Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p332-345
Joana Sampaio Primo, Miriam Debieux Rosa
O presente artigo pretende discutir algumas facetas da construção de intervenções psicanalíticas clinicopolíticas com escolas. Parte-se de uma pesquisa-intervenção em algumas escolas municipais da cidade de São Paulo que se viram confrontadas com o silêncio de crianças de origem imigrante como um enigma a ser cuidado pelas instituições. Tem-se como objetivo discutir as tensões entre um sintoma singular e suas inscrições coletivas na produção de intervenções clinicopolíticas com escolas, estas que tem como intuito é contribuir para escolarização das crianças de origem migrante. O artigo se guiará construção do acompanhamento de uma criança que não falava nenhuma língua e colocava entraves em sua escolarização. Sublinha-se a tensão entre um sintoma singular e uma verdade social para escutar esses sintomas que, de outra forma, poderiam continuar silenciados.
{"title":"O encontro da clínicopolítica com a escola: tensões entre o singular e o social na escolarização de crianças imigrantes","authors":"Joana Sampaio Primo, Miriam Debieux Rosa","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p332-345","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p332-345","url":null,"abstract":"O presente artigo pretende discutir algumas facetas da construção de intervenções psicanalíticas clinicopolíticas com escolas. Parte-se de uma pesquisa-intervenção em algumas escolas municipais da cidade de São Paulo que se viram confrontadas com o silêncio de crianças de origem imigrante como um enigma a ser cuidado pelas instituições. Tem-se como objetivo discutir as tensões entre um sintoma singular e suas inscrições coletivas na produção de intervenções clinicopolíticas com escolas, estas que tem como intuito é contribuir para escolarização das crianças de origem migrante. O artigo se guiará construção do acompanhamento de uma criança que não falava nenhuma língua e colocava entraves em sua escolarização. Sublinha-se a tensão entre um sintoma singular e uma verdade social para escutar esses sintomas que, de outra forma, poderiam continuar silenciados.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45128875","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p405-421
Nayara Dias Mamede, Claudia Aparecida de Oliveira Leite
O sujeito se constitui na rede de significantes, construída diante dos afetos que circundam a sua relação com o Outro. Parte dessa afetação é promovida pela musicalidade que caracteriza a fala materna, que tanto promove simbolizações às enunciações do bebê como também embala o real de seu corpo nas ressonâncias da sua dimensão vocal. Fascínio que integra gozo e sentido, convocando-o à linguagem. Nessa perspectiva, o presente artigo remete a uma pesquisa qualitativa, condizente a uma revisão narrativa de literatura, que tem como principal objetivo compreender como as vocalizações do Outro influenciam a forma em que o sujeito conduz a sua fala, demonstrando que a entrada na linguagem acontece frente ao desejo do Outro e que, assim, o sujeito ao falar também goza, por incorporar tal desejo em sua prosódia.
{"title":"Da origem à criação: o aparecimento do sujeito como aquele que c@nta","authors":"Nayara Dias Mamede, Claudia Aparecida de Oliveira Leite","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p405-421","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p405-421","url":null,"abstract":"O sujeito se constitui na rede de significantes, construída diante dos afetos que circundam a sua relação com o Outro. Parte dessa afetação é promovida pela musicalidade que caracteriza a fala materna, que tanto promove simbolizações às enunciações do bebê como também embala o real de seu corpo nas ressonâncias da sua dimensão vocal. Fascínio que integra gozo e sentido, convocando-o à linguagem. Nessa perspectiva, o presente artigo remete a uma pesquisa qualitativa, condizente a uma revisão narrativa de literatura, que tem como principal objetivo compreender como as vocalizações do Outro influenciam a forma em que o sujeito conduz a sua fala, demonstrando que a entrada na linguagem acontece frente ao desejo do Outro e que, assim, o sujeito ao falar também goza, por incorporar tal desejo em sua prosódia.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45646168","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p481-495
D. Cruz, Elson Ferreira Costa
A escuta clínica de crianças em contextos institucionais, como os serviços de acolhimento, tem suscitado debates no campo do Sistema Único de Assistência Social. Assim, o objetivo do presente estudo é relatar a experiência de atendimento à criança em acolhimento institucional. Reflete-se, pois, sobre a possibilidade da escuta clínica, a partir da utilização do conto de fadas como recurso terapêutico. Para tanto, apresenta-se fragmentos de um caso atendido, pela primeira autora, em uma instituição de acolhimento para crianças e adolescentes em um município do estado do Pará. Compreende-se que é possível a criação de espaços de falas, a partir de recursos favorecedores da expressão da criança (conto de fadas) em outros campos de atuação do psicólogo (acolhimento institucional), flexibilizando o enquadramento de atendimento na perspectiva da clínica psicanalítica e ampliada.
{"title":"Escuta clínica e o conto de fadas: relato de experiência no atendimento à criança institucionalizada","authors":"D. Cruz, Elson Ferreira Costa","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p481-495","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p481-495","url":null,"abstract":"A escuta clínica de crianças em contextos institucionais, como os serviços de acolhimento, tem suscitado debates no campo do Sistema Único de Assistência Social. Assim, o objetivo do presente estudo é relatar a experiência de atendimento à criança em acolhimento institucional. Reflete-se, pois, sobre a possibilidade da escuta clínica, a partir da utilização do conto de fadas como recurso terapêutico. Para tanto, apresenta-se fragmentos de um caso atendido, pela primeira autora, em uma instituição de acolhimento para crianças e adolescentes em um município do estado do Pará. Compreende-se que é possível a criação de espaços de falas, a partir de recursos favorecedores da expressão da criança (conto de fadas) em outros campos de atuação do psicólogo (acolhimento institucional), flexibilizando o enquadramento de atendimento na perspectiva da clínica psicanalítica e ampliada.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45093278","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p328-331
Miriam Debieux Rosa, Joana Sampaio Primo, G. Binkowski
Os fluxos migratórios se tornaram um campo de tensões sociais e políticas que desconsideram sua condição sine qua non para a construção de uma sociedade. Atualmente o fluxo migratório é fenômeno que desnuda as formas de funcionamento social e político que camuflam e tornam invisibilizada a gestão social na lógica da guerra. Nesta ficam banalizados os discursos de ódio que segregam, fomentam os racismos e outras modalidades de exclusão com foco nos marcadores étnico-raciais, econômicos, culturais, religiosos ou de gênero. As migrações de massa, assim como a recusa em acolher os imigrantes e a determinação de os expulsar, revelam uma guerra sem nome, ou seja: uma modalidade de política baseada na globalização perversa. Ela institui um colonialismo amplo, geral e irrestrito, com a centralização do capital à custa de miséria, domínio e morte de muitos e também das formas de vida que eles representam.
{"title":"Experiências de fronteira e de front: crianças imigrantes, escola e políticas da infância","authors":"Miriam Debieux Rosa, Joana Sampaio Primo, G. Binkowski","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p328-331","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p328-331","url":null,"abstract":"Os fluxos migratórios se tornaram um campo de tensões sociais e políticas que desconsideram sua condição sine qua non para a construção de uma sociedade. Atualmente o fluxo migratório é fenômeno que desnuda as formas de funcionamento social e político que camuflam e tornam invisibilizada a gestão social na lógica da guerra. Nesta ficam banalizados os discursos de ódio que segregam, fomentam os racismos e outras modalidades de exclusão com foco nos marcadores étnico-raciais, econômicos, culturais, religiosos ou de gênero. As migrações de massa, assim como a recusa em acolher os imigrantes e a determinação de os expulsar, revelam uma guerra sem nome, ou seja: uma modalidade de política baseada na globalização perversa. Ela institui um colonialismo amplo, geral e irrestrito, com a centralização do capital à custa de miséria, domínio e morte de muitos e também das formas de vida que eles representam. \u0000 ","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49152155","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p435-450
Lia S. F. Serra
O presente artigo trata do discurso pedagógico contemporâneo apontando transformações nas noções de transmitir e aprender, as quais se deslocaram da dialética própria à relação educativa para uma dilemática que se caracteriza mais pela promoção de uma paralisia que pela fluidez do trabalho subjetivo de educar. O objetivo é demonstrar, a partir de uma peça do discurso pedagógico contemporâneo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) brasileira, que tais transformações são efeito do discurso chamado por Lacan (1969) de capitalista, cujo funcionamento se pauta na não formação de laço e na justa adequação entre sujeito e objeto. Para essa demonstração, foram pinçados elementos que se articulam num deslize ao discurso do capitalista. Desse modo, concluiu-se que o discurso presente nesse texto acaba por promover a referida dilemática.
{"title":"Transmitir e aprender: dilemas do educar contemporâneo","authors":"Lia S. F. Serra","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p435-450","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p435-450","url":null,"abstract":"O presente artigo trata do discurso pedagógico contemporâneo apontando transformações nas noções de transmitir e aprender, as quais se deslocaram da dialética própria à relação educativa para uma dilemática que se caracteriza mais pela promoção de uma paralisia que pela fluidez do trabalho subjetivo de educar. O objetivo é demonstrar, a partir de uma peça do discurso pedagógico contemporâneo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) brasileira, que tais transformações são efeito do discurso chamado por Lacan (1969) de capitalista, cujo funcionamento se pauta na não formação de laço e na justa adequação entre sujeito e objeto. Para essa demonstração, foram pinçados elementos que se articulam num deslize ao discurso do capitalista. Desse modo, concluiu-se que o discurso presente nesse texto acaba por promover a referida dilemática.\u0000 ","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45898236","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p364-378
Aurélie Maurin Souvignet
Diagnostiqué autiste par une plateforme dédiée, Katal a 4 ans lorsqu’il est reçu pour la première fois en centre de soin ambulatoire. Devant sa grande agitation psychomotrice et la difficulté pour ses parents de tisser un récit tout en étant contenant pour lui, nous décidons collectivement que cet enfant et sa famille seront reçues, autant que nécessaire, par un duo de professionnel: un psychomotricien et une psychologue, de sorte à pouvoir travailler dans un même temps et un même espace les dynamiques psychocorporelles, psychosociales et intersubjectives à l’œuvre dans cette situation préoccupante. Nous montrerons comment ce dispositif en introduisant des médiations thérapeutiques tout en acceptant d’en questionner la pertinence, a favorisé la figuration et la mise en récit de la trajectoire migratoire d’une extrême complexité pour cette famille, ouvrant ainsi la possibilité d’un dialogue entre enfant et adultes, mais aussi entre adultes, y compris un dialogue intérieur de reprise et de transformation de moments traumatiques liés à l’exil.
{"title":"A l’épreuve des trajectoires migratoires et transférentielles: un dispositif d'accompagnement et de soin d’un enfant autiste et de sa famille","authors":"Aurélie Maurin Souvignet","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p364-378","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p364-378","url":null,"abstract":"Diagnostiqué autiste par une plateforme dédiée, Katal a 4 ans lorsqu’il est reçu pour la première fois en centre de soin ambulatoire. Devant sa grande agitation psychomotrice et la difficulté pour ses parents de tisser un récit tout en étant contenant pour lui, nous décidons collectivement que cet enfant et sa famille seront reçues, autant que nécessaire, par un duo de professionnel: un psychomotricien et une psychologue, de sorte à pouvoir travailler dans un même temps et un même espace les dynamiques psychocorporelles, psychosociales et intersubjectives à l’œuvre dans cette situation préoccupante. Nous montrerons comment ce dispositif en introduisant des médiations thérapeutiques tout en acceptant d’en questionner la pertinence, a favorisé la figuration et la mise en récit de la trajectoire migratoire d’une extrême complexité pour cette famille, ouvrant ainsi la possibilité d’un dialogue entre enfant et adultes, mais aussi entre adultes, y compris un dialogue intérieur de reprise et de transformation de moments traumatiques liés à l’exil.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46040046","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p422-434
Camila Saboia
O artigo aborda os impasses vividos por um bebê com risco de autismo em seu processo de subjetivação. Estudos afirmam que há bebês que, muito precocemente, recusam-se a estabelecer trocas com o objeto materno, impossibilitando que a mãe entre em um estado de identificação com seu bebê, o que colocaria em pauta que o autismo infantil não se limitaria apenas a uma falha materna, mas se trataria de uma patologia multifatorial. Quais intervenções clínicas seriam necessárias para que a mãe e o bebê possam juntos (re)escrever uma nova narrativa psíquica? Haveria um tipo de intervenção e de manejo clínico específico nos casos de bebês com risco de autismo? E como a psicanálise contemporânea, fundamentada pela leitura da intersubjetividade, nos ajudaria na compreensão da clínica da intervenção precoce?
{"title":"Os impasses ao acesso à intersubjetividade: observações clínicas de um bebê com risco de evolução autística","authors":"Camila Saboia","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p422-434","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p422-434","url":null,"abstract":"O artigo aborda os impasses vividos por um bebê com risco de autismo em seu processo de subjetivação. Estudos afirmam que há bebês que, muito precocemente, recusam-se a estabelecer trocas com o objeto materno, impossibilitando que a mãe entre em um estado de identificação com seu bebê, o que colocaria em pauta que o autismo infantil não se limitaria apenas a uma falha materna, mas se trataria de uma patologia multifatorial. Quais intervenções clínicas seriam necessárias para que a mãe e o bebê possam juntos (re)escrever uma nova narrativa psíquica? Haveria um tipo de intervenção e de manejo clínico específico nos casos de bebês com risco de autismo? E como a psicanálise contemporânea, fundamentada pela leitura da intersubjetividade, nos ajudaria na compreensão da clínica da intervenção precoce?","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47904835","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p346-363
Julia Hatakeyama Joia, Janaína Lopes Diogo, Sthefânia Kurkdjian Restiffe de Carvalho, Cláudia Nabarro Munhoz
A chegada de crianças filhas de imigrantes bolivianos no CAPS infantojuvenil Mooca vem ocorrendo com maior frequência. Essas crianças chegam ao serviço com queixas de problemas do desenvolvimento, destacando-se atraso na fala e dificuldade na interação, muitos com a hipótese diagnóstica de autismo interrogada. Neste artigo, apresentaremos um grupo terapêutico com imigrantes, que possibilitou um espaço de acolhimento para crianças e famílias e a abertura para narrar e elaborar sobre vivências de sofrimento, desenraizamento e solidão. Buscaremos ampliar as leituras possíveis para os problemas do desenvolvimento apresentados pelas crianças, interrogando como podem estar relacionados à experiência de imigração e seus efeitos sociopolíticos na subjetividade. Por fim, discutiremos como a demanda social por diagnósticos responde à razão psiquiátrica contemporânea e não à demanda de cuidado e escuta das crianças.
{"title":"Dar lugar à palavra: reverberações da clínica com imigrantes bolivianos num CAPS infantojuvenil","authors":"Julia Hatakeyama Joia, Janaína Lopes Diogo, Sthefânia Kurkdjian Restiffe de Carvalho, Cláudia Nabarro Munhoz","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p346-363","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p346-363","url":null,"abstract":"A chegada de crianças filhas de imigrantes bolivianos no CAPS infantojuvenil Mooca vem ocorrendo com maior frequência. Essas crianças chegam ao serviço com queixas de problemas do desenvolvimento, destacando-se atraso na fala e dificuldade na interação, muitos com a hipótese diagnóstica de autismo interrogada. Neste artigo, apresentaremos um grupo terapêutico com imigrantes, que possibilitou um espaço de acolhimento para crianças e famílias e a abertura para narrar e elaborar sobre vivências de sofrimento, desenraizamento e solidão. Buscaremos ampliar as leituras possíveis para os problemas do desenvolvimento apresentados pelas crianças, interrogando como podem estar relacionados à experiência de imigração e seus efeitos sociopolíticos na subjetividade. Por fim, discutiremos como a demanda social por diagnósticos responde à razão psiquiátrica contemporânea e não à demanda de cuidado e escuta das crianças.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43029102","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p466-480
Carolina Schmitt Colomé, Cândida Prates Dantas, Luísa da Rosa Olesiak, J. Zappe
Este estudo objetivou compreender as implicações da toxoplasmose congênita e pós-natal no laço mãe-bebê e no desenvolvimento do bebê. Realizou-se um estudo de casos múltiplos com duas díades de mães e bebês diagnosticados com toxoplasmose congênita ou pós-natal, através de entrevistas semiestruturadas com as mães e observação dos Indicadores Clínicos de Referência par o Desenvolvimento Infantil (IRDIs). O primeiro caso apresentou todos os indicadores presentes, revelando que o processo de desenvolvimento do bebê estava em andamento. O segundo caso teve dois indicadores ausentes, sinalizando um alerta frente a dificuldades da relação da díade. Destaca-se que a presença de intercorrências orgânicas pode afetar a constituição do laço mãe-bebê e o desenvolvimento do bebê, mas não implica, necessariamente, em consequências negativas, visto que se tratam de processos complexos, dinâmicos e multifatoriais.
{"title":"O laço mãe-bebê e o desenvolvimento infantil frente à toxoplasmose: um estudo de casos múltiplos","authors":"Carolina Schmitt Colomé, Cândida Prates Dantas, Luísa da Rosa Olesiak, J. Zappe","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p466-480","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p466-480","url":null,"abstract":"Este estudo objetivou compreender as implicações da toxoplasmose congênita e pós-natal no laço mãe-bebê e no desenvolvimento do bebê. Realizou-se um estudo de casos múltiplos com duas díades de mães e bebês diagnosticados com toxoplasmose congênita ou pós-natal, através de entrevistas semiestruturadas com as mães e observação dos Indicadores Clínicos de Referência par o Desenvolvimento Infantil (IRDIs). O primeiro caso apresentou todos os indicadores presentes, revelando que o processo de desenvolvimento do bebê estava em andamento. O segundo caso teve dois indicadores ausentes, sinalizando um alerta frente a dificuldades da relação da díade. Destaca-se que a presença de intercorrências orgânicas pode afetar a constituição do laço mãe-bebê e o desenvolvimento do bebê, mas não implica, necessariamente, em consequências negativas, visto que se tratam de processos complexos, dinâmicos e multifatoriais.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42323806","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-18DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v27i3p379-389
A. Bemfica, Maria Cristina Candal Poli
Propomos uma reflexão sobre o acolhimento da urgência subjetiva e a orientação de jovens originários da África subsaariana nos serviços da rede de proteção da infância francesa. A partir do acompanhamento clínico de uma adolescente de origem senegalesa, realizado durante um ano em um centro de acolhimento de jovens menores não acompanhados da família e em situação de migração, apresentaremos os pilares de uma práxis psicanalítica realizada nestas condições. Em um segundo momento, abordaremos um caso clínico no qual a urgência subjetiva se apresenta pelo viés da perplexidade como resposta a violações sexuais, errância e exílio vividos em um percurso migratório. Finalmente, refletiremos sobre a apropriação do estrangeiro-íntimo como potencialidade de reedição narrativa e produção de ancoragens diante do trauma.
{"title":"Passagens adolescentes em afrodiáspora: do estado-coisa ao estado de sujeito","authors":"A. Bemfica, Maria Cristina Candal Poli","doi":"10.11606/issn.1981-1624.v27i3p379-389","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v27i3p379-389","url":null,"abstract":"Propomos uma reflexão sobre o acolhimento da urgência subjetiva e a orientação de jovens originários da África subsaariana nos serviços da rede de proteção da infância francesa. A partir do acompanhamento clínico de uma adolescente de origem senegalesa, realizado durante um ano em um centro de acolhimento de jovens menores não acompanhados da família e em situação de migração, apresentaremos os pilares de uma práxis psicanalítica realizada nestas condições. Em um segundo momento, abordaremos um caso clínico no qual a urgência subjetiva se apresenta pelo viés da perplexidade como resposta a violações sexuais, errância e exílio vividos em um percurso migratório. Finalmente, refletiremos sobre a apropriação do estrangeiro-íntimo como potencialidade de reedição narrativa e produção de ancoragens diante do trauma.","PeriodicalId":33891,"journal":{"name":"Estilos da Clinica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47239103","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
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