Pub Date : 2023-11-14DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44349
Federico Sanguinetti
Neste texto, proponho-me a acompanhar as linhas fundamentais da interpretação de Hegel no livro Homo modernus, de Denise Ferreira da Silva. A interpretação de Hegel oferecida pela autora é profunda e original, mas é completamente ignorada na literatura sobre Hegel a nível nacional e internacional. Tentarei mostrar o papel central que o pensamento de Hegel desempenha no contexto do projeto de Ferreira da Silva em Homo modernus e destacarei dois temas de refl exão que me parecem relevantes dentro do âmbito dos estudos hegelianos.
{"title":"Hegel e a analítica da racialidade de Denise Ferreira da Silva","authors":"Federico Sanguinetti","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44349","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44349","url":null,"abstract":"Neste texto, proponho-me a acompanhar as linhas fundamentais da interpretação de Hegel no livro Homo modernus, de Denise Ferreira da Silva. A interpretação de Hegel oferecida pela autora é profunda e original, mas é completamente ignorada na literatura sobre Hegel a nível nacional e internacional. Tentarei mostrar o papel central que o pensamento de Hegel desempenha no contexto do projeto de Ferreira da Silva em Homo modernus e destacarei dois temas de refl exão que me parecem relevantes dentro do âmbito dos estudos hegelianos.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"12 2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134991624","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44072
Léo Peruzzo Júnior, Amanda Stroparo
Este artigo pretende mostrar, a partir de uma leitura das hipóteses da mente estendida de Andy Clark e de sua absorção das consequências funcionalistas, que os conceitos de self e identidade pessoal se encontram naturalmente diluídos no corpo e no mundo. Defenderemos com estas premissas que o movimento operado pela integração da proposta de Clark com o self autobiográfico de Richard Heersmink e a teoria padrão do self de Shaun Gallagher é um movimento de hibridização, que dá origem à imagem de um self ecológico e multifacetado, assim como de uma noção mais permeável acerca da identidade pessoal. Afinal, enquanto Clark lança luz aos movimentos funcionalistas que estendem a mente e o self no mundo, Heersmink enfatiza o papel da auto-narrativa no design do self, assim como o caráter socialmente estendido do self e as relações entre este e a identidade pessoal. Gallagher, por sua vez, reitera a relevância tanto desta dimensão social quanto da concepção de uma tese que expresse essa matização. Mais especificamente, teremos neste processo a emergência de um self híbrido.
{"title":"Self e identidade pessoal","authors":"Léo Peruzzo Júnior, Amanda Stroparo","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44072","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44072","url":null,"abstract":"Este artigo pretende mostrar, a partir de uma leitura das hipóteses da mente estendida de Andy Clark e de sua absorção das consequências funcionalistas, que os conceitos de self e identidade pessoal se encontram naturalmente diluídos no corpo e no mundo. Defenderemos com estas premissas que o movimento operado pela integração da proposta de Clark com o self autobiográfico de Richard Heersmink e a teoria padrão do self de Shaun Gallagher é um movimento de hibridização, que dá origem à imagem de um self ecológico e multifacetado, assim como de uma noção mais permeável acerca da identidade pessoal. Afinal, enquanto Clark lança luz aos movimentos funcionalistas que estendem a mente e o self no mundo, Heersmink enfatiza o papel da auto-narrativa no design do self, assim como o caráter socialmente estendido do self e as relações entre este e a identidade pessoal. Gallagher, por sua vez, reitera a relevância tanto desta dimensão social quanto da concepção de uma tese que expresse essa matização. Mais especificamente, teremos neste processo a emergência de um self híbrido.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"43 14","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136282320","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44308
Hernandez Vivan Eichenberger
A Teoria da ‘Sociedade Civil’ de Hegel e a economia política do Iluminismo Escocês, a seção de Hegel sobre a Filosofia do Direito da ‘sociedade civil’ (§§ 182ss), revelam sua dívida para com o Iluminismo Escocês: Adam Ferguson, David Hume, Adam Smith, Sir James Steuart e outros. Essa dívida há muito atrai a atenção dos estudiosos. No entanto, novas edições de vários conjuntos de notas sobre as preleções de Hegel (por Ilting, Henrich, Arquivo Hegel) e o recente renascimento do interesse pelo Iluminismo Escocês mudaram fundamentalmente nossa percepção do impacto da influência escocesa em Hegel. Este artigo leva em conta essas mudanças e reexamina as seguintes questões: quem eram os autores que Hegel tinha em mente quando falava da nova ciência da economia política e quando estudou esses autores? Finalmente, que significado ainda possui a recepção da economia política por Hegel, especialmente para os países do Leste Europeu que agora abordam os problemas da ‘sociedade civil’?
{"title":"doutrina de Hegel da “sociedade civil” e a economia política do Iluminismo Escocês","authors":"Hernandez Vivan Eichenberger","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44308","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44308","url":null,"abstract":"A Teoria da ‘Sociedade Civil’ de Hegel e a economia política do Iluminismo Escocês, a seção de Hegel sobre a Filosofia do Direito da ‘sociedade civil’ (§§ 182ss), revelam sua dívida para com o Iluminismo Escocês: Adam Ferguson, David Hume, Adam Smith, Sir James Steuart e outros. Essa dívida há muito atrai a atenção dos estudiosos. No entanto, novas edições de vários conjuntos de notas sobre as preleções de Hegel (por Ilting, Henrich, Arquivo Hegel) e o recente renascimento do interesse pelo Iluminismo Escocês mudaram fundamentalmente nossa percepção do impacto da influência escocesa em Hegel. Este artigo leva em conta essas mudanças e reexamina as seguintes questões: quem eram os autores que Hegel tinha em mente quando falava da nova ciência da economia política e quando estudou esses autores? Finalmente, que significado ainda possui a recepção da economia política por Hegel, especialmente para os países do Leste Europeu que agora abordam os problemas da ‘sociedade civil’?","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"41 11","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136281799","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44458
Meline Sousa
Um dos problemas com os quais os leitores da Metafísica de Aristóteles se deparam é a dificuldade de delimitação do sujeito da sabedoria. Avicena (séc. X), em seu tratado metafísico As coisas divinas (Ilāhiyyāt), põe-se a investigar cada um dos três candidatos à posição de sujeito desta ciência (a dizer, Deus, as causas e o ser). Devido à amplitude da investigação, a análise que se segue se restringirá à segunda hipótese, a dizer, se, em algum sentido, seria a filosofia primeira uma ciência sobre as causas (uma aitiologia). Deste modo, iniciarei com a exposição do contexto da Ilāh. I que antecede à análise da hipótese das causas. Na sequência, apresentarei a hipótese juntamente com os argumentos para mostrar sua falsidade. Por fim, concluirei com a apresentação da relação entre causalidade e ser tendo em vista a resposta ontológica que será dada ao problema central e os problemas que decorrem desta resposta.
{"title":"Avicena e o problema do sujeito da metafísica","authors":"Meline Sousa","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44458","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44458","url":null,"abstract":"Um dos problemas com os quais os leitores da Metafísica de Aristóteles se deparam é a dificuldade de delimitação do sujeito da sabedoria. Avicena (séc. X), em seu tratado metafísico As coisas divinas (Ilāhiyyāt), põe-se a investigar cada um dos três candidatos à posição de sujeito desta ciência (a dizer, Deus, as causas e o ser). Devido à amplitude da investigação, a análise que se segue se restringirá à segunda hipótese, a dizer, se, em algum sentido, seria a filosofia primeira uma ciência sobre as causas (uma aitiologia). Deste modo, iniciarei com a exposição do contexto da Ilāh. I que antecede à análise da hipótese das causas. Na sequência, apresentarei a hipótese juntamente com os argumentos para mostrar sua falsidade. Por fim, concluirei com a apresentação da relação entre causalidade e ser tendo em vista a resposta ontológica que será dada ao problema central e os problemas que decorrem desta resposta.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"68 14","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136281845","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44830
Keberson Bresolin, Carolina Moreira Paulsen
O objetivo deste artigo é analisar a concepção de Justiça Internacional em Kant e Rawls e colocá-las em diálogo. Os eixos de análise serão o direito cosmopolita (Weltbürgerrecht) de Kant e o direito dos povos de Rawls. Nesse sentido, os setores internacionalistas dessas teorias serão discutidos e comparados em seus principais componentes, como a visão dos autores sobre a guerra, a imigração e a obrigação de acolhimento de refugiados. Buscar-se-á, ao longo do artigo, colocar essas teorias lado a lado com o direito internacional moderno, e com alguns institutos de proteção do ser humano, como os direitos humanos e o direito dos refugiados. Ao final, buscar-se-á ponderar como esses autores conceberam a factibilidade de suas teorias, demonstrando que ambas podem ser consideradas “utopias realistas”. Esses temas foram escolhidos por estarem estritamente vinculados à temática da justiça internacional e aos desafios mais urgentes dessa disciplina. Nesse sentido, a análise das teorias de dois grandes expoentes da filosofia política será o pano de fundo para buscar tecer algumas considerações sobre o problema dos refugiados no mundo contemporâneo. Adicionalmente, buscar-se-á demonstrar que a teoria kantiana, por levar em conta os anseios e a autonomia do indivíduo e abranger obrigações cosmopolitas e humanitárias, é mais adequada para lidar com o desafio dos refugiados contemporaneamente.
{"title":"Além do tempo","authors":"Keberson Bresolin, Carolina Moreira Paulsen","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44830","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44830","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar a concepção de Justiça Internacional em Kant e Rawls e colocá-las em diálogo. Os eixos de análise serão o direito cosmopolita (Weltbürgerrecht) de Kant e o direito dos povos de Rawls. Nesse sentido, os setores internacionalistas dessas teorias serão discutidos e comparados em seus principais componentes, como a visão dos autores sobre a guerra, a imigração e a obrigação de acolhimento de refugiados. Buscar-se-á, ao longo do artigo, colocar essas teorias lado a lado com o direito internacional moderno, e com alguns institutos de proteção do ser humano, como os direitos humanos e o direito dos refugiados. Ao final, buscar-se-á ponderar como esses autores conceberam a factibilidade de suas teorias, demonstrando que ambas podem ser consideradas “utopias realistas”. Esses temas foram escolhidos por estarem estritamente vinculados à temática da justiça internacional e aos desafios mais urgentes dessa disciplina. Nesse sentido, a análise das teorias de dois grandes expoentes da filosofia política será o pano de fundo para buscar tecer algumas considerações sobre o problema dos refugiados no mundo contemporâneo. Adicionalmente, buscar-se-á demonstrar que a teoria kantiana, por levar em conta os anseios e a autonomia do indivíduo e abranger obrigações cosmopolitas e humanitárias, é mais adequada para lidar com o desafio dos refugiados contemporaneamente.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"33 11","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136281961","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44388
Denis Coitinho
O objetivo deste artigo é refletir sobre a necessidade de contarmos com padrões morais para orientar os veículos autônomos (VAs) e propor o procedimento do equilíbrio reflexivo (ER) para tal fim. Com isso em mente, inicio com uma investigação sobre o desacordo moral para saber como devemos decidir em casos de incerteza, argumentando que devemos fazer uso de um procedimento que congregue diferentes critérios normativos. Após, apresento uma rota interessante de investigação, que é o método de equilíbrio reflexivo coletivo na prática (CREP) como proposto por Savulescu, Gyngell e Kahane (2021), que corrige os resultados do experimento Moral Machine e propõe princípios de uma política pública para regular os VAs. O próximo passo é analisar o procedimento do ER, identificando suas características básicas de consistência, reflexividade, holismo e progressividade. Com isso, será possível na sequência apontar os limites do CREP, em razão dele deixar de fora o critério normativo das virtudes e não formar um sistema coerente de crenças amplo o suficiente. Por fim, apresento a sugestão do equilíbrio reflexivo amplo coletivo (ERAC) de forma a dar conta da pluralidade normativa que é base de nossa sociedade e propor uma metodologia para identificar o padrão moral para os VAs.
{"title":"Veículos Autônomos e Equilíbrio Reflexivo Amplo Coletivo","authors":"Denis Coitinho","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44388","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44388","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é refletir sobre a necessidade de contarmos com padrões morais para orientar os veículos autônomos (VAs) e propor o procedimento do equilíbrio reflexivo (ER) para tal fim. Com isso em mente, inicio com uma investigação sobre o desacordo moral para saber como devemos decidir em casos de incerteza, argumentando que devemos fazer uso de um procedimento que congregue diferentes critérios normativos. Após, apresento uma rota interessante de investigação, que é o método de equilíbrio reflexivo coletivo na prática (CREP) como proposto por Savulescu, Gyngell e Kahane (2021), que corrige os resultados do experimento Moral Machine e propõe princípios de uma política pública para regular os VAs. O próximo passo é analisar o procedimento do ER, identificando suas características básicas de consistência, reflexividade, holismo e progressividade. Com isso, será possível na sequência apontar os limites do CREP, em razão dele deixar de fora o critério normativo das virtudes e não formar um sistema coerente de crenças amplo o suficiente. Por fim, apresento a sugestão do equilíbrio reflexivo amplo coletivo (ERAC) de forma a dar conta da pluralidade normativa que é base de nossa sociedade e propor uma metodologia para identificar o padrão moral para os VAs.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"75 6","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136346269","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-11-13DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44771
Andityas S. de Moura Costa Matos, Fransuelen Geremias Silva
Este artigo investiga a possibilidade de testemunhar e reivindicar um testemunho “em verdade, da verdade, para a verdade”. Questiona-se a relação entre testemunho e prova, levando em consideração uma crítica radical à concepção de verdade como presença, conforme apresentada por Jacques Derrida. Ademais, discute-se a impossibilidade de testemunhar eventos radicais, como argumentado por Giorgio Agamben. O objetivo é repensar o testemunho como algo que não pode cumprir sua promessa, ou seja, dizer a verdade. Apesar dessa impossibilidade, o testemunho ocorre no rastro (trace) da escritura (écriture) entre significantes e, seguindo as reflexões de Agamben, também se relaciona com algo que está além dessa significação. Assim, explora-se a importância de questionar o que já não está presente, mas que dá voz ao inominável e não pode ser expresso pela linguagem, como exemplificado por Agamben na análise da figura dos “muçulmanos” em Auschwitz. O artigo busca contribuir para uma melhor compreensão das razões pelas quais o testemunho não deve ser considerado apenas como meio de prova, e sim como algo que nos leva a experimentar a impossibilidade de testemunhar.
{"title":"Testemunhar é possível?","authors":"Andityas S. de Moura Costa Matos, Fransuelen Geremias Silva","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44771","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44771","url":null,"abstract":"Este artigo investiga a possibilidade de testemunhar e reivindicar um testemunho “em verdade, da verdade, para a verdade”. Questiona-se a relação entre testemunho e prova, levando em consideração uma crítica radical à concepção de verdade como presença, conforme apresentada por Jacques Derrida. Ademais, discute-se a impossibilidade de testemunhar eventos radicais, como argumentado por Giorgio Agamben. O objetivo é repensar o testemunho como algo que não pode cumprir sua promessa, ou seja, dizer a verdade. Apesar dessa impossibilidade, o testemunho ocorre no rastro (trace) da escritura (écriture) entre significantes e, seguindo as reflexões de Agamben, também se relaciona com algo que está além dessa significação. Assim, explora-se a importância de questionar o que já não está presente, mas que dá voz ao inominável e não pode ser expresso pela linguagem, como exemplificado por Agamben na análise da figura dos “muçulmanos” em Auschwitz. O artigo busca contribuir para uma melhor compreensão das razões pelas quais o testemunho não deve ser considerado apenas como meio de prova, e sim como algo que nos leva a experimentar a impossibilidade de testemunhar.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"35 25","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-11-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136282257","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-27DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44632
Augusto Jobim do Amaral, José Luís Ferraro
O trabalho pretende, a partir da publicação das “Confissões da Carne”, analisar o impasse que diz respeito a sua não publicação em vida por Foucault, em especial em função da entrada do sujeito como terceiro componente do triângulo arqueológico-genealógico, impondo uma reviravolta decisiva em sua pesquisa. A força aletúrgica do sujeito implica uma definitiva dessoberanização do dispositivo de poder. Por um lado, se a forma moderna prevê a sua transferência de um poder sobre si próprio aos outros, o complexo de estratégias governamentais, que «orientam» a direção da consciência, não implica a abdicação da liberdade por parte da pessoa a qual foi dirigida; por outro, uma segunda operação surge da diferenciação específica entre o modelo antigo e o modelo cristão, quer dizer, se o antigo modelo de direção funciona com vistas à autonomização do sujeito, aquele exame de consciência cristão estabelece como eixo a dependência e desenvolve uma racionalidade pastoral. Assim Foucault chega a uma estética da existência que é puro exercício de liberdade e perfeita atitude, que se oferece aos outros como prova do seu próprio valor. É com isso que o volume quarto da história da sexualidade é confrontado. O que muda drasticamente na experiência cristã da carne é a relação do sujeito com a verdade. A confissão, mais do que expiação dos pecados, neste quadro intervém como atestado e como testemunho de si próprio. Em conclusão, para Foucault, conotado pela imperfeição que o domina, o sujeito cristão liga-se a uma interminável direção de consciência cujo preço é uma perda de identidade indefinida. Assim, a partir deste recorte, o problema que passa a enfrentar é como encontrar uma forma de fundamentar a hermenêutica de si, não no sacrifício, mas numa “emergência positiva”, teórica e prática, de si, expondo tanto o momento transicional das “Confissões da Carne” quanto a própria razão pela qual renuncia à sua publicação.
{"title":"olho e a orelha","authors":"Augusto Jobim do Amaral, José Luís Ferraro","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44632","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44632","url":null,"abstract":"O trabalho pretende, a partir da publicação das “Confissões da Carne”, analisar o impasse que diz respeito a sua não publicação em vida por Foucault, em especial em função da entrada do sujeito como terceiro componente do triângulo arqueológico-genealógico, impondo uma reviravolta decisiva em sua pesquisa. A força aletúrgica do sujeito implica uma definitiva dessoberanização do dispositivo de poder. Por um lado, se a forma moderna prevê a sua transferência de um poder sobre si próprio aos outros, o complexo de estratégias governamentais, que «orientam» a direção da consciência, não implica a abdicação da liberdade por parte da pessoa a qual foi dirigida; por outro, uma segunda operação surge da diferenciação específica entre o modelo antigo e o modelo cristão, quer dizer, se o antigo modelo de direção funciona com vistas à autonomização do sujeito, aquele exame de consciência cristão estabelece como eixo a dependência e desenvolve uma racionalidade pastoral. Assim Foucault chega a uma estética da existência que é puro exercício de liberdade e perfeita atitude, que se oferece aos outros como prova do seu próprio valor. É com isso que o volume quarto da história da sexualidade é confrontado. O que muda drasticamente na experiência cristã da carne é a relação do sujeito com a verdade. A confissão, mais do que expiação dos pecados, neste quadro intervém como atestado e como testemunho de si próprio. Em conclusão, para Foucault, conotado pela imperfeição que o domina, o sujeito cristão liga-se a uma interminável direção de consciência cujo preço é uma perda de identidade indefinida. Assim, a partir deste recorte, o problema que passa a enfrentar é como encontrar uma forma de fundamentar a hermenêutica de si, não no sacrifício, mas numa “emergência positiva”, teórica e prática, de si, expondo tanto o momento transicional das “Confissões da Carne” quanto a própria razão pela qual renuncia à sua publicação.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"123 1-2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136318931","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-14DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44596
Fabio Caprio Leite de Castro
No debate teórico sobre a empatia, há uma recente renovação do interesse pelo modelo husserliano. Após uma análise prévia sobre o lugar da empatia na fenomenologia transcendental, propõe-se uma investigação sobre como Husserl desenvolveu sua perspectiva, a partir de dois textos, em especial, nas Ideias II (Hua 4) e na Fenomenologia da Intersubjetividade (Hua 13, 14 e 15). Avalia-se inicialmente, nas Ideias II, qual é o papel da empatia, na constituição da realidade anímica. Em seguida, propõe-se, a partir da Fenomenologia da Intersubjetividade, uma análise sobre como Husserl desenvolveu os argumentos da apercepção analógica e do emparelhamento originário. A noção de emparelhamento surge por volta de 1927, em conexão com os estudos de Husserl sobre a síntese passiva e o aprofundamento sobre a fenomenologia genética. A fenomenologia da empatia torna-se, para Husserl, o fundamento de uma monadologia “com janelas”.
{"title":"O problema da empatia na fenomenologia da intersubjetividade de Husserl","authors":"Fabio Caprio Leite de Castro","doi":"10.15448/1984-6746.2023.1.44596","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.44596","url":null,"abstract":"No debate teórico sobre a empatia, há uma recente renovação do interesse pelo modelo husserliano. Após uma análise prévia sobre o lugar da empatia na fenomenologia transcendental, propõe-se uma investigação sobre como Husserl desenvolveu sua perspectiva, a partir de dois textos, em especial, nas Ideias II (Hua 4) e na Fenomenologia da Intersubjetividade (Hua 13, 14 e 15). Avalia-se inicialmente, nas Ideias II, qual é o papel da empatia, na constituição da realidade anímica. Em seguida, propõe-se, a partir da Fenomenologia da Intersubjetividade, uma análise sobre como Husserl desenvolveu os argumentos da apercepção analógica e do emparelhamento originário. A noção de emparelhamento surge por volta de 1927, em conexão com os estudos de Husserl sobre a síntese passiva e o aprofundamento sobre a fenomenologia genética. A fenomenologia da empatia torna-se, para Husserl, o fundamento de uma monadologia “com janelas”.","PeriodicalId":37834,"journal":{"name":"Veritas","volume":"45 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-09-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134913126","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-09-14DOI: 10.15448/1984-6746.2023.1.44059
Judikael Castelo Branco
Crítica da razão idolátrica, de Ricardo Timm de Souza, representa, acima de tudo, um esforço para compreender um “mundo doente”. No entanto, é importante ressaltar que não se trata meramente de mais um exercício de diagnóstico desse mundo, ou seja, não é apenas uma nova abordagem dos inúmeros problemas que o cercam, embora essa tarefa seja sempre relevante. Na obra em questão, a crítica vai além da análise de um mundo enfermo e das suas condições; ela também aponta para o “estado de suspensão” característico da crítica filosófica contemporânea, diante de um universo repleto de ideias, imagens e ações que transformaram o mundo atual em um “imenso e infernal maquinismo de conversão incessante de qualidades e singularidades em quantidades e generalidades”.
里卡多·蒂姆·德索萨(Ricardo Timm de Souza)的《偶像崇拜理性批判》(critique of the idol reason)首先代表了一种理解“病态世界”的努力。然而,重要的是要强调,这不仅仅是对这个世界的另一种诊断,也就是说,它不仅仅是对围绕它的许多问题的一种新方法,尽管这项任务总是相关的。在这部作品中,批评超越了对一个病态世界及其状况的分析;她还指出了当代哲学批评的“悬浮状态”特征,面对一个充满思想、形象和行动的宇宙,这些思想、形象和行动将当今世界变成了一个“巨大而地狱般的机器,不断地将品质和奇点转化为数量和普遍性”。
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