Pub Date : 2022-12-31DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12646
Vanessa Rodrigues Becker Pinto, E. Moura
O presente ensaio teórico versa sobre a temática do imperativo da felicidade na contemporaneidade, contemplando o atual momento histórico de crise pandêmica. Para tanto, busca-se na interface entre psicologia e outras áreas de conhecimento, tais como ciências sociais, filosofia e psicanálise, a inteligibilidade necessária para apreensão do estudo. Inicialmente, pretende-se realizar um breve resgate sobre as concepções de felicidade ao longo da história, refletindo sobre como as transformações da cultura permitiram que a felicidade fosse deslocada do campo do sonho para o campo do dever. Posteriormente, propõe-se abordar o lugar que a felicidade, transformada em imperativo, ocupa na contemporaneidade, atravessada pelo discurso capitalista neoliberal e pelos argumentos da sociedade de consumo e desempenho. Por fim, sugere-se que a cartografia social contemporânea, sob a égide do neoliberalismo e seus reflexos na cultura, incide sobre os processos de subjetivação em forma de adoecimento.
{"title":"O Imperativo da Felicidade na Contemporaneidade","authors":"Vanessa Rodrigues Becker Pinto, E. Moura","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12646","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12646","url":null,"abstract":"O presente ensaio teórico versa sobre a temática do imperativo da felicidade na contemporaneidade, contemplando o atual momento histórico de crise pandêmica. Para tanto, busca-se na interface entre psicologia e outras áreas de conhecimento, tais como ciências sociais, filosofia e psicanálise, a inteligibilidade necessária para apreensão do estudo. Inicialmente, pretende-se realizar um breve resgate sobre as concepções de felicidade ao longo da história, refletindo sobre como as transformações da cultura permitiram que a felicidade fosse deslocada do campo do sonho para o campo do dever. Posteriormente, propõe-se abordar o lugar que a felicidade, transformada em imperativo, ocupa na contemporaneidade, atravessada pelo discurso capitalista neoliberal e pelos argumentos da sociedade de consumo e desempenho. Por fim, sugere-se que a cartografia social contemporânea, sob a égide do neoliberalismo e seus reflexos na cultura, incide sobre os processos de subjetivação em forma de adoecimento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124493678","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12759
Larissa Ramos da Silva, Andrea Gabriela Ferrari
Karen Horney foi uma psicanalista alemã, pioneira da psicanálise, que publicou importantes textos nas décadas de 1920 e 1930, notadamente quando uma discussão intensa sobre a feminilidade despontava nos círculos psicanalíticos, mobilizando diversos autores e autoras. Mesmo assim, sua obra é pouco conhecida no Brasil. Desse modo, o presente artigo tem como objetivo o resgate de algumas de suas principais contribuições no que tange à crítica ao referencial masculino na psicanálise, com vistas a apontar sua relevância histórica e as possibilidades de inserção de suas formulações no contexto atual de discussões sobre psicanálise, feminismos e estudos de gênero no Brasil.
{"title":"Psicanálise e Feminismo em Karen Horney: A Crítica ao Referencial Masculino","authors":"Larissa Ramos da Silva, Andrea Gabriela Ferrari","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12759","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12759","url":null,"abstract":"Karen Horney foi uma psicanalista alemã, pioneira da psicanálise, que publicou importantes textos nas décadas de 1920 e 1930, notadamente quando uma discussão intensa sobre a feminilidade despontava nos círculos psicanalíticos, mobilizando diversos autores e autoras. Mesmo assim, sua obra é pouco conhecida no Brasil. Desse modo, o presente artigo tem como objetivo o resgate de algumas de suas principais contribuições no que tange à crítica ao referencial masculino na psicanálise, com vistas a apontar sua relevância histórica e as possibilidades de inserção de suas formulações no contexto atual de discussões sobre psicanálise, feminismos e estudos de gênero no Brasil.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"34 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126587360","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-26DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12588
Rocelly Cunha, M. Dimenstein, C. Dantas
Objetivou-se discutir os efeitos das exigências da excelência científica na saúde das bolsistas PQ/CNPq da psicologia. Utilizou-se questionário on-line aplicado a uma amostra não probabilística de 85 mulheres, dentre as 204 bolsistas PQ/CNPq cadastradas no sistema e entrevistas remotas com 24 delas. As pesquisadoras identificam processos de adoecimento em razão das exigências do trabalho acadêmico e de pesquisa. Consideram que sustentar a carreira científica em nível de excelência em um contexto machista, patriarcal, desigual e precarizado reverbera negativamente na saúde. As mulheres, diferentemente dos pesquisadores homens, precisam lidar cotidianamente com o sexismo institucionalizado, com a discriminação e as hierarquias de poder nas universidades e instituições de pesquisa. Além disso, com as responsabilidades domésticas e familiares que ainda estão fortemente associadas às mulheres na cultura machista que impregna a sociedade brasileira. Esses fatores as tornam mais vulneráveis ao sofrimento e adoecimento. Percebe-se que as exigências acadêmicas se articulam às desigualdades de gênero, criando um ambiente propício à expansão dos gradientes de vulnerabilidade e intensificação do sofrimento psíquico, bem como de adesão das mulheres à racionalidade individualizante hegemônica que desconecta a produção de adoecimento do gerenciamento da vida e das imposições de gênero.
{"title":"O Impacto das Exigências de Excelência Científica na Saúde de Pesquisadoras PQ/CNPq da Psicologia","authors":"Rocelly Cunha, M. Dimenstein, C. Dantas","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12588","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12588","url":null,"abstract":"Objetivou-se discutir os efeitos das exigências da excelência científica na saúde das bolsistas PQ/CNPq da psicologia. Utilizou-se questionário on-line aplicado a uma amostra não probabilística de 85 mulheres, dentre as 204 bolsistas PQ/CNPq cadastradas no sistema e entrevistas remotas com 24 delas. As pesquisadoras identificam processos de adoecimento em razão das exigências do trabalho acadêmico e de pesquisa. Consideram que sustentar a carreira científica em nível de excelência em um contexto machista, patriarcal, desigual e precarizado reverbera negativamente na saúde. As mulheres, diferentemente dos pesquisadores homens, precisam lidar cotidianamente com o sexismo institucionalizado, com a discriminação e as hierarquias de poder nas universidades e instituições de pesquisa. Além disso, com as responsabilidades domésticas e familiares que ainda estão fortemente associadas às mulheres na cultura machista que impregna a sociedade brasileira. Esses fatores as tornam mais vulneráveis ao sofrimento e adoecimento. Percebe-se que as exigências acadêmicas se articulam às desigualdades de gênero, criando um ambiente propício à expansão dos gradientes de vulnerabilidade e intensificação do sofrimento psíquico, bem como de adesão das mulheres à racionalidade individualizante hegemônica que desconecta a produção de adoecimento do gerenciamento da vida e das imposições de gênero.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125210954","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-26DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12781
Radamés Nicolodelli Silva, Maria Gláucia Pires Calzavara, Roberto Pires Calazans
Neste artigo, interrogamos o modo particular de uso da linguagem utilizado pelo sujeito autista. Apoiados em leituras de autobiografias de autistas adolescentes e adultos e em fragmentos da escuta de um caso clínico, utilizamos como método de pesquisa a psicanálise aplicada associada à revisão bibliográfica e à construção do caso clínico a partir da recordação de fragmentos da escuta do caso. Fizemos um percurso bibliográfico pelos principais autores que tratam das questões referentes à linguagem no autismo e um percurso por alguns relatos autobiográficos de sujeitos autistas e seu fazer com a enunciação. Concluímos, a partir do caso Luca, que o uso de duas línguas para se expressar, a linguagem técnica sustentada por sua ilha de competência e o uso de neologismos apontam para a dimensão estrutural do autismo. Ou seja, esse sujeito, ao não assentir à incorporação da voz do Outro, para depois recusá-la, demonstra sua dificuldade em estabelecer uma posição de sujeito da enunciação. No entanto, de modo particular, Luca mostra seu modo único de estruturar um saber diante de alíngua para se fazer enunciador.
{"title":"O que nos Ensinam os Autistas sobre sua Posição na Linguagem","authors":"Radamés Nicolodelli Silva, Maria Gláucia Pires Calzavara, Roberto Pires Calazans","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12781","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12781","url":null,"abstract":"Neste artigo, interrogamos o modo particular de uso da linguagem utilizado pelo sujeito autista. Apoiados em leituras de autobiografias de autistas adolescentes e adultos e em fragmentos da escuta de um caso clínico, utilizamos como método de pesquisa a psicanálise aplicada associada à revisão bibliográfica e à construção do caso clínico a partir da recordação de fragmentos da escuta do caso. Fizemos um percurso bibliográfico pelos principais autores que tratam das questões referentes à linguagem no autismo e um percurso por alguns relatos autobiográficos de sujeitos autistas e seu fazer com a enunciação. Concluímos, a partir do caso Luca, que o uso de duas línguas para se expressar, a linguagem técnica sustentada por sua ilha de competência e o uso de neologismos apontam para a dimensão estrutural do autismo. Ou seja, esse sujeito, ao não assentir à incorporação da voz do Outro, para depois recusá-la, demonstra sua dificuldade em estabelecer uma posição de sujeito da enunciação. No entanto, de modo particular, Luca mostra seu modo único de estruturar um saber diante de alíngua para se fazer enunciador.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"64 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130284954","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-24DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12585
Thales Alberto Fonseca Vicente, Fuad Kyrillos Neto
Partimos, no presente artigo, de uma premissa central: a de que os impasses com os quais a Reforma Psiquiátrica Brasileira vem se confrontando nos últimos anos só são satisfatoriamente apreendidos se tomados em referência a uma análise dos impasses com os quais se defronta a própria democracia no Brasil. Nesse sentido, estaríamos assistindo a uma mesma problemática sob escalas sociais distintas, que se expressa na busca pela tutela explícita da loucura pelas instituições, e da democracia pelos militares. Partindo disso, procuramos identificar, por meio de uma interpretação dialética do processo histórico em curso, o que condiciona tais impasses na trajetória de nossa democracia e da luta antimanicomial enquanto hipóteses emancipatórias cujo potencial de materialização ainda é passível de ser verificado.
{"title":"Retorno dos Fantasmas: Democracia Tutelada e seus Ecos na Reforma Psiquiátrica Brasileira","authors":"Thales Alberto Fonseca Vicente, Fuad Kyrillos Neto","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12585","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12585","url":null,"abstract":"Partimos, no presente artigo, de uma premissa central: a de que os impasses com os quais a Reforma Psiquiátrica Brasileira vem se confrontando nos últimos anos só são satisfatoriamente apreendidos se tomados em referência a uma análise dos impasses com os quais se defronta a própria democracia no Brasil. Nesse sentido, estaríamos assistindo a uma mesma problemática sob escalas sociais distintas, que se expressa na busca pela tutela explícita da loucura pelas instituições, e da democracia pelos militares. Partindo disso, procuramos identificar, por meio de uma interpretação dialética do processo histórico em curso, o que condiciona tais impasses na trajetória de nossa democracia e da luta antimanicomial enquanto hipóteses emancipatórias cujo potencial de materialização ainda é passível de ser verificado.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"220 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133234219","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-23DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12584
Antônio Lopes Filho, Eduardo Steindorf Saraiva, Mozart Linhares da Silva
Inspirada em Medeia, tragédia de Eurípedes, Anjo Negro – peça escrita por Nelson Rodrigues em 1946 – conta a trajetória de um casal inter-racial que se põe a velar seu terceiro filho assassinado. Ele, homem negro, médico. Ela, mulher branca, aprisionada pelo marido entre os muros da mansão do casal. Através da escrita dramatúrgica de Rodrigues, buscamos refletir o dispositivo da racialidade e da resistência na produção artística, bem como a produção de subjetividade no país da mítica democracia racial. Quando faltam palavras para pôr em pauta o sofrimento gerado no processo de racialização do sujeito negro, em oposição à branquitude tomada enquanto norma e identidade não racializada, a arte oferece o transbordamento, o movimento e a resistência. Arriscamo-nos em uma análise ensaística, compreendendo a autoria enquanto uma multiplicidade: quem escreve, escreve com muitos, com um período histórico e seus empreendimentos. Assim também lemos Anjo Negro, em busca da compreensão do que a obra comunicou quando produzida e o que hoje representa.
{"title":"O Devir Racial em Anjo Negro","authors":"Antônio Lopes Filho, Eduardo Steindorf Saraiva, Mozart Linhares da Silva","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12584","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12584","url":null,"abstract":"Inspirada em Medeia, tragédia de Eurípedes, Anjo Negro – peça escrita por Nelson Rodrigues em 1946 – conta a trajetória de um casal inter-racial que se põe a velar seu terceiro filho assassinado. Ele, homem negro, médico. Ela, mulher branca, aprisionada pelo marido entre os muros da mansão do casal. Através da escrita dramatúrgica de Rodrigues, buscamos refletir o dispositivo da racialidade e da resistência na produção artística, bem como a produção de subjetividade no país da mítica democracia racial. Quando faltam palavras para pôr em pauta o sofrimento gerado no processo de racialização do sujeito negro, em oposição à branquitude tomada enquanto norma e identidade não racializada, a arte oferece o transbordamento, o movimento e a resistência. Arriscamo-nos em uma análise ensaística, compreendendo a autoria enquanto uma multiplicidade: quem escreve, escreve com muitos, com um período histórico e seus empreendimentos. Assim também lemos Anjo Negro, em busca da compreensão do que a obra comunicou quando produzida e o que hoje representa.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"347 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115886741","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i3.e12545
L. Dias, Fernanda Canavêz
A proposição, por Freud, do complexo de Édipo suscitou um controverso debate em torno da validade universal desse constructo, de seu alcance como uma invariável fora do marco civilizatório-europeu. O objetivo deste artigo é localizar a particularidade da contribuição de Frantz Fanon a esse debate. A hipótese que encaminhamos é que, através da sentença que proclama a insuficiência do Édipo nos domínios da colonização, Fanon encontra caminhos para enunciar a desconsideração da diferença racial em psicanálise. Em uma perspectiva que se apoia em uma metodologia de pesquisa bibliográfica, assumimos uma linha crítica que interliga o complexo em questão à noção lacaniana de estágio do espelho. Com isso, mostraremos como a recusa ao modelo edipiano serve a Fanon para circunscrever os limites de um modelo abstrato que, desconsiderando a marcação racial, não atenta à diferencialidade da situação colonial, que fabrica o negro em condição de subalternidade. Para o negro, o trauma não decorre de uma reedição da mecânica edipiana, mas do encontro com o mundo branco. Assim, em um primeiro momento, apresentaremos a crítica de Fanon ao Édipo, para, em seguida, apontar como esta reflete, particularmente, a interlocução de Fanon com a primeira formulação de Lacan sobre o imaginário. Finalmente, indicaremos como elementos centrais do complexo – a sexualidade e o narcisismo – permitem a Fanon apresentar a construção do negro como mito.
{"title":"Complexo de Édipo e Diferença Racial em Psicanálise","authors":"L. Dias, Fernanda Canavêz","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12545","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12545","url":null,"abstract":"A proposição, por Freud, do complexo de Édipo suscitou um controverso debate em torno da validade universal desse constructo, de seu alcance como uma invariável fora do marco civilizatório-europeu. O objetivo deste artigo é localizar a particularidade da contribuição de Frantz Fanon a esse debate. A hipótese que encaminhamos é que, através da sentença que proclama a insuficiência do Édipo nos domínios da colonização, Fanon encontra caminhos para enunciar a desconsideração da diferença racial em psicanálise. Em uma perspectiva que se apoia em uma metodologia de pesquisa bibliográfica, assumimos uma linha crítica que interliga o complexo em questão à noção lacaniana de estágio do espelho. Com isso, mostraremos como a recusa ao modelo edipiano serve a Fanon para circunscrever os limites de um modelo abstrato que, desconsiderando a marcação racial, não atenta à diferencialidade da situação colonial, que fabrica o negro em condição de subalternidade. Para o negro, o trauma não decorre de uma reedição da mecânica edipiana, mas do encontro com o mundo branco. Assim, em um primeiro momento, apresentaremos a crítica de Fanon ao Édipo, para, em seguida, apontar como esta reflete, particularmente, a interlocução de Fanon com a primeira formulação de Lacan sobre o imaginário. Finalmente, indicaremos como elementos centrais do complexo – a sexualidade e o narcisismo – permitem a Fanon apresentar a construção do negro como mito.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"57 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114868997","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i2.e12117
T. R. Rocha, Yan Lázaro Santos
O Coletivo de Psicanálise na Praça Roosevelt foi fundado em 2017, com o intuito de oferecer atendimento psicanalítico gratuito semanal na Praça Roosevelt, na cidade de São Paulo. Além das sessões aos sábados, realizadas em praça pública, possui um processo de intervisões semanais, nas quais são discutidos aspectos tanto do próprio Coletivo quanto dos casos clínicos adotados pelo mesmo. A pesquisa tem como principal objetivo investigar o trabalho realizado na Praça em seus aspectos técnicos, transferenciais e políticos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com membros ativos e os resultados permearam sobre tópicos a respeito do espaço de atendimento, rotatividade, tempo, contrato, desmonetização, desejo do analista e apresentação de casos mais graves. A discussão foi organizada a partir do método de análise de conteúdo de Turato, estando organizada em três tópicos: (I) aspectos técnicos e transferenciais no setting na Praça Roosevelt; (II) a Psicanálise e o psicanalista no coletivo; (III) a Psicanálise na praça e seus aspectos políticos. Conclui-se que o modelo de clínica aberta em espaço público é potente e sua reprodução deve se embasar na política do não-saber e na transferência, representando a psicanálise em suas potencialidades clínicas, além de potencializar seu caráter político subversivo.
{"title":"Coletivo Psicanálise na Praça Roosevelt: Um Contexto de Psicanálise Extramuros","authors":"T. R. Rocha, Yan Lázaro Santos","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i2.e12117","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i2.e12117","url":null,"abstract":"O Coletivo de Psicanálise na Praça Roosevelt foi fundado em 2017, com o intuito de oferecer atendimento psicanalítico gratuito semanal na Praça Roosevelt, na cidade de São Paulo. Além das sessões aos sábados, realizadas em praça pública, possui um processo de intervisões semanais, nas quais são discutidos aspectos tanto do próprio Coletivo quanto dos casos clínicos adotados pelo mesmo. A pesquisa tem como principal objetivo investigar o trabalho realizado na Praça em seus aspectos técnicos, transferenciais e políticos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com membros ativos e os resultados permearam sobre tópicos a respeito do espaço de atendimento, rotatividade, tempo, contrato, desmonetização, desejo do analista e apresentação de casos mais graves. A discussão foi organizada a partir do método de análise de conteúdo de Turato, estando organizada em três tópicos: (I) aspectos técnicos e transferenciais no setting na Praça Roosevelt; (II) a Psicanálise e o psicanalista no coletivo; (III) a Psicanálise na praça e seus aspectos políticos. Conclui-se que o modelo de clínica aberta em espaço público é potente e sua reprodução deve se embasar na política do não-saber e na transferência, representando a psicanálise em suas potencialidades clínicas, além de potencializar seu caráter político subversivo.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"58 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124174950","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-09DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i2.e12039
L. Carvalho, Alessandra Aguiar Vieira, T. Peixoto
As doenças cardiovasculares são consideradas a maior causa de mortes no mundo. Os cuidados aos cardiopatas têm demandado esforços dos serviços de saúde e muitos psicólogos e psicanalistas, que compõem equipes multidisciplinares, se embasam na teoria psicanalítica para fundamentar suas práticas clínicas junto a esse público. Este estudo tem como objetivo investigar de que forma a experiência do infarto agudo do miocárdio (IAM) impacta um indivíduo, na sua dimensão psique-soma, conceito proposto por Donald Winnicott. Através do método de relato de caso, acessamos o material clínico produzido pelo registro dos atendimentos psicológicos de uma paciente infartada, acompanhada pelo pesquisador no período de um ano e meio. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética e teve consentimento da paciente. Baseado na teoria winnicottiana, percebemos que o infarto provocou abalos na dimensão psique-soma – causando episódios de despersonalização, grande fragilidade emocional, medo da morte, desesperança – e revelou seu caráter traumático, dada sua ação invasiva e abrupta. O processo psicanalítico nesse caso clínico se mostrou como um dispositivo de acolhimento e intervenção, no qual a paciente pôde revisitar a própria história, integrar situações traumáticas e recuperar sua esperança e desejo de viver.
{"title":"Do Infarto à Esperança de Viver: Impactos Psicossomáticos de uma Experiência Traumática","authors":"L. Carvalho, Alessandra Aguiar Vieira, T. Peixoto","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i2.e12039","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i2.e12039","url":null,"abstract":"As doenças cardiovasculares são consideradas a maior causa de mortes no mundo. Os cuidados aos cardiopatas têm demandado esforços dos serviços de saúde e muitos psicólogos e psicanalistas, que compõem equipes multidisciplinares, se embasam na teoria psicanalítica para fundamentar suas práticas clínicas junto a esse público. Este estudo tem como objetivo investigar de que forma a experiência do infarto agudo do miocárdio (IAM) impacta um indivíduo, na sua dimensão psique-soma, conceito proposto por Donald Winnicott. Através do método de relato de caso, acessamos o material clínico produzido pelo registro dos atendimentos psicológicos de uma paciente infartada, acompanhada pelo pesquisador no período de um ano e meio. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética e teve consentimento da paciente. Baseado na teoria winnicottiana, percebemos que o infarto provocou abalos na dimensão psique-soma – causando episódios de despersonalização, grande fragilidade emocional, medo da morte, desesperança – e revelou seu caráter traumático, dada sua ação invasiva e abrupta. O processo psicanalítico nesse caso clínico se mostrou como um dispositivo de acolhimento e intervenção, no qual a paciente pôde revisitar a própria história, integrar situações traumáticas e recuperar sua esperança e desejo de viver.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129277041","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-09DOI: 10.5020/23590777.rs.v22i2.e11820
R. Amaral, L. Coutinho
O presente trabalho foi construído a partir do estudo de um caso atendido durante a Especialização em Psiquiatria e Psicanálise com crianças e adolescentes no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trata-se de um caso de uma adolescente de 13 anos que se autolesionava por meio de cortes em seu corpo. Tal prática, que consiste em autoinfligir cortes ou outros tipos de escarificações ao próprio corpo, vem crescendo na contemporaneidade, principalmente entre adolescentes. Visamos aqui, a partir do caso atendido, trazer aportes teóricos a respeito dessas questões através de uma revisão bibliográfica de autores que trabalham a autolesão na adolescência, pensada como recurso frente à angústia e ao desamparo do “adolescer”. No caso da paciente atendida, os cortes se relacionam a demandas insatisfeitas dirigidas principalmente a sua mãe, que, ao longo dos atendimentos, foram se desdobrando como um apelo ao Outro, por olhar e escuta. Hipotetizamos que o processo analítico possibilitou que a paciente passasse de uma demanda alienante ao Outro, através dos cortes, a uma demanda em nome próprio elaborada por ela pela via da palavra, onde se impõe uma marca do desejo que a implica subjetivamente.
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