Introdução: A doença renal crónica é uma patologia prevalente, sendo significativo o número de doentes em estádio terminal cujas alternativas se resumem à terapêutica de substituição da função renal e ao transplante, sendo o último associado a maior qualidade de vida e a menor mortalidade. A procura crescente de rins para transplante tem aumentado o desfasamento relativamente aos rins disponíveis. Esse desfasamento impulsionou a pesquisa e desenvolvimento de alternativas aos dadores cadáver em morte cerebral, sendo os dadores após paragem cardiocirculatória uma alternativa viável. Estes obrigam a técnicas de preservação de órgão distintas, de forma a poder oferecer resultados funcionais sobreponíveis. O objetivo deste artigo foi rever a evidência recente sobre o papel da utilização da oxigenação por membrana extracorporal como técnica de preservação, na colheita de rins de dadores após paragem cardiocirculatória. Material e Métodos: Foi efectuada uma pesquisa na base PubMed/MEDLINE, utilizando as expressões: “kidney transplantation”; “non-heart-beating donor”; “donation after cardiac death”; “extracorporeal membrane oxygenation”; “abdominal normothermic perfusion”. Com os artigos selecionados, realizou- se uma revisão não sistemática, sumarizando a evidência recente sobre a utilização da oxigenação por membrana extracorporal na colheita de rins de dadores após paragem cardiocirculatória. Resultados: Verificou-se que os estudos sugerem com unanimidade que a oxigenação por membrana extracorporal é superior às outras técnicas de preservação utilizadas em dadores após paragem cardiocirculatória, uma vez que está associada a melhores resultados a curto prazo do aloenxerto renal. Relativamente aos dadores convencionais, em morte cerebral, a técnica permite resultado semelhantes, quando comparada com os dadores de morte cerebral de critérios expandidos. Discussão: A preservação de órgãos através da oxigenação por membrana extracorporal nos dadores após paragem cardiocirculatória permite resultados funcionais favoráveis e, por esse motivo, poderá contribuir para o aumento do pool de dadores. As dificuldades logísticas associadas à implementação da técnica restringem a sua utilização. Conclusão: A longo prazo, deverão ser criadas condições para a implementação em mais centros da oxigenação por membrana extracorporal nos dadores após paragem cardiocirculatória, aumentando o pool de rins disponíveis para transplante.
{"title":"Doação de Rins Após Paragem Cardiocirculatória: O Papel da Oxigenação por Membrana Extracorporal","authors":"Ana Rita Correia","doi":"10.24915/AUP.36.1-2.86","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/AUP.36.1-2.86","url":null,"abstract":"Introdução: A doença renal crónica é uma patologia prevalente, sendo significativo o número de doentes em estádio terminal cujas alternativas se resumem à terapêutica de substituição da função renal e ao transplante, sendo o último associado a maior qualidade de vida e a menor mortalidade. A procura crescente de rins para transplante tem aumentado o desfasamento relativamente aos rins disponíveis. Esse desfasamento impulsionou a pesquisa e desenvolvimento de alternativas aos dadores cadáver em morte cerebral, sendo os dadores após paragem cardiocirculatória uma alternativa viável. Estes obrigam a técnicas de preservação de órgão distintas, de forma a poder oferecer resultados funcionais sobreponíveis. O objetivo deste artigo foi rever a evidência recente sobre o papel da utilização da oxigenação por membrana extracorporal como técnica de preservação, na colheita de rins de dadores após paragem cardiocirculatória. \u0000Material e Métodos: Foi efectuada uma pesquisa na base PubMed/MEDLINE, utilizando as expressões: “kidney transplantation”; “non-heart-beating donor”; “donation after cardiac death”; “extracorporeal membrane oxygenation”; “abdominal normothermic perfusion”. Com os artigos selecionados, realizou- se uma revisão não sistemática, sumarizando a evidência recente sobre a utilização da oxigenação por membrana extracorporal na colheita de rins de dadores após paragem cardiocirculatória. \u0000Resultados: Verificou-se que os estudos sugerem com unanimidade que a oxigenação por membrana extracorporal é superior às outras técnicas de preservação utilizadas em dadores após paragem cardiocirculatória, uma vez que está associada a melhores resultados a curto prazo do aloenxerto renal. Relativamente aos dadores convencionais, em morte cerebral, a técnica permite resultado semelhantes, quando comparada com os dadores de morte cerebral de critérios expandidos. \u0000Discussão: A preservação de órgãos através da oxigenação por membrana extracorporal nos dadores após paragem cardiocirculatória permite resultados funcionais favoráveis e, por esse motivo, poderá contribuir para o aumento do pool de dadores. As dificuldades logísticas associadas à implementação da técnica restringem a sua utilização. \u0000Conclusão: A longo prazo, deverão ser criadas condições para a implementação em mais centros da oxigenação por membrana extracorporal nos dadores após paragem cardiocirculatória, aumentando o pool de rins disponíveis para transplante.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76270944","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Alexandre Augusto Monteiro Sato, Leda Lotaif, M. H. Mattos, Antonio Corrêa Lopes Neto
Introduction: Renal calculi is a prevalent disease and has some causes described. The drug calculi origin are rare, accounting for around 1% to 2% of cases. The crystals of sulfadiazine are formed in 20% to 45% of cases, but between 0.4% and 4.5% are associated with renal failure. We present a case report and a review of the literature on diagnosis and treatment of this entity, given its rarity and specificity. Case Report: A 48-year-old male, diabetic, during treatment for acute toxoplasmosis with sulfadiazine initiated renal colic associated with renal failure. The hypothesis of drug calculation was considered, because during the diagnostic investigation of toxoplasmosis, imaging studies were performed and presented without renal calculi. Initially he was treated conservatively with hyperhydration and alpha-blocker, but since he did not present improvement in the exams, he underwent ureterolithotripsy and double j stent. Conclusion: We present a report of urinary lithiasis of pharmacological origin associated with renal insufficiency and a review of the literature.
{"title":"Renal Failure Due to Sulfadiazine Induced Calculi: Case Report and Literature Review","authors":"Alexandre Augusto Monteiro Sato, Leda Lotaif, M. H. Mattos, Antonio Corrêa Lopes Neto","doi":"10.24915/aup.36.1-2.93","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.93","url":null,"abstract":"Introduction: Renal calculi is a prevalent disease and has some causes described. The drug calculi origin are rare, accounting for around 1% to 2% of cases. The crystals of sulfadiazine are formed in 20% to 45% of cases, but between 0.4% and 4.5% are associated with renal failure. We present a case report and a review of the literature on diagnosis and treatment of this entity, given its rarity and specificity. \u0000Case Report: A 48-year-old male, diabetic, during treatment for acute toxoplasmosis with sulfadiazine initiated renal colic associated with renal failure. The hypothesis of drug calculation was considered, because during the diagnostic investigation of toxoplasmosis, imaging studies were performed and presented without renal calculi. Initially he was treated conservatively with hyperhydration and alpha-blocker, but since he did not present improvement in the exams, he underwent ureterolithotripsy and double j stent. \u0000Conclusion: We present a report of urinary lithiasis of pharmacological origin associated with renal insufficiency and a review of the literature.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80504696","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
J. Torres, Vítor Fernandes, N. Morais*, S. Anacleto, P. Mota, E. Lima
Introduction: Although the risk of urethral trauma while treating bladder stones is worrisome, evidence about the best treatment approach is scarce. The aim of this study is to compare the safety and efficacy of transurethral cystolithotomy and percutaneous suprapubic cystolithotomy in adults´ bladder lithiasis treatment. Methods: We retrospectively evaluated 120 patients (January 2012 to December 2017) who were surgically treated for bladder lithiasis with percutaneous suprapubic cystolithotomy (n= 20) and transurethral cystolithotomy (n= 100). Age, gender, calculi size, surgery duration, hospital stay, post-operative infections, haematuria, pain and urethral strictures were evaluated. Previous diagnosis of benign prostate hyperplasia and urethral strictures were also considered. Results: Both groups were homogeneous according to the pre-operative variables evaluated, including calculi dimensions and simultaneous diagnosis. Median surgery time in percutaneous suprapubic cystolithotomy and transurethral cystolithotomy were 65 and 58 minutes, respectively (p= 0.043). Pain and haematuria were similar in both groups. Median hospital stay was 2.0 days in both groups. Median follow-up time was 13 months. In the transurethral cystolithotomy, three patients (3%) developed urethral stricture while none of the patients treated with PSC developed urethral strictures during the follow-up (p= 0.435). Discussion: Percutaneous suprapubic cystolithotomy theoretically offers an advantage over transurethral cystolithotomy in terms of urethral trauma, although we did not observe a significant difference. However, it deserves to be considered, especially in patients with known urethral strictures that may hinder transurethral access. Further prospective studies with more patients may however confirm these theoretical advantages.
{"title":"Percutaneous or Transurethral Cystolithotomy for Bladder Lithiasis: Which is Safer?","authors":"J. Torres, Vítor Fernandes, N. Morais*, S. Anacleto, P. Mota, E. Lima","doi":"10.24915/aup.36.1-2.115","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.115","url":null,"abstract":"Introduction: Although the risk of urethral trauma while treating bladder stones is worrisome, evidence about the best treatment approach is scarce. The aim of this study is to compare the safety and efficacy of transurethral cystolithotomy and percutaneous suprapubic cystolithotomy in adults´ bladder lithiasis treatment. \u0000Methods: We retrospectively evaluated 120 patients (January 2012 to December 2017) who were surgically treated for bladder lithiasis with percutaneous suprapubic cystolithotomy (n= 20) and transurethral cystolithotomy (n= 100). Age, gender, calculi size, surgery duration, hospital stay, post-operative infections, haematuria, pain and urethral strictures were evaluated. Previous diagnosis of benign prostate hyperplasia and urethral strictures were also considered. \u0000Results: Both groups were homogeneous according to the pre-operative variables evaluated, including calculi dimensions and simultaneous diagnosis. Median surgery time in percutaneous suprapubic cystolithotomy and transurethral cystolithotomy were 65 and 58 minutes, respectively (p= 0.043). Pain and haematuria were similar in both groups. Median hospital stay was 2.0 days in both groups. Median follow-up time was 13 months. In the transurethral cystolithotomy, three patients (3%) developed urethral stricture while none of the patients treated with PSC developed urethral strictures during the follow-up (p= 0.435). \u0000Discussion: Percutaneous suprapubic cystolithotomy theoretically offers an advantage over transurethral cystolithotomy in terms of urethral trauma, although we did not observe a significant difference. However, it deserves to be considered, especially in patients with known urethral strictures that may hinder transurethral access. Further prospective studies with more patients may however confirm these theoretical advantages.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79647959","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
V. Andrade, Mariana Medeiros, Tiago M. Guimarães, Rui Bernardino, G. Falcão, F. Fernandes, R. Farinha, Fernando Silva, L. C. Pinheiro
Introdução: Os tumores não músculo invasivos da bexiga devem ser estratificados em grupos de risco de forma a adequar o tratamento após cirurgia a cada doente. Nos tumores de alto risco deve ser realizada terapêutica adjuvante com bacilo de Calmette-Guérin (BCG) intravesical durante 1 a 3 anos. Têm sido reportadas roturas de stock de BCG intravesical, tendo sido o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) afectado nos anos 2014 e 2015, o que obrigou a uma reformulação no tratamento dos doentes que tinham indicação para realização desta terapêutica. A gencitabina poderá ser uma alternativa válida, dado que alguns estudos mostram que poderá ter um papel nos doentes de risco intermédio, como alternativa à mitomicina C, e nos de alto risco, refractários à BCG, com um perfil de toxicidade mais favorável. Material e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo que incluiu doentes com tumores da bexiga não musculo-invasivos de alto risco, com início da doença em 2013/2014, afectados pelo período de escassez de BCG no Centro Hospitalar. Resultados: No CHLC, 11 doentes com tumores de alto risco foram submetidos a terapêutica com gencitabina, apenas dois exclusivamente, os restantes sequencialmente com BCG. Apenas dois doentes, tratados com BCG e gencitabina, apresentaram recidiva tumoral. No entanto, um número significativo (6 em 11) sofreram efeitos adversos, dois dos quais que levaram à interrupção da terapêutica. Conclusão: Aparentemente, a gencitabina foi uma boa alternativa de terapêutica adjuvante na ausência do tratamento gold standard (BCG), dada a existência de baixo número de recidivais tumorais, apesar do elevado número de efeitos adversos reportados.
{"title":"A Gencitabina como Alternativa Terapêutica na Ausência de BCG: A Experiência do CHLC (Hospital S. José)","authors":"V. Andrade, Mariana Medeiros, Tiago M. Guimarães, Rui Bernardino, G. Falcão, F. Fernandes, R. Farinha, Fernando Silva, L. C. Pinheiro","doi":"10.24915/aup.36.1-2.90","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.90","url":null,"abstract":"Introdução: Os tumores não músculo invasivos da bexiga devem ser estratificados em grupos de risco de forma a adequar o tratamento após cirurgia a cada doente. Nos tumores de alto risco deve ser realizada terapêutica adjuvante com bacilo de Calmette-Guérin (BCG) intravesical durante 1 a 3 anos. Têm sido reportadas roturas de stock de BCG intravesical, tendo sido o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) afectado nos anos 2014 e 2015, o que obrigou a uma reformulação no tratamento dos doentes que tinham indicação para realização desta terapêutica. A gencitabina poderá ser uma alternativa válida, dado que alguns estudos mostram que poderá ter um papel nos doentes de risco intermédio, como alternativa à mitomicina C, e nos de alto risco, refractários à BCG, com um perfil de toxicidade mais favorável. \u0000Material e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo que incluiu doentes com tumores da bexiga não musculo-invasivos de alto risco, com início da doença em 2013/2014, afectados pelo período de escassez de BCG no Centro Hospitalar. \u0000Resultados: No CHLC, 11 doentes com tumores de alto risco foram submetidos a terapêutica com gencitabina, apenas dois exclusivamente, os restantes sequencialmente com BCG. Apenas dois doentes, tratados com BCG e gencitabina, apresentaram recidiva tumoral. No entanto, um número significativo (6 em 11) sofreram efeitos adversos, dois dos quais que levaram à interrupção da terapêutica. \u0000Conclusão: Aparentemente, a gencitabina foi uma boa alternativa de terapêutica adjuvante na ausência do tratamento gold standard (BCG), dada a existência de baixo número de recidivais tumorais, apesar do elevado número de efeitos adversos reportados.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82996022","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Sónia Almeida, Mafalda Cascais, Carolina Cordinhã, C. Carmo, C. Gomes, Sílvia R. Coutinho, M. Ramos, A. J. Correia
Introdução: As válvulas da uretra posterior (VUP) são uma causa importante de obstrução congénita do trato urinário no sexo masculino, com repercussão na função vesical e renal. Neste estudo pretendeu-se caracterizar a clínica, tratamento, evolução e identificação de possíveis fatores de risco para doença renal crónica (DRC) de um grupo de crianças com VUP. Métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos de crianças seguidas na Consulta de Nefrologia num hospital nível III entre janeiro 1999 e janeiro 2017. Variáveis analisadas: diagnóstico pré-natal, apresentação clínica, avaliação analítica e imagiológica, tratamento e evolução. Para análise estatística utilizou-se: Excel 2016® e Epi Info 7®, considerando-se significativo p < 0,05. Resultados: Dos 23 casos de VUP incluídos no estudo, o diagnóstico foi sugerido por ecografia pré-natal em 16 e confirmado após nascimento, quatro tiveram diagnóstico no primeiro ano de vida e três depois dessa idade. As manifestações clínicas iniciais foram: lesão renal aguda (LRA) (n= 11), pielonefrite aguda (PNA) (n= 4) e alterações do jato urinário (n= 3). A mediana da creatinina (Cr) inicial foi 151 μmol/L. Todos apresentavam hidronefrose na ecografia pós-natal (bilateral em 22) 21 tinham alterações do parênquima renal e 19 espessamento parietal vesical. O diagnóstico foi realizado por cistografia radiológica, que também mostrou refluxo vesico-uretral (RVU) em 15 casos, bilateral em 10. Todas as crianças foram submetidas a fulguração, uma com vesicostomia prévia. O tempo médio de seguimento foi 7,5 anos, durante o qual 14 mantiveram PNA de repetição, sete RVU e 11 cursaram com disfunção vesical. Alguns casos necessitaram de outras intervenções cirúrgicas, que incluíram correção de RVU (n= 3) e nefrectomia unilateral (n= 2). Cinco (21,7%) evoluíram para DRC estadio ≥ 3, dos quais quatro iniciaram diálise com idade média de 9,3 anos. As PNA de repetição e o RVU bilateral associaram-se a evolução para o referido estadio (p 0,03 e p 0,049 respetivamente). Conclusão: As VUP continuam a ser uma etiologia frequente da DRC na criança, apesar do diagnóstico e tratamento cada vez mais precoces.
{"title":"Válvulas da Uretra Posterior: Experiência de um Hospital Nível III","authors":"Sónia Almeida, Mafalda Cascais, Carolina Cordinhã, C. Carmo, C. Gomes, Sílvia R. Coutinho, M. Ramos, A. J. Correia","doi":"10.24915/aup.36.1-2.77","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.77","url":null,"abstract":"Introdução: As válvulas da uretra posterior (VUP) são uma causa importante de obstrução congénita do trato urinário no sexo masculino, com repercussão na função vesical e renal. Neste estudo pretendeu-se caracterizar a clínica, tratamento, evolução e identificação de possíveis fatores de risco para doença renal crónica (DRC) de um grupo de crianças com VUP. \u0000Métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos de crianças seguidas na Consulta de Nefrologia num hospital nível III entre janeiro 1999 e janeiro 2017. Variáveis analisadas: diagnóstico pré-natal, apresentação clínica, avaliação analítica e imagiológica, tratamento e evolução. Para análise estatística utilizou-se: Excel 2016® e Epi Info 7®, considerando-se significativo p < 0,05. \u0000Resultados: Dos 23 casos de VUP incluídos no estudo, o diagnóstico foi sugerido por ecografia pré-natal em 16 e confirmado após nascimento, quatro tiveram diagnóstico no primeiro ano de vida e três depois dessa idade. As manifestações clínicas iniciais foram: lesão renal aguda (LRA) (n= 11), pielonefrite aguda (PNA) (n= 4) e alterações do jato urinário (n= 3). A mediana da creatinina (Cr) inicial foi 151 μmol/L. Todos apresentavam hidronefrose na ecografia pós-natal (bilateral em 22) 21 tinham alterações do parênquima renal e 19 espessamento parietal vesical. O diagnóstico foi realizado por cistografia radiológica, que também mostrou refluxo vesico-uretral (RVU) em 15 casos, bilateral em 10. Todas as crianças foram submetidas a fulguração, uma com vesicostomia prévia. O tempo médio de seguimento foi 7,5 anos, durante o qual 14 mantiveram PNA de repetição, sete RVU e 11 cursaram com disfunção vesical. Alguns casos necessitaram de outras intervenções cirúrgicas, que incluíram correção de RVU (n= 3) e nefrectomia unilateral (n= 2). Cinco (21,7%) evoluíram para DRC estadio ≥ 3, dos quais quatro iniciaram diálise com idade média de 9,3 anos. As PNA de repetição e o RVU bilateral associaram-se a evolução para o referido estadio (p 0,03 e p 0,049 respetivamente). \u0000Conclusão: As VUP continuam a ser uma etiologia frequente da DRC na criança, apesar do diagnóstico e tratamento cada vez mais precoces.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73874885","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Mário Pereira-Lourenço, Duarte Vieira-Brito, R. Godinho, P. Peralta, Paulo Conceição, C. Rabaça, Mário Reis, A. Sismeiro
A linfadenectomia inguinal modificada permite um estadiamento correto na maioria dos casos de carcinoma do pénis sem gânglios inguinais palpáveis. Atualmente, é possível reproduzir a técnica cirúrgica clássica por via vídeo-assistida, com resultados oncológicos semelhantes e menor taxa de complicações. O artigo reporta um caso de tumor do pénis, sujeito a penectomia total (pT3NxMx), sem gânglios inguinais palpáveis, onde se realizou uma linfadenectomia inguinal modificada vídeo-assistida (LIMVA) bilateral, sendo descrita a técnica cirúrgica da LIMVA direita. Neste artigo são descritos todos os passos da técnica cirúrgica (posicionamento do doente, disseção romba profundamente à faixa de Scarpa, identificação dos limites anatómicos da disseção, identificação dos vasos femorais, identificação da veia safena até a fossa ovalis, excisão dos gânglios e encerramento). A grande vantagem da LIMVA é a diminuição de complicações pós-operatórias, nomeadamente a baixa taxa de deiscência da ferida operatória e de edema dos membros inferiores.
{"title":"Prevenir Complicações: Linfadenectomia Inguinal Modificada Vídeo-Assistida no Estadiamento do Tumor do Pénis","authors":"Mário Pereira-Lourenço, Duarte Vieira-Brito, R. Godinho, P. Peralta, Paulo Conceição, C. Rabaça, Mário Reis, A. Sismeiro","doi":"10.24915/aup.36.1-2.112","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.112","url":null,"abstract":"A linfadenectomia inguinal modificada permite um estadiamento correto na maioria dos casos de carcinoma do pénis sem gânglios inguinais palpáveis. Atualmente, é possível reproduzir a técnica cirúrgica clássica por via vídeo-assistida, com resultados oncológicos semelhantes e menor taxa de complicações. \u0000O artigo reporta um caso de tumor do pénis, sujeito a penectomia total (pT3NxMx), sem gânglios inguinais palpáveis, onde se realizou uma linfadenectomia inguinal modificada vídeo-assistida (LIMVA) bilateral, sendo descrita a técnica cirúrgica da LIMVA direita. \u0000Neste artigo são descritos todos os passos da técnica cirúrgica (posicionamento do doente, disseção romba profundamente à faixa de Scarpa, identificação dos limites anatómicos da disseção, identificação dos vasos femorais, identificação da veia safena até a fossa ovalis, excisão dos gânglios e encerramento). \u0000A grande vantagem da LIMVA é a diminuição de complicações pós-operatórias, nomeadamente a baixa taxa de deiscência da ferida operatória e de edema dos membros inferiores.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74836634","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"O Rigor (ou a Falta Dele) das Revistas Científicas","authors":"Belmiro Parada","doi":"10.24915/aup.36.1-2.123","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.123","url":null,"abstract":"<jats:p>.</jats:p>","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83014585","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
J. Carvalho, P. Nunes, H. Antunes, E. Tavares-da-Silva, B. Parada, A. Roseiro, C. Ferreira, A. Figueiredo
Introduction: Obesity is an increasingly common disease in patients with end-stage chronic kidney disease candidates for renal transplantation. It is an important factor that should be addressed in the period before renal transplantation. The aim of this study is to evaluate the impact of pretransplantation body mass index (BMI) in graft and recipient outcomes. Material and Methods: An observational retrospective analysis of 913 kidney transplantations was performed between September 2010 and May 2017. Recipients were categorized in groups: obesity (group 1), overweight (group 2) and normal BMI (group 3). A preoperative protocol was used: recipient and donor characteristics, perioperative data, graft and patient survival were evaluated. The software used was IBM SPSS Statistics 23: p value of < 0.05 was considered statiscally significant. Results: Overweight was observed in 36.2% and obesity in 12.3%. In groups 1 and 2, there was a higher prevalence of type II diabetes mellitus compared with group 3 (17.9%, 16.4%, 6.6%, respectively, p < 0.001). Recipient creatinine serum levels at first and third months were also statistically different. Both groups 1 and 2 showed higher surgery duration and postoperative length of stay. It was noticed a lower immediate diuresis rate in group 1 (63.2%) and in group 2 (80.4%), p < 0.0001. Perioperative complications were more prevalent in groups 1 and 2, especially lymphocele formation (21.4% and 7.7%, respectively, versus 3.6%) and wound dehiscence (21.4% and 5.8%, respectively, versus 1.2%), p < 0.05. No statistically differences were seen in graft and patient survival. Conclusion: Pretransplantation weight is important in renal transplantation: worse renal function in the first and third months, longer surgery duration and postoperative length of stay, higher delayed graft function rate and a higher prevalence of lymphocele formation and wound dehiscence were noticed in both non-normal weight groups. However, obese and overweight groups showed similar survival and long-term outcome comparing with normal BMI recipients.
{"title":"Is Pretransplantation Overweight and Obesity still a Nightmare for Kidney Transplantation Outcomes?","authors":"J. Carvalho, P. Nunes, H. Antunes, E. Tavares-da-Silva, B. Parada, A. Roseiro, C. Ferreira, A. Figueiredo","doi":"10.24915/AUP.35.3-4.87","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/AUP.35.3-4.87","url":null,"abstract":"Introduction: Obesity is an increasingly common disease in patients with end-stage chronic kidney disease candidates for renal transplantation. It is an important factor that should be addressed in the period before renal transplantation. The aim of this study is to evaluate the impact of pretransplantation body mass index (BMI) in graft and recipient outcomes. \u0000Material and Methods: An observational retrospective analysis of 913 kidney transplantations was performed between September 2010 and May 2017. Recipients were categorized in groups: obesity (group 1), overweight (group 2) and normal BMI (group 3). A preoperative protocol was used: recipient and donor characteristics, perioperative data, graft and patient survival were evaluated. The software used was IBM SPSS Statistics 23: p value of < 0.05 was considered statiscally significant. \u0000Results: Overweight was observed in 36.2% and obesity in 12.3%. In groups 1 and 2, there was a higher prevalence of type II diabetes mellitus compared with group 3 (17.9%, 16.4%, 6.6%, respectively, p < 0.001). Recipient creatinine serum levels at first and third months were also statistically different. Both groups 1 and 2 showed higher surgery duration and postoperative length of stay. It was noticed a lower immediate diuresis rate in group 1 (63.2%) and in group 2 (80.4%), p < 0.0001. Perioperative complications were more prevalent in groups 1 and 2, especially lymphocele formation (21.4% and 7.7%, respectively, versus 3.6%) and wound dehiscence (21.4% and 5.8%, respectively, versus 1.2%), p < 0.05. No statistically differences were seen in graft and patient survival. \u0000Conclusion: Pretransplantation weight is important in renal transplantation: worse renal function in the first and third months, longer surgery duration and postoperative length of stay, higher delayed graft function rate and a higher prevalence of lymphocele formation and wound dehiscence were noticed in both non-normal weight groups. However, obese and overweight groups showed similar survival and long-term outcome comparing with normal BMI recipients.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75794724","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O carcinoma urotelial do trato superior (CUTS) é raro, mas a maioria dos casos apresenta-se invasiva ao diagnóstico. O tratamento padrão do CUTS consiste na nefroureterectomia radical. No entanto, os CUTS de baixo risco podem ser abordados com cirurgia poupadora de nefrónios (CPN), sem compromisso do prognóstico oncológico. As técnicas de diagnóstico atuais apresentam várias falhas no diagnóstico de CUTS, principalmente na deteção de carcinoma in situ (CIS), uma lesão plana, de alto grau e com elevado risco de progressão. Assim, torna-se pertinente a investigação de novas técnicas de diagnóstico capazes de detetar as lesões de CUTS numa fase mais precoce. Esta revisão procura analisar o desempenho das novas técnicas de imagem disponíveis para o diagnóstico do CUTS. Foi conduzida uma pesquisa da literatura atual na base de dados PubMed e foram revistos artigos sobre a narrow band imaging (NBI), Image1 S, diagnóstico fotodinâmico (DFD), confocal laser endomicroscopy (CLE) e optical coherence tomography (OCT). Foram selecionados seis artigos para revisão, todos referentes a estudos in vivo em humanos. Não foi encontrado nenhum artigo sobre o Image1 S. Todas as técnicas descritas são compatíveis com os ureterorrenoscópios flexíveis atuais. A NBI, o Image1 S e o DFD visam uma melhor deteção do CUTS. A CLE e a OCT visam a caracterização histopatológica e minimamente invasiva das lesões, em tempo real. Quer a NBI, quer o DFD apresentam melhor taxa de deteção das lesões em comparação com a ureterorrenoscopia flexível (URSF) convencional, mas apenas o DFD mostrou melhor deteção de CIS. A CLE permite distinguir o urotélio saudável do maligno e as lesões de baixo grau das de alto grau. No entanto, não avalia o estadiamento. A OCT apresenta maior sensibilidade do que a biópsia para o estadiamento e gradação do CUTS, mas as lesões com mais de 2 mm de espessura podem gerar diagnósticos falsos-positivos. A combinação da URSF com uma ou várias das novas técnicas de diagnóstico poderia aumentar a sua precisão diagnóstica e capacidade de selecionar adequadamente os candidatos para CPN. São necessários mais estudos que validem a utilização das novas técnicas no diagnóstico de CUTS.
{"title":"Novas Técnicas Endoscópicas de Diagnóstico do Carcinoma Urotelial do Trato Urinário Superior","authors":"Maria Teresa Vieira, Vitor Cavadas","doi":"10.24915/AUP.35.3-4.91","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/AUP.35.3-4.91","url":null,"abstract":"O carcinoma urotelial do trato superior (CUTS) é raro, mas a maioria dos casos apresenta-se invasiva ao diagnóstico. O tratamento padrão do CUTS consiste na nefroureterectomia radical. No entanto, os CUTS de baixo risco podem ser abordados com cirurgia poupadora de nefrónios (CPN), sem compromisso do prognóstico oncológico. As técnicas de diagnóstico atuais apresentam várias falhas no diagnóstico de CUTS, principalmente na deteção de carcinoma in situ (CIS), uma lesão plana, de alto grau e com elevado risco de progressão. Assim, torna-se pertinente a investigação de novas técnicas de diagnóstico capazes de detetar as lesões de CUTS numa fase mais precoce. \u0000Esta revisão procura analisar o desempenho das novas técnicas de imagem disponíveis para o diagnóstico do CUTS. Foi conduzida uma pesquisa da literatura atual na base de dados PubMed e foram revistos artigos sobre a narrow band imaging (NBI), Image1 S, diagnóstico fotodinâmico (DFD), confocal laser endomicroscopy (CLE) e optical coherence tomography (OCT). \u0000Foram selecionados seis artigos para revisão, todos referentes a estudos in vivo em humanos. Não foi encontrado nenhum artigo sobre o Image1 S. Todas as técnicas descritas são compatíveis com os ureterorrenoscópios flexíveis atuais. A NBI, o Image1 S e o DFD visam uma melhor deteção do CUTS. A CLE e a OCT visam a caracterização histopatológica e minimamente invasiva das lesões, em tempo real. Quer a NBI, quer o DFD apresentam melhor taxa de deteção das lesões em comparação com a ureterorrenoscopia flexível (URSF) convencional, mas apenas o DFD mostrou melhor deteção de CIS. A CLE permite distinguir o urotélio saudável do maligno e as lesões de baixo grau das de alto grau. No entanto, não avalia o estadiamento. A OCT apresenta maior sensibilidade do que a biópsia para o estadiamento e gradação do CUTS, mas as lesões com mais de 2 mm de espessura podem gerar diagnósticos falsos-positivos. \u0000A combinação da URSF com uma ou várias das novas técnicas de diagnóstico poderia aumentar a sua precisão diagnóstica e capacidade de selecionar adequadamente os candidatos para CPN. São necessários mais estudos que validem a utilização das novas técnicas no diagnóstico de CUTS.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"80373319","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Vera Marques, M. Eliseu, E. Tavares-da-Silva, F. Rolo, A. Figueiredo
Introdução: Pretende-se avaliar que fatores estão associados a um retorno hospitalar inesperado (RHI) após a realização de ressecção transuretral de tumor vesical (RTU-TV). Material e Métodos: Realizado estudo exploratório transversal de todas as RTU-TV realizadas entre 2015-2016. Resultados: Realizaram-se 499 RTU-TV em 389 doentes. Nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ocorreu RHI em 16,8% dos casos, com necessidade de reinternamento em 4,2%. A principal causa de RHI foi infeção do trato urinário (ITU) (38,1%). Verificou-se um RHI significativamente superior nos casos de tumor primário, de dimensões tumorais superiores, de RTU-TV incompleta, de necessidade de realização de procedimentos endoscópicos adicionais, de maior duração da cirurgia e da cateterização uretral (CU) e de valores pré-operatórios mais altos de proteína C reativa (PCR) e mais baixos de hemoglobina. Na análise multivariada, verificou-se uma associação forte e independente entre a ocorrência de RHI e duração da cirurgia (OR = 1,016), duração da CU (OR = 1,059), e valores médios de PCR pré-operatória (OR = 1,131). Conclusão: Um RHI precoce após RTU-TV ocorreu em quase 17% dos casos, sobretudo devido a ITU. Por cada minuto de cirurgia adicional, por cada dia adicional de CU e por cada unidade adicional de PCR pré-operatória, existe um aumento do risco de RHI de 1,6%, 5,9% e 13,1%, respetivamente. Sendo a PCR uma variável não modificável, cabe ao cirurgião otimizar o tempo operatório e, sobretudo, a duração da CU de modo a reduzir a probabilidade de RHI.
{"title":"Fatores Preditivos de Retorno Hospitalar Inesperado Após Ressecção Transuretral de Tumor Vesical","authors":"Vera Marques, M. Eliseu, E. Tavares-da-Silva, F. Rolo, A. Figueiredo","doi":"10.24915/AUP.35.3-4.89","DOIUrl":"https://doi.org/10.24915/AUP.35.3-4.89","url":null,"abstract":"Introdução: Pretende-se avaliar que fatores estão associados a um retorno hospitalar inesperado (RHI) após a realização de ressecção transuretral de tumor vesical (RTU-TV). \u0000Material e Métodos: Realizado estudo exploratório transversal de todas as RTU-TV realizadas entre 2015-2016. \u0000Resultados: Realizaram-se 499 RTU-TV em 389 doentes. Nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ocorreu RHI em 16,8% dos casos, com necessidade de reinternamento em 4,2%. A principal causa de RHI foi infeção do trato urinário (ITU) (38,1%). Verificou-se um RHI significativamente superior nos casos de tumor primário, de dimensões tumorais superiores, de RTU-TV incompleta, de necessidade de realização de procedimentos endoscópicos adicionais, de maior duração da cirurgia e da cateterização uretral (CU) e de valores pré-operatórios mais altos de proteína C reativa (PCR) e mais baixos de hemoglobina. Na análise multivariada, verificou-se uma associação forte e independente entre a ocorrência de RHI e duração da cirurgia (OR = 1,016), duração da CU (OR = 1,059), e valores médios de PCR pré-operatória (OR = 1,131). \u0000Conclusão: Um RHI precoce após RTU-TV ocorreu em quase 17% dos casos, sobretudo devido a ITU. Por cada minuto de cirurgia adicional, por cada dia adicional de CU e por cada unidade adicional de PCR pré-operatória, existe um aumento do risco de RHI de 1,6%, 5,9% e 13,1%, respetivamente. Sendo a PCR uma variável não modificável, cabe ao cirurgião otimizar o tempo operatório e, sobretudo, a duração da CU de modo a reduzir a probabilidade de RHI.","PeriodicalId":100020,"journal":{"name":"Acta Urológica Portuguesa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83474016","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}