Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.4
C. Silva
O texto parte de um diagnóstico fenomenológico: o de que toda emergência pandêmica (como a da covid, por exemplo) é o sintoma fatídico de um estado de crise motivado nas entranhas mesmas ontológicas da racionalidade tal qual toma forma em nossa cultura no Ocidente. A tarefa do pensamento não consiste em destruir a razão, mas salvaguardá-la ante o perigo, sempre iminente, do irracionalismo. Assim, toda forma de obscurantismo emerge como uma figura decadente tendo como pano de fundo sintomático a crise da própria razão; crise essa instalada pela distinção de princípio entre cultura e natureza tão bem prefigurada por Marx e aprofundada por Merleau-Ponty. O texto examina esse ponto nevrálgico e termina realçando o caráter essencial e, portanto, inalienavelmente político desse fenômeno.
{"title":"Odor, chamas e fumaça: a Covid e a incendiosa crise da razão","authors":"C. Silva","doi":"10.36517/argumentos.29.4","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.4","url":null,"abstract":"O texto parte de um diagnóstico fenomenológico: o de que toda emergência pandêmica (como a da covid, por exemplo) é o sintoma fatídico de um estado de crise motivado nas entranhas mesmas ontológicas da racionalidade tal qual toma forma em nossa cultura no Ocidente. A tarefa do pensamento não consiste em destruir a razão, mas salvaguardá-la ante o perigo, sempre iminente, do irracionalismo. Assim, toda forma de obscurantismo emerge como uma figura decadente tendo como pano de fundo sintomático a crise da própria razão; crise essa instalada pela distinção de princípio entre cultura e natureza tão bem prefigurada por Marx e aprofundada por Merleau-Ponty. O texto examina esse ponto nevrálgico e termina realçando o caráter essencial e, portanto, inalienavelmente político desse fenômeno.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86301243","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.8
Mario Ariel Porta
La crisis de la ciencia europea es un tema presente en la filosofia alemana luego del fracaso del idealismo alemán. Esa crisis encuentra una expresión decisiva en la filosofia de Hermann Lotze, autor extremamente influyente en la segunda mitad del siglo XIX y que actúa como referencia e inspiración para las reflexiones husserlianas de la década de 1930.
{"title":"Lotze, Husserl y la crisis de la ciência europea","authors":"Mario Ariel Porta","doi":"10.36517/argumentos.29.8","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.8","url":null,"abstract":"La crisis de la ciencia europea es un tema presente en la filosofia alemana luego del fracaso del idealismo alemán. Esa crisis encuentra una expresión decisiva en la filosofia de Hermann Lotze, autor extremamente influyente en la segunda mitad del siglo XIX y que actúa como referencia e inspiración para las reflexiones husserlianas de la década de 1930.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80662683","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.17
Marcos Rodrigues da Silva
De modo a explicar o sucesso das realizações científicas, as abordagens tradicionais em filosofia da ciência empregam critérios epistemológicos; abordagens socioconstrutivistas, a) também utilizam critérios epistemológicos, porém o fazem sem o rigor das abordagens tradicionais, b) quando empregam conceitos socioconstrutivistas, eles não são tão bem definidos quanto os critérios epistemológicos, e c) investem muito mais em narrativas do que propriamente em reconstruções conceituais. Temos assim portanto uma diferença metodológica entre as abordagens tradicionais e o socioconstrutivismo., diferença essa que será o objeto central deste artigo. O conceito central que perpassa o artigo é o de que, embora as narrativas socioconstrutivistas sejam formas legítimas de se explicar o sucesso da ciência, elas possuem algumas limitações.
{"title":"Narrativas socioconstrutivistas e seus problemas","authors":"Marcos Rodrigues da Silva","doi":"10.36517/argumentos.29.17","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.17","url":null,"abstract":"De modo a explicar o sucesso das realizações científicas, as abordagens tradicionais em filosofia da ciência empregam critérios epistemológicos; abordagens socioconstrutivistas, a) também utilizam critérios epistemológicos, porém o fazem sem o rigor das abordagens tradicionais, b) quando empregam conceitos socioconstrutivistas, eles não são tão bem definidos quanto os critérios epistemológicos, e c) investem muito mais em narrativas do que propriamente em reconstruções conceituais. Temos assim portanto uma diferença metodológica entre as abordagens tradicionais e o socioconstrutivismo., diferença essa que será o objeto central deste artigo. O conceito central que perpassa o artigo é o de que, embora as narrativas socioconstrutivistas sejam formas legítimas de se explicar o sucesso da ciência, elas possuem algumas limitações.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81784019","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.20
Muhammet Mustafa Pepe Pepe, Hülya Eski Uguz
A religião tem um relevante papel de modelagem da vida social na história humana. Em todas as sociedades organizadas e não organizadas, a influência da religião na organização da vida social do indivíduo é realmente grande. Além dos laços legais que unem as pessoas na sociedade, os laços religiosos também são importantes. Em suma, a afirmação “A história da humanidade é moldada pela profunda influência da religião” não deve ser subestimada. Este estudo aborda como Spinoza define os conceitos de Deus, mente e autoridade.
{"title":"Deus, mente e autoridade no pensamento espinozano","authors":"Muhammet Mustafa Pepe Pepe, Hülya Eski Uguz","doi":"10.36517/argumentos.29.20","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.20","url":null,"abstract":"A religião tem um relevante papel de modelagem da vida social na história humana. Em todas as sociedades organizadas e não organizadas, a influência da religião na organização da vida social do indivíduo é realmente grande. Além dos laços legais que unem as pessoas na sociedade, os laços religiosos também são importantes. Em suma, a afirmação “A história da humanidade é moldada pela profunda influência da religião” não deve ser subestimada. Este estudo aborda como Spinoza define os conceitos de Deus, mente e autoridade.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73001336","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.14
Daniel Rodrigues Ramos
Analisa-se a crise da ética a partir da discussão de questões centrais na fenomenologia de Scheler. Não se trata de recolocar o tema acima e recompor os seus argumentos enquanto elementos já presentes na ética material e fenomenológica do pensador, mas sim de pôr essa fenomenologia a serviço da elucidação e compreensão do sentido radical da crise. Nesse sentido, remete-se para a radicalidade da crise atual, considerando-a como um movimento histórico da modernidade, pelo qual se inverte, em base da estrutura vivencial do homem moderno, a hierarquia axiológica e deformam-se as relações originárias entre os valores, promovendo uma subversão do ethos. Para tanto, destacam-se as ilusões na percepção afetiva dos valores como sinais que reenviam para o núcleo do ethos vigente e sua atual dissolução.
{"title":"Em torno da inversão do Ethos em nosso tempo, ou das ilusões axiológicas","authors":"Daniel Rodrigues Ramos","doi":"10.36517/argumentos.29.14","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.14","url":null,"abstract":"Analisa-se a crise da ética a partir da discussão de questões centrais na fenomenologia de Scheler. Não se trata de recolocar o tema acima e recompor os seus argumentos enquanto elementos já presentes na ética material e fenomenológica do pensador, mas sim de pôr essa fenomenologia a serviço da elucidação e compreensão do sentido radical da crise. Nesse sentido, remete-se para a radicalidade da crise atual, considerando-a como um movimento histórico da modernidade, pelo qual se inverte, em base da estrutura vivencial do homem moderno, a hierarquia axiológica e deformam-se as relações originárias entre os valores, promovendo uma subversão do ethos. Para tanto, destacam-se as ilusões na percepção afetiva dos valores como sinais que reenviam para o núcleo do ethos vigente e sua atual dissolução. ","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73027187","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.5
Carlos Diógenes Cortes Tourinho
O presente artigo concentra-se em torno do tema da crise e, mais especificamente, da crise das ciências em Husserl. Dividido em duas partes, o artigo aborda, inicialmente, o tema em questão através da crítica de Husserl aos pressupostos da doutrina naturalista, solo sobre o qual se apoiam as ciências positivas da natureza. Num segundo momento, o artigo mostra que a crise das ciências seria decorrente de um deslizamento do sentido da Geometria e, mais particularmente, de um esquecimento fundamental do mundo pré-científico, por meio do qual as ciências perderiam de vista a sua relação originária com o mundo, deixando para trás o fundamento de sentido esquecido da ciência da natureza.
{"title":"A crise das ciências em Husserl: dos contrassensos naturalistas ao esquecimento do “solo originário” das idealizações científicas","authors":"Carlos Diógenes Cortes Tourinho","doi":"10.36517/argumentos.29.5","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.5","url":null,"abstract":"O presente artigo concentra-se em torno do tema da crise e, mais especificamente, da crise das ciências em Husserl. Dividido em duas partes, o artigo aborda, inicialmente, o tema em questão através da crítica de Husserl aos pressupostos da doutrina naturalista, solo sobre o qual se apoiam as ciências positivas da natureza. Num segundo momento, o artigo mostra que a crise das ciências seria decorrente de um deslizamento do sentido da Geometria e, mais particularmente, de um esquecimento fundamental do mundo pré-científico, por meio do qual as ciências perderiam de vista a sua relação originária com o mundo, deixando para trás o fundamento de sentido esquecido da ciência da natureza.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76036356","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.2
Duane H. Davis
As considerações de Merleau-Ponty sobre a historicidade são significativas, tanto como um relato fenomenológico, quanto como um relato existencial de nossa situação histórica. Naturalmente, estes aspectos de seu trabalho não se excluem mutuamente, mas se entrelaçam. E cada aspecto contribui para o sentido da crise da historicidade humana. Primeiro consideraremos a crise fenomenológica da historicidade – ou seja, consideraremos a crise da historicidade fenomenologicamente. Esta é a tentativa de revelar as condições da possibilidade da história a partir da história ou da estrutura de nossa situação histórica – onde a posição de Merleau-Ponty se afasta da fenomenologia husserliana. Em seguida, consideraremos a crise existencial de historicidade – ou seja, consideraremos a crise de historicidade existencialmente. Esta é a tentativa de compreender o imperativo de que as coisas são importantes para nós historicamente. Finalmente, vamos indicar brevemente a importância destes aspectos de nossa historicidade como um entrelaçamento crítico. Este entrelaçamento crítico revela a intrusão mútua do “como” e do “porquê” de nossa historicidade, que Merleau-Ponty descreve no final de sua carreira como uma existência chiasmática dentro da carne do mundo. O cruzamento crítico como interrogatório de nosso ser histórico fornece o “quem”, “o quê”, “quando” e “onde” de nossa historicidade.
{"title":"O entrelaçamento crítico da história: a historicidade como crise fenomenológica e existencial nas obras de Merleau-Ponty","authors":"Duane H. Davis","doi":"10.36517/argumentos.29.2","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.2","url":null,"abstract":"As considerações de Merleau-Ponty sobre a historicidade são significativas, tanto como um relato fenomenológico, quanto como um relato existencial de nossa situação histórica. Naturalmente, estes aspectos de seu trabalho não se excluem mutuamente, mas se entrelaçam. E cada aspecto contribui para o sentido da crise da historicidade humana. Primeiro consideraremos a crise fenomenológica da historicidade – ou seja, consideraremos a crise da historicidade fenomenologicamente. Esta é a tentativa de revelar as condições da possibilidade da história a partir da história ou da estrutura de nossa situação histórica – onde a posição de Merleau-Ponty se afasta da fenomenologia husserliana. Em seguida, consideraremos a crise existencial de historicidade – ou seja, consideraremos a crise de historicidade existencialmente. Esta é a tentativa de compreender o imperativo de que as coisas são importantes para nós historicamente. Finalmente, vamos indicar brevemente a importância destes aspectos de nossa historicidade como um entrelaçamento crítico. Este entrelaçamento crítico revela a intrusão mútua do “como” e do “porquê” de nossa historicidade, que Merleau-Ponty descreve no final de sua carreira como uma existência chiasmática dentro da carne do mundo. O cruzamento crítico como interrogatório de nosso ser histórico fornece o “quem”, “o quê”, “quando” e “onde” de nossa historicidade.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74099275","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.19
F. Ribeiro, Bruna
O objetivo deste ensaio é passar em revista a crítica que vem sendo elaborada por Lazzarato à concepção “positiva” de poder de Foucault, cuja síntese está no conceito de biopolítica. Isto, tomando como marco balizador o modelo neoliberal de governamentalidade, caro a ambos os autores. O pensamento de Lazzarato acolhe apenas parcialmente a noção foucaultiana – segundo ele demasiadamente ampla e pouco atenta às factualidades históricas (atinentes à financeirização, às relações coloniais centro-periferia, às “guerras totais”, às crises e revoluções ininterruptas) - de “arte liberal de governar”. As ideias de “ação sobre a ação” - de um “governo sobre os comportamentos” cujas técnicas consistiriam em incluir, incitar e produzir - seriam úteis à compreensão apenas de uma das duas faces da governamentalidade neoliberal. Ocultando a outra - a da máquina de guerra que estaria constantemente explorando (pelo trabalho), ocultando e matando - o conceito foucaultiano de biopolítica teria prestado uma espécie de desserviço ao que o Lazzarato chama de teorias críticas contemporâneas: teria induzido estas a um diagnóstico inverossímil e estéril sobre o funcionamento do poder nas sociedades ocidentais liberais e neoliberais contemporâneas. Pois tal conceito teria abdicado categorias imprescindíveis como classes sociais, fascismo, guerra, revolução, financeirização e capital.
{"title":"Neoliberalismo como máquina de guerra (ou sobre a crise da Biopolítica): Lazzarato contra Foucault","authors":"F. Ribeiro, Bruna","doi":"10.36517/argumentos.29.19","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.19","url":null,"abstract":"O objetivo deste ensaio é passar em revista a crítica que vem sendo elaborada por Lazzarato à concepção “positiva” de poder de Foucault, cuja síntese está no conceito de biopolítica. Isto, tomando como marco balizador o modelo neoliberal de governamentalidade, caro a ambos os autores. O pensamento de Lazzarato acolhe apenas parcialmente a noção foucaultiana – segundo ele demasiadamente ampla e pouco atenta às factualidades históricas (atinentes à financeirização, às relações coloniais centro-periferia, às “guerras totais”, às crises e revoluções ininterruptas) - de “arte liberal de governar”. As ideias de “ação sobre a ação” - de um “governo sobre os comportamentos” cujas técnicas consistiriam em incluir, incitar e produzir - seriam úteis à compreensão apenas de uma das duas faces da governamentalidade neoliberal. Ocultando a outra - a da máquina de guerra que estaria constantemente explorando (pelo trabalho), ocultando e matando - o conceito foucaultiano de biopolítica teria prestado uma espécie de desserviço ao que o Lazzarato chama de teorias críticas contemporâneas: teria induzido estas a um diagnóstico inverossímil e estéril sobre o funcionamento do poder nas sociedades ocidentais liberais e neoliberais contemporâneas. Pois tal conceito teria abdicado categorias imprescindíveis como classes sociais, fascismo, guerra, revolução, financeirização e capital.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87908682","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.18
Leandro Lelis Matos
O objetivo deste artigo é destacar e discutir dois momentos nos quais Deleuze se apropria da noção nietzschiana de dionisíaco, para compor o programa de um pensamento sem imagem em oposição ao pensamento da representação. A primeira apropriação diz respeito à questão de um novo discurso filosófico em prol de individuações e singularidades anteriores à “forma sujeito”. A segunda apropriação corresponde à defesa de um pensamento imanente, que ocorre na superfície e não recorre a modelos bem centrados. Trata-se de verificar em quais pontos a influência de Nietzsche foi decisiva para Deleuze compor um novo pensamento em Diferença e repetição, conferindo destaque a noções de individuação, singularidade, diferença e arte.
{"title":"Deleuze e duas apropriações do dionisíaco nietzschiano para um pensamento sem sujeito","authors":"Leandro Lelis Matos","doi":"10.36517/argumentos.29.18","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.18","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é destacar e discutir dois momentos nos quais Deleuze se apropria da noção nietzschiana de dionisíaco, para compor o programa de um pensamento sem imagem em oposição ao pensamento da representação. A primeira apropriação diz respeito à questão de um novo discurso filosófico em prol de individuações e singularidades anteriores à “forma sujeito”. A segunda apropriação corresponde à defesa de um pensamento imanente, que ocorre na superfície e não recorre a modelos bem centrados. Trata-se de verificar em quais pontos a influência de Nietzsche foi decisiva para Deleuze compor um novo pensamento em Diferença e repetição, conferindo destaque a noções de individuação, singularidade, diferença e arte. \u0000 ","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76330593","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.36517/argumentos.29.13
Martina Korelc
O artigo apresenta a explicação fenomenológica da dimensão afetiva da pessoa humana e da sua relação com os valores, no pensamento da Edith Stein. O que diferencia a abordagem deste tema segundo a autora é precisamente a orientação para a explicação da pessoa humana: os diferentes tipos de vivências afetivas, conforme a sua origem em diferentes estratos da alma, constituem a pessoa, que se faz conhecer pela sua abertura aos valores que nas vivências de sentimentos são apreendidos.
{"title":"Afetividade e valores segundo Edith Stein","authors":"Martina Korelc","doi":"10.36517/argumentos.29.13","DOIUrl":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.13","url":null,"abstract":"O artigo apresenta a explicação fenomenológica da dimensão afetiva da pessoa humana e da sua relação com os valores, no pensamento da Edith Stein. O que diferencia a abordagem deste tema segundo a autora é precisamente a orientação para a explicação da pessoa humana: os diferentes tipos de vivências afetivas, conforme a sua origem em diferentes estratos da alma, constituem a pessoa, que se faz conhecer pela sua abertura aos valores que nas vivências de sentimentos são apreendidos.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76364843","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}