Pub Date : 2023-05-03DOI: 10.22168/2237-6321-12585
Simone Maria Barbosa Nery Nascimento
O sermão bíblico, gênero pertencente à esfera religiosa, existe há milhares de anos, no entanto, é ainda um gênero de grande difusão e que merece ser investigado. Com o objetivo de analisar a sua organização estrutural, o presente trabalho adotou a Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory - RST) e a Perspectiva Textual-Interativa (PTI) como embasamento teórico. Como unidade de análise, adotou-se o tópico discursivo. O corpus do trabalho é constituído de um sermão temático. A análise demonstrou que existe uma organização macroestrutural ordenada conforme os princípios da retórica (basicamente: introdução, desenvolvimento e conclusão). Foram identificadas nesse nível as seguintes relações: fundo, parentética, evidência, elaboração, lista ou sequência, e conclusão. Dessa maneira, verificou-se que as relações retóricas não são essenciais apenas para a compreensão da organização microestrutural do texto, mas também se manifestam a favor da caracterização do gênero textual. Portanto, acredita-se que a articulação teórica proposta possa contribuir no tratamento também de outros gêneros que requerem um planejamento prévio e que tenham um caráter persuasivo.
{"title":"A organização textual da macroestrutura do sermão temático: um estudo funcionalista das relações retóricas","authors":"Simone Maria Barbosa Nery Nascimento","doi":"10.22168/2237-6321-12585","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12585","url":null,"abstract":"O sermão bíblico, gênero pertencente à esfera religiosa, existe há milhares de anos, no entanto, é ainda um gênero de grande difusão e que merece ser investigado. Com o objetivo de analisar a sua organização estrutural, o presente trabalho adotou a Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory - RST) e a Perspectiva Textual-Interativa (PTI) como embasamento teórico. Como unidade de análise, adotou-se o tópico discursivo. O corpus do trabalho é constituído de um sermão temático. A análise demonstrou que existe uma organização macroestrutural ordenada conforme os princípios da retórica (basicamente: introdução, desenvolvimento e conclusão). Foram identificadas nesse nível as seguintes relações: fundo, parentética, evidência, elaboração, lista ou sequência, e conclusão. Dessa maneira, verificou-se que as relações retóricas não são essenciais apenas para a compreensão da organização microestrutural do texto, mas também se manifestam a favor da caracterização do gênero textual. Portanto, acredita-se que a articulação teórica proposta possa contribuir no tratamento também de outros gêneros que requerem um planejamento prévio e que tenham um caráter persuasivo.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"12 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"84753937","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-05-03DOI: 10.22168/2237-6321-12602
Simone Josefa Da Silva
Partindo dos resultados obtidos em Silva (2022), este artigo visa a ampliar os estudos sobre a construção conectora [com isso], fazendo uma análise comparativa entre [com isso] e [com isto]. Para tal, a análise fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (CROFT, 2001; GOLDBERG, 1995, 2006; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2021; ROSÁRIO e OLIVEIRA, 2016; LOPES, 2022) em interlocução com os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 2004), da Pragmática (SWEETSER, 1990) e da Linguística de Texto (cf. KOCH, 2004; FÁVERO, 2004). A pesquisa é feita com base em uma abordagem sincrônica, qualitativa e quantitativa. O banco de dados é composto de ocorrências extraídas do Corpus Now, do site Corpus do Português (www.corpusdoportuguês.org). Análises preliminares apontam que [com isso] e [com isto] atuam de modo semelhante no que diz respeito às relações coesivas promovidas, sendo a primeira construção mais produtiva no português brasileiro e a segunda, no português de Portugal.
{"title":"“Com isso” e “com isto”: uma análise funcional centrada no uso","authors":"Simone Josefa Da Silva","doi":"10.22168/2237-6321-12602","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12602","url":null,"abstract":"Partindo dos resultados obtidos em Silva (2022), este artigo visa a ampliar os estudos sobre a construção conectora [com isso], fazendo uma análise comparativa entre [com isso] e [com isto]. Para tal, a análise fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (CROFT, 2001; GOLDBERG, 1995, 2006; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2021; ROSÁRIO e OLIVEIRA, 2016; LOPES, 2022) em interlocução com os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 2004), da Pragmática (SWEETSER, 1990) e da Linguística de Texto (cf. KOCH, 2004; FÁVERO, 2004). A pesquisa é feita com base em uma abordagem sincrônica, qualitativa e quantitativa. O banco de dados é composto de ocorrências extraídas do Corpus Now, do site Corpus do Português (www.corpusdoportuguês.org). Análises preliminares apontam que [com isso] e [com isto] atuam de modo semelhante no que diz respeito às relações coesivas promovidas, sendo a primeira construção mais produtiva no português brasileiro e a segunda, no português de Portugal.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"39 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86172256","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12608
Ivo Da Costa Do Rosário, Marcello Martins Machado
Este trabalho tem como objetivo analisar e descrever os usos do conector [atrás de] na função de articulador de orações em língua portuguesa. A coleta de dados sincrônicos foi feita no Corpus do Português. Emprega-se uma metodologia mista (LACERDA, 2016), que mescla a análise de dados em viés quantitativo e qualitativo. O arcabouço teórico adotado é o da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), nos termos de Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013) e Rosário e Oliveira (2016), sob a compreensão de que o elemento fundante da gramática é a construção, ou seja, um pareamento simbólico de forma e sentido (GOLDBERG, 1995; CROFT, 2001). O trabalho também mobiliza outros conceitos de base cognitivo-funcional, como categorização e chunking (cf. BYBEE, 2010; 2016), neoanálise e analogização (cf. TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), subjetividade (cf. TRAUGOTT; DASHER, 2002), além de outros associados à articulação de orações no plano funcional (LEHMANN, 1988; MATTHIESSEN; THOMPSON, 1988; GIVÓN, 1990; HOPPER; TRAUGOTT, 1993; NEVES, 2001; BRAGA, 2001). Com base em uma amostra de 100 ocorrências de [atrás de], foram encontrados 10 dados na função de articulador de orações. Esse conector, híbrido por natureza, combina orações com características de complementação circunstancial e de hipotaxe de finalidade.
{"title":"Análise do conector [atrás de] – uma visão funcional centrada no uso","authors":"Ivo Da Costa Do Rosário, Marcello Martins Machado","doi":"10.22168/2237-6321-12608","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12608","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo analisar e descrever os usos do conector [atrás de] na função de articulador de orações em língua portuguesa. A coleta de dados sincrônicos foi feita no Corpus do Português. Emprega-se uma metodologia mista (LACERDA, 2016), que mescla a análise de dados em viés quantitativo e qualitativo. O arcabouço teórico adotado é o da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), nos termos de Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013) e Rosário e Oliveira (2016), sob a compreensão de que o elemento fundante da gramática é a construção, ou seja, um pareamento simbólico de forma e sentido (GOLDBERG, 1995; CROFT, 2001). O trabalho também mobiliza outros conceitos de base cognitivo-funcional, como categorização e chunking (cf. BYBEE, 2010; 2016), neoanálise e analogização (cf. TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), subjetividade (cf. TRAUGOTT; DASHER, 2002), além de outros associados à articulação de orações no plano funcional (LEHMANN, 1988; MATTHIESSEN; THOMPSON, 1988; GIVÓN, 1990; HOPPER; TRAUGOTT, 1993; NEVES, 2001; BRAGA, 2001). Com base em uma amostra de 100 ocorrências de [atrás de], foram encontrados 10 dados na função de articulador de orações. Esse conector, híbrido por natureza, combina orações com características de complementação circunstancial e de hipotaxe de finalidade.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"9 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73452893","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12605
M. Lopes
A proposta deste artigo é apresentar uma descrição fonética das consoantes do biafada e algumas reflexões sobre a organização silábica dessa língua. A língua biafada é falada por 29.500 pessoas em Guiné-Bissau, país localizado no oeste africano, em quatro dialetos, a saber: binala, bubwas, cacandé e buwol. O biafada pertence ao tronco linguístico nigero-congolês e integra a família oeste-atlântica no grupo norte. Dentre outros, destacam-se quatro estudos da tipologia linguística sobre a língua biafada: Koelle (1854), Klingenheben (1924) e Wilson (1984, 1993). No entanto, não foram feitas, ainda, descrições e análises nas áreas de fonética e fonologia para essa língua. Neste trabalho, desenvolvemos uma metodologia caracterizada, primeiramente, pela observação etnográfica, segundo, pela aquisição da língua feita através de aulas e de um encontro de escrita da língua biafada. Através dessas atividades, transcrevemos, com base no Alfabeto Fonético Internacional, 1.600 palavras e frases desta língua. Por fim, a metodologia focalizou a descrição e a análise dos sons/fones consonantais. Eles foram classificados e identificados de acordo com o modo e o ponto de articulação. Também verificamos os padrões silábicos, observando a ocorrência das consoantes nas estruturas silábicas de ataque, núcleo e coda.
{"title":"Uma proposta preliminar de descrição fonética e análise fonológica das consoantes da língua biafada/Guiné-Bissau","authors":"M. Lopes","doi":"10.22168/2237-6321-12605","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12605","url":null,"abstract":"A proposta deste artigo é apresentar uma descrição fonética das consoantes do biafada e algumas reflexões sobre a organização silábica dessa língua. A língua biafada é falada por 29.500 pessoas em Guiné-Bissau, país localizado no oeste africano, em quatro dialetos, a saber: binala, bubwas, cacandé e buwol. O biafada pertence ao tronco linguístico nigero-congolês e integra a família oeste-atlântica no grupo norte. Dentre outros, destacam-se quatro estudos da tipologia linguística sobre a língua biafada: Koelle (1854), Klingenheben (1924) e Wilson (1984, 1993). No entanto, não foram feitas, ainda, descrições e análises nas áreas de fonética e fonologia para essa língua. Neste trabalho, desenvolvemos uma metodologia caracterizada, primeiramente, pela observação etnográfica, segundo, pela aquisição da língua feita através de aulas e de um encontro de escrita da língua biafada. Através dessas atividades, transcrevemos, com base no Alfabeto Fonético Internacional, 1.600 palavras e frases desta língua. Por fim, a metodologia focalizou a descrição e a análise dos sons/fones consonantais. Eles foram classificados e identificados de acordo com o modo e o ponto de articulação. Também verificamos os padrões silábicos, observando a ocorrência das consoantes nas estruturas silábicas de ataque, núcleo e coda.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"252 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78024343","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12590
A. V. L. Coneglian, Juliano Desiderato Antonio
Este trabalho tem como objetivo destacar as importantes contribuições de Maria Beatriz Nascimento Decat para a investigação do tradicional “período composto”. No Brasil, Decat foi a pioneira nos estudos da estrutura relacional discursiva a partir da Teoria da Estrutura Retórica. À luz de alguns dos principais trabalhos de Decat, analisamos dois corpora, um de língua falada constituído de entrevistas de professores universitários, e outro de língua escrita, constituído de uma amostra de crônicas, a fim de descrever o funcionamento de relações discursivas e combinação de orações, bem como das construções desgarradas, respectivamente. Os dados de língua falada mostram alto índice de ocorrência da conjunção temporal quando e baixo índice de ocorrência de outras expressões de natureza temporal, como na hora em que ou depois que. Os dados de língua escrita revelam alta frequência de ocorrência de desgarramento de constituintes de predicação simples e baixa frequência de ocorrência de desgarramento de predicados complexos. Esses dois estudos permitem tanto confirmar algumas das teses defendidas por Decat, quanto propor novas generalizações com base nos dados apresentados, particularmente no que diz respeito à testagem quantitativa de propostas feitas pela homenageada em seus trabalhos.
{"title":"Estrutura retórica, combinação de orações, estruturas desgarradas: revisitando contribuições de Beatriz Decat para estudos funcionalistas","authors":"A. V. L. Coneglian, Juliano Desiderato Antonio","doi":"10.22168/2237-6321-12590","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12590","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo destacar as importantes contribuições de Maria Beatriz Nascimento Decat para a investigação do tradicional “período composto”. No Brasil, Decat foi a pioneira nos estudos da estrutura relacional discursiva a partir da Teoria da Estrutura Retórica. À luz de alguns dos principais trabalhos de Decat, analisamos dois corpora, um de língua falada constituído de entrevistas de professores universitários, e outro de língua escrita, constituído de uma amostra de crônicas, a fim de descrever o funcionamento de relações discursivas e combinação de orações, bem como das construções desgarradas, respectivamente. Os dados de língua falada mostram alto índice de ocorrência da conjunção temporal quando e baixo índice de ocorrência de outras expressões de natureza temporal, como na hora em que ou depois que. Os dados de língua escrita revelam alta frequência de ocorrência de desgarramento de constituintes de predicação simples e baixa frequência de ocorrência de desgarramento de predicados complexos. Esses dois estudos permitem tanto confirmar algumas das teses defendidas por Decat, quanto propor novas generalizações com base nos dados apresentados, particularmente no que diz respeito à testagem quantitativa de propostas feitas pela homenageada em seus trabalhos.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"22 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74198569","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12587
Rosane Cassia Santos e Campos
Este trabalho investiga, em anúncios publicitários, o uso das estruturas desgarradas, assim denominadas por Decat (2004, 2011). Segundo Decat (2004, 2011), o ‘desgarramento’, seja de SNs ou de orações, se apresentaria como maneira de marcar a importância de tal constituinte para uma estrutura informacional. Para a presente análise foram selecionados cinco anúncios publicitários, produzidos em língua portuguesa e veiculados em mídia de circulação nacional. Parte-se da hipótese de que anúncios publicitários constituem um gênero textual legítimo, com características e com especificidades exigidas para a sua produção que as estruturas desgarradas estariam a serviço da evidencialização do que esses anúncios propõem. Nesse sentido, é de grande relevância apresentar as quatro metafunções propostas por Halliday (1989) para que seja possível considerar anúncios como produções multimodais e, desta maneira, discorrer sobre os postulados defendidos pela Teoria da Multimodalidade, nos termos da Gramática do Design Visual tal como desenvolvida por Kress e Van Leeuwen (2006), considerando o texto em seus aspectos visual e verbal, partindo do princípio de que o visual e outros modos semióticos seguem determinados propósitos comunicativos. Ao fim, conclui-se que as estruturas desgarradas, associadas aos elementos da multimodalidade, representam um importante constituinte dos anúncios para que a valorização do produto seja evidenciada. As estruturas desgarradas têm a forte função de salientar informações com grande relevância para que se efetive o consumo de uma ideia ou de um produto, ou seja, conclui-se que a informação, em um anúncio publicitário, pode ganhar um destaque que não teria se não estivesse ‘desgarrada’.
{"title":"Multimodalidade e as estruturas desgarradas em anúncios publicitários: uma estratégia para favorecer a sedução","authors":"Rosane Cassia Santos e Campos","doi":"10.22168/2237-6321-12587","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12587","url":null,"abstract":"Este trabalho investiga, em anúncios publicitários, o uso das estruturas desgarradas, assim denominadas por Decat (2004, 2011). Segundo Decat (2004, 2011), o ‘desgarramento’, seja de SNs ou de orações, se apresentaria como maneira de marcar a importância de tal constituinte para uma estrutura informacional. Para a presente análise foram selecionados cinco anúncios publicitários, produzidos em língua portuguesa e veiculados em mídia de circulação nacional. Parte-se da hipótese de que anúncios publicitários constituem um gênero textual legítimo, com características e com especificidades exigidas para a sua produção que as estruturas desgarradas estariam a serviço da evidencialização do que esses anúncios propõem. Nesse sentido, é de grande relevância apresentar as quatro metafunções propostas por Halliday (1989) para que seja possível considerar anúncios como produções multimodais e, desta maneira, discorrer sobre os postulados defendidos pela Teoria da Multimodalidade, nos termos da Gramática do Design Visual tal como desenvolvida por Kress e Van Leeuwen (2006), considerando o texto em seus aspectos visual e verbal, partindo do princípio de que o visual e outros modos semióticos seguem determinados propósitos comunicativos. Ao fim, conclui-se que as estruturas desgarradas, associadas aos elementos da multimodalidade, representam um importante constituinte dos anúncios para que a valorização do produto seja evidenciada. As estruturas desgarradas têm a forte função de salientar informações com grande relevância para que se efetive o consumo de uma ideia ou de um produto, ou seja, conclui-se que a informação, em um anúncio publicitário, pode ganhar um destaque que não teria se não estivesse ‘desgarrada’.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"78 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88137913","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12580
G. Cunha
Adotando o pressuposto segundo o qual gramática, texto e contexto são indissociáveis, propomos um estudo sobre a pergunta no gênero entrevista com presidenciável. Centrando-se no estudo da linguagem verbal, analisamos as perguntas realizadas pelos entrevistadores na entrevista concedida pelo então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Jornal Nacional, da Rede Globo, em 25 de agosto de 2022. Nosso objetivo central é o de estudar as funções que as perguntas realizadas pelos entrevistadores exercem nessa entrevista. Com base em contribuições teóricas de perspectivas funcionalistas e interacionistas, constatou-se que os entrevistadores, nas 34 perguntas identificadas, realizam dois tipos de perguntas: as que iniciam trocas e as que não iniciam trocas. As que iniciam trocas apresentam uma complexidade elevada, em razão do fato de que, nos turnos em que ocorrem, o jornalista alcança a completude pragmática por etapas, como explicação do tópico, desenvolvimento do tópico e, finalmente, realização da pergunta. Já as perguntas que não iniciam trocas constituem reformulações da pergunta inicial, aquela com que o jornalista iniciou a troca. Essas perguntas caracterizam-se por apresentar uma concentração elevada de recursos verbais com que o jornalista assume uma postura antagônica em relação ao entrevistado e reivindica uma primazia epistêmica em relação a este.
{"title":"A pergunta no gênero entrevista com presidenciável: articulando gramática, texto e contexto","authors":"G. Cunha","doi":"10.22168/2237-6321-12580","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12580","url":null,"abstract":"Adotando o pressuposto segundo o qual gramática, texto e contexto são indissociáveis, propomos um estudo sobre a pergunta no gênero entrevista com presidenciável. Centrando-se no estudo da linguagem verbal, analisamos as perguntas realizadas pelos entrevistadores na entrevista concedida pelo então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Jornal Nacional, da Rede Globo, em 25 de agosto de 2022. Nosso objetivo central é o de estudar as funções que as perguntas realizadas pelos entrevistadores exercem nessa entrevista. Com base em contribuições teóricas de perspectivas funcionalistas e interacionistas, constatou-se que os entrevistadores, nas 34 perguntas identificadas, realizam dois tipos de perguntas: as que iniciam trocas e as que não iniciam trocas. As que iniciam trocas apresentam uma complexidade elevada, em razão do fato de que, nos turnos em que ocorrem, o jornalista alcança a completude pragmática por etapas, como explicação do tópico, desenvolvimento do tópico e, finalmente, realização da pergunta. Já as perguntas que não iniciam trocas constituem reformulações da pergunta inicial, aquela com que o jornalista iniciou a troca. Essas perguntas caracterizam-se por apresentar uma concentração elevada de recursos verbais com que o jornalista assume uma postura antagônica em relação ao entrevistado e reivindica uma primazia epistêmica em relação a este.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"32 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85805826","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12574
Raul de Carvalho Rocha
Este trabalho propõe-se a pôr em relação a noção de sistema linguístico concebida por Ferdinand de Saussure no Curso de Linguística Geral (1916) e a teoria da linguagem de Émile Benveniste a partir dos Problemas de Linguística Geral I e II (1966; 1974). Parte-se da hipótese de que Benveniste toma a noção saussuriana de sistema de modo a subsidiar uma concepção própria de língua, que vem a estar na base de um novo campo, a Linguística do Discurso. A noção de sistema no Curso diz respeito a uma característica muito particular da concepção de língua em Saussure: a de funcionamento, que se presta à eliminação dos fatores externos ao mecanismo linguístico e, consequentemente, à consideração da realidade intrínseca da língua. Considerando que Benveniste incorpora integralmente a noção saussuriana de sistema (FLORES, 2013), pretende-se discutir como essa noção opera na teoria da linguagem benvenistiana, com especial ênfase em sua teoria da enunciação, sem, no entanto, ignorar os afastamentos que as reflexões de Benveniste produzem em relação ao conceito de língua proposto por Saussure. Portanto, deixa-se de lado o discurso da ruptura, da herança, da influência e tantos outros taxativos, e prefere-se partir da proposta de Normand (2006) de um encontro Saussure–Benveniste e falar não de encontros, mas de propostas distintas, embora não tão distantes.
{"title":"Benveniste e a noção saussuriana de sistema","authors":"Raul de Carvalho Rocha","doi":"10.22168/2237-6321-12574","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12574","url":null,"abstract":"Este trabalho propõe-se a pôr em relação a noção de sistema linguístico concebida por Ferdinand de Saussure no Curso de Linguística Geral (1916) e a teoria da linguagem de Émile Benveniste a partir dos Problemas de Linguística Geral I e II (1966; 1974). Parte-se da hipótese de que Benveniste toma a noção saussuriana de sistema de modo a subsidiar uma concepção própria de língua, que vem a estar na base de um novo campo, a Linguística do Discurso. A noção de sistema no Curso diz respeito a uma característica muito particular da concepção de língua em Saussure: a de funcionamento, que se presta à eliminação dos fatores externos ao mecanismo linguístico e, consequentemente, à consideração da realidade intrínseca da língua. Considerando que Benveniste incorpora integralmente a noção saussuriana de sistema (FLORES, 2013), pretende-se discutir como essa noção opera na teoria da linguagem benvenistiana, com especial ênfase em sua teoria da enunciação, sem, no entanto, ignorar os afastamentos que as reflexões de Benveniste produzem em relação ao conceito de língua proposto por Saussure. Portanto, deixa-se de lado o discurso da ruptura, da herança, da influência e tantos outros taxativos, e prefere-se partir da proposta de Normand (2006) de um encontro Saussure–Benveniste e falar não de encontros, mas de propostas distintas, embora não tão distantes.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"83 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77526429","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12572
Mário Acrisio Alves Junior
Este artigo focaliza o fenômeno da aspectualização, conceito que, outrora restrito apenas aos estudos linguísticos, passa a integrar o escopo teórico-metodológico da semiótica em sua vertente discursiva. O objetivo consiste em retomar as contribuições de alguns dos principais semioticistas responsáveis pela difusão da noção de aspectualização e oferecer, a título de amostragem, uma possibilidade de análise pelas vias da perspectiva em apreço. Assim, após uma breve exposição teórica, o artigo segue com o exame de um poema de Adélia Prado, a partir do qual se ilustra a produtividade do fenômeno aspectual, além de confirmar sua estreita e proveitosa relação com textos literários.
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Pub Date : 2023-04-30DOI: 10.22168/2237-6321-12595
Liliane Viana Lima, Nadja Paulino Pessoa Prata
Segundo Hengeveld e Mackenzie (2008), a modalidade facultativa é uma categoria semântica que diz respeito a habilidades e capacidades de um indivíduo (quando orientada-para-o-participante) ou a condições físicas circunstanciais de ocorrência de um determinado evento (quando orientada-para-o-evento). Com base nessa premissa, objetivamos, com esta pesquisa, descrever e analisar aspectos da modalidade facultativa que mantenham relação com os parâmetros de inclusão do falante no português cearense, tendo em vista as relações existentes entre os níveis Interpessoal e Representacional e Morfossintático na GDF (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) Para esta análise, utilizamos o subprojeto do corpus PROFALA intitulado “O português falado no Ceará”, do qual escolhemos uma amostra de 60 entrevistas do tipo DID. Após a leitura das entrevistas e a análise quali-quantitativa, identificamos a existência de um continuum de uso do posicionamento do falante em relação valor facultativamente modalizado, que pode permitir-lhe (i) incluir-se totalmente no valor modal facultativo (eu; nós); (ii) incluir-se indiretamente no valor modal facultativo por meio de termos generalizadores (todo mundo; ninguém; você genérico, etc.); (iii) não se incluir no valor modal facultativo (terceira pessoa; sujeito indeterminado). Consequentemente, esta inclusão está diretamente ligada à orientação da modalidade facultativa, de modo que, quanto maior a inclusão do falante, maior a tendência a ocorrer a modalidade facultativa orientada-para-o-participante. Por outro lado, a tendência a não-inclusão propiciaria a modalidade facultativa orientada-para-o-evento.
{"title":"A posição do falante em relação ao valor facultativo instaurado no português do Ceará","authors":"Liliane Viana Lima, Nadja Paulino Pessoa Prata","doi":"10.22168/2237-6321-12595","DOIUrl":"https://doi.org/10.22168/2237-6321-12595","url":null,"abstract":"Segundo Hengeveld e Mackenzie (2008), a modalidade facultativa é uma categoria semântica que diz respeito a habilidades e capacidades de um indivíduo (quando orientada-para-o-participante) ou a condições físicas circunstanciais de ocorrência de um determinado evento (quando orientada-para-o-evento). Com base nessa premissa, objetivamos, com esta pesquisa, descrever e analisar aspectos da modalidade facultativa que mantenham relação com os parâmetros de inclusão do falante no português cearense, tendo em vista as relações existentes entre os níveis Interpessoal e Representacional e Morfossintático na GDF (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) Para esta análise, utilizamos o subprojeto do corpus PROFALA intitulado “O português falado no Ceará”, do qual escolhemos uma amostra de 60 entrevistas do tipo DID. Após a leitura das entrevistas e a análise quali-quantitativa, identificamos a existência de um continuum de uso do posicionamento do falante em relação valor facultativamente modalizado, que pode permitir-lhe (i) incluir-se totalmente no valor modal facultativo (eu; nós); (ii) incluir-se indiretamente no valor modal facultativo por meio de termos generalizadores (todo mundo; ninguém; você genérico, etc.); (iii) não se incluir no valor modal facultativo (terceira pessoa; sujeito indeterminado). Consequentemente, esta inclusão está diretamente ligada à orientação da modalidade facultativa, de modo que, quanto maior a inclusão do falante, maior a tendência a ocorrer a modalidade facultativa orientada-para-o-participante. Por outro lado, a tendência a não-inclusão propiciaria a modalidade facultativa orientada-para-o-evento.","PeriodicalId":40607,"journal":{"name":"Entrepalavras","volume":"94 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85254905","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}