na África do Sul, ele narrou suas experiências com satyagraha traçando paralelos com nobres precedentes históricos, dentre os quais os mais duradouros foram Sócrates e Henry David Thoreau. A genealogia que Gandhi inventou nesses anos se tornou a pedra angular das narrativas liberais contemporâneas de desobediência civil como uma tradição contínua de apelo consciencioso que vai de Sócrates a King e Rawls. Uma consequência dessa canonização contemporânea da narrativa de Gandhi, no entanto, foi obscurecer a crítica radical da violência que originalmente a motivou. Este ensaio se baseia no relato de Edward Said sobre a teoria da viagem para desestabilizar o mito da doutrina que se formou em torno da desobediência civil. Ao colocar a genealogia de Gandhi no contexto de sua crítica da civilização moderna, bem como seu encontro formativo (embora muitas vezes esquecido) com o movimento sufragista feminino britânico, ele reconstrói a noção paradoxal de Gandhi de que a ação política sacrificial é a expressão mais completa do autogoverno. Para Gandhi, Sócrates e Thoreau exemplificam a desobediência civil como uma prática destemida de fidelidade à verdade, profundamente em desacordo com as concepções liberais de desobediência como fidelidade à lei.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"161 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116418035","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.44936
Bárbara Nascimento de Lima
Adopting a genealogical methodology, this paper aims to unveil the historical intricacies of civil disobedience’s many conceptualizations, particularly the ones related to the Thoureaivian concept and the liberal model of civil disobedience. As suggested by Hanson, there has been a long process of selective appropriation of Thoreau’s Resistance to civil government - later republished as Civil disobedience - that goes from the editors until Gandhi. By the same token, there has been a second process, not of selective appropriation per se, but of colonization in which the authors of the liberal model of civil disobedience imposes a series of theoretical constraints in the form of constitutive elements that ought to be fulfilled in order for a political movement to be considered a legitimate case of civil disobedience. This has resulted in civil disobedients being required to recognize the legitimacy of legal and political systems and to demand changes only within the boundaries of the rule of law. Conversely, we suggest a different – and radical – approach to civil disobedience, one that acknowledges that civil disobedience’s conceptualization should be practical-base, i.e., determined from real political actions and not necessarily centered on legal foundations or normative status.
{"title":"Civil disobedience","authors":"Bárbara Nascimento de Lima","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.44936","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.44936","url":null,"abstract":"Adopting a genealogical methodology, this paper aims to unveil the historical intricacies of civil disobedience’s many conceptualizations, particularly the ones related to the Thoureaivian concept and the liberal model of civil disobedience. As suggested by Hanson, there has been a long process of selective appropriation of Thoreau’s Resistance to civil government - later republished as Civil disobedience - that goes from the editors until Gandhi. By the same token, there has been a second process, not of selective appropriation per se, but of colonization in which the authors of the liberal model of civil disobedience imposes a series of theoretical constraints in the form of constitutive elements that ought to be fulfilled in order for a political movement to be considered a legitimate case of civil disobedience. This has resulted in civil disobedients being required to recognize the legitimacy of legal and political systems and to demand changes only within the boundaries of the rule of law. Conversely, we suggest a different – and radical – approach to civil disobedience, one that acknowledges that civil disobedience’s conceptualization should be practical-base, i.e., determined from real political actions and not necessarily centered on legal foundations or normative status.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"34 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125376378","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-18DOI: 10.53981/(des)troos.v3i2.41882
Júlia Vidal, Jailane Devaroop Pereira Matos
Apoiado no Manifesto Contrasexual de Paul Preciado, o artigo objetiva analisar a relação entre normas de gênero e normas jurídicas à luz dos estudos no campo de gênero e sexualidade, bem como os efeitos dessa dupla normação nos corpos que escapam. O trabalho sugere que normas jurídicas e normas de gênero não se estranham porque a maneira com a qual construímos nosso acesso epistêmico do mundo está alicerçada em verdades hierárquicas, binárias e dicotômicas que ambas reiteram e legitimam. Nesse sentido, busca-se pensar a dildotopia com uma ameça epistêmica a desestabilizar tais lócus de saber nomardos.
{"title":"Normas de gênero e normas jurídicas","authors":"Júlia Vidal, Jailane Devaroop Pereira Matos","doi":"10.53981/(des)troos.v3i2.41882","DOIUrl":"https://doi.org/10.53981/(des)troos.v3i2.41882","url":null,"abstract":"Apoiado no Manifesto Contrasexual de Paul Preciado, o artigo objetiva analisar a relação entre normas de gênero e normas jurídicas à luz dos estudos no campo de gênero e sexualidade, bem como os efeitos dessa dupla normação nos corpos que escapam. O trabalho sugere que normas jurídicas e normas de gênero não se estranham porque a maneira com a qual construímos nosso acesso epistêmico do mundo está alicerçada em verdades hierárquicas, binárias e dicotômicas que ambas reiteram e legitimam. Nesse sentido, busca-se pensar a dildotopia com uma ameça epistêmica a desestabilizar tais lócus de saber nomardos.","PeriodicalId":263118,"journal":{"name":"(Des)troços: revista de pensamento radical","volume":"59 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125438966","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}