Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1295
Jorge Antônio Miranda de Souza
Este artigo analisa o poema “Saudação a Álvaro de Campos”, da poeta portuguesa Raquel Nobre Guerra, com o objetivo de identificar e discutir os diálogos estabelecidos entre essa poeta e o binômio Fernando Pessoa-Álvaro de Campos, e entre esses e o poeta modernista estadunidense Walt Whitman. A leitura sobre as relações poéticas entre Pessoa, Campos e Whitman conduz Raquel Nobre Guerra a uma reflexão acerca de qual é o seu próprio lugar, na contemporaneidade, dentro desse panorama atravessado por diferentes concepções de tradição, legado e filiação. Nesse âmbito, além do poema, são incluídas, nesta análise, anotações feitas por Fernando Pessoa, hoje dotadas de valor arquivístico e documental, evidenciando seu percurso de contato, afastamento e redirecionamento da poética de Walt Whitman dentro de suas obras ortônima e heterônima.
本文分析了葡萄牙诗人 Raquel Nobre Guerra 的诗作《Saudação a Álvaro de Campos》,旨在确定和讨论这位诗人与费尔南多-佩索阿-阿尔瓦罗-德-坎波斯这对组合之间,以及这对组合与美国现代主义诗人沃尔特-惠特曼之间建立的对话。通过阅读佩索阿、坎波斯和惠特曼之间的诗歌关系,Raquel Nobre Guerra 开始反思自己在当代的位置,以及自己在传统、遗产和隶属关系等不同概念交叉的全景中的位置。在此背景下,除了诗歌之外,本分析还包括费尔南多-佩索阿所做的笔记,这些笔记如今具有档案和文献价值,展示了他在其同名和异名作品中与沃尔特-惠特曼的诗学接触、疏远和重新定位的历程。
{"title":"Arqueologia de ecos: as relações Pessoa-Campos-Whitman em “Saudação a Álvaro de Campos”, de Raquel Nobre Guerra","authors":"Jorge Antônio Miranda de Souza","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1295","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1295","url":null,"abstract":"Este artigo analisa o poema “Saudação a Álvaro de Campos”, da poeta portuguesa Raquel Nobre Guerra, com o objetivo de identificar e discutir os diálogos estabelecidos entre essa poeta e o binômio Fernando Pessoa-Álvaro de Campos, e entre esses e o poeta modernista estadunidense Walt Whitman. A leitura sobre as relações poéticas entre Pessoa, Campos e Whitman conduz Raquel Nobre Guerra a uma reflexão acerca de qual é o seu próprio lugar, na contemporaneidade, dentro desse panorama atravessado por diferentes concepções de tradição, legado e filiação. Nesse âmbito, além do poema, são incluídas, nesta análise, anotações feitas por Fernando Pessoa, hoje dotadas de valor arquivístico e documental, evidenciando seu percurso de contato, afastamento e redirecionamento da poética de Walt Whitman dentro de suas obras ortônima e heterônima.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141673779","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1308
Rodolpho Amaral
Este ensaio busca contextualizar a ebulição histórica da década de 1980, recorte temporal em que se passa a maior parte da narrativa de Djaimilia Pereira de Almeida, Luanda, Lisboa, Paraíso (2019). Considerando a ocorrência concomitante de alguns eventos históricos – a colonização, o regime salazarista português e as guerras coloniais de libertação dos países africanos –, intenta-se traçar algumas observações acerca das masculinidades vigentes nesse período, bem como dos seus paradigmas e subversões, alocando as personagens do romance, nomeadamente Cartola e Aquiles. Para tanto, recorre-se aos estudos de Rosas (2001), a fim de perspectivar o Estado Novo português; de Lugarinho (2017), que traça a aparição das masculinidades em algumas produções literárias dos PALOPs; e de Stanley (2019), cujo trabalho permite estabelecer parâmetros entre os regimes fascistas globais e a ditadura de Salazar, em Portugal. Evocam-se outros estudos para a elaboração deste trabalho, mas os já citados são basilares porquanto permitem colocar em perspectiva a construção das personagens principais do romance de Djaimilia Pereira de Almeida.
本文试图对20世纪80年代的历史动荡进行背景分析,Djaimilia Pereira de Almeida的叙事作品《罗安达,里斯本,帕拉伊索》(2019年)的大部分内容都发生在这一时期。考虑到同时发生的一系列历史事件--殖民化、葡萄牙萨拉查政权和解放非洲国家的殖民战争--我们的目的是结合小说中的人物,即卡托拉和阿奎莱斯,对这一时期流行的男性气质及其范式和颠覆性提出一些看法。为此,我们借鉴了罗萨斯(Rosas,2001 年)的研究,以便将葡萄牙新国家体制纳入视角;卢加里尼奥(Lugarinho,2017 年)的研究,他追踪了一些 PALOP 文学作品中出现的男性气质;以及斯坦利(Stanley,2019 年)的研究,他的研究使我们能够在全球法西斯政权和葡萄牙萨拉查独裁统治之间建立参数。这项工作还引用了其他研究,但上述研究是必不可少的,因为它们使我们能够从更广阔的视角来看待杰米莉亚-佩雷拉-德阿尔梅达小说中主要人物的塑造。
{"title":"As masculinidades na encruzilhada histórica de Luanda, Lisboa, Paraíso","authors":"Rodolpho Amaral","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1308","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1308","url":null,"abstract":"Este ensaio busca contextualizar a ebulição histórica da década de 1980, recorte temporal em que se passa a maior parte da narrativa de Djaimilia Pereira de Almeida, Luanda, Lisboa, Paraíso (2019). Considerando a ocorrência concomitante de alguns eventos históricos – a colonização, o regime salazarista português e as guerras coloniais de libertação dos países africanos –, intenta-se traçar algumas observações acerca das masculinidades vigentes nesse período, bem como dos seus paradigmas e subversões, alocando as personagens do romance, nomeadamente Cartola e Aquiles. Para tanto, recorre-se aos estudos de Rosas (2001), a fim de perspectivar o Estado Novo português; de Lugarinho (2017), que traça a aparição das masculinidades em algumas produções literárias dos PALOPs; e de Stanley (2019), cujo trabalho permite estabelecer parâmetros entre os regimes fascistas globais e a ditadura de Salazar, em Portugal. Evocam-se outros estudos para a elaboração deste trabalho, mas os já citados são basilares porquanto permitem colocar em perspectiva a construção das personagens principais do romance de Djaimilia Pereira de Almeida.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 12","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141674873","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1304
Delcyanne Kathlen Silva Lima, Gabriel De Jesus dos Anjos Costa, Márcia Manir Miguel Feitosa
A memória é um fenômeno que envolve a evocação das experiências vividas no passado que se manifestam por meio das lembranças. Como tal processo faz parte do “ser” humano, há uma tentativa humana de entender toda a complexidade envolvida no processo de rememoração. Tendo como base tais ideias, objetiva-se, no presente artigo, analisar as manifestações do fenômeno da memória no romance Flores (2016), de Afonso Cruz, a fim de expor de que forma os personagens se relacionam com tal processo. Do ponto de vista metodológico, o artigo configura-se como qualitativo de cunho bibliográfico. Publicado em 2015, Flores faz parte de uma tendência da Novíssima Literatura Portuguesa de tocar em temas universais. A análise de Flores (2016) demonstrou explicitamente como, na falta de uma memória individual, é na coletividade que o homem alimenta sua necessidade de conhecer o próprio passado. Além disso, o resgate do passado, tal como aconteceu com o senhor Ulme, ocorre sobretudo numa busca pela identidade perdida, fragmentada ou desconhecida. A análise sobre Kevin comprova como as memórias podem atuar na identidade presente do homem, uma vez que muitas de suas ações atuais são ecos dos ensinamentos do seu pai. Pode-se afirmar, portanto, que Afonso Cruz criou uma narrativa que se situa no tripé da memória individual, da memória coletiva e da identidade. Servirão de aporte teórico para esse estudo as reflexões de Paul Ricoeur (2007), Michael Pollak (1992), Maurice Halbwachs (1990), Yi-Fu Tuan (2013), Joël Candau (2011), Gabriela Silva (2016) e Miguel Real (2012).
{"title":"“Senhor Ulme, encontrarei o seu caroço e dar-lhe-ei um motivo para ser cuspido”: uma leitura da memória em Flores, de Afonso Cruz","authors":"Delcyanne Kathlen Silva Lima, Gabriel De Jesus dos Anjos Costa, Márcia Manir Miguel Feitosa","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1304","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1304","url":null,"abstract":"A memória é um fenômeno que envolve a evocação das experiências vividas no passado que se manifestam por meio das lembranças. Como tal processo faz parte do “ser” humano, há uma tentativa humana de entender toda a complexidade envolvida no processo de rememoração. Tendo como base tais ideias, objetiva-se, no presente artigo, analisar as manifestações do fenômeno da memória no romance Flores (2016), de Afonso Cruz, a fim de expor de que forma os personagens se relacionam com tal processo. Do ponto de vista metodológico, o artigo configura-se como qualitativo de cunho bibliográfico. Publicado em 2015, Flores faz parte de uma tendência da Novíssima Literatura Portuguesa de tocar em temas universais. A análise de Flores (2016) demonstrou explicitamente como, na falta de uma memória individual, é na coletividade que o homem alimenta sua necessidade de conhecer o próprio passado. Além disso, o resgate do passado, tal como aconteceu com o senhor Ulme, ocorre sobretudo numa busca pela identidade perdida, fragmentada ou desconhecida. A análise sobre Kevin comprova como as memórias podem atuar na identidade presente do homem, uma vez que muitas de suas ações atuais são ecos dos ensinamentos do seu pai. Pode-se afirmar, portanto, que Afonso Cruz criou uma narrativa que se situa no tripé da memória individual, da memória coletiva e da identidade. Servirão de aporte teórico para esse estudo as reflexões de Paul Ricoeur (2007), Michael Pollak (1992), Maurice Halbwachs (1990), Yi-Fu Tuan (2013), Joël Candau (2011), Gabriela Silva (2016) e Miguel Real (2012).","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141674727","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1305
Clarisse Dias Pessôa
O presente artigo se debruça na obra Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida, com o intuito de analisar de que maneira suas personagens transitam entre memória e esquecimento a partir de suas relações com a cidade de Lisboa. A análise se direciona para refletir de que forma a escrita de Djaimilia Pereira de Almeida busca a inserção dessas personagens na cidade por meio dos trânsitos. É na busca desses trânsitos na cidade descrita na obra que esse artigo ganha corpo. A partir da figura do flâneur de Benjamin, esta pesquisa busca analisar como a obra lança seus olhares sobre as ruínas de Lisboa e colabora para inserir outras memórias que fazem parte da história de Portugal, mas que foram sistematicamente silenciadas por uma matriz de pensamento colonial que ainda perdura na gestão do lembrar e esquecer na capital do país. Além de Walter Benjamin, os estudos de Julia Kristeva, Stephen Small, Stuart Hall, Roberto Vecchi e Margarida Calafate Ribeiro trarão suporte teórico.
{"title":"Pescar pérolas no Tejo: um mergulho nas águas de Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida","authors":"Clarisse Dias Pessôa","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1305","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1305","url":null,"abstract":"O presente artigo se debruça na obra Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida, com o intuito de analisar de que maneira suas personagens transitam entre memória e esquecimento a partir de suas relações com a cidade de Lisboa. A análise se direciona para refletir de que forma a escrita de Djaimilia Pereira de Almeida busca a inserção dessas personagens na cidade por meio dos trânsitos. É na busca desses trânsitos na cidade descrita na obra que esse artigo ganha corpo. A partir da figura do flâneur de Benjamin, esta pesquisa busca analisar como a obra lança seus olhares sobre as ruínas de Lisboa e colabora para inserir outras memórias que fazem parte da história de Portugal, mas que foram sistematicamente silenciadas por uma matriz de pensamento colonial que ainda perdura na gestão do lembrar e esquecer na capital do país. Além de Walter Benjamin, os estudos de Julia Kristeva, Stephen Small, Stuart Hall, Roberto Vecchi e Margarida Calafate Ribeiro trarão suporte teórico.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 7","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141676660","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1302
Larissa Fonseca e Silva
Associar o nome de Ulisses à fundação de Lisboa, forçando etimologias que ligariam a personagem homérica (já com o nome latinizado) a Portugal, tem sido, desde há muito tempo, uma forma de dignificar a nação, dando-lhe um patriarca famoso – como as outras figuras masculinas que aparecem, por exemplo, em Os Lusíadas. Não importa que a personagem seja mítica; afinal, “[o] mytho é o nada que é tudo”, como escreve Fernando Pessoa. Se a Olisipo (Lisboa) mítica torna-se, então, parte da história de Portugal, torna-se, também, mais recentemente, fonte para reflexões que partem de uma perspectiva feminina. Isso se observa em contos como “A Ilha de Circe”, de Natália Correia, homônimo ao livro publicado em 1983, e “Tudo são histórias de amor”, de Dulce Maria Cardoso, também homônimo ao volume em que se insere, publicado em 2014. Em ambos os contos, a lenda de que o périplo de Ulisses teve em terras portuguesas uma parada fundadora é retomada para que se dê destaque, porém, às deusas que estariam ligadas a essa fundação: Circe, no conto de Natália, e Ophiusa, no conto de Dulce Cardoso. Os dois contos também têm em comum o fato de que trazem a figura masculina não pelo viés da glória colonizatória e da autoridade, e sim, para se utilizar um termo bastante contemporâneo, da irresponsabilidade afetiva. Daremos foco a esses pontos neste ensaio, ligando Olisipo a outras possíveis gêneses míticas, femininas, de Portugal.
将尤利西斯的名字与里斯本的建国联系起来,强行将荷马史诗中的人物(连同其拉丁化的名字)与葡萄牙联系起来,长期以来一直是一种通过赋予国家一个著名的族长来彰显国家尊严的方式--就像《卢西亚达斯》中出现的其他男性人物一样。这个人物是否是神话人物并不重要;毕竟,正如费尔南多-佩索阿所写的那样,"神话是一切的虚无"。如果说神话中的里斯本(Olisipo)已成为葡萄牙历史的一部分,那么最近,它还成为从女性视角进行反思的源泉。这可以从娜塔莉亚-科雷亚(Natália Correia)的短篇小说 "A Ilha de Circe"(《Circe 的岛》)和 "Tudo são histórias de amor"(《一切都是爱情故事》)中看出,前者与 1983 年出版的书同名,后者也与 2014 年出版的书同名。在这两个故事中,尤利西斯的旅程在葡萄牙土地上有一个创始站的传说再次被提起,但与这一创始站有关的女神得到了强调:在娜塔莉亚的故事中是西尔塞,而在杜尔丝-卡多索的故事中是奥菲乌萨。这两个故事还有一个共同点,即它们不是从殖民者的荣耀和权威的角度来描绘男性形象,而是用一个非常现代的术语来说,即情感上的不负责任。我们将在本文中重点讨论这些观点,并将奥利西波与葡萄牙其他可能的神话女性基因联系起来。
{"title":"O viés feminino da lenda de Olisipo na escrita de Natália Correia e Dulce Maria Cardoso","authors":"Larissa Fonseca e Silva","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1302","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1302","url":null,"abstract":"Associar o nome de Ulisses à fundação de Lisboa, forçando etimologias que ligariam a personagem homérica (já com o nome latinizado) a Portugal, tem sido, desde há muito tempo, uma forma de dignificar a nação, dando-lhe um patriarca famoso – como as outras figuras masculinas que aparecem, por exemplo, em Os Lusíadas. Não importa que a personagem seja mítica; afinal, “[o] mytho é o nada que é tudo”, como escreve Fernando Pessoa. Se a Olisipo (Lisboa) mítica torna-se, então, parte da história de Portugal, torna-se, também, mais recentemente, fonte para reflexões que partem de uma perspectiva feminina. Isso se observa em contos como “A Ilha de Circe”, de Natália Correia, homônimo ao livro publicado em 1983, e “Tudo são histórias de amor”, de Dulce Maria Cardoso, também homônimo ao volume em que se insere, publicado em 2014. Em ambos os contos, a lenda de que o périplo de Ulisses teve em terras portuguesas uma parada fundadora é retomada para que se dê destaque, porém, às deusas que estariam ligadas a essa fundação: Circe, no conto de Natália, e Ophiusa, no conto de Dulce Cardoso. Os dois contos também têm em comum o fato de que trazem a figura masculina não pelo viés da glória colonizatória e da autoridade, e sim, para se utilizar um termo bastante contemporâneo, da irresponsabilidade afetiva. Daremos foco a esses pontos neste ensaio, ligando Olisipo a outras possíveis gêneses míticas, femininas, de Portugal.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 18","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141675543","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1160
Suelio Geraldo Pereira
Selecionamos como corpus desta pesquisa os contos “Um cinturão”, do escritor alagoano Graciliano Ramos, e “As cartas deitadas”, da conimbricense Teolinda Gersão, interpelando-os às noções de: narração e narrador; lembranças e memória. Para subsidiar a análise, recorremos aos conceitos de memória, lembranças e reminiscências a partir dos textos de Candau (2016), Le Goff (1990), Pollak (1989; 1992) e Ricoeur (2007); e, também, nas reflexões sobre a instância do narrador e a ação de narrar, a partir das produções de Genette (2017) e Benjamin (2012). Analisando os dois contos, com foco nas suas estruturas estético-narrativas, constatamos que, em ambos, as noções de narração e narrador, bem como as de lembranças e memória, estão presentes na tessitura textual, promovendo um processo de recuperação e de manipulação, isto é, de “iluminação” de alguns acontecimentos, lugares, pessoas e objetos relevantes aos sujeitos narrativos, como formadores da sua memorável existência.
{"title":"O narrar e o lembrar em “Um cinturão”, de Graciliano Ramos, e “As cartas deitadas”, de Teolinda Gersão","authors":"Suelio Geraldo Pereira","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1160","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1160","url":null,"abstract":"Selecionamos como corpus desta pesquisa os contos “Um cinturão”, do escritor alagoano Graciliano Ramos, e “As cartas deitadas”, da conimbricense Teolinda Gersão, interpelando-os às noções de: narração e narrador; lembranças e memória. Para subsidiar a análise, recorremos aos conceitos de memória, lembranças e reminiscências a partir dos textos de Candau (2016), Le Goff (1990), Pollak (1989; 1992) e Ricoeur (2007); e, também, nas reflexões sobre a instância do narrador e a ação de narrar, a partir das produções de Genette (2017) e Benjamin (2012). Analisando os dois contos, com foco nas suas estruturas estético-narrativas, constatamos que, em ambos, as noções de narração e narrador, bem como as de lembranças e memória, estão presentes na tessitura textual, promovendo um processo de recuperação e de manipulação, isto é, de “iluminação” de alguns acontecimentos, lugares, pessoas e objetos relevantes aos sujeitos narrativos, como formadores da sua memorável existência.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 8","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141675150","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"O retorno do épico: sobre a escrita de (em) Portugal","authors":"Nefatalin Gonçalves Neto","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1311","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1311","url":null,"abstract":"Livro resenhado: \u0000SILVEIRA, Jorge Fernandes da. O retorno do épico e outras voltas. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2023.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 6","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141676181","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1297
Oscar José De Paula Neto
A partir da paisagem e dos monumentos do Largo da Liberdade, em São Paulo, como a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados e a estátua do Regente Diogo António Feijó, António Botto reflete sobre a história brasileira, destacando as violências e as injustiças que ficaram inscritas naquele espaço público. Assim, as três versões de um mesmo poema, reescrito durante a primeira metade da década de 1950, publicadas primeiro na imprensa e, finalmente, na versão final em Fátima – Poema do Mundo (1955), com o título de “Cântico da Alma Brasileira”, remetem ao passado do Brasil, bem como apontam caminhos para a compreensão do presente e a possibilidade otimista e ufanista do futuro do país. É importante destacar que as versões do poema afirmam os recentes interesses literários que o escritor buscava juntar à sua produção poética desde a década anterior, sobretudo os interesses sociais, políticos e religiosos, entrelaçados nos três textos de maneira exemplar, como em parte considerável de sua produção tardia. Desse modo, de acordo com a noção de “lugares de memória” do historiador francês Pierre Nora (1993), analisamos como Botto, mediante seu olhar de poeta estrangeiro, avalia alguns dos processos de construção da memória social coletiva do Brasil, ao buscar representar acontecimentos históricos relegados ao esquecimento.
根据圣保罗 Largo da Liberdade 的景观和纪念碑,如 Santa Cruz das Almas dos Enforcados 教堂和摄政王 Diogo António Feijó 的雕像,António Botto 对巴西历史进行了反思,强调了刻在该公共空间中的暴力和不公正。因此,同一首诗的三个版本都是在 20 世纪 50 年代前半期改写的,先是在报刊上发表,最后定稿于《Fátima - Poema do Mundo》(1955 年),标题为 "Cântico da Alma Brasileira"(《巴西灵魂之歌》)。必须强调的是,这些版本的诗歌肯定了作者自前十年以来一直试图在其诗歌创作中添加的最新文学趣味,首先是社会、政治和宗教趣味,这三部作品以一种典范的方式交织在一起,正如其后期创作的相当一部分作品一样。因此,根据法国历史学家皮埃尔-诺拉(Pierre Nora,1993 年)提出的 "记忆之地 "的概念,我们分析了博托如何通过他作为外国诗人的视角,通过试图表现被遗忘的历史事件,来评价建立巴西集体社会记忆的某些过程。
{"title":"Ruínas da história brasileira num poema de António Botto","authors":"Oscar José De Paula Neto","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1297","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1297","url":null,"abstract":"A partir da paisagem e dos monumentos do Largo da Liberdade, em São Paulo, como a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados e a estátua do Regente Diogo António Feijó, António Botto reflete sobre a história brasileira, destacando as violências e as injustiças que ficaram inscritas naquele espaço público. Assim, as três versões de um mesmo poema, reescrito durante a primeira metade da década de 1950, publicadas primeiro na imprensa e, finalmente, na versão final em Fátima – Poema do Mundo (1955), com o título de “Cântico da Alma Brasileira”, remetem ao passado do Brasil, bem como apontam caminhos para a compreensão do presente e a possibilidade otimista e ufanista do futuro do país. É importante destacar que as versões do poema afirmam os recentes interesses literários que o escritor buscava juntar à sua produção poética desde a década anterior, sobretudo os interesses sociais, políticos e religiosos, entrelaçados nos três textos de maneira exemplar, como em parte considerável de sua produção tardia. Desse modo, de acordo com a noção de “lugares de memória” do historiador francês Pierre Nora (1993), analisamos como Botto, mediante seu olhar de poeta estrangeiro, avalia alguns dos processos de construção da memória social coletiva do Brasil, ao buscar representar acontecimentos históricos relegados ao esquecimento.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 8","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141675773","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-07-05DOI: 10.37508/rcl.2024.n52a1300
C. H. Fonseca
Ana Margarida de Carvalho é um dos nomes da ficção portuguesa contemporânea que mais se tem destacado, sendo galardoada com o Grande Prémio de Romance e Novela APE em 2013 e 2016 e com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2017. Tomando como corpus privilegiado o seu primeiro romance, Que importa a fúria do mar (2019b), o presente trabalho tem o objetivo de analisar como a relação entre Literatura, História e Memória propõe um constante rigor crítico ao longo da narrativa. Partindo do apoio teórico-crítico de Didi-Huberman (2011; 2019), Walter Benjamin (2012), Márcio Seligmann-Silva (2022), Aleida Assmann (2011), além de outros teóricos e ensaístas, pretende-se refletir, principalmente, sobre os seguintes aspectos: como a ficção recupera, pelo discurso de Joaquim, uma galeria de memórias que foram silenciadas pela violência do Estado Novo português e como a experiência amorosa do personagem pode ser uma via de resistência contra a barbárie de um esquecimento imposto por tentativas de apagamento, promovendo uma outra forma de se compor e experienciar a memória cultural em nosso devir histórico-social.
安娜-玛格丽塔-德-卡瓦略是葡萄牙当代小说界最著名的作家之一,曾在2013年和2016年获得APE长篇小说和中篇小说大奖,2017年获得卡米洛-卡斯特略-布兰科短篇小说大奖。本文以她的第一部长篇小说《Que importa a fúria do mar》(2019b)为重要语料,旨在分析文学、历史和记忆之间的关系如何在整个叙事中提出了持续的批判性严谨性。借鉴迪迪-胡伯曼(Didi-Huberman,2011;2019)、瓦尔特-本雅明(Walter Benjamin,2012)、马尔西奥-塞利格曼-席尔瓦(Márcio Seligmann-Silva,2022)、阿莱达-阿斯曼(Aleida Assmann,2011)以及其他理论家和散文家的理论和批评支持,我们打算主要从以下几个方面进行反思:小说如何通过若阿金的话语,重拾被葡萄牙新国家暴力压制的记忆长廊,以及主人公的爱情经历如何成为抵制试图抹去的野蛮遗忘的一种手段,在我们的历史-社会变迁中促进另一种文化记忆的构成和体验方式。
{"title":"Ana Margarida de Carvalho: a palavra que não teve fim","authors":"C. H. Fonseca","doi":"10.37508/rcl.2024.n52a1300","DOIUrl":"https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1300","url":null,"abstract":"Ana Margarida de Carvalho é um dos nomes da ficção portuguesa contemporânea que mais se tem destacado, sendo galardoada com o Grande Prémio de Romance e Novela APE em 2013 e 2016 e com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2017. Tomando como corpus privilegiado o seu primeiro romance, Que importa a fúria do mar (2019b), o presente trabalho tem o objetivo de analisar como a relação entre Literatura, História e Memória propõe um constante rigor crítico ao longo da narrativa. Partindo do apoio teórico-crítico de Didi-Huberman (2011; 2019), Walter Benjamin (2012), Márcio Seligmann-Silva (2022), Aleida Assmann (2011), além de outros teóricos e ensaístas, pretende-se refletir, principalmente, sobre os seguintes aspectos: como a ficção recupera, pelo discurso de Joaquim, uma galeria de memórias que foram silenciadas pela violência do Estado Novo português e como a experiência amorosa do personagem pode ser uma via de resistência contra a barbárie de um esquecimento imposto por tentativas de apagamento, promovendo uma outra forma de se compor e experienciar a memória cultural em nosso devir histórico-social.","PeriodicalId":500160,"journal":{"name":"Convergência Lusíada","volume":" 24","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141677158","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}