Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104436
Luís Guilherme de Araújo Longo , Adriana Lúcia Pires Ferreira , Alessandra Fiuza Hoelz Alvarez , Káris Maria de Pinho Rodrigues , Beatriz Meurer Moreira
<div><h3>Introdução/objetivos</h3><div>Amostras do gênero Klebsiella, principalmente da espécie K. pneumoniae, estão os patógenos mais frequentes em infecções relacionadas à assistência em saúde e infecções invasivas adquiridas na comunidade. K. pneumoniae está entre os microrganismos mais frequentes entre amostras resistentes a múltiplas drogas. Nas últimas décadas, a resistência aos carbapenemas tem crescido, sendo associada a desfecho clínico desfavorável e aumento da morbidade e mortalidade, além do aumento dos custos de hospitalização, internações mais longas e do uso de antibióticos alternativos e mais caros. O objetivo do estudo foi caracterizar amostras de Klebsiella sp. produtoras de carbapenemases quanto aos clones que pertencem e aos genes e mutações que codificam resistência aos antimicrobianos.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>166 amostras de Klebsiella sp. produtoras de carbapenemases foram obtidas de diversos espécimes clínicos de um hospital no Rio de Janeiro entre janeiro de 2014 e janeiro de 2017 (n = 105) e março a outubro de 2020 (n = 61). Estas foram enviadas para sequenciamento do genoma completo. A identificação de espécie, MLST e genes de resistência aos antimicrobianos foram determinadas através das ferramentas on-line disponibilizadas pelo Center for Genomic Epidemiology.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Das 166 amostras do estudo 162 foram identificadas com K. pneumoniae, 3 como K. aerogenes e 1 como K. quasipneumoniae subsp. similipneumoniae. Observamos significativas mudanças clonais quando comparamos as amostras dos dois períodos (p < 0.005). Os dois STs mais frequentes em 2014-2017 (ST437 61% e ST340 11%) não foram observados no período de 2020, sendo substituídos pelo ST11 (46%), ST16 (26%) e ST258 (15%) no segundo período do estudo. Dentre os genes de resistência encontrados destacamos a presença das carbapenemases KPC-2 em 121 (73%) amostras, KPC-2 e OXA-370 em 22 (13%), OXA-370 em 11 (7%), KPC-2 e NDM-1 em 10 (6%) e NDM-1 em 2 (1%) e a ESBL CTX-M-15 em 86 (52%). Além destes, foi encontrada uma grande diversidade de genes conferindo resistência a aminoglicosídeos, trimetoprim, quinolonas, fenicóis, macrolídeos, tetraciclinas, fosfomicina, sulfonamidas e rifampicina e mutações conferindo resistência as polimixinas.</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>Observamos significativa mudança clonal entre os períodos estudados e uma grande diversidade de genes que codificam resistência aos antimicrobianos, ressaltando a importância da vigilância epidemiológica de amostras produtoras de carbapenemases.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Klebsiella, Klebsiella pneumoniae, Carbapenemases, KPC, OXA-48.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Aspectos éticos: Aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do HUCFF, CAAE 60433716.8.0000.5257, e da Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, 3927732
{"title":"ANÁLISE GENÔMICA DE AMOSTRAS KLEBSIELLA SP. PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES ISOLADAS NO RIO DE JANEIRO","authors":"Luís Guilherme de Araújo Longo , Adriana Lúcia Pires Ferreira , Alessandra Fiuza Hoelz Alvarez , Káris Maria de Pinho Rodrigues , Beatriz Meurer Moreira","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104436","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104436","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução/objetivos</h3><div>Amostras do gênero Klebsiella, principalmente da espécie K. pneumoniae, estão os patógenos mais frequentes em infecções relacionadas à assistência em saúde e infecções invasivas adquiridas na comunidade. K. pneumoniae está entre os microrganismos mais frequentes entre amostras resistentes a múltiplas drogas. Nas últimas décadas, a resistência aos carbapenemas tem crescido, sendo associada a desfecho clínico desfavorável e aumento da morbidade e mortalidade, além do aumento dos custos de hospitalização, internações mais longas e do uso de antibióticos alternativos e mais caros. O objetivo do estudo foi caracterizar amostras de Klebsiella sp. produtoras de carbapenemases quanto aos clones que pertencem e aos genes e mutações que codificam resistência aos antimicrobianos.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>166 amostras de Klebsiella sp. produtoras de carbapenemases foram obtidas de diversos espécimes clínicos de um hospital no Rio de Janeiro entre janeiro de 2014 e janeiro de 2017 (n = 105) e março a outubro de 2020 (n = 61). Estas foram enviadas para sequenciamento do genoma completo. A identificação de espécie, MLST e genes de resistência aos antimicrobianos foram determinadas através das ferramentas on-line disponibilizadas pelo Center for Genomic Epidemiology.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Das 166 amostras do estudo 162 foram identificadas com K. pneumoniae, 3 como K. aerogenes e 1 como K. quasipneumoniae subsp. similipneumoniae. Observamos significativas mudanças clonais quando comparamos as amostras dos dois períodos (p < 0.005). Os dois STs mais frequentes em 2014-2017 (ST437 61% e ST340 11%) não foram observados no período de 2020, sendo substituídos pelo ST11 (46%), ST16 (26%) e ST258 (15%) no segundo período do estudo. Dentre os genes de resistência encontrados destacamos a presença das carbapenemases KPC-2 em 121 (73%) amostras, KPC-2 e OXA-370 em 22 (13%), OXA-370 em 11 (7%), KPC-2 e NDM-1 em 10 (6%) e NDM-1 em 2 (1%) e a ESBL CTX-M-15 em 86 (52%). Além destes, foi encontrada uma grande diversidade de genes conferindo resistência a aminoglicosídeos, trimetoprim, quinolonas, fenicóis, macrolídeos, tetraciclinas, fosfomicina, sulfonamidas e rifampicina e mutações conferindo resistência as polimixinas.</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>Observamos significativa mudança clonal entre os períodos estudados e uma grande diversidade de genes que codificam resistência aos antimicrobianos, ressaltando a importância da vigilância epidemiológica de amostras produtoras de carbapenemases.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Klebsiella, Klebsiella pneumoniae, Carbapenemases, KPC, OXA-48.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Aspectos éticos: Aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do HUCFF, CAAE 60433716.8.0000.5257, e da Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, 3927732","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104436"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657945","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104401
Marrara Pereira Sampaio , Marcelo Cerilo-Filho , Yasmin de Goés , Maria Naely Gomes Almeida , Rayanne Iane Correa , Nathália Faria Reis , Andréa Regina de Souza Baptista , Ricardo Luiz Dantas Machado
The Circumsporozoite Protein of Plasmodium vivax (PvCSP) is an immunodominant antigen expressed on the surface of the sporozoite. PvCSP consists of a central repetitive region (CRR), capable of stimulating both T and B lymphocytes. The CRR is flanked by two non-repetitive regions, N-terminal (RI) and C-terminal (RII), which play important roles in parasite invasion and motility, both in the vector and the human host. Due to its highly immunogenic regions, PvCSP is considered one of the main candidates for a malaria vaccine. However, the genetic diversity of PvCSP poses a challenge for immunobiological research. This study aimed to evaluate the presence of polymorphisms in the VK210, VK247, and P. vivax-like variants of PvCSP worldwide through a systematic review. Genetic diversity of PvCSP from different regions of the world was investigated using nucleotide sequences retrieved from GenBank and analyzed for polymorphisms in RI, RII, and CRR using Mega4 software. Out of 709 sequences analyzed, VK210 (n = 591) was the most prevalent worldwide, followed by VK247 (n = 116) and P. vivax-like (n = 2). Polymorphisms in RI were observed only for VK210, in isolates from Myanmar (n = 4) and India (n = 12). Isolates from Brazil (n = 4), Myanmar (n = 29), Vanuatu (n = 10), Cambodia (n = 21), Colombia (n = 2), Papua New Guinea (n = 11), Sudan (n = 30), and India (n = 5) showed polymorphisms resulting in the insertion of an Alanine after RI, which was not observed in Iran (n = 45), South Korea (n = 2), Mexico (n = 11), Nicaragua (n = 4), Pakistan (n = 32), and Greece (n = 1). In the CRR, VK210 presented more polymorphisms (n = 217) than VK247 (n = 36), and no polymorphisms were found for P. vivax-like. Region II of PvCSP also showed genetic variations in the global population, generating different patterns of insertion and deletion of the ANKKAEDA octapeptide for VK210 isolates from Myanmar (n = 16), Cambodia (n = 4), South Korea (n = 2), Mexico (n = 7), Pakistan (n = 32), Greece (n = 1), but not observed in Brazil, Colombia, Nicaragua, Papua New Guinea, Vanuatu, and Sudan. For VK247, isolates from Cambodia were the only ones that did not show insertion of the ANKKAGDA octapeptide. No variation was observed for P. vivax-like. These data reflect the complexity in developing an anti-sporozoite vaccine against P. vivax, as the analyzed sequences present different polymorphisms causing synonymous and non-synonymous nucleotide variations, especially in the CRR. Keywords: Epidemiology, Vivax Malaria, Genetic polymorphism, Vaccine. Conflicts of interest: There was no conflicts of interest. Ethics and financing: Declarations of interest: None.
{"title":"WORLDWIDE GENETIC POLYMORPHISM OF CIRCUMSPOROZOITE PROTEIN IN PLASMODIUM VIVAX SEQUENCES: A SYSTEMATIC REVIEW","authors":"Marrara Pereira Sampaio , Marcelo Cerilo-Filho , Yasmin de Goés , Maria Naely Gomes Almeida , Rayanne Iane Correa , Nathália Faria Reis , Andréa Regina de Souza Baptista , Ricardo Luiz Dantas Machado","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104401","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104401","url":null,"abstract":"<div><div>The Circumsporozoite Protein of Plasmodium vivax (PvCSP) is an immunodominant antigen expressed on the surface of the sporozoite. PvCSP consists of a central repetitive region (CRR), capable of stimulating both T and B lymphocytes. The CRR is flanked by two non-repetitive regions, N-terminal (RI) and C-terminal (RII), which play important roles in parasite invasion and motility, both in the vector and the human host. Due to its highly immunogenic regions, PvCSP is considered one of the main candidates for a malaria vaccine. However, the genetic diversity of PvCSP poses a challenge for immunobiological research. This study aimed to evaluate the presence of polymorphisms in the VK210, VK247, and P. vivax-like variants of PvCSP worldwide through a systematic review. Genetic diversity of PvCSP from different regions of the world was investigated using nucleotide sequences retrieved from GenBank and analyzed for polymorphisms in RI, RII, and CRR using Mega4 software. Out of 709 sequences analyzed, VK210 (n = 591) was the most prevalent worldwide, followed by VK247 (n = 116) and P. vivax-like (n = 2). Polymorphisms in RI were observed only for VK210, in isolates from Myanmar (n = 4) and India (n = 12). Isolates from Brazil (n = 4), Myanmar (n = 29), Vanuatu (n = 10), Cambodia (n = 21), Colombia (n = 2), Papua New Guinea (n = 11), Sudan (n = 30), and India (n = 5) showed polymorphisms resulting in the insertion of an Alanine after RI, which was not observed in Iran (n = 45), South Korea (n = 2), Mexico (n = 11), Nicaragua (n = 4), Pakistan (n = 32), and Greece (n = 1). In the CRR, VK210 presented more polymorphisms (n = 217) than VK247 (n = 36), and no polymorphisms were found for P. vivax-like. Region II of PvCSP also showed genetic variations in the global population, generating different patterns of insertion and deletion of the ANKKAEDA octapeptide for VK210 isolates from Myanmar (n = 16), Cambodia (n = 4), South Korea (n = 2), Mexico (n = 7), Pakistan (n = 32), Greece (n = 1), but not observed in Brazil, Colombia, Nicaragua, Papua New Guinea, Vanuatu, and Sudan. For VK247, isolates from Cambodia were the only ones that did not show insertion of the ANKKAGDA octapeptide. No variation was observed for P. vivax-like. These data reflect the complexity in developing an anti-sporozoite vaccine against P. vivax, as the analyzed sequences present different polymorphisms causing synonymous and non-synonymous nucleotide variations, especially in the CRR. <strong>Keywords:</strong> Epidemiology, Vivax Malaria, Genetic polymorphism, Vaccine. <strong>Conflicts of interest:</strong> There was no conflicts of interest. <strong>Ethics and financing: Declarations of interest:</strong> None.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104401"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657903","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104451
Guilherme Lobo Souza Silva , Gabriella Lima Pereira da Silva , Luana Ravelli Peixoto , Manoella Gualberto de Oliveira , Claudio Ballesteros de Aguiar , Cristiane da Cruz Lamas , Mayara Secco Torres da Silva
Introdução
Desde 2022, foi identificado surto multinacional da mpox, infecção causada pelo Monkeypoxvirus (MPXV). O Brasil apresentou inúmeros casos, com 11.212 confirmados até 30/01/2024, afetando desproporcionalmente homens que fazem sexo com homens (HSH). A evolução clínica da mpox cursa geralmente com síndrome febril aguda e lesões mucocutâneas. Geralmente tem evolução autolimitada, mas pode complicar com infecção secundária e acometimento de tecidos profundos. A transmissão por contato sexual foi mais descrita no surto de 2022/2023, podendo ocorrer pelo contato direto ou indireto com lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias de pessoas com mpox.
Relato de caso
Mulher cisgênero, 28 anos, com epilepsia controlada, sem outras comorbidades, trabalha como vendedora em praça pública, internada em 04/2024 em unidade hospitalar externa devido à lesão pustular fronto-temporal direita, evolução de 2 dias, que progrediu com sinais de infecção secundária e celulite periorbitária. Esta regrediu completamente com antibioticoterapia, porém houve progressão da lesão primária associada a vesículas em dedos e região perianal. Aventada hipótese de mpox, foi transferida para este centro, onde se observou lesão vegetante e crostosa em fronte, duas lesões vesiculares em região metacarpofalangeana e uma em região interfalangeana distal, além de lesão em linha média torácica e outra em região perianal, ambas de centro ulcerado e indolores. A paciente negou contato com pessoas com quadro semelhante e exposição sexual nos últimos 3 anos. O rastreio infeccioso foi negativo para infecções fúngicas e ISTs. PCR MPXV foi detectável em swabs coletados em todas as lesões e PCR para varicela zoster foi não detectável. Recebeu suporte clínico e orientações de isolamento domiciliar e encaminhada para seguimento ambulatorial.
Comentários
O relato aponta diagnóstico de mpox em mulher cis, com lesão inicial extragenital, sem contato sexual e provável aquisição comunitária (já que trabalha em praça pública). Desde 10/2023, o Rio de Janeiro apresenta transmissão sustentada de mpox, e profissionais de saúde precisam estar atentos para evoluções atípicas e oligossintomáticas, possibilitando identificação e diagnóstico adequados. Medidas de prevenção, como campanhas de vacinação, precisam ser implementadas sobretudo para as populações mais vulnerabilizadas.
Palavras-chave
Mpox, Transmissão, Comunitária.
Conflitos de interesse
Informo que não possuo conflitos de interesses relacionados a este trabalho.
{"title":"Diagnóstico de mpox em mulher cisgênero no contexto de aumento da transmissão comunitária em 2023/2024 - um relato de caso","authors":"Guilherme Lobo Souza Silva , Gabriella Lima Pereira da Silva , Luana Ravelli Peixoto , Manoella Gualberto de Oliveira , Claudio Ballesteros de Aguiar , Cristiane da Cruz Lamas , Mayara Secco Torres da Silva","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104451","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104451","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>Desde 2022, foi identificado surto multinacional da mpox, infecção causada pelo Monkeypoxvirus (MPXV). O Brasil apresentou inúmeros casos, com 11.212 confirmados até 30/01/2024, afetando desproporcionalmente homens que fazem sexo com homens (HSH). A evolução clínica da mpox cursa geralmente com síndrome febril aguda e lesões mucocutâneas. Geralmente tem evolução autolimitada, mas pode complicar com infecção secundária e acometimento de tecidos profundos. A transmissão por contato sexual foi mais descrita no surto de 2022/2023, podendo ocorrer pelo contato direto ou indireto com lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias de pessoas com mpox.</div></div><div><h3>Relato de caso</h3><div>Mulher cisgênero, 28 anos, com epilepsia controlada, sem outras comorbidades, trabalha como vendedora em praça pública, internada em 04/2024 em unidade hospitalar externa devido à lesão pustular fronto-temporal direita, evolução de 2 dias, que progrediu com sinais de infecção secundária e celulite periorbitária. Esta regrediu completamente com antibioticoterapia, porém houve progressão da lesão primária associada a vesículas em dedos e região perianal. Aventada hipótese de mpox, foi transferida para este centro, onde se observou lesão vegetante e crostosa em fronte, duas lesões vesiculares em região metacarpofalangeana e uma em região interfalangeana distal, além de lesão em linha média torácica e outra em região perianal, ambas de centro ulcerado e indolores. A paciente negou contato com pessoas com quadro semelhante e exposição sexual nos últimos 3 anos. O rastreio infeccioso foi negativo para infecções fúngicas e ISTs. PCR MPXV foi detectável em swabs coletados em todas as lesões e PCR para varicela zoster foi não detectável. Recebeu suporte clínico e orientações de isolamento domiciliar e encaminhada para seguimento ambulatorial.</div></div><div><h3>Comentários</h3><div>O relato aponta diagnóstico de mpox em mulher cis, com lesão inicial extragenital, sem contato sexual e provável aquisição comunitária (já que trabalha em praça pública). Desde 10/2023, o Rio de Janeiro apresenta transmissão sustentada de mpox, e profissionais de saúde precisam estar atentos para evoluções atípicas e oligossintomáticas, possibilitando identificação e diagnóstico adequados. Medidas de prevenção, como campanhas de vacinação, precisam ser implementadas sobretudo para as populações mais vulnerabilizadas.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Mpox, Transmissão, Comunitária.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Informo que não possuo conflitos de interesses relacionados a este trabalho.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Declarações de interesse: nenhuma.</div></div><div><h3>Declarações de interesse</h3><div>Nenhum.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104451"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657807","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104411
Ricardo de Souza Carvalho , Isabelle de Carvalho Rangel , Fernando Raphael de Alemida Ferry , Michel Moraes Soane , Natália Bergamo Saraiva Bacarov , Victor Herbst
Introdução/objetivos
A neurossífilis (NS), uma manifestação da sífilis onde o agente etiológico Treponema pallidum subsp. pallidum (Tp) invade o sistema nervoso central. Diagnosticar NS em pessoas vivendo com o HIV (PVHIV) é especialmente desafiador devido à sobreposição de sintomas neurológicos entre as duas condições. A CXCL13 é uma quimiocina responsável pela quimiotaxia de linfócitos B para tecidos linfoides e locais de inflamação. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar os níveis de CXCL13 no LCR em PVHIV sob suspeita de NS, PVHIV com sífilis sem NS e PVHIV sem infecção ativa pelo Tp. Adicionalmente, buscou-se avaliar as alterações nos níveis de CXCL13 no LCR antes e após o tratamento antibiótico, visando determinar sua utilidade como marcador diagnóstico e de monitoramento terapêutico para a NS em PVHIV.
Materiais e métodos
Estudo prospectivo envolvendo 93 PVHIV sob suspeita de NS. Todos os participantes passaram por punção lombar para medir os níveis de CXCL13 no LCR. As diferenças de concentração de CXCL13 entre os grupos foram analisadas usando o teste H de Kruskal-Wallis. O teste U de Mann-Whitney foi usado para comparação em pares de grupos não dependentes e o teste de Wilcoxon foi utilizado para avaliar a diferença de CXCL13 antes e após o início antibioticoterapia. A eficácia diagnóstica dos níveis de CXCL13 no LCR para NS foi determinada através da curva de característica do receptor (ROC) e o limiar ideal foi obtido através do índice de Youden.
Resultados
Pacientes com NS apresentaram níveis significativamente mais altos de CXCL13 no LCR em comparação com aqueles com sífilis sem NS e sem infecção pelo Tp. (P < 0,01). O estudo identificou uma área sob a curva para a concentração de CXCL13 de 0,98 (IC 95% de 0,95 a 1,0; P < 0,001) e um limiar de CXCL13 no LCR superior a 60,0 pg/mL, o qual, combinado com um teste FTA-ABS reativo no LCR, mostrou uma sensibilidade de 88,9% e uma especificidade de 97,6% para o diagnóstico de NS. Após o tratamento, houve uma queda nos níveis de CXCL13 no LCR em todos os casos de NS (P < 0,05).
Conclusões
Os resultados do estudo indicam que o CXCL13 no LCR é um biomarcador promissor para o diagnóstico e monitoramento da NS em PVHIV, especialmente em casos com o teste de VDRL não reativo no LCR. Estes achados destacam o potencial da dosagem de CXCL13 no LCR como um complemento essencial aos métodos diagnósticos tradicionais para NS, particularmente em populações coinfectadas pelo HIV.
Palavras-chave
Líquido cefalorraquidiano, CXCL13, Neurossífilis.
Conflitos de interesse
Todos os autores declaram que não houve conflito de interesses.
Ética e financiamentos: Declarações de interesse
Nenhum.
导言/目的神经梅毒(NS)是梅毒的一种表现形式,病原体苍白螺旋体亚种(Tp)侵入中枢神经系统。由于两种疾病的神经系统症状重叠,因此诊断艾滋病病毒感染者(PLHIV)的梅毒性脑膜炎(NS)尤其具有挑战性。CXCL13 是一种趋化因子,负责将 B 淋巴细胞趋化到淋巴组织和炎症部位。本研究旨在评估和比较疑似NS的梅毒感染者、无NS的梅毒感染者和无活动性Tp感染的梅毒感染者脑脊液中的CXCL13水平。此外,我们还试图评估抗生素治疗前后 CSF CXCL13 水平的变化,以确定其作为梅毒感染者 NS 诊断和治疗监测标志物的有用性。所有参与者均接受了腰椎穿刺,以测量 CSF 中的 CXCL13 水平。采用 Kruskal-Wallis H 检验分析各组间 CXCL13 浓度的差异。Mann-Whitney U 检验用于非依赖组的配对比较,Wilcoxon 检验用于评估开始抗生素治疗前后 CXCL13 的差异。结果与无NS和无Tp.感染的梅毒患者相比,NS患者的CSF CXCL13水平明显更高(P <0.01)。研究发现,CXCL13浓度的曲线下面积为0.98 (95% CI 0.95 to 1.0; P <0.001),CSF CXCL13阈值超过60.0 pg/mL,结合反应性CSF FTA-ABS检测,诊断NS的敏感性为88.9%,特异性为97.6%。结论研究结果表明,CSF CXCL13是诊断和监测PLHIV感染者NS的一种很有前景的生物标记物,尤其是在CSF VDRL检测无反应的病例中。这些研究结果凸显了脑脊液CXCL13剂量作为NS传统诊断方法重要补充的潜力,尤其是在HIV合并感染人群中:无利益冲突。
{"title":"CONCENTRAÇÃO DA QUIMIOCINA CXCL13 NO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO PARA DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DA NEUROSSÍFILIS EM PESSOAS VIVENDO COM O HIV","authors":"Ricardo de Souza Carvalho , Isabelle de Carvalho Rangel , Fernando Raphael de Alemida Ferry , Michel Moraes Soane , Natália Bergamo Saraiva Bacarov , Victor Herbst","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104411","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104411","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução/objetivos</h3><div>A neurossífilis (NS), uma manifestação da sífilis onde o agente etiológico Treponema pallidum subsp. pallidum (Tp) invade o sistema nervoso central. Diagnosticar NS em pessoas vivendo com o HIV (PVHIV) é especialmente desafiador devido à sobreposição de sintomas neurológicos entre as duas condições. A CXCL13 é uma quimiocina responsável pela quimiotaxia de linfócitos B para tecidos linfoides e locais de inflamação. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar os níveis de CXCL13 no LCR em PVHIV sob suspeita de NS, PVHIV com sífilis sem NS e PVHIV sem infecção ativa pelo Tp. Adicionalmente, buscou-se avaliar as alterações nos níveis de CXCL13 no LCR antes e após o tratamento antibiótico, visando determinar sua utilidade como marcador diagnóstico e de monitoramento terapêutico para a NS em PVHIV.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Estudo prospectivo envolvendo 93 PVHIV sob suspeita de NS. Todos os participantes passaram por punção lombar para medir os níveis de CXCL13 no LCR. As diferenças de concentração de CXCL13 entre os grupos foram analisadas usando o teste H de Kruskal-Wallis. O teste U de Mann-Whitney foi usado para comparação em pares de grupos não dependentes e o teste de Wilcoxon foi utilizado para avaliar a diferença de CXCL13 antes e após o início antibioticoterapia. A eficácia diagnóstica dos níveis de CXCL13 no LCR para NS foi determinada através da curva de característica do receptor (ROC) e o limiar ideal foi obtido através do índice de Youden.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Pacientes com NS apresentaram níveis significativamente mais altos de CXCL13 no LCR em comparação com aqueles com sífilis sem NS e sem infecção pelo Tp. (P < 0,01). O estudo identificou uma área sob a curva para a concentração de CXCL13 de 0,98 (IC 95% de 0,95 a 1,0; P < 0,001) e um limiar de CXCL13 no LCR superior a 60,0 pg/mL, o qual, combinado com um teste FTA-ABS reativo no LCR, mostrou uma sensibilidade de 88,9% e uma especificidade de 97,6% para o diagnóstico de NS. Após o tratamento, houve uma queda nos níveis de CXCL13 no LCR em todos os casos de NS (P < 0,05).</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>Os resultados do estudo indicam que o CXCL13 no LCR é um biomarcador promissor para o diagnóstico e monitoramento da NS em PVHIV, especialmente em casos com o teste de VDRL não reativo no LCR. Estes achados destacam o potencial da dosagem de CXCL13 no LCR como um complemento essencial aos métodos diagnósticos tradicionais para NS, particularmente em populações coinfectadas pelo HIV.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Líquido cefalorraquidiano, CXCL13, Neurossífilis.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Todos os autores declaram que não houve conflito de interesses.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Declarações de interesse</h3><div>Nenhum.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104411"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657900","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104430
Mara Maydana, Yanina Lagala, María Ines Sormani, Sofía Esposto, Fiorella Lovano, Federico Ploszaj, Fernanda Sosa, Valeria Uriarte
Introdução
A artrite séptica (AS) é um motivo frequente de consulta e internação em pediatria. O tratamento inicial depende de intervenção cirúrgica diagnóstica e terapêutica precoce e terapia antimicrobiana adequada. Os testes moleculares estão mudando o paradigma da microbiologia diagnóstica, fornecendo identificação rápida e precisa, permitindo a otimização precoce do tratamento antibiótico.
Objetivos
Descrever a experiência na utilização do painel de reação em cadeia da polimerase (PCR) multiplex BIOFIRE® Joint Infection (JI) no diagnóstico e tratamento da AS em pediatria.
Material e métodos
Estudo descritivo retrospectivo de pacientes menores de 16 anos, com diagnóstico de AS, de novembro de 2022 a março de 2024. As amostras de líquido sinovial (LS) foram cultivadas nos meios usuais e processadas usando o painel BIOFIRE® JI. De acordo com epidemiologia, as amostras para cultura de micobactérias e PCR Genexpert® foram derivadas para Mycobacterium tuberculosis complex (MTBC).
Resultados
Foram incluídos 33 pacientes com AS, 20 (60,6%) do sexo masculino; idade mediana 34 meses (RIC 15.5-70). As articulações mais afetadas foram joelho (n = 19) e quadril (n = 11). Isolamento microbiológico foi obtido em 45,4% das amostras (n = 15). O painel BIOFIRE® JI detectou microrganismos em uma proporção significativamente maior (13/15 amostras) em comparação com a cultura tradicional (6/15 amostras). Isolamentos não detectados pelo painel BIOFIRE® JI (2/15 amostras) foram positivos para MTBC por PCR Genexpert® (microrganismo não incluído). O principal germe etiológico foi Kingella kingae (Kk) (n = 5), seguido por Staphylococcus aureus (n = 3), Streptococcus pyogenes (n = 3), Escherichia coli (n = 1) e Clostridium perfringens (n = 1). A partir do resultado do painel BIOFIRE® JI, o tratamento antimicrobiano foi ajustado precocemente em 25 pacientes (75,7%), diminuindo ou ajustando de acordo com o isolamento em resultados positivos (n = 12) e suspendendo antibioticoterapia (n = 9) ou não iniciando o tratamento antibiótico em resultados negativos (n = 4).
Conclusões
O painel BIOFIRE® JI já foi de grande utilidade para a detectar os microrganismos em LS em relação ao cultivo, permitindo documentar Kk como o primeiro germe causal de AS em pediatria. A terapia antimicrobiana foi adequada em mais de 70% dos pacientes estudados, mesmo diante de resultados negativos.
Palavras-chave
Artrite Séptica, Crianças, Kingella kingae.
Conflitos de interesse
Sem conflitos.
Ética e financiamentos
Não houve.
导言:化脓性关节炎(SA)是儿科常见的就诊和住院原因。最初的治疗取决于早期诊断、治疗性手术干预和适当的抗菌治疗。材料和方法对 2022 年 11 月至 2024 年 3 月期间诊断为 AS 的 16 岁以下患者进行回顾性描述研究。滑膜液(SL)样本在常规培养基上培养,并使用 BIOFIRE® JI 面板进行处理。结果33例强直性脊柱炎患者中,20例(60.6%)为男性;中位年龄为34个月(BER为15.5-70)。受影响最大的关节是膝关节(19 例)和髋关节(11 例)。45.4%的样本(n = 15)获得了微生物分离。与传统培养方法(6/15 个样本)相比,BIOFIRE® JI 面板检测到微生物的比例明显更高(13/15 个样本)。BIOFIRE® JI 面板未检测到的分离物(2/15 个样本)通过 Genexpert® PCR 检测出 MTBC 阳性(未包括微生物)。主要病原菌为 Kingella kingae(Kk)(n = 5),其次是金黄色葡萄球菌(n = 3)、化脓性链球菌(n = 3)、大肠埃希菌(n = 1)和产气荚膜梭菌(n = 1)。根据 BIOFIRE® JI 面板的结果,对 25 例患者(75.7%)的抗菌治疗进行了早期调整,在阳性结果中根据分离情况减少或调整抗菌治疗(12 例),在阴性结果中暂停抗菌治疗(9 例)或不开始抗菌治疗(4 例)。结论与培养法相比,BIOFIRE® JI 面板在检测 LS 中的微生物方面已经非常有用,因此可以将 Kk 记录为儿科 AS 的首个致病菌。在所研究的患者中,超过70%的患者采用了适当的抗菌治疗,即使面对阴性结果也是如此。
{"title":"UTILIDADE DO PAINEL BIOFIRE® JOINT INFECTION NO DIAGNÓSTICO DE PACIENTES COM SUSPEITA DE ARTRITE SÉPTICA EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO DE TERCEIRO NÍVEL","authors":"Mara Maydana, Yanina Lagala, María Ines Sormani, Sofía Esposto, Fiorella Lovano, Federico Ploszaj, Fernanda Sosa, Valeria Uriarte","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104430","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104430","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A artrite séptica (AS) é um motivo frequente de consulta e internação em pediatria. O tratamento inicial depende de intervenção cirúrgica diagnóstica e terapêutica precoce e terapia antimicrobiana adequada. Os testes moleculares estão mudando o paradigma da microbiologia diagnóstica, fornecendo identificação rápida e precisa, permitindo a otimização precoce do tratamento antibiótico.</div></div><div><h3>Objetivos</h3><div>Descrever a experiência na utilização do painel de reação em cadeia da polimerase (PCR) multiplex BIOFIRE® Joint Infection (JI) no diagnóstico e tratamento da AS em pediatria.</div></div><div><h3>Material e métodos</h3><div>Estudo descritivo retrospectivo de pacientes menores de 16 anos, com diagnóstico de AS, de novembro de 2022 a março de 2024. As amostras de líquido sinovial (LS) foram cultivadas nos meios usuais e processadas usando o painel BIOFIRE® JI. De acordo com epidemiologia, as amostras para cultura de micobactérias e PCR Genexpert® foram derivadas para Mycobacterium tuberculosis complex (MTBC).</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram incluídos 33 pacientes com AS, 20 (60,6%) do sexo masculino; idade mediana 34 meses (RIC 15.5-70). As articulações mais afetadas foram joelho (n = 19) e quadril (n = 11). Isolamento microbiológico foi obtido em 45,4% das amostras (n = 15). O painel BIOFIRE® JI detectou microrganismos em uma proporção significativamente maior (13/15 amostras) em comparação com a cultura tradicional (6/15 amostras). Isolamentos não detectados pelo painel BIOFIRE® JI (2/15 amostras) foram positivos para MTBC por PCR Genexpert® (microrganismo não incluído). O principal germe etiológico foi Kingella kingae (Kk) (n = 5), seguido por Staphylococcus aureus (n = 3), Streptococcus pyogenes (n = 3), Escherichia coli (n = 1) e Clostridium perfringens (n = 1). A partir do resultado do painel BIOFIRE® JI, o tratamento antimicrobiano foi ajustado precocemente em 25 pacientes (75,7%), diminuindo ou ajustando de acordo com o isolamento em resultados positivos (n = 12) e suspendendo antibioticoterapia (n = 9) ou não iniciando o tratamento antibiótico em resultados negativos (n = 4).</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>O painel BIOFIRE® JI já foi de grande utilidade para a detectar os microrganismos em LS em relação ao cultivo, permitindo documentar Kk como o primeiro germe causal de AS em pediatria. A terapia antimicrobiana foi adequada em mais de 70% dos pacientes estudados, mesmo diante de resultados negativos.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Artrite Séptica, Crianças, Kingella kingae.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Sem conflitos.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Não houve.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104430"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657939","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104416
Victor Schinaider Gaia da Cunha, Filipe da Silva Santiago, Gabriel Muhammad Ferreira, Gabriel Faria Coimbra, Luiz Felipe Oliveira Fernandes, Arthur José Soares Silva, Glória Regina da Silva e Sá, Maria Beatriz Assunção Mendes da Cunha
Introdução
A realização do pré-natal é um fator determinante para a redução da morbimortalidade materna e perinatal. Entretanto, estudos anteriores relataram que o acesso ao pré-natal não é uniforme na população, sendo necessário estabelecer quais grupos são mais vulneráveis, não só utilizando parâmetros da consulta, mas avaliando doenças diretamente associadas com o pré-natal. Nesse sentido, a triagem de sífilis congênita (SC) pode funcionar para essa análise, dado o seu caráter evitável a partir da testagem periódica durante a gestação.
Objetivos
Determinar os fatores sociodemográficos que estão associados à realização do pré-natal em gestantes cujos filhos apresentaram SC.
Materiais e métodos
Estudo transversal, com estatística descritiva e inferencial utilizando os softwares Excel e R. Os dados foram obtidos através do DATASUS, a partir das fichas de SC do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis analisadas foram a realização do pré-natal, a raça/cor, faixa etária e escolaridade da gestante, no período de 2015 a 2021, na região Centro-Oeste. A partir de um Modelo Linear Generalizado, estimou-se Odds Ratio (OR) para medir associação entre as variáveis, além dos intervalos de confiança (IC) de 95%.
Resultados
Foram avaliadas 7781 gestantes, em que 84% realizaram o pré-natal. Em relação à raça, 62,9% eram pardas, 16,2% brancas e 5,6% pretas, em que foi observado uma chance menor de realização do pré-natal na população parda (OR = 0,81; IC = 0,67-0,98) em comparação com a branca. A faixa etária mais presente na amostra foi de 10-29 anos (76,9%), sendo evidenciado uma menor chance de efetuar o pré-natal nas mulheres de 20-29 (OR = 0,73; IC = 0,62-0,86), 30-39 (OR = 0,67; IC = 0,55-0,82) e 40-49 (OR = 0,60; IC = 0,40-0,93), em relação a 10-19 anos. Quanto à escolaridade, haviam mais gestantes com ensino fundamental II incompleto (20,2%) e ensino médio incompleto (16,3%). Nesse caso, gestantes com ensino médio (OR = 1,94; IC = 1,47-2,54) e ensino superior (OR = 8,98; IC = 2,74-55,34) apresentaram mais chance de realizar o pré-natal quando comparado com nível de escolaridade baixo.
Conclusões
Os resultados concordam com a literatura ao indicar que gestantes pardas e com baixa escolaridade apresentam uma menor chance de realizar o pré-natal, mas diferem ao mostrar que, quanto menor a idade, maiores as chances, uma vez que foi apontado que a faixa mais provável de ter um pré-natal de qualidade era de 30-39 anos.
Palavras-chave
Determinantes sociais da saúde, Estudos epidemiológicos, Pré-natal, Sífilis.
{"title":"O IMPACTO DOS FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS NA REALIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL EM GESTANTES CUJOS FILHOS FORAM DIAGNOSTICADOS COM SÍFILIS CONGÊNITA","authors":"Victor Schinaider Gaia da Cunha, Filipe da Silva Santiago, Gabriel Muhammad Ferreira, Gabriel Faria Coimbra, Luiz Felipe Oliveira Fernandes, Arthur José Soares Silva, Glória Regina da Silva e Sá, Maria Beatriz Assunção Mendes da Cunha","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104416","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104416","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A realização do pré-natal é um fator determinante para a redução da morbimortalidade materna e perinatal. Entretanto, estudos anteriores relataram que o acesso ao pré-natal não é uniforme na população, sendo necessário estabelecer quais grupos são mais vulneráveis, não só utilizando parâmetros da consulta, mas avaliando doenças diretamente associadas com o pré-natal. Nesse sentido, a triagem de sífilis congênita (SC) pode funcionar para essa análise, dado o seu caráter evitável a partir da testagem periódica durante a gestação.</div></div><div><h3>Objetivos</h3><div>Determinar os fatores sociodemográficos que estão associados à realização do pré-natal em gestantes cujos filhos apresentaram SC.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Estudo transversal, com estatística descritiva e inferencial utilizando os softwares Excel e R. Os dados foram obtidos através do DATASUS, a partir das fichas de SC do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis analisadas foram a realização do pré-natal, a raça/cor, faixa etária e escolaridade da gestante, no período de 2015 a 2021, na região Centro-Oeste. A partir de um Modelo Linear Generalizado, estimou-se Odds Ratio (OR) para medir associação entre as variáveis, além dos intervalos de confiança (IC) de 95%.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram avaliadas 7781 gestantes, em que 84% realizaram o pré-natal. Em relação à raça, 62,9% eram pardas, 16,2% brancas e 5,6% pretas, em que foi observado uma chance menor de realização do pré-natal na população parda (OR = 0,81; IC = 0,67-0,98) em comparação com a branca. A faixa etária mais presente na amostra foi de 10-29 anos (76,9%), sendo evidenciado uma menor chance de efetuar o pré-natal nas mulheres de 20-29 (OR = 0,73; IC = 0,62-0,86), 30-39 (OR = 0,67; IC = 0,55-0,82) e 40-49 (OR = 0,60; IC = 0,40-0,93), em relação a 10-19 anos. Quanto à escolaridade, haviam mais gestantes com ensino fundamental II incompleto (20,2%) e ensino médio incompleto (16,3%). Nesse caso, gestantes com ensino médio (OR = 1,94; IC = 1,47-2,54) e ensino superior (OR = 8,98; IC = 2,74-55,34) apresentaram mais chance de realizar o pré-natal quando comparado com nível de escolaridade baixo.</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>Os resultados concordam com a literatura ao indicar que gestantes pardas e com baixa escolaridade apresentam uma menor chance de realizar o pré-natal, mas diferem ao mostrar que, quanto menor a idade, maiores as chances, uma vez que foi apontado que a faixa mais provável de ter um pré-natal de qualidade era de 30-39 anos.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Determinantes sociais da saúde, Estudos epidemiológicos, Pré-natal, Sífilis.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflito de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Declarações de interesse</h3><div>Nenhum.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104416"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657300","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104397
Patricia Sviech, Susan Ngunjiri, Candace McAlester, Joyce Ighedosa, Effiem Abbah, Yolanda Hill
Introduction/objectives
Analysis of infectious disease outbreaks provides key inputs to inform surveillance and measure health risk for travelers. The outbreak of Coronavirus Disease (COVID-19) showed that rapid response needed to understand the impact to geographical and business locations is key in developing mitigation measures. Health care professionals needed to adapt and incorporate technology into processes to provide timely results. The objective of this study is to describe the process of technology adaptation, combined with a professional knowledge on outbreak mitigation to ensure protection and promotion of workers health while minimizing business disruption.
Materials and methods
The process took place in a large company with global international travelers in 5 steps: Review travel health preparation; Create a process to ensure travelers going to risk locations are offered travel services; Develop tools to identify/display risks; Guide users to use the tools; Create a process to maintain data evergreen. The tools were developed by health professionals with a user-friendly and fit-for-purpose interface. A minimal viable product was created with a link to in-country contacts. A final product was produced using workflows and visualization application.
Results
e-Health tools were developed that combined surveillance, risk categorization and real-time updates. The process took 300 hours to implement, and 100 hours/year to maintain. 100% of the risk locations were identified and a contact provided for all locations. Validation to ensure information was evergreen is at 98% with the only complexity from the evolving COVID-19 measures. The tools are still in use even after the pandemic with great success. On average, the company provides ∼5000 travel consultations per year and the tools are saving ∼2500 working hours/year, both health professionals and travelers. In 2023 there were 61k travelers, 17% going to risk locations, and 2% needed additional medical assistance during travel.
Conclusion
Technology for measuring disease risk is relevant to meet demands of an outbreak. Technologies available on the market that display the risks, have been demonstrated to be effective to help health professionals but may need business customization to be user centric. To achieve desired results on customer journey it is recommended to evaluate interface and define indicators to ensure you promote and protect worker health.
{"title":"THE USE OF DIGITAL TOOLS AND TECHNOLOGY FOR MAPPING AND MITIGATING THE RISK OF INFECTIOUS DISEASE IN BUSINESS TRAVELERS","authors":"Patricia Sviech, Susan Ngunjiri, Candace McAlester, Joyce Ighedosa, Effiem Abbah, Yolanda Hill","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104397","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104397","url":null,"abstract":"<div><h3>Introduction/objectives</h3><div>Analysis of infectious disease outbreaks provides key inputs to inform surveillance and measure health risk for travelers. The outbreak of Coronavirus Disease (COVID-19) showed that rapid response needed to understand the impact to geographical and business locations is key in developing mitigation measures. Health care professionals needed to adapt and incorporate technology into processes to provide timely results. The objective of this study is to describe the process of technology adaptation, combined with a professional knowledge on outbreak mitigation to ensure protection and promotion of workers health while minimizing business disruption.</div></div><div><h3>Materials and methods</h3><div>The process took place in a large company with global international travelers in 5 steps: Review travel health preparation; Create a process to ensure travelers going to risk locations are offered travel services; Develop tools to identify/display risks; Guide users to use the tools; Create a process to maintain data evergreen. The tools were developed by health professionals with a user-friendly and fit-for-purpose interface. A minimal viable product was created with a link to in-country contacts. A final product was produced using workflows and visualization application.</div></div><div><h3>Results</h3><div>e-Health tools were developed that combined surveillance, risk categorization and real-time updates. The process took 300 hours to implement, and 100 hours/year to maintain. 100% of the risk locations were identified and a contact provided for all locations. Validation to ensure information was evergreen is at 98% with the only complexity from the evolving COVID-19 measures. The tools are still in use even after the pandemic with great success. On average, the company provides ∼5000 travel consultations per year and the tools are saving ∼2500 working hours/year, both health professionals and travelers. In 2023 there were 61k travelers, 17% going to risk locations, and 2% needed additional medical assistance during travel.</div></div><div><h3>Conclusion</h3><div>Technology for measuring disease risk is relevant to meet demands of an outbreak. Technologies available on the market that display the risks, have been demonstrated to be effective to help health professionals but may need business customization to be user centric. To achieve desired results on customer journey it is recommended to evaluate interface and define indicators to ensure you promote and protect worker health.</div></div><div><h3>Keywords</h3><div>Travel health, Infectious disease, Technology.</div></div><div><h3>Conflicts of interest</h3><div>There was no conflicts of interest.</div></div><div><h3>Ethics and financing</h3><div>No financial support.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104397"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657893","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104412
Raíssa de Moraes Perlingeiro, Renata Lia Lana Viggiano, Matheus Oliveira Bastos, Juliana dos Santos Barbosa Netto
Introdução
A Doença Multicêntrica de Castleman (MCD) é associada ao KSHV, que é mais comum em pessoas que vivem com HIV (PVHA) e apresentam CD4 < 200 cels/mm3. É uma doença que cursa com febre, perda ponderal, prostração, sintomas gastrointestinais e respiratórios inespecíficos, linfonodomegalias, edema, derrames cavitários e hepatoesplenomegalia. Achados laboratoriais incluem elevação de proteína C reativa (PCR), pancitopenia, hiponatremia e hipoalbuminemia. É uma doença que mimetiza outras que podem acometer a PVHA, postergando o diagnóstico e aumentando a morbimortalidade, já que a MCD sem tratamento geralmente é fatal. O diagnóstico se dá pela análise histopatológica do linfonodo ou baço e o tratamento é feito com rituximabe, que em 90% dos casos leva à resolução dos sintomas.
Materiais/métodos
Descrever caso de paciente com MCD.
Relato
Paciente de 24 anos, negro, sexo masculino, iniciou quadro de tosse produtiva, febre vespertina, emagrecimento e prostração. Teve o diagnóstico de HIV, foi excluída tuberculose pulmonar e iniciou terapia antirretroviral (TARV) com dolutegravir. Cinco semanas após, internou por dispneia, aumento do volume abdominal e edema de membros inferiores. Na ocasião do diagnóstico do HIV apresentava 144973 cópias/mL (log 5,16) e contagem CD4 33 células/mm3 (5,44%) e na admissão, 85 cópias/mL (log 1,9) e CD4 52 células/mm3 (19%). Tinha aumento de PCR, hiponatremia, hipoalbuminemia, pancitopenia. Foram realizadas tomografias que demonstraram linfonodomegalias axilares, inguinais e retroperitoneais e esplenomegalia volumosa. Biópsia de medula óssea excluiu doença linfoproliferativa. As culturas e sorologias para doenças oportunistas foram negativas. A biópsia linfonodos inguinal (1 cm) foi positiva para KSHV e compatível com MCD sem Sarcoma de Kaposi. O paciente foi tratado com rituximabe e paclitaxel por quatro semanas com remissão completa dos sintomas. Sete meses depois teve recidiva, sendo tratado novamente. Segue sem recaídas há 9 meses.
Conclusão
Trata-se de um caso de PVHA com MCD, que é rara, porém, com incidência aumentando desde a implementação da TARV4. É subdiagnosticada por mimetizar outras doenças mais comuns, o que faz com que muitos pacientes venham a óbito. Não é doença de notificação compulsória, o que tem impacto negativo no entendimento da real incidência e prevalência na população de PVHA. Esse caso denota a importância da biópsia de linfonodo em pacientes com AIDS.
Palavras-chave
Doença Multicêntrica de Castleman, Sarcoma de Kaposi, AIDS.
{"title":"DOENÇA MULTICÊNTRICA DE CASTLEMAN EM PACIENTE HIV POSITIVO","authors":"Raíssa de Moraes Perlingeiro, Renata Lia Lana Viggiano, Matheus Oliveira Bastos, Juliana dos Santos Barbosa Netto","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104412","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104412","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A Doença Multicêntrica de Castleman (MCD) é associada ao KSHV, que é mais comum em pessoas que vivem com HIV (PVHA) e apresentam CD4 < 200 cels/mm<sup>3</sup>. É uma doença que cursa com febre, perda ponderal, prostração, sintomas gastrointestinais e respiratórios inespecíficos, linfonodomegalias, edema, derrames cavitários e hepatoesplenomegalia. Achados laboratoriais incluem elevação de proteína C reativa (PCR), pancitopenia, hiponatremia e hipoalbuminemia. É uma doença que mimetiza outras que podem acometer a PVHA, postergando o diagnóstico e aumentando a morbimortalidade, já que a MCD sem tratamento geralmente é fatal. O diagnóstico se dá pela análise histopatológica do linfonodo ou baço e o tratamento é feito com rituximabe, que em 90% dos casos leva à resolução dos sintomas.</div></div><div><h3>Materiais/métodos</h3><div>Descrever caso de paciente com MCD.</div></div><div><h3>Relato</h3><div>Paciente de 24 anos, negro, sexo masculino, iniciou quadro de tosse produtiva, febre vespertina, emagrecimento e prostração. Teve o diagnóstico de HIV, foi excluída tuberculose pulmonar e iniciou terapia antirretroviral (TARV) com dolutegravir. Cinco semanas após, internou por dispneia, aumento do volume abdominal e edema de membros inferiores. Na ocasião do diagnóstico do HIV apresentava 144973 cópias/mL (log 5,16) e contagem CD4 33 células/mm<sup>3</sup> (5,44%) e na admissão, 85 cópias/mL (log 1,9) e CD4 52 células/mm<sup>3</sup> (19%). Tinha aumento de PCR, hiponatremia, hipoalbuminemia, pancitopenia. Foram realizadas tomografias que demonstraram linfonodomegalias axilares, inguinais e retroperitoneais e esplenomegalia volumosa. Biópsia de medula óssea excluiu doença linfoproliferativa. As culturas e sorologias para doenças oportunistas foram negativas. A biópsia linfonodos inguinal (1 cm) foi positiva para KSHV e compatível com MCD sem Sarcoma de Kaposi. O paciente foi tratado com rituximabe e paclitaxel por quatro semanas com remissão completa dos sintomas. Sete meses depois teve recidiva, sendo tratado novamente. Segue sem recaídas há 9 meses.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Trata-se de um caso de PVHA com MCD, que é rara, porém, com incidência aumentando desde a implementação da TARV4. É subdiagnosticada por mimetizar outras doenças mais comuns, o que faz com que muitos pacientes venham a óbito. Não é doença de notificação compulsória, o que tem impacto negativo no entendimento da real incidência e prevalência na população de PVHA. Esse caso denota a importância da biópsia de linfonodo em pacientes com AIDS.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Doença Multicêntrica de Castleman, Sarcoma de Kaposi, AIDS.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Não houve conflito de interesse.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104412"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657896","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104403
Natalia Chilinque Zambao da Silva, Bianca Balzano de La Fuente Villar Zimmermann, Carolini Erler Barbosa, Maria Paula Silva Bernardes, Julia Felix Filgueiras Lima, Silvia Marina de Amorim Figueira, Clara da Costa Marrucho, Patricia Yvonne Maciel Pinheiro
<div><h3>Introdução</h3><div>A coqueluche é uma doença infecciosa, imunoprevenível, altamente contagiosa, de notificação compulsória, causada pelo cocobacilo Gram-negativo Bordetella pertussis. A transmissão ocorre por gotículas de secreção da orofaringe. Embora esteja relacionada a maiores complicações em lactentes, acomete qualquer faixa etária, inclusive adultos e jovens. De 2021 a 2024, 4.777 casos foram confirmados no Brasil, com 23 óbitos em 2023. O cenário de baixas coberturas vacinais alerta para possível aumento de casos em território nacional e necessidade de construção de rápida resposta de saúde pública. Sob essa perspectiva, o presente trabalho objetiva descrever ações iniciais conduzidas e desafios de surto de coqueluche em um hospital universitário do Rio de Janeiro.</div></div><div><h3>Relato de experiência</h3><div>No dia 25 de maio de 2024 o serviço de doenças infecciosas e parasitárias tomou ciência de um caso positivo de coqueluche em uma docente do curso de medicina. Foi feita investigação da história pregressa do quadro clínico e com pesquisa de contactantes. O caso índice teve início de sintomas no dia 20/04/2024 com tosse, episódios de paroxismo à noite, seguidos de vômitos. Mesmo com quadro de tosse prolongada, a coqueluche não foi cogitada pela equipe médica consultada. Assim, a docente realizou a testagem em sistema particular por conta própria, em 10/05/2024, cujo resultado foi positivo em 20/05/2024. Baseado nas recomendações do Ministério da Saúde, elaborou-se documento norteador para a comunidade acadêmica com intuito de difundir informes epidemiológicos e de solicitar que casos suspeitos fossem notificados ao departamento responsável. Dos 6 alunos classificados como contactantes íntimos e prolongados, 1 apresentava sintomatologia suspeita e encaminhada para realização de PCR e iniciado tratamento, 1 respondeu a convocação e foi instituída profilaxia, 2 responderam o e-mail do alerta do surto e negaram fornecer informações a respeito do status vacinal e necessidade de profilaxia e 2 não responderam ao alerta.</div></div><div><h3>Comentários</h3><div>Evidencia-se que os desafios enfrentados para o manejo desta doença permeiam diversas esferas: a não consideração como diagnóstico diferencial de tosse crônica, inadequação do esquema vacinal dos profissionais da saúde, falta de consciência coletiva entre alunos da área da saúde e descaso com orientações em surtos da doença. Urge maior difusão do conhecimento acerca da doença e da necessidade de vacinação principalmente em servidores da saúde.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Coqueluche, Surto, Saúde Pública.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não se aplica.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Conflitos de interesse</h3><div>Os autores declaram que não existem conflitos de interesse relacionados ao trabalho. Comprometem-se a agir de maneira ética e transparente.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Os autores declaram qu
{"title":"APRENDIZADOS E DIFICULDADES NO MANEJO DE UM SURTO DE COQUELUCHE EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA","authors":"Natalia Chilinque Zambao da Silva, Bianca Balzano de La Fuente Villar Zimmermann, Carolini Erler Barbosa, Maria Paula Silva Bernardes, Julia Felix Filgueiras Lima, Silvia Marina de Amorim Figueira, Clara da Costa Marrucho, Patricia Yvonne Maciel Pinheiro","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104403","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104403","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A coqueluche é uma doença infecciosa, imunoprevenível, altamente contagiosa, de notificação compulsória, causada pelo cocobacilo Gram-negativo Bordetella pertussis. A transmissão ocorre por gotículas de secreção da orofaringe. Embora esteja relacionada a maiores complicações em lactentes, acomete qualquer faixa etária, inclusive adultos e jovens. De 2021 a 2024, 4.777 casos foram confirmados no Brasil, com 23 óbitos em 2023. O cenário de baixas coberturas vacinais alerta para possível aumento de casos em território nacional e necessidade de construção de rápida resposta de saúde pública. Sob essa perspectiva, o presente trabalho objetiva descrever ações iniciais conduzidas e desafios de surto de coqueluche em um hospital universitário do Rio de Janeiro.</div></div><div><h3>Relato de experiência</h3><div>No dia 25 de maio de 2024 o serviço de doenças infecciosas e parasitárias tomou ciência de um caso positivo de coqueluche em uma docente do curso de medicina. Foi feita investigação da história pregressa do quadro clínico e com pesquisa de contactantes. O caso índice teve início de sintomas no dia 20/04/2024 com tosse, episódios de paroxismo à noite, seguidos de vômitos. Mesmo com quadro de tosse prolongada, a coqueluche não foi cogitada pela equipe médica consultada. Assim, a docente realizou a testagem em sistema particular por conta própria, em 10/05/2024, cujo resultado foi positivo em 20/05/2024. Baseado nas recomendações do Ministério da Saúde, elaborou-se documento norteador para a comunidade acadêmica com intuito de difundir informes epidemiológicos e de solicitar que casos suspeitos fossem notificados ao departamento responsável. Dos 6 alunos classificados como contactantes íntimos e prolongados, 1 apresentava sintomatologia suspeita e encaminhada para realização de PCR e iniciado tratamento, 1 respondeu a convocação e foi instituída profilaxia, 2 responderam o e-mail do alerta do surto e negaram fornecer informações a respeito do status vacinal e necessidade de profilaxia e 2 não responderam ao alerta.</div></div><div><h3>Comentários</h3><div>Evidencia-se que os desafios enfrentados para o manejo desta doença permeiam diversas esferas: a não consideração como diagnóstico diferencial de tosse crônica, inadequação do esquema vacinal dos profissionais da saúde, falta de consciência coletiva entre alunos da área da saúde e descaso com orientações em surtos da doença. Urge maior difusão do conhecimento acerca da doença e da necessidade de vacinação principalmente em servidores da saúde.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Coqueluche, Surto, Saúde Pública.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não se aplica.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Conflitos de interesse</h3><div>Os autores declaram que não existem conflitos de interesse relacionados ao trabalho. Comprometem-se a agir de maneira ética e transparente.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Os autores declaram qu","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104403"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657935","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Possivelmente relacionada à neurossífilis e também considerada maligna por Karanfilian e cols., a sífilis ocular manifesta-se sob espectro clínico variado. Embora as uveítes e panuveitis pareçam ser as manifestações oculares mais frequentes da sífilis, granuloma de íris, retinite, corioretinite, vasculite, neurite óptica e descolamento de retina também são descritos. Neste contexto, relatamos o caso de uma mulher, 71 anos, portadora de síndrome metabólica bem controlada, submetida à facectomia do olho direito. Ao final do desmame do corticoide oftálmico, passou a apresentar dor, hiperemia e perda da acuidade visual. O quadro repetiu-se após 2 novos ciclos de corticoide tópico, sempre ao final do desmame, ocasião em que foi identificada uveíte intermediária bilateral, segundo classificação SUN 2021, e confirmada por angiografia fluoresceínica de grande angular, que evidenciou vasculite periférica com áreas de atrofia epitelial e papilite bilateral. Após screening sorológico e inflamatório, apenas o teste treponêmico foi positivo, com VDRL negativo. Como nunca havia tratado para sífilis, foi prescrito ceftriaxona 2 g/dia por via intravenosa durante 14 dias. Após o tratamento, evoluiu com melhora, prosseguindo desmame do corticoide, desta vez sem intercorrências. Foi então submetida a nova angiografia de controle que confirmou a remissão do quadro. Segundo o boletim epidemiológico brasileiro, embora não seja a faixa etária mais acometida, a incidência de sífilis entre > 50 anos superou 37 mil (17,4%) casos em 2022, não podendo ser negligenciada nesta faixa etária. Da mesma forma, manifestações clínicas supostamente raras também se tornam importantes em cenários hiperendêmicos, remetendo à sífilis seu antigo título de “imitadora de doenças”, o que torna o diagnóstico mais complexo e faz dos marcadores sorológicos ferramentas essenciais. Contudo, o VDRL nem sempre é positivo quando a doença está em atividade. Apesar de uma coorte de 265 pacientes com neurossífilis não ter encontrado um único paciente com VDRL negativo, nosso trabalho mostra que isso não se aplica à sífilis ocular, corroborando a experiência do grupo SUN, que recomenda priorização de testes não-treponêmicos para diagnóstico diferencial da sífilis nas uveítes intermediárias. Nosso trabalho também mostra experiência satisfatória no tratamento com ceftriaxona venosa para sífilis ocular, corroborando os achados de efetividade encontrados por Gu e cols., 2024. Palavras-chave: Sífilis, Uveíte, Idoso, VDRL negativo, Ceftriaxona. Conflitos de interesse: Os autores declaram não houver potencial conflitos de interesse para este trabalho. Ética e financiamentos: Os autores declaram não haver potencial conflitos de interesse para este trabalho.
{"title":"SÍFILIS OCULAR COM VDRL NEGATIVO EM MULHER DE 71 ANOS E NÃO-HIV, APRESENTANDO UVEÍTE INTERMEDIÁRIA BILATERAL: UM RELATO DE CASO","authors":"Thiago Leandro Mamede , Kelma Macedo Pohlmann Simões , Marcella Quaresma Salomão","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104418","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104418","url":null,"abstract":"<div><div>Possivelmente relacionada à neurossífilis e também considerada maligna por Karanfilian e cols., a sífilis ocular manifesta-se sob espectro clínico variado. Embora as uveítes e panuveitis pareçam ser as manifestações oculares mais frequentes da sífilis, granuloma de íris, retinite, corioretinite, vasculite, neurite óptica e descolamento de retina também são descritos. Neste contexto, relatamos o caso de uma mulher, 71 anos, portadora de síndrome metabólica bem controlada, submetida à facectomia do olho direito. Ao final do desmame do corticoide oftálmico, passou a apresentar dor, hiperemia e perda da acuidade visual. O quadro repetiu-se após 2 novos ciclos de corticoide tópico, sempre ao final do desmame, ocasião em que foi identificada uveíte intermediária bilateral, segundo classificação SUN 2021, e confirmada por angiografia fluoresceínica de grande angular, que evidenciou vasculite periférica com áreas de atrofia epitelial e papilite bilateral. Após screening sorológico e inflamatório, apenas o teste treponêmico foi positivo, com VDRL negativo. Como nunca havia tratado para sífilis, foi prescrito ceftriaxona 2 g/dia por via intravenosa durante 14 dias. Após o tratamento, evoluiu com melhora, prosseguindo desmame do corticoide, desta vez sem intercorrências. Foi então submetida a nova angiografia de controle que confirmou a remissão do quadro. Segundo o boletim epidemiológico brasileiro, embora não seja a faixa etária mais acometida, a incidência de sífilis entre > 50 anos superou 37 mil (17,4%) casos em 2022, não podendo ser negligenciada nesta faixa etária. Da mesma forma, manifestações clínicas supostamente raras também se tornam importantes em cenários hiperendêmicos, remetendo à sífilis seu antigo título de “imitadora de doenças”, o que torna o diagnóstico mais complexo e faz dos marcadores sorológicos ferramentas essenciais. Contudo, o VDRL nem sempre é positivo quando a doença está em atividade. Apesar de uma coorte de 265 pacientes com neurossífilis não ter encontrado um único paciente com VDRL negativo, nosso trabalho mostra que isso não se aplica à sífilis ocular, corroborando a experiência do grupo SUN, que recomenda priorização de testes não-treponêmicos para diagnóstico diferencial da sífilis nas uveítes intermediárias. Nosso trabalho também mostra experiência satisfatória no tratamento com ceftriaxona venosa para sífilis ocular, corroborando os achados de efetividade encontrados por Gu e cols., 2024. <strong>Palavras-chave:</strong> Sífilis, Uveíte, Idoso, VDRL negativo, Ceftriaxona. <strong>Conflitos de interesse:</strong> Os autores declaram não houver potencial conflitos de interesse para este trabalho. <strong>Ética e financiamentos:</strong> Os autores declaram não haver potencial conflitos de interesse para este trabalho.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104418"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657302","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}