Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.259098
Maria Cinthia Pio, Mariana Damasceno Coutinho, Samara Maria de Almeida
Na parede de um espaço público, um cartaz com uma imagem acompanha a pergunta: você conhece essas mulheres? O Bem virá, longa-metragem dirigido pela historiadora e sertaneja Uilma Queiroz, tem como dispositivo uma fotografia de 1983, registrada no Sítio Escada, zona rural de Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú, Pernambuco, onde aparecem, dispostas uma ao lado da outra, treze mulheres grávidas. O contexto em que se dá o registro é o das chamadas Frentes de Emergência, políticas governamentais que se estenderam de 1960 a 2002, e tiveram como objetivo mitigar a fome e a pobreza da população produzida nos grandes períodos de estiagem. No entanto, essa narrativa é somente a superfície da complexa realidade que o filme vai aprofundando a partir da busca, da fala e dos gestos de algumas das mulheres fotografadas, tendo em vista que o trabalho nas Frentes era, a princípio, designado à categoria masculina. Porém, não sem resistência.
在一个公共空间的墙上,有一张海报,上面有一个问题:你认识这些女人吗?《Bem将会来》是一部由历史学家和sertaneja Uilma Queiroz导演的故事片,它有一张1983年的照片,记录在sitio Escada, Afogados da Ingazeira, sertao do pajeu,伯南布哥的农村地区,13名孕妇并排出现。记录的背景是所谓的紧急前线,即从1960年到2002年的政府政策,其目的是减轻在大干旱时期造成的人口饥饿和贫困。然而,这种叙述只是复杂现实的表面,电影从一些被拍摄的女性的探索、言语和手势中深化了复杂现实,考虑到前线的工作最初被指定为男性类别。然而,并非没有阻力。
{"title":"O Bem virá. Dirigido por Uilma Queiroz. 2020. 80 minutos. Colorido. Produzido pela Vilarejo Filmes.","authors":"Maria Cinthia Pio, Mariana Damasceno Coutinho, Samara Maria de Almeida","doi":"10.51359/2526-3781.2023.259098","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.259098","url":null,"abstract":"Na parede de um espaço público, um cartaz com uma imagem acompanha a pergunta: você conhece essas mulheres? O Bem virá, longa-metragem dirigido pela historiadora e sertaneja Uilma Queiroz, tem como dispositivo uma fotografia de 1983, registrada no Sítio Escada, zona rural de Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú, Pernambuco, onde aparecem, dispostas uma ao lado da outra, treze mulheres grávidas. O contexto em que se dá o registro é o das chamadas Frentes de Emergência, políticas governamentais que se estenderam de 1960 a 2002, e tiveram como objetivo mitigar a fome e a pobreza da população produzida nos grandes períodos de estiagem. No entanto, essa narrativa é somente a superfície da complexa realidade que o filme vai aprofundando a partir da busca, da fala e dos gestos de algumas das mulheres fotografadas, tendo em vista que o trabalho nas Frentes era, a princípio, designado à categoria masculina. Porém, não sem resistência.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123124306","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.258521
Maria Carolina Arruda Branco
"Esta Casa não é uma Casa: Cata pedra, cata cacos, cata lixo" é um ensaio visual que procura apresentar o potencial da Casa da Flor enquanto monumento arquitetónico, que atravessa a vida das pessoas da região dos lagos, através de objectos vistos como "lixo" e transformados por Gabriel em habitação.
{"title":"Esta Casa não é uma Casa: Cata pedra, cata cacos, cata lixo","authors":"Maria Carolina Arruda Branco","doi":"10.51359/2526-3781.2023.258521","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.258521","url":null,"abstract":"\"Esta Casa não é uma Casa: Cata pedra, cata cacos, cata lixo\" é um ensaio visual que procura apresentar o potencial da Casa da Flor enquanto monumento arquitetónico, que atravessa a vida das pessoas da região dos lagos, através de objectos vistos como \"lixo\" e transformados por Gabriel em habitação.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115522572","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.259130
Gleyce Kelly Heitor, Francisco Sá Barreto, Hugo Menezes Neto
Este Podcast apresenta a conferência do pesquisador martinicano Malcom Ferdinand, realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 15 de março de 2023, promovida pelo projeto “Arte, Museus e Antropoceno”, da Oficina Francisco Brennand em parceria com o Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Malcom debateu as principais ideias de seu livro: "Uma Ecologia Decolonial: pensar a partir do mundo caribenho", no qual desenvolve uma crítica ao que chama de “ambientalismo branco” e à noção de Antropoceno, propondo novos caminhos para pensarmos a crise ambiental, à luz da decolonialidade e das questões raciais ancorados no pensamento social caribenho.
本播客介绍了马丁尼研究员Malcom Ferdinand于2023年3月15日在伯南布哥联邦大学(UFPE)举行的会议,该会议由Oficina Francisco Brennand与UFPE人类学和博物馆系合作的“艺术、博物馆和人类世”项目推动。马尔科姆讨论了生态的书的主要思想:" Decolonial:想从加勒比海世界”,即会对你的批评称,“环保”和效率的概念,并提出新的方法这样的环境危机的角度,decolonialidade加勒比海和种族游艇的社会思想。
{"title":"Museológicas Podcast – “Uma Ecologia decolonial” com Malcom Ferdinand","authors":"Gleyce Kelly Heitor, Francisco Sá Barreto, Hugo Menezes Neto","doi":"10.51359/2526-3781.2023.259130","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.259130","url":null,"abstract":"Este Podcast apresenta a conferência do pesquisador martinicano Malcom Ferdinand, realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 15 de março de 2023, promovida pelo projeto “Arte, Museus e Antropoceno”, da Oficina Francisco Brennand em parceria com o Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Malcom debateu as principais ideias de seu livro: \"Uma Ecologia Decolonial: pensar a partir do mundo caribenho\", no qual desenvolve uma crítica ao que chama de “ambientalismo branco” e à noção de Antropoceno, propondo novos caminhos para pensarmos a crise ambiental, à luz da decolonialidade e das questões raciais ancorados no pensamento social caribenho.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"2 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128561672","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.258107
Paride Bollettin, C. El-Hani
Em janeiro de 2023, no âmbito de atividades do projeto “Educação Intercultural como Diálogo entre Modos de Conhecer e Formas de Conhecimento: Pesquisa Multiestratégica e Colaborativa em Comunidades Tradicionais” (financiado pelo CNPq, Proc. n. 423948/2018-0), realizamos uma viagem de campo à Namíbia. O intuito foi colaborar em estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Namíbia, sob coordenação de Cynthy Haihambo, sobre a evasão escolar de estudantes de diferentes povos San – Hai//om, Ju/hoansi e !Kung – e possiveis transformações na educação dirigida a esses povos, de modo a diminui-la. Em uma das viagens de campo durante essa estadia, duas colegas da Universidade da Namíbia – Cynthy Haihambo e Misitilde Jonas-Iita – e uma mediadora Hai//om – Martha Xoagus, que mobilizava os contatos com as comunidades e lideranças locais no assentamento de Tsintsabis e arredores – nos levaram para conhecer o Sítio de Patrimônio Nacional do Lago Otjikoto, situado próximo à cidade de Tsumeb, na região de Oshiko o, a cerca de 450 quilômetros da capital do país, Windhoek. Este lago sumidouro (ou de dolina) é um dos dois únicos lagos naturais permanentes existentes no país (o outro é o lago Guinas, a apenas 32Km de distância do lago Otjikoto).O guia também relatou como o governo colonial alemão usava a água do lago na exploração de uma mina de cobre na vizinha cidade de Tsumeb, bem como que hoje a água é usada para irrigar plantações da região, que é a área agrícola mais importante do país. Ademais, ele contou que, em 1915, o exército colonial alemão, para evitar a entrega de seus armamentos a tropas da África do Sul e da Grã-Bretanha, os jogou no fundo do lago, juntamente com um cofre que até hoje não foi encontrado e do qual não se conhece o conteúdo, o que desperta a imaginação de muitos caçadores de tesouros.Segundo o guia, o lago Otjikoto foi “descoberto” pelos exploradores europeus Francis Galton (meio-primo de Darwin, envolvido com o Darwinismo social e o pensamento eugenista) e Carl Johan Andersson em 1851. Ao escutar a explicação do guia, questionamos se os povos locais já não o conheciam. Naquele momento, Martha, do povo Hai//om, o interrompeu para nos contar que, no passado, “um grupo de Hai//om estava andando pelo local, onde havia apenas um caminho de pedra. Um grupo de homens ia na frente, outro grupo de mulheres atrás. O grupo da frente falou que a terra estava tremendo e, de repente, caiu o teto da caverna e o grupo de mulheres se afogou no lago. Por isso, os Hai//om deram-lhe o nome de “lago feio” (Gaisis).” A denominação “Otjikoto” (“buraco profundo”) foi dada pelos Herero, quando passaram a ocupar a área. Este lago é até hoje considerado amaldiçoado ou mal-assombrado pelos Hai//om, relatou Martha.Esse foto-ensaio visa descrever a invisibilidade da história Hai//om e de suas relações com o Lago Gaisis ou Otjikoto. Nenhuma menção da história desse povo sobre a origem do lago é encontrada, o que contrasta com a presença de uma placa comemor
{"title":"O lago Otjikoto e as suas diferentes narrativas","authors":"Paride Bollettin, C. El-Hani","doi":"10.51359/2526-3781.2023.258107","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.258107","url":null,"abstract":"Em janeiro de 2023, no âmbito de atividades do projeto “Educação Intercultural como Diálogo entre Modos de Conhecer e Formas de Conhecimento: Pesquisa Multiestratégica e Colaborativa em Comunidades Tradicionais” (financiado pelo CNPq, Proc. n. 423948/2018-0), realizamos uma viagem de campo à Namíbia. O intuito foi colaborar em estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Namíbia, sob coordenação de Cynthy Haihambo, sobre a evasão escolar de estudantes de diferentes povos San – Hai//om, Ju/hoansi e !Kung – e possiveis transformações na educação dirigida a esses povos, de modo a diminui-la. Em uma das viagens de campo durante essa estadia, duas colegas da Universidade da Namíbia – Cynthy Haihambo e Misitilde Jonas-Iita – e uma mediadora Hai//om – Martha Xoagus, que mobilizava os contatos com as comunidades e lideranças locais no assentamento de Tsintsabis e arredores – nos levaram para conhecer o Sítio de Patrimônio Nacional do Lago Otjikoto, situado próximo à cidade de Tsumeb, na região de Oshiko o, a cerca de 450 quilômetros da capital do país, Windhoek. Este lago sumidouro (ou de dolina) é um dos dois únicos lagos naturais permanentes existentes no país (o outro é o lago Guinas, a apenas 32Km de distância do lago Otjikoto).O guia também relatou como o governo colonial alemão usava a água do lago na exploração de uma mina de cobre na vizinha cidade de Tsumeb, bem como que hoje a água é usada para irrigar plantações da região, que é a área agrícola mais importante do país. Ademais, ele contou que, em 1915, o exército colonial alemão, para evitar a entrega de seus armamentos a tropas da África do Sul e da Grã-Bretanha, os jogou no fundo do lago, juntamente com um cofre que até hoje não foi encontrado e do qual não se conhece o conteúdo, o que desperta a imaginação de muitos caçadores de tesouros.Segundo o guia, o lago Otjikoto foi “descoberto” pelos exploradores europeus Francis Galton (meio-primo de Darwin, envolvido com o Darwinismo social e o pensamento eugenista) e Carl Johan Andersson em 1851. Ao escutar a explicação do guia, questionamos se os povos locais já não o conheciam. Naquele momento, Martha, do povo Hai//om, o interrompeu para nos contar que, no passado, “um grupo de Hai//om estava andando pelo local, onde havia apenas um caminho de pedra. Um grupo de homens ia na frente, outro grupo de mulheres atrás. O grupo da frente falou que a terra estava tremendo e, de repente, caiu o teto da caverna e o grupo de mulheres se afogou no lago. Por isso, os Hai//om deram-lhe o nome de “lago feio” (Gaisis).” A denominação “Otjikoto” (“buraco profundo”) foi dada pelos Herero, quando passaram a ocupar a área. Este lago é até hoje considerado amaldiçoado ou mal-assombrado pelos Hai//om, relatou Martha.Esse foto-ensaio visa descrever a invisibilidade da história Hai//om e de suas relações com o Lago Gaisis ou Otjikoto. Nenhuma menção da história desse povo sobre a origem do lago é encontrada, o que contrasta com a presença de uma placa comemor","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"90 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116387826","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.258299
M. E. Leite
O trabalho que aqui apresentamos usou a fotografia como estratégia para a compreensão das características culturais do bairro Belén, importante espaço popular da cidade de Iquitos. Ao desenvolvermos a série, buscamos explorar seus espaços, tendo sido a fotografia determinante para compreender aspectos culturais da região (Guran, 2000). O trabalho foi realizado em janeiro de 2023, ao longo de três incursões, com duração aproximada de 4 horas cada.Iquitos é a capital do departamento de Loreto e a principal cidade da Amazônia peruana, seu acesso se dá apenas por meio fluvial e aéreo. Fundada em 1757 por colonizadores espanhóis, teve primeiramente o nome de San Pablo de Napalenos e ocupou território das etnias Iquitos e Napeanos. Aos poucos, a localidade se consolidou como um importante porto fluvial, especialmente no final do século XIX, quando foi palco, até a década de 1920, do ciclo de extração de borracha. Esse ciclo se configurou como um primeiro impulso de desenvolvimento da região e, consequentemente, da extração desordenada de suas riquezas naturais e a da exploração dos povos originários (Mayor; Alvarez; Bodmer; Garcia, 2009). Atualmente, Iquitos conta com aproximadamente 600 mil habitantes, sendo uma referência econômica e cultural, além de se destacar entre os destinos turísticos da região amazônica.Dividido entre a parte baixa, mais empobrecida, e a área alta, próxima ao centro, Belén é o principal bairro popular da cidade, com pouco mais de 60 mil habitantes. É nele que encontramos o mais relevante espaço de comércio da cidade, o Mercado de Belén. Na parte inferior do bairro, às margens do rio Itaya, há uma predominância de moradias, quase em sua totalidade formadas por palafitas.Tal ocupação se originou após a decadência da exploração petroleira, nos anos 1970, e a eminente necessidade de moradia por uma população migrante desempregada, que ali encontrou seu espaço (Gómez, 2005). Nos dias atuais, vemos na região um intenso comércio, seja de itens extraídos da natureza, sobretudo pescados, ou mesmo aqueles produzidos pelos ribeirinhos, como mandioca e banana, que são oferecidos por um preço menor que os encontrados mais acima, na região do mercado. Se compararmos as duas áreas, a região do Mercado de Belén se caracteriza por ter uma diversidade maior de itens, estando cercada de lojas de roupas, depósitos de bebidas, farmácias, bares, salões de beleza, entre outros. É nele, também, que são servidas refeições populares, tanto nos estabelecimentos internos do mercado, como também naqueles que estão localizados no seu entorno.Dos dois lados, o comércio vai muito além do espaço formal, tomando suas ruas, especialmente na parte baixa, onde adentra em suas vielas. Além dos produtos mais convencionais, cuja venda é habitual em outros espaços da cidade, a área oferece muitos itens retirados da floresta, como frutos nativos ou até mesmo animais silvestres, como macacos, jacarés, tartarugas e porcos do mato.O fluxo de pessoas se dá por meio de e
{"title":"Fotografar para reconhecer: O bairro Belén em Iquitos, Peru","authors":"M. E. Leite","doi":"10.51359/2526-3781.2023.258299","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.258299","url":null,"abstract":"O trabalho que aqui apresentamos usou a fotografia como estratégia para a compreensão das características culturais do bairro Belén, importante espaço popular da cidade de Iquitos. Ao desenvolvermos a série, buscamos explorar seus espaços, tendo sido a fotografia determinante para compreender aspectos culturais da região (Guran, 2000). O trabalho foi realizado em janeiro de 2023, ao longo de três incursões, com duração aproximada de 4 horas cada.Iquitos é a capital do departamento de Loreto e a principal cidade da Amazônia peruana, seu acesso se dá apenas por meio fluvial e aéreo. Fundada em 1757 por colonizadores espanhóis, teve primeiramente o nome de San Pablo de Napalenos e ocupou território das etnias Iquitos e Napeanos. Aos poucos, a localidade se consolidou como um importante porto fluvial, especialmente no final do século XIX, quando foi palco, até a década de 1920, do ciclo de extração de borracha. Esse ciclo se configurou como um primeiro impulso de desenvolvimento da região e, consequentemente, da extração desordenada de suas riquezas naturais e a da exploração dos povos originários (Mayor; Alvarez; Bodmer; Garcia, 2009). Atualmente, Iquitos conta com aproximadamente 600 mil habitantes, sendo uma referência econômica e cultural, além de se destacar entre os destinos turísticos da região amazônica.Dividido entre a parte baixa, mais empobrecida, e a área alta, próxima ao centro, Belén é o principal bairro popular da cidade, com pouco mais de 60 mil habitantes. É nele que encontramos o mais relevante espaço de comércio da cidade, o Mercado de Belén. Na parte inferior do bairro, às margens do rio Itaya, há uma predominância de moradias, quase em sua totalidade formadas por palafitas.Tal ocupação se originou após a decadência da exploração petroleira, nos anos 1970, e a eminente necessidade de moradia por uma população migrante desempregada, que ali encontrou seu espaço (Gómez, 2005). Nos dias atuais, vemos na região um intenso comércio, seja de itens extraídos da natureza, sobretudo pescados, ou mesmo aqueles produzidos pelos ribeirinhos, como mandioca e banana, que são oferecidos por um preço menor que os encontrados mais acima, na região do mercado. Se compararmos as duas áreas, a região do Mercado de Belén se caracteriza por ter uma diversidade maior de itens, estando cercada de lojas de roupas, depósitos de bebidas, farmácias, bares, salões de beleza, entre outros. É nele, também, que são servidas refeições populares, tanto nos estabelecimentos internos do mercado, como também naqueles que estão localizados no seu entorno.Dos dois lados, o comércio vai muito além do espaço formal, tomando suas ruas, especialmente na parte baixa, onde adentra em suas vielas. Além dos produtos mais convencionais, cuja venda é habitual em outros espaços da cidade, a área oferece muitos itens retirados da floresta, como frutos nativos ou até mesmo animais silvestres, como macacos, jacarés, tartarugas e porcos do mato.O fluxo de pessoas se dá por meio de e","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132402341","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.257394
Camila Andrea dos Santos
As diferenças relacionadas a fatores de classe e raciais, as desigualdades e formas de exclusão também são observadas em espaços e equipamentos públicos lúdicos dedicados às infâncias na cidade de São Luís. No quilombo da Liberdade, esses ambientes refletem o descaso do poder público: são centralizados, não sendo facilmente acessados ao conjunto da população do Bairro, encontram-se em péssimas condições de manutenção e diferem-se estética e formalmente dos espaços lúdicos das áreas com metros quadrado mais caros da cidade. Este ensaio fotoetnográfico é oriundo de um experimento social realizado com crianças no bairro da Liberdade, por meio de oficina de fotografia, visita de campo guiada pelas crianças, jogos de imaginação de cenários futuros, expressão por meio do desenho e desenvolvimento de maquetes. Com o olhar voltado para o brincar, o experimento objetivou fomentar a participação ativa das crianças no planejamento de espaços e equipamentos de caráter lúdico, além de trabalhar os conceitos de participação cidadã, protagonismo infantil, democracia, sustentabilidade, direito à cidade e direto de brincar na cidade. O ensaio retratou a situação do bairro e a percepção das crianças sobre seu lugar de brincadeira, durante o experimento.
{"title":"O lúdico no quilombo: um ensaio fotoetnográfico sobre a situação do brincar no Quilombo Urbano da Liberdade","authors":"Camila Andrea dos Santos","doi":"10.51359/2526-3781.2023.257394","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.257394","url":null,"abstract":"As diferenças relacionadas a fatores de classe e raciais, as desigualdades e formas de exclusão também são observadas em espaços e equipamentos públicos lúdicos dedicados às infâncias na cidade de São Luís. No quilombo da Liberdade, esses ambientes refletem o descaso do poder público: são centralizados, não sendo facilmente acessados ao conjunto da população do Bairro, encontram-se em péssimas condições de manutenção e diferem-se estética e formalmente dos espaços lúdicos das áreas com metros quadrado mais caros da cidade. Este ensaio fotoetnográfico é oriundo de um experimento social realizado com crianças no bairro da Liberdade, por meio de oficina de fotografia, visita de campo guiada pelas crianças, jogos de imaginação de cenários futuros, expressão por meio do desenho e desenvolvimento de maquetes. Com o olhar voltado para o brincar, o experimento objetivou fomentar a participação ativa das crianças no planejamento de espaços e equipamentos de caráter lúdico, além de trabalhar os conceitos de participação cidadã, protagonismo infantil, democracia, sustentabilidade, direito à cidade e direto de brincar na cidade. O ensaio retratou a situação do bairro e a percepção das crianças sobre seu lugar de brincadeira, durante o experimento. ","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"202 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125684923","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.259122
Parry Scott
O filme All God´s Children, é um filme produzido nas línguas indonésio e balinês, com excelentes legendas em inglês, apresentado com imagens e som de muita boa qualidade. Com muita sensibilidade e engajamento, o filme narra a história de vida de um adolescente, Idris, com autismo, ressaltando os esforços dispendidos pela mãe, por outras pessoas e por organizações para cuidar dele com respeito e oferecer uma melhora na vida dele e dos que convivem com ele. Inicia com os pais, separados, narrando a descoberta do autismo dele a partir de dois anos de idade, e os desconfortos nos relacionamentos do casal e da vizinhança. O irmão gêmeo dele, que não apresentou autismo, ficou na cidade com o pai, e a mãe voltou para a vila rural de origem com Idris. A busca de uma cura desemboca em itinerários que levam a meios biomédicos, espirituais e religiosos fora de casa, enquanto em casa, o prendia para não assustar os vizinhos incomodados com a sua maneira de ser bastante violenta e possessiva e com sua dificuldade de se comunicar. Ao longo do filme, a busca da mãe a leva ao encontro de outras pessoas que interagiam com pessoas com autismo e outras deficiências, como uma professora que narra as dificuldades de interação e questiona as práticas da família. Ela também encontra pessoas que viviam com filhos e que haviam organizado meios de tratar, com um destaque especial à organização de iniciativa local que oferecia hospedagem e cuidados numa “instituição-pousada” especialmente para eles e que se dedicava à prática de sensibilizar as comunidades sobre como viver com pessoas com deficiência. Idris, após uma decisão dolorosa, mas firme da mãe, ficou internado. Houve uma reviravolta na sua sociabilidade que permitiu uma melhor qualidade de vida para ele e para a mãe e todas as pessoas que entravam em contato com ele e até a um reencontro com o pai e irmão de quem havia se separado há bem mais de uma década. Imagem de Capa: Briana Young, Wing Ko.
{"title":"All God´S Children. Dirigido por Robert Lemelson e Chisako Yokoyama Adair. 67 Minutos. Colorido. Produzido por Annie Tucker.","authors":"Parry Scott","doi":"10.51359/2526-3781.2023.259122","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.259122","url":null,"abstract":"O filme All God´s Children, é um filme produzido nas línguas indonésio e balinês, com excelentes legendas em inglês, apresentado com imagens e som de muita boa qualidade. Com muita sensibilidade e engajamento, o filme narra a história de vida de um adolescente, Idris, com autismo, ressaltando os esforços dispendidos pela mãe, por outras pessoas e por organizações para cuidar dele com respeito e oferecer uma melhora na vida dele e dos que convivem com ele. Inicia com os pais, separados, narrando a descoberta do autismo dele a partir de dois anos de idade, e os desconfortos nos relacionamentos do casal e da vizinhança. O irmão gêmeo dele, que não apresentou autismo, ficou na cidade com o pai, e a mãe voltou para a vila rural de origem com Idris. A busca de uma cura desemboca em itinerários que levam a meios biomédicos, espirituais e religiosos fora de casa, enquanto em casa, o prendia para não assustar os vizinhos incomodados com a sua maneira de ser bastante violenta e possessiva e com sua dificuldade de se comunicar. Ao longo do filme, a busca da mãe a leva ao encontro de outras pessoas que interagiam com pessoas com autismo e outras deficiências, como uma professora que narra as dificuldades de interação e questiona as práticas da família. Ela também encontra pessoas que viviam com filhos e que haviam organizado meios de tratar, com um destaque especial à organização de iniciativa local que oferecia hospedagem e cuidados numa “instituição-pousada” especialmente para eles e que se dedicava à prática de sensibilizar as comunidades sobre como viver com pessoas com deficiência. Idris, após uma decisão dolorosa, mas firme da mãe, ficou internado. Houve uma reviravolta na sua sociabilidade que permitiu uma melhor qualidade de vida para ele e para a mãe e todas as pessoas que entravam em contato com ele e até a um reencontro com o pai e irmão de quem havia se separado há bem mais de uma década. Imagem de Capa: Briana Young, Wing Ko.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"70 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125918325","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-07-28DOI: 10.51359/2526-3781.2023.258686
Taisa Lewitzki
O ensaio visual apresenta imagens que compõe a paisagem das águas do Território Mendonça, conformada por presenças e ausências de águas, que imprimem no ambiente texturas da sazonalidade do bioma Caatinga. A partir da perspectiva de Ingold (2000; 2015) sobre a paisagem, busca-se problematizar as estratégias de vida levadas adiante pelo povo Mendonça Potiguara, no contexto de escassez de água no semiárido do Estado do Rio Grande do Norte. As fotografias produzidas com a câmera do telefone celular, resultam de caminhadas etnográficas realizadas no ano de 2021 durante a pandemia do Covid-19.
{"title":"Paisagem das Águas: Território Indígena Mendonça","authors":"Taisa Lewitzki","doi":"10.51359/2526-3781.2023.258686","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2023.258686","url":null,"abstract":"O ensaio visual apresenta imagens que compõe a paisagem das águas do Território Mendonça, conformada por presenças e ausências de águas, que imprimem no ambiente texturas da sazonalidade do bioma Caatinga. A partir da perspectiva de Ingold (2000; 2015) sobre a paisagem, busca-se problematizar as estratégias de vida levadas adiante pelo povo Mendonça Potiguara, no contexto de escassez de água no semiárido do Estado do Rio Grande do Norte. As fotografias produzidas com a câmera do telefone celular, resultam de caminhadas etnográficas realizadas no ano de 2021 durante a pandemia do Covid-19.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"61 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-07-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134454527","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-21DOI: 10.51359/2526-3781.2022.253723
Geraldo Barboza de Oliveira Junior
O Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá, localizado no município de Curaçá (Ba), distante cerca de 15 Km da sede do município foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, no ano de 2010. O território é cortado pela BR-210 ocupando um território de 15 mil hectares com uma população de 212 famílias distribuídas em 07 Comunidades: Boqueirão, Sombra da Quixaba, Primavera, Favela, jatobá, Caraíbas e Rompedor. O território se estende das margens do rio São Francisco até a Serra do Icó.A terra constitui um dos mais importantes componentes da identidade destes povos, já que é nesta relação que se constrói a identidade das mesmas; articulando, inteiramente, dentro delas suas práticas culturais e religiosas. Assim, Território e Identidade se complementam e definem os modos de viver, pensar, trabalhar e ter um olhar sobre si mesmo. Olhar esse que coloca as famílias quilombolas numa situação de alteridade em relação à “população geral”.A vida dos quilombolas de jatobá é definida pelos ciclos de chuva e estiagem para definir sua atividade agrícola. A vantagem, neste sentido, é pelo fato de que tradicionalmente as famílias utilizam de forma coletiva as margens do rio para agricultura irrigada, onde plantam: coqueiros, mangueiras, mandioca, maracujá, milho, batata doce e hortaliças (cebola, coentro, pimentão).O Território Quilombola do Jatobá é cortado pela BA 210 em toda a sua extensão. Esta rodovia tem mais de 20 anos de construída e é o caminho que liga os municípios de Juazeiro até Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Esta rodovia teve no ano de 2018 iniciada sua obra de recuperação em toda sua extensão. A obra incluia desde a recuperação das margens (ocupada por casas e comércios irregulares) até sua estrutura em si (pavimentação inexistente em alguns trechos). A situação da rodovia contribuia para a insegurança social que é endêmica (os assaltos fazem parte do cotidiano de quem trafega na por ela).Apesar de certificada pela Fundação Palmares, não foi devidamente, incluida nas tratativas do empreendimento. Não houve estudos patra diagnosticar os impactos socioambientais. Essa situação se revela mais preocupante pelo fato de que a obra está dentro da ÁREA DIRETAMENTE AFETADA do Território Quilombola do Jatobá. Um dos fatores para esta situação foi o “desmonte” na estrutura da Fundação Palmares; que não disponibilizava técnicos para acompanhar obra. Esse quadro foi favorável à empresa. Ressalto, ainda, o desconhecimento da Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia- SEINFRA em relação à Convenção 169 de Organização Internacional do Trabalho – OIT.A Convenção 169 da OIT reconhece o diteito de voz e voto nas diversas fases do Licenciamento Ambiental (Prévia, Instalaçãp e Operação) das comunidades tradicionais que são impactadas por empreendimentos considerados obras de interesse social.No ano de 2018, conheci o Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá e suas sete comunidade enquanto integrante da “Equipe Socioambiental” da empresa que era responsáv
“歌伦波拉”领地Fazenda Nova jatoba位于curaca (Ba)市,距离市政府总部约15公里,2010年被Palmares文化基金会认可。该领土被BR-210切断,占地1.5万公顷,人口212户,分布在07个社区:boqueirao, Sombra da Quixaba, Primavera, Favela, jatoba, caraibas和Rompedor。领土从sao Francisco河的河岸延伸到Serra do ico。土地是这些民族身份的最重要组成部分之一,因为正是在这种关系中建立了他们的身份;充分阐明他们的文化和宗教习俗。因此,领土和身份相辅相成,定义了生活、思考、工作和审视自己的方式。看看是什么让“歌伦波拉”家庭与“普通人口”处于不同的境地。jatoba的歌伦波拉人的生活是由降雨和干旱周期来定义他们的农业活动。这样做的好处是,传统上,家庭集体利用河岸进行灌溉农业,种植椰子树、芒果树、木薯、百香果、玉米、红薯和蔬菜(洋葱、香菜、辣椒)。jatoba的歌伦波领土被BA 210完全切断。这条高速公路已经修建了20多年,是连接Juazeiro市和巴伊亚州Paulo Afonso的道路。这条高速公路于2018年开始全面修复。这项工作包括从河岸的恢复(被不规则的房屋和商店占据)到结构本身(在一些路段没有铺路)。这条高速公路的状况导致了普遍存在的社会不安全(抢劫是通过它的人日常生活的一部分)。尽管它得到了fundacao Palmares的认证,但它并没有被适当地纳入企业谈判。目前还没有patra研究来诊断社会和环境影响。这种情况更令人担忧,因为这项工作是在jatoba的“歌伦波”地区直接受影响的地区。造成这种情况的因素之一是Palmares基金会结构的“拆除”;没有技术人员陪同工作。这种情况对公司有利。我还强调,巴伊亚州基础设施秘书处对国际劳工组织第169号公约的无知。劳工组织第169号公约承认受社会利益工程项目影响的传统社区在环境许可的各个阶段(前期、安装和运营)有发言权。2018年,作为公司负责执行工作的“社会环境团队”的成员,我遇到了“歌伦波”地区Fazenda Nova jatoba及其七个社区。该团队(实际上是一名人类学家和一名环境工程师)的培训是Palmares和国家印度基金会对SEINFRA的要求。然而,这个“团队”的工作条件在他们的日常工作中揭示了其他方面:缺乏结构,不知道要做的工作(我们也负责沟通)和欺凌。其结果是一种观点,认为人类学家的角色可能会阻碍工作的进展(换句话说,减少利润)。这一记录是“歌伦波拉”自己要求的,他们对自己的能见度低感到不满。他们明白,更多的曝光可以提供更好的公共政策途径。下面的照片展示了这七个社区的各个方面。对于“歌伦波拉”领地Fazenda Nova jatoba,我非常感谢。
{"title":"Memória fotográfica do Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá, Curaçá, Bahia.","authors":"Geraldo Barboza de Oliveira Junior","doi":"10.51359/2526-3781.2022.253723","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2022.253723","url":null,"abstract":"O Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá, localizado no município de Curaçá (Ba), distante cerca de 15 Km da sede do município foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, no ano de 2010. O território é cortado pela BR-210 ocupando um território de 15 mil hectares com uma população de 212 famílias distribuídas em 07 Comunidades: Boqueirão, Sombra da Quixaba, Primavera, Favela, jatobá, Caraíbas e Rompedor. O território se estende das margens do rio São Francisco até a Serra do Icó.A terra constitui um dos mais importantes componentes da identidade destes povos, já que é nesta relação que se constrói a identidade das mesmas; articulando, inteiramente, dentro delas suas práticas culturais e religiosas. Assim, Território e Identidade se complementam e definem os modos de viver, pensar, trabalhar e ter um olhar sobre si mesmo. Olhar esse que coloca as famílias quilombolas numa situação de alteridade em relação à “população geral”.A vida dos quilombolas de jatobá é definida pelos ciclos de chuva e estiagem para definir sua atividade agrícola. A vantagem, neste sentido, é pelo fato de que tradicionalmente as famílias utilizam de forma coletiva as margens do rio para agricultura irrigada, onde plantam: coqueiros, mangueiras, mandioca, maracujá, milho, batata doce e hortaliças (cebola, coentro, pimentão).O Território Quilombola do Jatobá é cortado pela BA 210 em toda a sua extensão. Esta rodovia tem mais de 20 anos de construída e é o caminho que liga os municípios de Juazeiro até Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Esta rodovia teve no ano de 2018 iniciada sua obra de recuperação em toda sua extensão. A obra incluia desde a recuperação das margens (ocupada por casas e comércios irregulares) até sua estrutura em si (pavimentação inexistente em alguns trechos). A situação da rodovia contribuia para a insegurança social que é endêmica (os assaltos fazem parte do cotidiano de quem trafega na por ela).Apesar de certificada pela Fundação Palmares, não foi devidamente, incluida nas tratativas do empreendimento. Não houve estudos patra diagnosticar os impactos socioambientais. Essa situação se revela mais preocupante pelo fato de que a obra está dentro da ÁREA DIRETAMENTE AFETADA do Território Quilombola do Jatobá. Um dos fatores para esta situação foi o “desmonte” na estrutura da Fundação Palmares; que não disponibilizava técnicos para acompanhar obra. Esse quadro foi favorável à empresa. Ressalto, ainda, o desconhecimento da Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia- SEINFRA em relação à Convenção 169 de Organização Internacional do Trabalho – OIT.A Convenção 169 da OIT reconhece o diteito de voz e voto nas diversas fases do Licenciamento Ambiental (Prévia, Instalaçãp e Operação) das comunidades tradicionais que são impactadas por empreendimentos considerados obras de interesse social.No ano de 2018, conheci o Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá e suas sete comunidade enquanto integrante da “Equipe Socioambiental” da empresa que era responsáv","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"19 4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124916924","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-21DOI: 10.51359/2526-3781.2022.256870
M. Bittencourt
A etnia Fulni-ô está localizada na região hidrográfica do São Francisco, na sub-bacia do rio Ipanema, no sertão e agreste nordestino, envolvida pelo município de Águas Belas, no Estado de Pernambuco. O grupo étnico tem quatro séculos de ‘contato cultural’ em sua história (DÍAZ, 2015), na qual desenvolveu ao longo dos anos formas de adaptação e obtenção de recursos em uma ‘sociedade de meios escassos’ (REESINK. REESINK, 2007). O turismo comunitário indígena e as performances das cafurnas - surgidas na década de 80 - são formas de inserção socioeconômica no contexto artístico e religioso, que buscam melhorar a qualidade de vida étnica através da autogestão territorial por meio de “alianças” entre grupos sociais. Logo, o ambiente das caatingas e do sertão que é visto pela óptica hegemônica nacional como um lugar inóspito, seco e de difícil convivência ganha novas projeções. Pois,o modelo de convivência territorial Fulni-ô revelam adaptações e meios de produção singulares que ganham novas possibilidades de trocas simbólicas e de produção cultural.Geralmente, no contexto do turismo indígena e étnico há uma exotização da vida indígena (MAGNANI, 2014; GRUNEWALD, 2009, 2020), entretanto, é possível destacar a dinamicidade cultural por meio das práticas que demonstram uma ‘continuidade em transformação’ (REESINK, 2016), à exemplo do indígena que utiliza da pintura corporal para proteção ao mesmo tempo em que registra o ato de se pintar com seu celular. Ou, a transformação das casas de palha que eram as antigas moradias e que hoje são utilizadas como locais sagrados dos antepassados e de rememoração dos trajetos históricos vivenciados. Tais ações evidenciam o ‘contato cultural’ (FERNANDES, 2009 [1975]) e as maneiras com que os Fulni-ô lidam com sua tradição (HOBSBAWN, 1997), que criativamente resguarda um modelo de organização que seleciona características e emblemas culturais (BARTH, 1969). Nestas atividades do turismo indígena os Fulni-ô através das cafurnas e demais expressões culturais contam, cantam e dançam a sua etnohistória dramatizando a vida indígena e realizando maneiras pedagógicas de aprendizado aos “turistas”, ao destacarem como os indígenas sobreviveram durante anos de invizibilização. É desta maneira, que os Fulni-ô mostram que existem indígenas no Nordeste do Brasil com língua viva (yaathe) e modelos plurais de exercício da autonomia territorial.As pinturas, cafurnas e artesanatos são formas xamânicas dos Fulni-ô apresentarem sua tradição e um modelo particular de convivência com o bioma da caatinga, das pedras e das palhas do coqueiro do ouricouri (Syagrus coronata), logo, pintar-se e trançar as palhas tem um significado de vestir-se desse território que compõe a condição sine qua non da identidade e sobrevivência étnica. Pois, como cantam os indígenas: “índio é terra e ninguém vai separar!” Tal ensaio foi produzido em Fevereiro de 2019 durante a etnografia da pesquisa de doutorado – Fluxos de Comunicação Fulni-ô: territorialidade, cosmol
{"title":"Performance das cafurnas Fulni-ô na “Reserva Canto dos Guerreiros”","authors":"M. Bittencourt","doi":"10.51359/2526-3781.2022.256870","DOIUrl":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2022.256870","url":null,"abstract":"A etnia Fulni-ô está localizada na região hidrográfica do São Francisco, na sub-bacia do rio Ipanema, no sertão e agreste nordestino, envolvida pelo município de Águas Belas, no Estado de Pernambuco. O grupo étnico tem quatro séculos de ‘contato cultural’ em sua história (DÍAZ, 2015), na qual desenvolveu ao longo dos anos formas de adaptação e obtenção de recursos em uma ‘sociedade de meios escassos’ (REESINK. REESINK, 2007). O turismo comunitário indígena e as performances das cafurnas - surgidas na década de 80 - são formas de inserção socioeconômica no contexto artístico e religioso, que buscam melhorar a qualidade de vida étnica através da autogestão territorial por meio de “alianças” entre grupos sociais. Logo, o ambiente das caatingas e do sertão que é visto pela óptica hegemônica nacional como um lugar inóspito, seco e de difícil convivência ganha novas projeções. Pois,o modelo de convivência territorial Fulni-ô revelam adaptações e meios de produção singulares que ganham novas possibilidades de trocas simbólicas e de produção cultural.Geralmente, no contexto do turismo indígena e étnico há uma exotização da vida indígena (MAGNANI, 2014; GRUNEWALD, 2009, 2020), entretanto, é possível destacar a dinamicidade cultural por meio das práticas que demonstram uma ‘continuidade em transformação’ (REESINK, 2016), à exemplo do indígena que utiliza da pintura corporal para proteção ao mesmo tempo em que registra o ato de se pintar com seu celular. Ou, a transformação das casas de palha que eram as antigas moradias e que hoje são utilizadas como locais sagrados dos antepassados e de rememoração dos trajetos históricos vivenciados. Tais ações evidenciam o ‘contato cultural’ (FERNANDES, 2009 [1975]) e as maneiras com que os Fulni-ô lidam com sua tradição (HOBSBAWN, 1997), que criativamente resguarda um modelo de organização que seleciona características e emblemas culturais (BARTH, 1969). Nestas atividades do turismo indígena os Fulni-ô através das cafurnas e demais expressões culturais contam, cantam e dançam a sua etnohistória dramatizando a vida indígena e realizando maneiras pedagógicas de aprendizado aos “turistas”, ao destacarem como os indígenas sobreviveram durante anos de invizibilização. É desta maneira, que os Fulni-ô mostram que existem indígenas no Nordeste do Brasil com língua viva (yaathe) e modelos plurais de exercício da autonomia territorial.As pinturas, cafurnas e artesanatos são formas xamânicas dos Fulni-ô apresentarem sua tradição e um modelo particular de convivência com o bioma da caatinga, das pedras e das palhas do coqueiro do ouricouri (Syagrus coronata), logo, pintar-se e trançar as palhas tem um significado de vestir-se desse território que compõe a condição sine qua non da identidade e sobrevivência étnica. Pois, como cantam os indígenas: “índio é terra e ninguém vai separar!” Tal ensaio foi produzido em Fevereiro de 2019 durante a etnografia da pesquisa de doutorado – Fluxos de Comunicação Fulni-ô: territorialidade, cosmol","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129515681","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}