Pub Date : 2022-02-02DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e8882
Mayse Itagiba Rooke, Nara Liana Pereira Silva
A família que experiencia processos de resiliência conquista recursos vitais para lidar de forma mais eficiente com os desafios futuros, sugerindo a estabilidade do grupo. Este estudo investigou a trajetória desse construto a partir da análise de níveis de estresse, depressão, suporte familiar e fatores protetores em quatro famílias compostas por mãe, pai e filhos, tendo um deles a síndrome de Down (SD). A idade média das mães foi de 40,7 anos, a dos pais de 38,5 anos, do filho com SD de 15,7 meses e do filho com desenvolvimento típico (DT), quando existente, de 10,2 anos. Foram realizadas visitas nas residências em três momentos ao longo de um ano. Em cada uma delas, ambos os genitores responderam ao Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp, ao Inventário de Depressão de Beck, ao Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e a uma entrevista semiestruturada. O filho com DT respondeu à Escala de Estresse Infantil, ao IPSF e à entrevista. Todos os familiares responderam juntos ao Inventário dos Fatores Protetores da Família (IFPF). Os resultados indicam que os processos de resiliência familiar mantiveram-se estáveis ao longo do tempo. Distintas associações foram encontradas entre os construtos, a depender do momento de testagem dos membros familiares. De forma geral, níveis mais altos de estresse e depressão parecem interferir negativamente nos processos de resiliência familiar. Por outro lado, a maior percepção de suporte familiar e maior presença de fatores protetores parecem estar relacionadas à presença de indicativos desse fenômeno psicológico.
{"title":"Trajetória de Resiliência em Famílias de Crianças com Síndrome de Down","authors":"Mayse Itagiba Rooke, Nara Liana Pereira Silva","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e8882","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e8882","url":null,"abstract":"A família que experiencia processos de resiliência conquista recursos vitais para lidar de forma mais eficiente com os desafios futuros, sugerindo a estabilidade do grupo. Este estudo investigou a trajetória desse construto a partir da análise de níveis de estresse, depressão, suporte familiar e fatores protetores em quatro famílias compostas por mãe, pai e filhos, tendo um deles a síndrome de Down (SD). A idade média das mães foi de 40,7 anos, a dos pais de 38,5 anos, do filho com SD de 15,7 meses e do filho com desenvolvimento típico (DT), quando existente, de 10,2 anos. Foram realizadas visitas nas residências em três momentos ao longo de um ano. Em cada uma delas, ambos os genitores responderam ao Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp, ao Inventário de Depressão de Beck, ao Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e a uma entrevista semiestruturada. O filho com DT respondeu à Escala de Estresse Infantil, ao IPSF e à entrevista. Todos os familiares responderam juntos ao Inventário dos Fatores Protetores da Família (IFPF). Os resultados indicam que os processos de resiliência familiar mantiveram-se estáveis ao longo do tempo. Distintas associações foram encontradas entre os construtos, a depender do momento de testagem dos membros familiares. De forma geral, níveis mais altos de estresse e depressão parecem interferir negativamente nos processos de resiliência familiar. Por outro lado, a maior percepção de suporte familiar e maior presença de fatores protetores parecem estar relacionadas à presença de indicativos desse fenômeno psicológico.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"53 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128931951","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-02DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11569
Melina Friedrich Dupont, Sândhya Siqueira Marques, Thaís de Castro Jury Arnoud, L. Habigzang
A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública que configura uma grave violação dos direitos humanos e que pode desencadear uma série de consequências de curto, médio e longo prazo nas esferas cognitiva, emocional e física da vítima. Ainda, crianças e adolescentes com deficiências apresentam maior risco de sofrer violências interpessoais que a população geral, incluindo violência sexual. Compreende-se, então, que o tratamento psicológico pode ser importante para a promoção de resiliência nessa população, de modo a auxiliar no enfrentamento da violência. O objetivo deste artigo de revisão narrativa de literatura é discutir quais são as principais evidências científicas relacionadas ao tratamento psicológico para promoção de resiliência em crianças e adolescentes com deficiência que sofreram violência sexual. Como principais resultados, encontrou-se que a maior parte dos protocolos de tratamento para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual excluem da sua amostra pessoas com deficiências, de modo que estudos voltados para essa população são escassos na literatura. Diante desse cenário, ressalta-se a importância do desenvolvimento de estudos empíricos que forneçam evidências científicas e diretrizes de tratamento para crianças e adolescentes com deficiência vítimas de violência sexual, bem como o investimento em capacitações para profissionais da área.
{"title":"Promoção de Resiliência e Tratamento Psicológico para Crianças e Adolescentes com Deficiência Vítimas de Violência Sexual","authors":"Melina Friedrich Dupont, Sândhya Siqueira Marques, Thaís de Castro Jury Arnoud, L. Habigzang","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11569","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11569","url":null,"abstract":"A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública que configura uma grave violação dos direitos humanos e que pode desencadear uma série de consequências de curto, médio e longo prazo nas esferas cognitiva, emocional e física da vítima. Ainda, crianças e adolescentes com deficiências apresentam maior risco de sofrer violências interpessoais que a população geral, incluindo violência sexual. Compreende-se, então, que o tratamento psicológico pode ser importante para a promoção de resiliência nessa população, de modo a auxiliar no enfrentamento da violência. O objetivo deste artigo de revisão narrativa de literatura é discutir quais são as principais evidências científicas relacionadas ao tratamento psicológico para promoção de resiliência em crianças e adolescentes com deficiência que sofreram violência sexual. Como principais resultados, encontrou-se que a maior parte dos protocolos de tratamento para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual excluem da sua amostra pessoas com deficiências, de modo que estudos voltados para essa população são escassos na literatura. Diante desse cenário, ressalta-se a importância do desenvolvimento de estudos empíricos que forneçam evidências científicas e diretrizes de tratamento para crianças e adolescentes com deficiência vítimas de violência sexual, bem como o investimento em capacitações para profissionais da área.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"117232798","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-02DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11181
Isabela Samogim Santos, Alex Sandro Gomes Pessoa, A. Gomes, Leticia Yuki de Araújo Furukawa
A inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior foi uma conquista histórica e repercutiu em dimensões políticas, sociais e psicológicas deste segmento. Este artigo teve por objetivo verificar como a inserção no ensino superior auxilia a promoção de resiliência de estudantes universitários com deficiência. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e com recorte transversal. O trabalho de campo ocorreu em duas universidades (uma pública e outra privada), de uma cidade de médio porte do interior do estado de São Paulo. Após a definição dos critérios de inclusão, foram recrutados sete participantes, sendo cinco com deficiência visual e dois com deficiência física. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e reflexivas, com todo o material integralmente transcrito e, posteriormente, submetido à análise de conteúdo. Os resultados foram sistematizados em torno de cinco categoriais: a) afirmação identitária e não-vitimização; b) possibilidade de nutrir projetos de vida; c) diferença e reciprocidade; d) experiências de altruísmo; e) participação social, senso crítico e reivindicação de direitos. A pesquisa evidenciou que o acesso à universidade repercutiu de forma positiva na vida dos participantes, impulsionando-os à manutenção e/ou construção de projetos de vida, na promoção do bem-estar e na descoberta de novas possibilidades de existência, antes pouco vivenciadas.
{"title":"Processos de Resiliência em Estudantes Universitários com Deficiência","authors":"Isabela Samogim Santos, Alex Sandro Gomes Pessoa, A. Gomes, Leticia Yuki de Araújo Furukawa","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11181","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11181","url":null,"abstract":"A inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior foi uma conquista histórica e repercutiu em dimensões políticas, sociais e psicológicas deste segmento. Este artigo teve por objetivo verificar como a inserção no ensino superior auxilia a promoção de resiliência de estudantes universitários com deficiência. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e com recorte transversal. O trabalho de campo ocorreu em duas universidades (uma pública e outra privada), de uma cidade de médio porte do interior do estado de São Paulo. Após a definição dos critérios de inclusão, foram recrutados sete participantes, sendo cinco com deficiência visual e dois com deficiência física. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e reflexivas, com todo o material integralmente transcrito e, posteriormente, submetido à análise de conteúdo. Os resultados foram sistematizados em torno de cinco categoriais: a) afirmação identitária e não-vitimização; b) possibilidade de nutrir projetos de vida; c) diferença e reciprocidade; d) experiências de altruísmo; e) participação social, senso crítico e reivindicação de direitos. A pesquisa evidenciou que o acesso à universidade repercutiu de forma positiva na vida dos participantes, impulsionando-os à manutenção e/ou construção de projetos de vida, na promoção do bem-estar e na descoberta de novas possibilidades de existência, antes pouco vivenciadas.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130432727","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e9704
Victor Luis Clavisso Portugal, A. Holanda
Do fato de que Husserl e o movimento fenomenológico preocuparam-se em fundamentalmente oferecer uma ciência transcendental que buscasse rigorosamente identificar as estruturas da experiência bem como a natureza do conhecimento, não surpreende que também outras disciplinas se interessassem em conhecer e aplicar algumas de suas propostas e resultados. Este debate, que desde os primórdios da fenomenologia já toma forma, hoje é atualizado em discussões tanto na psicopatologia fenomenológica contemporânea bem como no campo de pesquisa qualitativa que faz algum uso da fenomenologia. O presente artigo busca primeiramente apresentar a tensão existente ao longo do movimento fenomenológico acerca da possibilidade, validade e utilidade da fenomenologia fora da filosofia fenomenológica. Em seguida, argumentamos que, a partir dos exemplos de Jaspers e da corrente de psicopatologia fenomenológica clássica e contemporânea, é possível oferecer motivos suficientes para justificar tanto a possibilidade de um uso não-filosófico da fenomenologia, bem como sua proficuidade. Não cremos que os propósitos primordiais da filosofia fenomenológica sejam os de estabelecer e fornecer um framework para as várias outras disciplinas; entretanto, uma concepção mais compreensiva da ciência fenomenológica e de seu debatido histórico mostra que seus resultados e possibilidades apresentam-se frutíferos para as ciências, as quais hoje se contrapõem às diversas formas de reducionismo em diversos campos do conhecimento.
{"title":"A Tensão acerca da Aplicação da Fenomenologia: Jaspers e a Psicopatologia Fenomenológica","authors":"Victor Luis Clavisso Portugal, A. Holanda","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e9704","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e9704","url":null,"abstract":"Do fato de que Husserl e o movimento fenomenológico preocuparam-se em fundamentalmente oferecer uma ciência transcendental que buscasse rigorosamente identificar as estruturas da experiência bem como a natureza do conhecimento, não surpreende que também outras disciplinas se interessassem em conhecer e aplicar algumas de suas propostas e resultados. Este debate, que desde os primórdios da fenomenologia já toma forma, hoje é atualizado em discussões tanto na psicopatologia fenomenológica contemporânea bem como no campo de pesquisa qualitativa que faz algum uso da fenomenologia. O presente artigo busca primeiramente apresentar a tensão existente ao longo do movimento fenomenológico acerca da possibilidade, validade e utilidade da fenomenologia fora da filosofia fenomenológica. Em seguida, argumentamos que, a partir dos exemplos de Jaspers e da corrente de psicopatologia fenomenológica clássica e contemporânea, é possível oferecer motivos suficientes para justificar tanto a possibilidade de um uso não-filosófico da fenomenologia, bem como sua proficuidade. Não cremos que os propósitos primordiais da filosofia fenomenológica sejam os de estabelecer e fornecer um framework para as várias outras disciplinas; entretanto, uma concepção mais compreensiva da ciência fenomenológica e de seu debatido histórico mostra que seus resultados e possibilidades apresentam-se frutíferos para as ciências, as quais hoje se contrapõem às diversas formas de reducionismo em diversos campos do conhecimento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"39 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126912945","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e9305
Mariana Salles Kehl, Maria Isabel Fortes
Considerando-se a dissolução dos valores tradicionais modernos e as particularidades das configurações subjetivas engendradas na Contemporaneidade, este artigo propõe uma reflexão teórica a partir da reassunção do percurso psicanalítico lacaniano no que se refere à formulação do registro imaginário, destacando seu liame com a violência e seus desdobramentos no corpo. Para tanto, percorre-se o caráter essencial do estádio do espelho na formação do Eu, a conflituosa e intrínseca relação com o outro, as distinções teóricas entre agressividade e violência, os fundamentos do corpo com o qual a Psicanálise opera e sua compreensão como desenlace sintomático favorecido pelo ato. Por fim, delineiam-se os recursos que a clínica psicanalítica pode oferecer frente a tal conjuntura.
{"title":"Do liame entre Imaginário e Violência: Desenlaces no Corpo","authors":"Mariana Salles Kehl, Maria Isabel Fortes","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e9305","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e9305","url":null,"abstract":"Considerando-se a dissolução dos valores tradicionais modernos e as particularidades das configurações subjetivas engendradas na Contemporaneidade, este artigo propõe uma reflexão teórica a partir da reassunção do percurso psicanalítico lacaniano no que se refere à formulação do registro imaginário, destacando seu liame com a violência e seus desdobramentos no corpo. Para tanto, percorre-se o caráter essencial do estádio do espelho na formação do Eu, a conflituosa e intrínseca relação com o outro, as distinções teóricas entre agressividade e violência, os fundamentos do corpo com o qual a Psicanálise opera e sua compreensão como desenlace sintomático favorecido pelo ato. Por fim, delineiam-se os recursos que a clínica psicanalítica pode oferecer frente a tal conjuntura.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"306 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115842769","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e9431
A. Correia, C. Lang
O psiquiatra francês Georges Lantéri-Laura utilizou-se do conceito de “paradigma”, trabalhado por T. S. Kuhn, para dar conta da racionalidade e da história da psicopatologia. No seu Ensaio sobre os paradigmas da psiquiatria moderna, Lantéri-Laura estabeleceu três paradigmas, situados entre o final do século XVIII e o final do século XX. O primeiro paradigma tem em seu centro a ideia de alienação mental. O segundo trabalha com a noção de que existem as doenças mentais. O terceiro vale-se da noção de estrutura e define as grandes estruturas psicopatológicas. Dessa forma, este ensaio teórico teve como ponto de partida a revisão histórica das tradições psiquiátricas realizada por Lantéri-Laura, buscando avançar e incluir as discussões contemporâneas na proposta de defender um quarto paradigma psiquiátrico orientado pelo conceito de síndrome. Nesse estudo é possível identificar duas lógicas psicopatológicas bastante distintas – uma psicanalítica e outra comportamental –, na qual se funda o Diagnostic and statistic manual of mental disorders (DSM), manual da Associação Americana de Psiquiatria (APA). Para tal fez-se necessária a elaboração de um breve contexto da DSM e de suas cinco edições sobre as principais críticas a esse sistema classificatório. Por fim, discute-se o destino do sistema DSM em face dos novos sistemas diagnósticos emergentes e se conclui que a psicopatologia é um campo diacrônico, em que as mudanças e as atualizações são constantes e necessárias.
法国精神病学家Georges lanteri -Laura使用了T. S. Kuhn提出的“范式”概念来解释精神病理学的合理性和历史。在她关于现代精神病学范式的文章中,lanteri -Laura建立了三个范式,位于18世纪末和20世纪末之间。第一种范式的核心是精神异化的概念。第二种观点认为精神疾病是存在的。第三部分利用结构的概念,定义了主要的精神病理结构。因此,这篇理论文章以lanteri -Laura对精神病学传统的历史回顾为出发点,寻求推进并包括当代讨论,以捍卫第四种以综合症概念为导向的精神病学范式。在这项研究中,有可能确定两种截然不同的精神病理逻辑——一种是精神分析的,另一种是行为的——这是美国精神病学协会(APA)的精神障碍诊断和统计手册(DSM)的基础。为此,有必要详细阐述DSM的简要背景及其对这一分类系统的主要批评的五个版本。最后,我们讨论了DSM系统面对新出现的诊断系统的命运,并得出结论,精神病理学是一个历时性的领域,其中的变化和更新是持续的和必要的。
{"title":"Está se Constituindo um Novo Paradigma Psiquiátrico?","authors":"A. Correia, C. Lang","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e9431","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e9431","url":null,"abstract":"O psiquiatra francês Georges Lantéri-Laura utilizou-se do conceito de “paradigma”, trabalhado por T. S. Kuhn, para dar conta da racionalidade e da história da psicopatologia. No seu Ensaio sobre os paradigmas da psiquiatria moderna, Lantéri-Laura estabeleceu três paradigmas, situados entre o final do século XVIII e o final do século XX. O primeiro paradigma tem em seu centro a ideia de alienação mental. O segundo trabalha com a noção de que existem as doenças mentais. O terceiro vale-se da noção de estrutura e define as grandes estruturas psicopatológicas. Dessa forma, este ensaio teórico teve como ponto de partida a revisão histórica das tradições psiquiátricas realizada por Lantéri-Laura, buscando avançar e incluir as discussões contemporâneas na proposta de defender um quarto paradigma psiquiátrico orientado pelo conceito de síndrome. Nesse estudo é possível identificar duas lógicas psicopatológicas bastante distintas – uma psicanalítica e outra comportamental –, na qual se funda o Diagnostic and statistic manual of mental disorders (DSM), manual da Associação Americana de Psiquiatria (APA). Para tal fez-se necessária a elaboração de um breve contexto da DSM e de suas cinco edições sobre as principais críticas a esse sistema classificatório. Por fim, discute-se o destino do sistema DSM em face dos novos sistemas diagnósticos emergentes e se conclui que a psicopatologia é um campo diacrônico, em que as mudanças e as atualizações são constantes e necessárias.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128533375","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11404
Aline Pompeu Silveira, E. Cerqueira-Santos
Buscou-se verificar as relações entre preditores e efeitos associados à variável abertura e sua relação com a prevenção sexual e reprodutiva de mulheres lésbicas. Conduziu-se um estudo com 1.146 mulheres brasileiras autoidentificadas como lésbicas com idade média de 23 anos. A principal hipótese foi que o distress, a abertura geral, a abertura para o profissional de saúde e as variáveis sociodemográficas interferem na prevenção sexual e reprodutiva dessa população. Os dados foram coletados por instrumento on-line autoaplicável, realizando-se análises descritivas e inferenciais, além de observadas diferenças de pertencimento a grupos. Os resultados indicaram que mulheres lésbicas têm pouco conhecimento sobre práticas preventivas e discute-se que a ausência de abertura/confiabilidade interfere no acesso de mulheres lésbicas a serviços de saúde, bem como na qualidade do atendimento, o que por conseguinte afeta sua prevenção sexual e reprodutiva. Dessa forma, alerta-se para a necessidade de um maior preparo dos profissionais de saúde para melhor compreender as demandas específicas de mulheres lésbicas para assim, então, instruí-las sobre prevenção, além de proporcionar um ambiente acolhedor no atendimento.
{"title":"Fatores Associados à Prevenção Sexual e Reprodutiva de Mulheres Lésbicas","authors":"Aline Pompeu Silveira, E. Cerqueira-Santos","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11404","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11404","url":null,"abstract":"Buscou-se verificar as relações entre preditores e efeitos associados à variável abertura e sua relação com a prevenção sexual e reprodutiva de mulheres lésbicas. Conduziu-se um estudo com 1.146 mulheres brasileiras autoidentificadas como lésbicas com idade média de 23 anos. A principal hipótese foi que o distress, a abertura geral, a abertura para o profissional de saúde e as variáveis sociodemográficas interferem na prevenção sexual e reprodutiva dessa população. Os dados foram coletados por instrumento on-line autoaplicável, realizando-se análises descritivas e inferenciais, além de observadas diferenças de pertencimento a grupos. Os resultados indicaram que mulheres lésbicas têm pouco conhecimento sobre práticas preventivas e discute-se que a ausência de abertura/confiabilidade interfere no acesso de mulheres lésbicas a serviços de saúde, bem como na qualidade do atendimento, o que por conseguinte afeta sua prevenção sexual e reprodutiva. Dessa forma, alerta-se para a necessidade de um maior preparo dos profissionais de saúde para melhor compreender as demandas específicas de mulheres lésbicas para assim, então, instruí-las sobre prevenção, além de proporcionar um ambiente acolhedor no atendimento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"70 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122074709","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11317
Davi Mamblona Marques Romão, Alan Osmo
O objetivo deste artigo é analisar a forma como a violência é apresentada nos programas de jornalismo policial televisivo e debater os possíveis efeitos dos programas em seus telespectadores. Selecionamos como material de análise algumas edições de programas do gênero: do Brasil Urgente (TV Bandeirantes São Paulo), do Cidade Alerta e do Balanço Geral (ambos da TV Record São Paulo). Uma amostra aleatória de sete edições foi gravada, transcrita e submetida à análise qualitativa de discurso. Como fundamentação teórica para a interpretação dos programas, utilizou-se um referencial oriundo da Teoria Crítica da sociedade. A partir da análise, chegamos à conclusão de que a estrutura do jornalismo policial parece provocar dois grandes efeitos em seu público: 1) ela coloca seus telespectadores em uma posição conformista, por meio da qual o sistema social é protegido e reforçado; 2) os programas alimentam uma forma paranoica de relação com a realidade social, a partir da construção de uma visão de mundo fundada no medo. O estudo indica, por fim, que programas do gênero podem alimentar processo de exclusão social, ao consolidar estigmas e preconceitos, além de reforçar demandas por um Estado autoritário e violento.
本文的目的是分析暴力是如何在电视警察新闻节目中呈现的,并讨论这些节目对观众可能产生的影响。我们选择了一些版本的节目作为分析材料:do Brasil Urgente (TV Bandeirantes sao Paulo), Cidade Alerta和do balance Geral(都来自TV Record sao Paulo)。随机选取七个版本进行录音、转录并进行定性话语分析。作为解释节目的理论基础,我们使用了来自社会批判理论的参考。通过分析,我们得出结论,警察新闻的结构似乎对其受众产生了两大影响:1)它将观众置于一种墨守成规的地位,从而保护和加强了社会制度;2)从建立基于恐惧的世界观开始,节目培养了一种与社会现实的偏执关系。最后,研究表明,性别项目可以通过巩固耻辱和偏见,以及加强对独裁和暴力国家的要求,助长社会排斥的过程。
{"title":"O Perigo Mora ao Lado: Jornalismo Policial Televisivo e Paranoia","authors":"Davi Mamblona Marques Romão, Alan Osmo","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11317","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11317","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é analisar a forma como a violência é apresentada nos programas de jornalismo policial televisivo e debater os possíveis efeitos dos programas em seus telespectadores. Selecionamos como material de análise algumas edições de programas do gênero: do Brasil Urgente (TV Bandeirantes São Paulo), do Cidade Alerta e do Balanço Geral (ambos da TV Record São Paulo). Uma amostra aleatória de sete edições foi gravada, transcrita e submetida à análise qualitativa de discurso. Como fundamentação teórica para a interpretação dos programas, utilizou-se um referencial oriundo da Teoria Crítica da sociedade. A partir da análise, chegamos à conclusão de que a estrutura do jornalismo policial parece provocar dois grandes efeitos em seu público: 1) ela coloca seus telespectadores em uma posição conformista, por meio da qual o sistema social é protegido e reforçado; 2) os programas alimentam uma forma paranoica de relação com a realidade social, a partir da construção de uma visão de mundo fundada no medo. O estudo indica, por fim, que programas do gênero podem alimentar processo de exclusão social, ao consolidar estigmas e preconceitos, além de reforçar demandas por um Estado autoritário e violento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"72 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128846832","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11461
V. Belarmino, M. Dimenstein
A experiência urbana nas cidades contemporâneas consiste em um tema que atrai o interesse de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, movidos pelo compromisso ético-político de enfrentamento às racionalidades e discursos que corroboram para o esvaziamento da experiência urbana e reforçam mecanismos de exclusão nas cidades, disciplinarização, higienização, homogeneização e segregação dos corpos considerados abjetos e indesejáveis. Nesse campo, a experiência urbana de homens gays, entretanto, é um tema ainda pouco explorado, apesar de demonstrar ser capaz de produzir modos de subjetivação na cidade, subverter e ressignificar os usos esperados dos espaços. Portanto, partindo da interrogação acerca dos efeitos de uma cidade excitada pela homossexualidade, objetiva-se analisar de que modo a experiência urbana de homens gays cisgêneros tem sido abordada na literatura científica. Para tanto, realizou-se revisão sistemática da literatura de artigos indexados no Portal de periódicos CAPES publicados até abril de 2020. Ao longo dos anos, o tema cresce em número de publicações. Demonstrou ser majoritariamente desenvolvido nas Ciências Humanas, a partir de abordagem qualitativa. Há predomínio de pesquisadores do sexo masculino, os quais realizam imersão em campo. Dois eixos de análise condensam as principais discussões desses artigos: (1) Gestão das Diferenças na cidade; e (2) Homossociabilidade e fragmentação das experiências urbanas. O primeiro, aborda a articulação entre os processos de generificação-gentrificação dos espaços e os marcadores sociais da diferença: espaços públicos, estabelecimentos comerciais/de consumo/de lazer e ambientes virtuais apresentam diferentes graus de abertura à gestão das diferenças na cidade. O segundo, explora as próprias relações homossexuais mediadas por normas sociais e relações de poder, revelando uma homossexualidade estilhaçada em diversos estereótipos. A concentração em cidades metropolitanas, nos espaços e momentos de lazer/divertimento ou em usos mediados pelo consumo são algumas limitações desses estudos, ao reforçarem um modelo global de gay, descarrilhado das experiências cotidianas.
{"title":"Experiência Urbana Gay na Cidade: uma Revisão Sistemática","authors":"V. Belarmino, M. Dimenstein","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11461","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11461","url":null,"abstract":"A experiência urbana nas cidades contemporâneas consiste em um tema que atrai o interesse de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, movidos pelo compromisso ético-político de enfrentamento às racionalidades e discursos que corroboram para o esvaziamento da experiência urbana e reforçam mecanismos de exclusão nas cidades, disciplinarização, higienização, homogeneização e segregação dos corpos considerados abjetos e indesejáveis. Nesse campo, a experiência urbana de homens gays, entretanto, é um tema ainda pouco explorado, apesar de demonstrar ser capaz de produzir modos de subjetivação na cidade, subverter e ressignificar os usos esperados dos espaços. Portanto, partindo da interrogação acerca dos efeitos de uma cidade excitada pela homossexualidade, objetiva-se analisar de que modo a experiência urbana de homens gays cisgêneros tem sido abordada na literatura científica. Para tanto, realizou-se revisão sistemática da literatura de artigos indexados no Portal de periódicos CAPES publicados até abril de 2020. Ao longo dos anos, o tema cresce em número de publicações. Demonstrou ser majoritariamente desenvolvido nas Ciências Humanas, a partir de abordagem qualitativa. Há predomínio de pesquisadores do sexo masculino, os quais realizam imersão em campo. Dois eixos de análise condensam as principais discussões desses artigos: (1) Gestão das Diferenças na cidade; e (2) Homossociabilidade e fragmentação das experiências urbanas. O primeiro, aborda a articulação entre os processos de generificação-gentrificação dos espaços e os marcadores sociais da diferença: espaços públicos, estabelecimentos comerciais/de consumo/de lazer e ambientes virtuais apresentam diferentes graus de abertura à gestão das diferenças na cidade. O segundo, explora as próprias relações homossexuais mediadas por normas sociais e relações de poder, revelando uma homossexualidade estilhaçada em diversos estereótipos. A concentração em cidades metropolitanas, nos espaços e momentos de lazer/divertimento ou em usos mediados pelo consumo são algumas limitações desses estudos, ao reforçarem um modelo global de gay, descarrilhado das experiências cotidianas.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"30 3 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116864009","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-10DOI: 10.5020/23590777.rs.v21i3.e11349
Paulo Roberto da Silva Júnior, Claudia Mayorga
Jovens que nem estudam, nem trabalham e nem procuram emprego têm sido nomeados/as como jovens nem-nem, em diferentes contextos sociais. Tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, a juventude nem-nem tem ocupado um lugar de destaque no meio acadêmico, na mídia e nas intervenções por parte do Estado e de outros atores sociais, todos buscando formas de atuar sobre o problema. Diante desse cenário, buscamos compreender as noções construídas sobre os/as jovens nomeados/as como nem-nem, bem como as propostas de controle e regulação produzidas por diferentes atores da sociedade para eles/as. A partir de uma pesquisa documental, apresentamos neste artigo os resultados de uma análise lexical realizada com o auxílio do programa ALCESTE – Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto. Os resultados destacam os principais universos semânticos sobre os/as jovens nomeados/as nem-nem em trechos retirados de onze (11) edições do documento Trabalho Decente e Juventude da Organização Internacional do Trabalho. Problematizamos algumas noções que convidam a pensar os/as jovens ditos/as nem-nem como sujeitos vulneráveis e como grupo de risco, sendo as respostas mais imediatas direcionadas ao investimento na subjetividade do/a jovem, reatualizando o mito dos/as jovens pobres como classe perigosa, sem com isso levar em consideração a reprodução social da nossa desigualdade.
{"title":"Análise Lexical sobre o/a Jovem Nem-Nem no Documento Trabalho Decente e Juventude/OIT","authors":"Paulo Roberto da Silva Júnior, Claudia Mayorga","doi":"10.5020/23590777.rs.v21i3.e11349","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11349","url":null,"abstract":"Jovens que nem estudam, nem trabalham e nem procuram emprego têm sido nomeados/as como jovens nem-nem, em diferentes contextos sociais. Tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, a juventude nem-nem tem ocupado um lugar de destaque no meio acadêmico, na mídia e nas intervenções por parte do Estado e de outros atores sociais, todos buscando formas de atuar sobre o problema. Diante desse cenário, buscamos compreender as noções construídas sobre os/as jovens nomeados/as como nem-nem, bem como as propostas de controle e regulação produzidas por diferentes atores da sociedade para eles/as. A partir de uma pesquisa documental, apresentamos neste artigo os resultados de uma análise lexical realizada com o auxílio do programa ALCESTE – Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto. Os resultados destacam os principais universos semânticos sobre os/as jovens nomeados/as nem-nem em trechos retirados de onze (11) edições do documento Trabalho Decente e Juventude da Organização Internacional do Trabalho. Problematizamos algumas noções que convidam a pensar os/as jovens ditos/as nem-nem como sujeitos vulneráveis e como grupo de risco, sendo as respostas mais imediatas direcionadas ao investimento na subjetividade do/a jovem, reatualizando o mito dos/as jovens pobres como classe perigosa, sem com isso levar em consideração a reprodução social da nossa desigualdade.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"102 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124071869","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}