Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44247
Giselli Mara Silva
Desde a década de 1980, a educação bilíngue para surdos é uma proposta educacional que vem se delineando em vários países do mundo e tem avançado muito nos últimos anos. Para o delineamento dessa proposta, foram essenciais as pesquisas na área da Linguística. Neste artigo, discutimos especificamente as contribuições da Psicolinguística para a educação de surdos no que tange a dois tópicos de extrema relevância: (i) a privação linguística e a idade de exposição à língua de sinais (LS); e (ii) a ativação translinguística no reconhecimento visual de palavras na L2. Os estudos que consideram a idade de aquisição da LS como L1 por pessoas surdas têm encontrado fortes efeitos desse fator na aquisição, no processamento e na proficiência atingida na L1, bem como na L2. Esses estudos reafirmam a importância da exposição precoce à LS e da educação bilíngue para surdos. Os estudos sobre reconhecimento lexical em L2 têm evidenciado a coativação de palavras e sinais, mesmo para surdos com alta proficiência em L2. Esses estudos contribuem para se compreender o caminho bilíngue trilhado pelos surdos na aquisição da escrita, já que esses bilíngues geralmente usam a L1 nas interações face a face e a L2 nas interações escritas.
{"title":"Contribuições da Psicolinguística para a Educação de Surdos","authors":"Giselli Mara Silva","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44247","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44247","url":null,"abstract":"Desde a década de 1980, a educação bilíngue para surdos é uma proposta educacional que vem se delineando em vários países do mundo e tem avançado muito nos últimos anos. Para o delineamento dessa proposta, foram essenciais as pesquisas na área da Linguística. Neste artigo, discutimos especificamente as contribuições da Psicolinguística para a educação de surdos no que tange a dois tópicos de extrema relevância: (i) a privação linguística e a idade de exposição à língua de sinais (LS); e (ii) a ativação translinguística no reconhecimento visual de palavras na L2. Os estudos que consideram a idade de aquisição da LS como L1 por pessoas surdas têm encontrado fortes efeitos desse fator na aquisição, no processamento e na proficiência atingida na L1, bem como na L2. Esses estudos reafirmam a importância da exposição precoce à LS e da educação bilíngue para surdos. Os estudos sobre reconhecimento lexical em L2 têm evidenciado a coativação de palavras e sinais, mesmo para surdos com alta proficiência em L2. Esses estudos contribuem para se compreender o caminho bilíngue trilhado pelos surdos na aquisição da escrita, já que esses bilíngues geralmente usam a L1 nas interações face a face e a L2 nas interações escritas.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"19 7","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138995769","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.43325
Luciano Marcos Dias Cavalcanti
A figuração do feminino-musa na obra poética de Murilo Mendes é ampla, há uma grande quantidade de poemas em que ela se faz presente, em sua lírica há vários desdobramentos da musa representadas em múltiplas figurações do feminino. Neste texto, pretendemos fazer a leitura do poema “Jandira”, de O visionário, por se mostrar um poema exemplar da poética muriliana, que revela a maneira pela qual o poeta elabora formalmente grande parte de sua poética, como também exibe, de maneira modelar, a figuração da musa erótica em sua poesia.
{"title":"mundo começava nos seios de Jandira”, mito e erotismo na lírica de Murilo Mendes","authors":"Luciano Marcos Dias Cavalcanti","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.43325","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.43325","url":null,"abstract":"A figuração do feminino-musa na obra poética de Murilo Mendes é ampla, há uma grande quantidade de poemas em que ela se faz presente, em sua lírica há vários desdobramentos da musa representadas em múltiplas figurações do feminino. Neste texto, pretendemos fazer a leitura do poema “Jandira”, de O visionário, por se mostrar um poema exemplar da poética muriliana, que revela a maneira pela qual o poeta elabora formalmente grande parte de sua poética, como também exibe, de maneira modelar, a figuração da musa erótica em sua poesia.\u0000 ","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"106 S2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138998537","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44255
Estella Maria Bortoncello Munhoz, Flávia Brocchetto Ramos
Este artigo analisa o livro brasileiro Museu desmiolado, escrito por Alexandre Brito e ilustrado por Graça Lima, voltado ao público infantil. A obra é composta por poemas e, a cada página dupla, apresenta um tipo de museu. O que prevalece como contínuo no livro é a temática dos museus, o nonsense e a intertextualidade com as artes plásticas. Diante disso, o objetivo deste artigo é analisar elementos visuais presentes em alguns museus, sua relação com os versos poéticos expressos pela palavra e a aproximação das imagens com obras de arte ou períodos artísticos. A investigação desses elementos se deu com base nos estudos de Biazetto (2008), Farthing (2011), Fittipaldi (2008), Nikolajeva e Scott (2011), Proença (2007) e Ramos (2010) por meio de abordagem qualitativa e análise documental. A referência visual a criações artísticas e a temática faz com que o livro se configure como uma galeria que convida o leitor a passear por diferentes obras a cada virar de páginas. Assim, o livro ilustrado é uma obra de arte acessível aos leitores e que os conduz em uma jornada pela história da arte e pelo jogo de sentidos das palavras.
{"title":"livro ilustrado como obra de arte","authors":"Estella Maria Bortoncello Munhoz, Flávia Brocchetto Ramos","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44255","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44255","url":null,"abstract":"Este artigo analisa o livro brasileiro Museu desmiolado, escrito por Alexandre Brito e ilustrado por Graça Lima, voltado ao público infantil. A obra é composta por poemas e, a cada página dupla, apresenta um tipo de museu. O que prevalece como contínuo no livro é a temática dos museus, o nonsense e a intertextualidade com as artes plásticas. Diante disso, o objetivo deste artigo é analisar elementos visuais presentes em alguns museus, sua relação com os versos poéticos expressos pela palavra e a aproximação das imagens com obras de arte ou períodos artísticos. A investigação desses elementos se deu com base nos estudos de Biazetto (2008), Farthing (2011), Fittipaldi (2008), Nikolajeva e Scott (2011), Proença (2007) e Ramos (2010) por meio de abordagem qualitativa e análise documental. A referência visual a criações artísticas e a temática faz com que o livro se configure como uma galeria que convida o leitor a passear por diferentes obras a cada virar de páginas. Assim, o livro ilustrado é uma obra de arte acessível aos leitores e que os conduz em uma jornada pela história da arte e pelo jogo de sentidos das palavras.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"75 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138999713","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.16.44153
Bruna Rodrigues Fontoura
This study aimed to delve into the role of working memory and proficiency concerning functional morphology in second language processing. We performed two tasks, an acceptability judgment with memory load and a 2-back, with higher and lower proficiency Brazilian Portuguese-English learners. We measured their proficiency level and investigated their performance in working memory capacity and inflectional morphology processing. The morphemes under investigation were the third-person singular (-s) and the regular past tense (-ed) in grammatical and ungrammatical sentences. Our results indicate that neither working memory nor proficiency influenced their performance. These findings seem related to the allocation of attentional resources since they could not focus on the missing morphemes in the acceptability judgment task.
{"title":"Working memory and proficiency:","authors":"Bruna Rodrigues Fontoura","doi":"10.15448/1984-4301.2023.16.44153","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.16.44153","url":null,"abstract":"This study aimed to delve into the role of working memory and proficiency concerning functional morphology in second language processing. We performed two tasks, an acceptability judgment with memory load and a 2-back, with higher and lower proficiency Brazilian Portuguese-English learners. We measured their proficiency level and investigated their performance in working memory capacity and inflectional morphology processing. The morphemes under investigation were the third-person singular (-s) and the regular past tense (-ed) in grammatical and ungrammatical sentences. Our results indicate that neither working memory nor proficiency influenced their performance. These findings seem related to the allocation of attentional resources since they could not focus on the missing morphemes in the acceptability judgment task.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"1 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139000398","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44335
Jaqueline Magon
Partindo da premissa candidiana de que toda literatura tem como premissa três faces integradas, sendo elas: uma estrutura significante; uma forma de expressar sentimentos e visões de mundo; e uma forma de conhecimento, que podemos apreender de forma prolixa e inconsciente, objetivamos analisar como a construção estética do romance juvenil Cartas para Martin (2020), da escritora estadunidense Nic Stone colabora com as relações entre a (des)construção do pensamento, a escrita e as identidades juvenis minorizadas. Para realizar essa análise, nos pautaremos nos pressupostos teóricos de Hunt (2005; 2015), sobre Literatura Infantil, os quais usaremos como inspiração para refletir sobre a Literatura Juvenil; nos conceitos de Identidade e Multiculturalismo, em Hall (2006) e Bonnici (2011), respectivamente; e nos conceitos de trauma e descolonização, em Kilomba (2021). Por meio de uma estética que rompe estereótipos literários, a escritora rompe, também, estereótipos de identidades, ao demonstrar como um jovem minorizado lida com os sistemas culturais e sociais opressivos, que perpassam sua existência. Na impossibilidade de encontrar um espaço que o acolha, a personagem cria seus próprios espaços no mundo profundo de sua consciência, que se transfiguram para sua vida real.
{"title":"O direito à dúvida","authors":"Jaqueline Magon","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44335","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44335","url":null,"abstract":"Partindo da premissa candidiana de que toda literatura tem como premissa três faces integradas, sendo elas: uma estrutura significante; uma forma de expressar sentimentos e visões de mundo; e uma forma de conhecimento, que podemos apreender de forma prolixa e inconsciente, objetivamos analisar como a construção estética do romance juvenil Cartas para Martin (2020), da escritora estadunidense Nic Stone colabora com as relações entre a (des)construção do pensamento, a escrita e as identidades juvenis minorizadas. Para realizar essa análise, nos pautaremos nos pressupostos teóricos de Hunt (2005; 2015), sobre Literatura Infantil, os quais usaremos como inspiração para refletir sobre a Literatura Juvenil; nos conceitos de Identidade e Multiculturalismo, em Hall (2006) e Bonnici (2011), respectivamente; e nos conceitos de trauma e descolonização, em Kilomba (2021). Por meio de uma estética que rompe estereótipos literários, a escritora rompe, também, estereótipos de identidades, ao demonstrar como um jovem minorizado lida com os sistemas culturais e sociais opressivos, que perpassam sua existência. Na impossibilidade de encontrar um espaço que o acolha, a personagem cria seus próprios espaços no mundo profundo de sua consciência, que se transfiguram para sua vida real.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"60 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138997336","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-15DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44362
Maity Siqueira, Caroline Girardi Ferrari, Jaqueline de Carvalho Rodrigues, Laura Baiocco, Tamara Melo de Oliveira, Sergio Duarte Jr, D. Marques
O presente estudo apresenta as evidências de validade de duas Tarefas de Compreensão de Metáforas Primárias, sendo uma delas com estímulos verbais e outra com estímulos não-verbais. Ambas as tarefas fazem parte de um instrumento maior de compreensão de linguagem figurada (Instrumento COMFIGURA), elaborado a partir do prisma da Linguística Cognitiva, do arcabouço teórico da Teoria da Metáfora Conceitual, e de recomendações da Psicometria. Por meio de uma revisão da literatura, realizou-se um levantamento de estudos empíricos com as três versões existentes das Tarefas, publicados em bases de dados científicas. Seis estudos foram encontrados, analisados e sistematizados em termos da versão das tarefas, dos resultados encontrados pelos autores, e das evidências de validade identificadas. De forma geral, foram encontradas amplas evidências de validade das tarefas de compreensão de metáforas primárias (verbal e não verbal), em suas três versões. Dessa forma, pretende-se contribuir com a apresentação de instrumentos que podem ser utilizados por clínicos e pesquisadores, além de avançar nas teorias da metáfora conceitual e da metáfora primária, analisando a aplicação dessas tarefas em diferentes contextos.
{"title":"Evidências de validade de Tarefas de Compreensão de Metáforas Primárias","authors":"Maity Siqueira, Caroline Girardi Ferrari, Jaqueline de Carvalho Rodrigues, Laura Baiocco, Tamara Melo de Oliveira, Sergio Duarte Jr, D. Marques","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44362","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44362","url":null,"abstract":"O presente estudo apresenta as evidências de validade de duas Tarefas de Compreensão de Metáforas Primárias, sendo uma delas com estímulos verbais e outra com estímulos não-verbais. Ambas as tarefas fazem parte de um instrumento maior de compreensão de linguagem figurada (Instrumento COMFIGURA), elaborado a partir do prisma da Linguística Cognitiva, do arcabouço teórico da Teoria da Metáfora Conceitual, e de recomendações da Psicometria. Por meio de uma revisão da literatura, realizou-se um levantamento de estudos empíricos com as três versões existentes das Tarefas, publicados em bases de dados científicas. Seis estudos foram encontrados, analisados e sistematizados em termos da versão das tarefas, dos resultados encontrados pelos autores, e das evidências de validade identificadas. De forma geral, foram encontradas amplas evidências de validade das tarefas de compreensão de metáforas primárias (verbal e não verbal), em suas três versões. Dessa forma, pretende-se contribuir com a apresentação de instrumentos que podem ser utilizados por clínicos e pesquisadores, além de avançar nas teorias da metáfora conceitual e da metáfora primária, analisando a aplicação dessas tarefas em diferentes contextos.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"84 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138997963","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-14DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44276
Lívia Penedo Jacob
Criadas no século XIX como “evolução” das charges, as histórias em quadrinhos (HQs) têm ocupado uma espécie de não lugar nos estudos teóricos contemporâneos porque construídas por múltiplas artes (desenho, roteiro, arte final etc.). Consumidas no Brasil principalmente pelo público jovem, conforme revela recente pesquisa do grupo Pró-Livro (FAILLA, 2021), as HQs acabaram por se aproximar de um campo acadêmico igualmente marginalizado: a literatura infantojuvenil, cujos obstáculos epistemológicos já foram demonstrados por Rose (1988) e Hunt (2013). Ciente dessas questões, proponho, neste ensaio, o estudo do que nomeio “caso Marvel”, a fim tanto de apontar as aproximações históricas entre os quadrinhos e a literatura, como de entender que aspectos específicos diferenciam duas personagens muçulmanas criadas pela Marvel: se a personagem Dust (Sooraya Qadir) exemplifica um caso de “fracasso”, por sua rejeição tanto pelo público como pela crítica, a adolescente Kamala Khan é da empresa, rendendo, aos seus idealizadores, além de diversos prêmios, uma adaptação televisiva produzida pelo streaming da Disney. Além de os argumentos orientalistas legados por Said (1996) serem fundamentais para justificar essas diferenças, a nova Ms. Marvel sintetiza os pressupostos identitários estudados por Hall (2003), Bhabha (2013) e Spivak (2010).
{"title":"Quadrinhos e orientalismo","authors":"Lívia Penedo Jacob","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44276","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44276","url":null,"abstract":"Criadas no século XIX como “evolução” das charges, as histórias em quadrinhos (HQs) têm ocupado uma espécie de não lugar nos estudos teóricos contemporâneos porque construídas por múltiplas artes (desenho, roteiro, arte final etc.). Consumidas no Brasil principalmente pelo público jovem, conforme revela recente pesquisa do grupo Pró-Livro (FAILLA, 2021), as HQs acabaram por se aproximar de um campo acadêmico igualmente marginalizado: a literatura infantojuvenil, cujos obstáculos epistemológicos já foram demonstrados por Rose (1988) e Hunt (2013). Ciente dessas questões, proponho, neste ensaio, o estudo do que nomeio “caso Marvel”, a fim tanto de apontar as aproximações históricas entre os quadrinhos e a literatura, como de entender que aspectos específicos diferenciam duas personagens muçulmanas criadas pela Marvel: se a personagem Dust (Sooraya Qadir) exemplifica um caso de “fracasso”, por sua rejeição tanto pelo público como pela crítica, a adolescente Kamala Khan é da empresa, rendendo, aos seus idealizadores, além de diversos prêmios, uma adaptação televisiva produzida pelo streaming da Disney. Além de os argumentos orientalistas legados por Said (1996) serem fundamentais para justificar essas diferenças, a nova Ms. Marvel sintetiza os pressupostos identitários estudados por Hall (2003), Bhabha (2013) e Spivak (2010).","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"14 21","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138972165","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-14DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44235
Ângela Cogo Fronckowiak, Inara Moraes dos Santos
Desde Poemas da Iara (2008), Eucanaã Ferraz nega-se ao rótulo de poeta para crianças. Sua poesia “censura livre” não demarca temporalmente a infância, pondo entre parênteses a linguagem, a escrita e as palavras. Seu não didatismo intencional requer do adulto, escritor e leitor, a superação das reservas imagéticas da forma escolar, que domesticam o imaginário. Eucanaã afirma que toda a poesia é exigente e que ele não facilita para as crianças, pois facilitar na criação é um equívoco dos sentidos. Autor de Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos (2009), Palhaço macaco passarinho (2010), Água sim (2011) e Em cima daquela serra (2013), Eucanaã explora recursos que despertam o interesse infantil, mesmo quando a voz poética não é a da criança e se volta a temáticas mais exigentes. No artigo, reconhecemos a “pedagogia do olhar”, referida pelo autor acerca de Cada coisa (2016) e a investigamos na sua exclusiva concretização verbal com o intuito de dar a ver uma poética que singulariza o valor da escuta compartilhada para o adensamento da imaginação. Escuta aberta e atenta que exige tanto do olhar quanto do ouvido.
自 Poemas da Iara（2008 年）以来，Eucanaã Ferraz 一直拒绝被贴上儿童诗人的标签。他的 "自由审查 "诗歌并没有从时间上划分童年，而是将语言、写作和文字置于括号内。其有意的非说教式要求成年作者和读者克服学校形式的想象力储备，这种储备驯化了想象力。尤卡娜说，所有的诗歌都是苛刻的，他不会让儿童轻松创作，因为轻松创作是对感官的误解。作为《Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos》（2009 年）、《Palhaço macaco passarinho》（2010 年）、《Água sim》（2011 年）和《Em cima daquela serra》（2013 年）的作者，Eucanaã探索能引起儿童兴趣的资源，即使诗歌的声音不是儿童的声音，并转向要求更高的主题。在这篇文章中，我们认识到作者在《Cada coisa》（2016 年）中提到的 "凝视教学法"，并对其纯粹的语言形式进行研究，旨在揭示一种诗学，强调共同倾听对于想象力成长的价值。开放而专注的倾听需要眼睛和耳朵的共同参与。
{"title":"Censura livre:","authors":"Ângela Cogo Fronckowiak, Inara Moraes dos Santos","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44235","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44235","url":null,"abstract":"Desde Poemas da Iara (2008), Eucanaã Ferraz nega-se ao rótulo de poeta para crianças. Sua poesia “censura livre” não demarca temporalmente a infância, pondo entre parênteses a linguagem, a escrita e as palavras. Seu não didatismo intencional requer do adulto, escritor e leitor, a superação das reservas imagéticas da forma escolar, que domesticam o imaginário. Eucanaã afirma que toda a poesia é exigente e que ele não facilita para as crianças, pois facilitar na criação é um equívoco dos sentidos. Autor de Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos (2009), Palhaço macaco passarinho (2010), Água sim (2011) e Em cima daquela serra (2013), Eucanaã explora recursos que despertam o interesse infantil, mesmo quando a voz poética não é a da criança e se volta a temáticas mais exigentes. No artigo, reconhecemos a “pedagogia do olhar”, referida pelo autor acerca de Cada coisa (2016) e a investigamos na sua exclusiva concretização verbal com o intuito de dar a ver uma poética que singulariza o valor da escuta compartilhada para o adensamento da imaginação. Escuta aberta e atenta que exige tanto do olhar quanto do ouvido.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"17 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138974828","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-05DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44409
Bruna Rodrigues Fontoura, Cândido Samuel Fonseca de Oliveira, Ricardo Augusto De Souza
Este estudo teve como objetivo contribuir para a investigação do conhecimento implícito de morfemas flexionais de aprendizes de inglês como segunda língua (L2). Para tanto, examinamos se aprendizes de inglês brasileiro detectam a omissão de morfemas flexionais em uma tarefa de leitura auto-cadenciada que requer conhecimento automatizado deles da L2. Expusemos os participantes a sentenças em que havia ou não omissão de morfemas de terceira pessoa do singular (-s) e passado simples (-ed). Além disso, realizamos um teste de proficiência em língua inglesa para classificar os participantes em maior e menor proficiência. Trinta e nove participantes realizaram as tarefas, sendo vinte e quatro de maior proficiência e quinze de menor proficiência. Os resultados sugerem que os participantes de maior e menor proficiência não exibiram sensibilidade à falta de morfemas -s e -ed, uma vez que seu tempo de reação foi comparável em sentenças gramaticais e agramaticais com ambos os morfemas.
{"title":"Processamento linguístico implícito de morfemas flexionais","authors":"Bruna Rodrigues Fontoura, Cândido Samuel Fonseca de Oliveira, Ricardo Augusto De Souza","doi":"10.15448/1984-4301.2023.1.44409","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.44409","url":null,"abstract":"Este estudo teve como objetivo contribuir para a investigação do conhecimento implícito de morfemas flexionais de aprendizes de inglês como segunda língua (L2). Para tanto, examinamos se aprendizes de inglês brasileiro detectam a omissão de morfemas flexionais em uma tarefa de leitura auto-cadenciada que requer conhecimento automatizado deles da L2. Expusemos os participantes a sentenças em que havia ou não omissão de morfemas de terceira pessoa do singular (-s) e passado simples (-ed). Além disso, realizamos um teste de proficiência em língua inglesa para classificar os participantes em maior e menor proficiência. Trinta e nove participantes realizaram as tarefas, sendo vinte e quatro de maior proficiência e quinze de menor proficiência. Os resultados sugerem que os participantes de maior e menor proficiência não exibiram sensibilidade à falta de morfemas -s e -ed, uma vez que seu tempo de reação foi comparável em sentenças gramaticais e agramaticais com ambos os morfemas.","PeriodicalId":499668,"journal":{"name":"letrônica","volume":"117 40","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-12-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"138599449","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-12-05DOI: 10.15448/1984-4301.2023.1.44408
Aline Casagrande Rosso, Ana Beatriz Arêas da Luz Fontes
Este estudo teve como objetivo verificar a correlação entre a quantidade e o gosto por leitura em primeira (L1) e segunda língua (L2) e o uso de estratégias metacognitivas de leitura de adolescentes. Para tanto, 114 participantes completaram dois questionários, que abordavam, além de outros fatores, a quantidade e o gosto pela leitura. Além disso, eles preencheram o Inventário de Consciência sobre Estratégias Metacognitivas de Leitura (MARSI) (MOKHTARI; REICHARD, 2002), com vistas a captar dados do quanto eles utilizam estratégias leitoras. A análise de correlação executada mostrou, entre outros resultados, que quanto mais os alunos gostam de ler, mais eles tendem a utilizar estratégias leitoras. Além disso, observou-se mais correlações positivas entre o uso de estratégias e a quantidade de leitura na L2 do que o quanto os alunos leem na L1. Implicações psicolinguísticas e pedagógicas sobre esses achados são discutidas.
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