Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.56995
Altamir Botoso
O tema da epidemia é recorrente na literatura ocidental, abarcando obras que foram escritas desde a antiguidade até a contemporaneidade. Partindo dessa premissa, o objetivo deste artigo é fornecer um panorama de textos que tratam dessa questão e estudar a representação do surto epidêmico que vertebra o romance ‘A peste’, do escritor francês Albert Camus, e se estrutura a partir da convergência dos relatos das peripécias de um médico, Dr. Bernard Rieux, com as histórias pessoais de Jean Tarrou, Joseph Grand, Raymond Rambert, o padre Paneloux, o juiz Othon e o mercenário Cottard. O suporte teórico para as análises pauta-se nos textos de Araújo (2020), Benevides (2011), Develey (2020), Fritsch (2018), Martins (2011), Candido (2011), Marx (2020), Palud (2008), Pereira (1996), Phélip (2020), Ruffato (2020), Voisine-Jechova (2001). Valendo-se do entrelaçamento das histórias de vários personagens, a obra camusiana desvela o que há de melhor e de pior nas suas ações, durante um surto de peste bubônica ocorrido na cidade de Oran, e apresenta uma narrativa sensível e humanizada das vidas de seus habitantes imersos num período de horror e de sofrimento, marcado pela tragédia e pela dor de perdas familiares, exílio e confinamento nas fronteiras de um espaço que se vê invadido pela doença, que persiste ao longo de vários meses e vitima grande parte de sua população.
{"title":"A ficção epidêmica e suas representações: da ‘Ilíada’ ao romance ‘A peste’, de Camus","authors":"Altamir Botoso","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.56995","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.56995","url":null,"abstract":"O tema da epidemia é recorrente na literatura ocidental, abarcando obras que foram escritas desde a antiguidade até a contemporaneidade. Partindo dessa premissa, o objetivo deste artigo é fornecer um panorama de textos que tratam dessa questão e estudar a representação do surto epidêmico que vertebra o romance ‘A peste’, do escritor francês Albert Camus, e se estrutura a partir da convergência dos relatos das peripécias de um médico, Dr. Bernard Rieux, com as histórias pessoais de Jean Tarrou, Joseph Grand, Raymond Rambert, o padre Paneloux, o juiz Othon e o mercenário Cottard. O suporte teórico para as análises pauta-se nos textos de Araújo (2020), Benevides (2011), Develey (2020), Fritsch (2018), Martins (2011), Candido (2011), Marx (2020), Palud (2008), Pereira (1996), Phélip (2020), Ruffato (2020), Voisine-Jechova (2001). Valendo-se do entrelaçamento das histórias de vários personagens, a obra camusiana desvela o que há de melhor e de pior nas suas ações, durante um surto de peste bubônica ocorrido na cidade de Oran, e apresenta uma narrativa sensível e humanizada das vidas de seus habitantes imersos num período de horror e de sofrimento, marcado pela tragédia e pela dor de perdas familiares, exílio e confinamento nas fronteiras de um espaço que se vê invadido pela doença, que persiste ao longo de vários meses e vitima grande parte de sua população.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"8 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80781361","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58479
É. S. Wels
A coletânea 40 em quarentena: 40 visões de mundo em pandemia (2020), disponibilizada no formato de e-book, gratuitamente, é aberta e fechada por poemas. Inicia-se pelo fim, sinalizando ao leitor um horizonte de meses sombrios, provocados pela expansão do novo Corona Vírus. O fim é, portanto, o começo, isto é, a direção de tempos melhores. O leitor transita pelos contos e crônicas reunidos e divididos por temas. Independetemente das rubricas – Medo, Solidão, Amor –, os escritos compõem uma grande trança narrativa, cujos fios exibem assuntos recorrentes, tais como críticas políticas e sociais, a rotina e ressignificação do espaço doméstico, a impossibilidade de luto etc. Tanto na oferta gratuita, quanto na sua composição, os textos se abrem numa significativa oferta de diálogo. Nesse painel, muitos assuntos são e foram arduamente explorados pela mídia, contudo, ao serem tratados literariamente, provam que a criatividade e a vontade de tocar os outros “enjaulados”, quarentener, podem resultar em renovadas facetas. Na vocação dos temas, estamos próximos às viagens imaginárias, ou aquelas que investigam cômodos e objetos, como nos clássicos de Maistre, Garret e Sterne, assim como na obra-prima machadiana, que presta reverência a todos. Reitera-se o poder terapêutico da palavra, da literatura, e da própria contagem de histórias, como defende Aílton Krenak (2019). Tratando-se de um mal invisível, reverbera o ensaio de Susan Sontag (1989), em que a teórica opoe a turbeculose ao câncer. Pensamos nos conceitos de saúde e a doenca, ambos suportados por um corpo, que é histórico, discursivo (FOUCAULT, 1978) e sígnico (FERREIRA, 1994), remetendo a um arcabouço cultural específico. Nesse sentido, o Brasil dos dias atuais, em sua acentuada crise política, ideológica, econômica e social, é um celeiro tristemente justificado de conturbadas práticas e (des)crenças diante do poder desse vírus que se afigura como o mal do século XXI.
{"title":"‘Quarenta em quarentena’: (sobre)vivências em tempos pandêmicos","authors":"É. S. Wels","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58479","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58479","url":null,"abstract":"A coletânea 40 em quarentena: 40 visões de mundo em pandemia (2020), disponibilizada no formato de e-book, gratuitamente, é aberta e fechada por poemas. Inicia-se pelo fim, sinalizando ao leitor um horizonte de meses sombrios, provocados pela expansão do novo Corona Vírus. O fim é, portanto, o começo, isto é, a direção de tempos melhores. O leitor transita pelos contos e crônicas reunidos e divididos por temas. Independetemente das rubricas – Medo, Solidão, Amor –, os escritos compõem uma grande trança narrativa, cujos fios exibem assuntos recorrentes, tais como críticas políticas e sociais, a rotina e ressignificação do espaço doméstico, a impossibilidade de luto etc. Tanto na oferta gratuita, quanto na sua composição, os textos se abrem numa significativa oferta de diálogo. Nesse painel, muitos assuntos são e foram arduamente explorados pela mídia, contudo, ao serem tratados literariamente, provam que a criatividade e a vontade de tocar os outros “enjaulados”, quarentener, podem resultar em renovadas facetas. Na vocação dos temas, estamos próximos às viagens imaginárias, ou aquelas que investigam cômodos e objetos, como nos clássicos de Maistre, Garret e Sterne, assim como na obra-prima machadiana, que presta reverência a todos. Reitera-se o poder terapêutico da palavra, da literatura, e da própria contagem de histórias, como defende Aílton Krenak (2019). Tratando-se de um mal invisível, reverbera o ensaio de Susan Sontag (1989), em que a teórica opoe a turbeculose ao câncer. Pensamos nos conceitos de saúde e a doenca, ambos suportados por um corpo, que é histórico, discursivo (FOUCAULT, 1978) e sígnico (FERREIRA, 1994), remetendo a um arcabouço cultural específico. Nesse sentido, o Brasil dos dias atuais, em sua acentuada crise política, ideológica, econômica e social, é um celeiro tristemente justificado de conturbadas práticas e (des)crenças diante do poder desse vírus que se afigura como o mal do século XXI.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"105 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80816893","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58483
Aislan Camargo Maciera
É a partir da obra de Primo Levi, autor canônico da literatura de testemunho, que este artigo se propõe a analisar o papel da memória na criação literária. Tomando como base as relações entre memória, história e literatura, e analisando os escritos testemunhais do autor, pretende-se expor como a memória do sobrevivente está presente não somente nas obras que tratam diretamente do ‘universo concentracionário’, mas também em sua narrativa de ficção e em seus poemas. Para isso, toma-se como base a poesia de Levi, vertente ainda pouco lida de sua obra. Apesar de apresentarem um peso memorialístico, os poemas de Levi são muitas vezes colocados abaixo de sua narrativa testemunhal e considerados uma face ‘menor’ de sua literatura. Traz-se aqui, porém, a relação que a poesia ‘primoleviana’ estabelece com a memória e, consequentemente, com a história. Assim, pretende-se expor que os escritos do autor, nascidos do testemunho e da memória, devem ocupar um papel de destaque, já que rememoram um passado sombrio que teima em nos assombrar no presente.
{"title":"Primo Levi e a memória de Auschwitz: o dever da testemunha e a criação literária","authors":"Aislan Camargo Maciera","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58483","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58483","url":null,"abstract":"É a partir da obra de Primo Levi, autor canônico da literatura de testemunho, que este artigo se propõe a analisar o papel da memória na criação literária. Tomando como base as relações entre memória, história e literatura, e analisando os escritos testemunhais do autor, pretende-se expor como a memória do sobrevivente está presente não somente nas obras que tratam diretamente do ‘universo concentracionário’, mas também em sua narrativa de ficção e em seus poemas. Para isso, toma-se como base a poesia de Levi, vertente ainda pouco lida de sua obra. Apesar de apresentarem um peso memorialístico, os poemas de Levi são muitas vezes colocados abaixo de sua narrativa testemunhal e considerados uma face ‘menor’ de sua literatura. Traz-se aqui, porém, a relação que a poesia ‘primoleviana’ estabelece com a memória e, consequentemente, com a história. Assim, pretende-se expor que os escritos do autor, nascidos do testemunho e da memória, devem ocupar um papel de destaque, já que rememoram um passado sombrio que teima em nos assombrar no presente.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"31 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81617105","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58492
Ana Claudia Vieira Martins
O presente artigo se propõe a fazer uma análise acerca das relações entre microparasitismo e macroparasitismo na novela ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier, publicada originalmente em 1981, e que tem como cenário a cidade de Curitiba em 1918, assolada pela gripe espanhola. A polifonia caleidoscópica do livro de Xavier, construído a partir da colagem entre diversos gêneros textuais/imagéticos (como artigos de jornais, documentos oficiais, fotografias de época, propaganda, obituários), intercalados por fragmentos ficcionais, possibilita o desenvolvimento de diversas camadas de leitura, entre as quais a perspectiva da doença, e sobretudo da epidemia, como metáfora ̶ da guerra, da loucura, da anormalidade, do crime, em suma, das ‘desrazões contagiosas’ ̶ sobressai como uma das mais instigantes. Assim, a escrita literária possibilita refletir acerca da condição singular de se viver em tempos de pandemia, o que se realiza, aqui, tomando como base a análise de algumas das figuras e personagens da obra, como o caminhante solitário, o Kaiser Guilherme II, a sobrevivente D. Lucia, o sr. Telêmaco Jardim, o louco Manoel de Campos, a vítima Clara Heisler, o Mão Peluda e a própria Hespanhola. Para o desenvolvimento das análises propostas, os principais aportes teórico-críticos e historiográficos são os textos de McNeill (1998), Sontag (2007), Foucault (2010), Benjamin (1989), Delumeau (1989) e Eco (1994).
本文旨在分析valencio Xavier于1981年出版的小说《O mez da gripe》中微寄生和大寄生之间的关系,该小说以1918年西班牙流感肆虐的库里蒂巴市为背景。千变万化的复调音乐的书之间的拼贴画线,由各种电子文本/迪(如报纸文章,官方文件,照片,宣传,讣告的赛季),点缀着碎片的虚拟关系发展的不同层次的阅读,包括疾病的观点,尤其是传染病,比作̶战争犯罪的,异常的,疯狂的,总之,传染性的‘desrazões’̶他们更有趣。这样的文学作品可以反映情况,条件自然生活在大流行的时代,没有实现,在分析的基础上的一些人物和人物的作品,比如孤独的游侠,德皇威廉二世,生还的,忒勒马科斯·d·卢西亚花园,疯狂的在不同领域受害人明确Heisler肮脏之手,Hespanhola本身。McNeill(1998)、Sontag(2007)、Foucault(2010)、Benjamin(1989)、Delumeau(1989)和Eco(1994)的文本是提出分析的主要理论、批评和史学贡献。
{"title":"Um Um grito lancinante foi ouvido: as desrazões contagiosas em ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier","authors":"Ana Claudia Vieira Martins","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58492","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58492","url":null,"abstract":"O presente artigo se propõe a fazer uma análise acerca das relações entre microparasitismo e macroparasitismo na novela ‘O mez da grippe’, de Valêncio Xavier, publicada originalmente em 1981, e que tem como cenário a cidade de Curitiba em 1918, assolada pela gripe espanhola. A polifonia caleidoscópica do livro de Xavier, construído a partir da colagem entre diversos gêneros textuais/imagéticos (como artigos de jornais, documentos oficiais, fotografias de época, propaganda, obituários), intercalados por fragmentos ficcionais, possibilita o desenvolvimento de diversas camadas de leitura, entre as quais a perspectiva da doença, e sobretudo da epidemia, como metáfora ̶ da guerra, da loucura, da anormalidade, do crime, em suma, das ‘desrazões contagiosas’ ̶ sobressai como uma das mais instigantes. Assim, a escrita literária possibilita refletir acerca da condição singular de se viver em tempos de pandemia, o que se realiza, aqui, tomando como base a análise de algumas das figuras e personagens da obra, como o caminhante solitário, o Kaiser Guilherme II, a sobrevivente D. Lucia, o sr. Telêmaco Jardim, o louco Manoel de Campos, a vítima Clara Heisler, o Mão Peluda e a própria Hespanhola. Para o desenvolvimento das análises propostas, os principais aportes teórico-críticos e historiográficos são os textos de McNeill (1998), Sontag (2007), Foucault (2010), Benjamin (1989), Delumeau (1989) e Eco (1994).","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"22 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83034555","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58477
Cristina Rocha Dias, M. Cerruti
A situação-limite vivida no Brasil com a Covid-19 revela que as restrições e os riscos inerentes à pandemia atingem a todos, mas, definitivamente, não do mesmo modo. Grande parte da população sequer experimenta introspecção ou confinamento seguro, escancarando a mentira que minimiza a crise sanitária, econômica e humanitária. Nesse contexto, Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, munido de uma marreta, quebra blocos de paralelepípedos instalados debaixo de um elevado na Zona Leste da cidade com o claro intuito de impedir que moradores de rua lá se instalassem. A ação das ‘marretadas’ se converte em testemunho diante do excesso e permite pensar, a partir de Freud, o lugar da memória e da transmissão, que remete a uma experiência ética e supõe implicação. Ao articular o estranho/inquietante àquilo que é ao mesmo tempo familiar, temos – de um lado, a repetição a nos lembrar que não existe saber que dispense o sujeito de estar incluído na experiência e no laço social; de outro, a segregação, como modo de ordenamento do território e dos indesejáveis, que insistem e convocam o comum, cuja presença afirma a diferença e, de algum modo, recupera a dimensão humana da Cidade.
{"title":"Uma pedra no meio do caminho: ato e transmissão no laço social","authors":"Cristina Rocha Dias, M. Cerruti","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58477","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58477","url":null,"abstract":"A situação-limite vivida no Brasil com a Covid-19 revela que as restrições e os riscos inerentes à pandemia atingem a todos, mas, definitivamente, não do mesmo modo. Grande parte da população sequer experimenta introspecção ou confinamento seguro, escancarando a mentira que minimiza a crise sanitária, econômica e humanitária. Nesse contexto, Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, munido de uma marreta, quebra blocos de paralelepípedos instalados debaixo de um elevado na Zona Leste da cidade com o claro intuito de impedir que moradores de rua lá se instalassem. A ação das ‘marretadas’ se converte em testemunho diante do excesso e permite pensar, a partir de Freud, o lugar da memória e da transmissão, que remete a uma experiência ética e supõe implicação. Ao articular o estranho/inquietante àquilo que é ao mesmo tempo familiar, temos – de um lado, a repetição a nos lembrar que não existe saber que dispense o sujeito de estar incluído na experiência e no laço social; de outro, a segregação, como modo de ordenamento do território e dos indesejáveis, que insistem e convocam o comum, cuja presença afirma a diferença e, de algum modo, recupera a dimensão humana da Cidade.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"58 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73456383","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58444
V. Kobs
Este artigo tem como tema as relações entre arte e jornalismo e as funções de ambos os discursos no registro e na discussão da história. Com base nisso, o presente trabalho objetiva estabelecer um paralelo entre a novela ‘O mez da grippe’ (1981), de Valêncio Xavier, algumas notícias de jornal publicadas em 2020 e a série ‘Fantasmagoria’ (2020), de José Rufino, a fim de consolidar a arte e o jornalismo como veículos influentes na formação da memória coletiva e da narrativa relativa a dois contextos epidêmicos distintos, nos séculos XX e XXI. Dessa forma, este breve estudo, de caráter bibliográfico e comparativo, é dividido em duas partes: na primeira seção, analisa-se a literatura de Valêncio Xavier, que utiliza notícias de jornal em sua composição, para oferecer aos leitores um panorama da epidemia de gripe espanhola na cidade de Curitiba, no ano de 1918; e, na segunda parte, são apresentados a arte visual de José Rufino e textos jornalísticos que delineiam e problematizam a pandemia de 2020. No que se refere ao referencial teórico, esta pesquisa faz uso dos postulados de Linda Hutcheon, Maurice Halbwachs, Antonio Olinto, Ernest Fischer, entre outros. Como resultado, foram obtidos dados bastante similares, nas narrativas correspondentes aos dois contextos epidêmicos, o que dá subsídios para a conclusão de que, apesar do distanciamento histórico e de algumas especificidades entre as epidemias de 1918 e 2020, as similaridades são preponderantes, revelando que a amplitude social desses fatos históricos é vulnerável ao caráter múltiplo das percepções subjetivas, opondo, respectivamente, memória individual e memória coletiva.
{"title":"O jornal e as artes: confluências na história das epidemias de 1918 e de 2020","authors":"V. Kobs","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58444","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58444","url":null,"abstract":"Este artigo tem como tema as relações entre arte e jornalismo e as funções de ambos os discursos no registro e na discussão da história. Com base nisso, o presente trabalho objetiva estabelecer um paralelo entre a novela ‘O mez da grippe’ (1981), de Valêncio Xavier, algumas notícias de jornal publicadas em 2020 e a série ‘Fantasmagoria’ (2020), de José Rufino, a fim de consolidar a arte e o jornalismo como veículos influentes na formação da memória coletiva e da narrativa relativa a dois contextos epidêmicos distintos, nos séculos XX e XXI. Dessa forma, este breve estudo, de caráter bibliográfico e comparativo, é dividido em duas partes: na primeira seção, analisa-se a literatura de Valêncio Xavier, que utiliza notícias de jornal em sua composição, para oferecer aos leitores um panorama da epidemia de gripe espanhola na cidade de Curitiba, no ano de 1918; e, na segunda parte, são apresentados a arte visual de José Rufino e textos jornalísticos que delineiam e problematizam a pandemia de 2020. No que se refere ao referencial teórico, esta pesquisa faz uso dos postulados de Linda Hutcheon, Maurice Halbwachs, Antonio Olinto, Ernest Fischer, entre outros. Como resultado, foram obtidos dados bastante similares, nas narrativas correspondentes aos dois contextos epidêmicos, o que dá subsídios para a conclusão de que, apesar do distanciamento histórico e de algumas especificidades entre as epidemias de 1918 e 2020, as similaridades são preponderantes, revelando que a amplitude social desses fatos históricos é vulnerável ao caráter múltiplo das percepções subjetivas, opondo, respectivamente, memória individual e memória coletiva.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"35 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77950327","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.58471
Thiago Haas Carlotto, F. Piccinin
Este artigo investiga como o sentimento nostálgico progressivamente passou a estar presente nas narrativas sociais. Ou seja, como um sintoma individual, observado cientificamente no século XVII, tornou-se uma estratégia narrativa na indústria cultural do século XX e se faz presente nas relações das mídias sociais. Principalmente na época da pandemia mundial do novo coronavírus, quando a memória idealizada de outros tempos aparece com maior recorrência nas expressões, em face do isolamento social para conter a disseminação do vírus. Para observar essa evolução, busca-se compreender, na revisão da literatura, o conceito de nostalgia e a forma como sua trama se constitui, na obra de Svetlana Boym (2017). Em seguida, discute-se como a queda do narrador arcaico, como apontado por Walter Benjamin (2012), o fim das metanarrativas altissonantes, como citado por François Lyotard (2020), cria condições para uma cultura que seduz pela memória, como afirma Andreas Huyssen (2000). Em seguida, aborda as condições sociais contemporâneas que possibilitam o surgimento da nostalgia de um lar acolhedor, perdido com o perpassar acelerado do tempo, nos conceitos de ‘Modernidade Líquida’ (2001) e ‘Retrotopia’ (2017) de Zigmunt Bauman. Por fim, torna possível compreender a emergência nostálgica nas expressões culturais midiáticas articuladas às angustias e às incertezas sanitárias, econômicas e sociais causadas pela pandemia
{"title":"Condições para a emergência da narrativa nostálgica na pandemia: de sintoma individual a emoção contemporânea","authors":"Thiago Haas Carlotto, F. Piccinin","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.58471","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.58471","url":null,"abstract":"Este artigo investiga como o sentimento nostálgico progressivamente passou a estar presente nas narrativas sociais. Ou seja, como um sintoma individual, observado cientificamente no século XVII, tornou-se uma estratégia narrativa na indústria cultural do século XX e se faz presente nas relações das mídias sociais. Principalmente na época da pandemia mundial do novo coronavírus, quando a memória idealizada de outros tempos aparece com maior recorrência nas expressões, em face do isolamento social para conter a disseminação do vírus. Para observar essa evolução, busca-se compreender, na revisão da literatura, o conceito de nostalgia e a forma como sua trama se constitui, na obra de Svetlana Boym (2017). Em seguida, discute-se como a queda do narrador arcaico, como apontado por Walter Benjamin (2012), o fim das metanarrativas altissonantes, como citado por François Lyotard (2020), cria condições para uma cultura que seduz pela memória, como afirma Andreas Huyssen (2000). Em seguida, aborda as condições sociais contemporâneas que possibilitam o surgimento da nostalgia de um lar acolhedor, perdido com o perpassar acelerado do tempo, nos conceitos de ‘Modernidade Líquida’ (2001) e ‘Retrotopia’ (2017) de Zigmunt Bauman. Por fim, torna possível compreender a emergência nostálgica nas expressões culturais midiáticas articuladas às angustias e às incertezas sanitárias, econômicas e sociais causadas pela pandemia","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"4 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88798088","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-01DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i2.57178
Karla Patrícia Holanda Martins, Fabiano Chagas Rabêlo, R. Dias, Samanta Basso
O presente artigo discute a coalescência das intempéries naturais e sanitárias (tais como secas, tempestades e pandemias) com a má condução política das crises para a produção de catástrofes coletivas na tradição histórica brasileira. Aborda-se como os traumas sociais geralmente são denegados pela narrativa oficial, retornando, por sua vez, pela via da tradição oral e da literatura, que transmitem o testemunho de atores que, à margem do apoio do Estado, constroem caminhos para o enfrentamento das urgências, articulando soluções e mobilizando laços sociais. Rodolfo Teófilo, escritor e farmacêutico cearense que viveu no final do século XIX e início do século XX, período marcado pela fome e longas secas, é um exemplo desses atores responsáveis por tais atos de resistência popular. Seus livros e sua vida encarnam um posicionamento político diante dos acontecimentos de seu tempo. Além de se empenhar na defesa da dignidade dos flagelados da seca, que eram confinados em campos de concentração fora do perímetro urbano de Fortaleza, ele executou campanhas de vacinação da varíola que atingiram sobretudo a população mais desfavorecida. A sua obra, que ainda não recebeu a merecida atenção da crítica, mostra-se hoje mais instigante e pertinente do que nunca, haja vista que as mesmas atitudes de desrespeito e descaso com os mais vulneráveis contra as quais ele lutou pauta hoje a ação dos governantes responsáveis por criar soluções de enfrentamento da pandemia de Covid-19. A partir da psicanálise, com os conceitos de denegação e desautorização, problematiza-se os livros de Teófilo, tratando-os como a materialização de uma estética da melancolia e do testemunho de uma memória traumática. Toma-se o sertanejo como paradigma da alteridade e a fome e a seca, como uma forma de catástrofe subjetiva coletiva. Repercute-se daí o legado do escritor para o cenário político, cultural e sanitário atual.
{"title":"A recusa da denegação da fome na obra de Rodolfo Teófilo: uma leitura psicanalítica","authors":"Karla Patrícia Holanda Martins, Fabiano Chagas Rabêlo, R. Dias, Samanta Basso","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i2.57178","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i2.57178","url":null,"abstract":"O presente artigo discute a coalescência das intempéries naturais e sanitárias (tais como secas, tempestades e pandemias) com a má condução política das crises para a produção de catástrofes coletivas na tradição histórica brasileira. Aborda-se como os traumas sociais geralmente são denegados pela narrativa oficial, retornando, por sua vez, pela via da tradição oral e da literatura, que transmitem o testemunho de atores que, à margem do apoio do Estado, constroem caminhos para o enfrentamento das urgências, articulando soluções e mobilizando laços sociais. Rodolfo Teófilo, escritor e farmacêutico cearense que viveu no final do século XIX e início do século XX, período marcado pela fome e longas secas, é um exemplo desses atores responsáveis por tais atos de resistência popular. Seus livros e sua vida encarnam um posicionamento político diante dos acontecimentos de seu tempo. Além de se empenhar na defesa da dignidade dos flagelados da seca, que eram confinados em campos de concentração fora do perímetro urbano de Fortaleza, ele executou campanhas de vacinação da varíola que atingiram sobretudo a população mais desfavorecida. A sua obra, que ainda não recebeu a merecida atenção da crítica, mostra-se hoje mais instigante e pertinente do que nunca, haja vista que as mesmas atitudes de desrespeito e descaso com os mais vulneráveis contra as quais ele lutou pauta hoje a ação dos governantes responsáveis por criar soluções de enfrentamento da pandemia de Covid-19. A partir da psicanálise, com os conceitos de denegação e desautorização, problematiza-se os livros de Teófilo, tratando-os como a materialização de uma estética da melancolia e do testemunho de uma memória traumática. Toma-se o sertanejo como paradigma da alteridade e a fome e a seca, como uma forma de catástrofe subjetiva coletiva. Repercute-se daí o legado do escritor para o cenário político, cultural e sanitário atual.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83031044","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-10DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i1.59438
C. Fuentes-Rodríguez, Nadja Paulino Pessoa Prata
Editorial: Argumentación y sus interfaces
编辑:Argumentación y sus接口
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Pub Date : 2021-06-09DOI: 10.4025/actascilangcult.v43i1.55629
Leosmar Aparecido da Silva, M. Nogueira
Este artigo tem o objetivo de descrever e analisar as propriedades gramaticais, semânticas e discursivo-argumentativas das proposições tautológicas de identidade, como em uma mulher é uma mulher. Com base em um corpus coletado da internet, as proposições foram analisadas, considerando-se a tipologia semântica dessas tautologias proposta por Wierzbicka (2003) e o tratamento dado a elas na Nova Retórica, de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996). Os resultados apontam para uma ampla utilização desse tipo de tautologia no discurso coloquial, em gêneros publicitários, literários, artísticos (música e cinema), humorísticos, religiosos e políticos. Além disso, os significados dessas proposições, ao mesmo tempo em que expressam uma generalização sobre atitudes, eventos, pessoas e coisas, se constroem como verdades absolutas, imutáveis e compartilhadas culturalmente, contribuindo, inclusive, para a manutenção de estereótipos.
{"title":"Tipologia semântica de proposições tautológicas de identidade e seu valor argumentativo","authors":"Leosmar Aparecido da Silva, M. Nogueira","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i1.55629","DOIUrl":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i1.55629","url":null,"abstract":"Este artigo tem o objetivo de descrever e analisar as propriedades gramaticais, semânticas e discursivo-argumentativas das proposições tautológicas de identidade, como em uma mulher é uma mulher. Com base em um corpus coletado da internet, as proposições foram analisadas, considerando-se a tipologia semântica dessas tautologias proposta por Wierzbicka (2003) e o tratamento dado a elas na Nova Retórica, de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996). Os resultados apontam para uma ampla utilização desse tipo de tautologia no discurso coloquial, em gêneros publicitários, literários, artísticos (música e cinema), humorísticos, religiosos e políticos. Além disso, os significados dessas proposições, ao mesmo tempo em que expressam uma generalização sobre atitudes, eventos, pessoas e coisas, se constroem como verdades absolutas, imutáveis e compartilhadas culturalmente, contribuindo, inclusive, para a manutenção de estereótipos.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"33 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"89635182","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}