Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.35387
Matheus Trevizam
Neste artigo, temos o objetivo de discutir como Rutílio Tauro Emiliano Paládio (séc. IV-V d.C.) reescreve a tradição agronômica da literatura latina. Como discutiremos, isso ocorre porque, primeiramente, no livro XV de seu Opus agriculturae, ele se dedica a dar feições poéticas ao assunto do enxerto arbóreo, assim como fizera Virgílio em Geórgicas II, 69-82. Em segundo lugar, quando insere esse mesmo livro – majoritariamente escrito sob a forma de dísticos elegíacos – em meio a um tratado técnico prosístico, Paládio repercute procedimentos antes adotados por Lúcio Júnio Moderato Columela (séc. I d.C.) para o livro X de seu De re rustica. Contudo, sempre introduzindo adaptações e remodelagens atinentes às suas escolhas, o autor de Opus agriculturae renova a tradição de escrita multissecular em que se insere.
{"title":"Carmen de insitione de Paládio como reescrita da tradição agronômica latina","authors":"Matheus Trevizam","doi":"10.35699/2317-2096.2021.35387","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.35387","url":null,"abstract":"Neste artigo, temos o objetivo de discutir como Rutílio Tauro Emiliano Paládio (séc. IV-V d.C.) reescreve a tradição agronômica da literatura latina. Como discutiremos, isso ocorre porque, primeiramente, no livro XV de seu Opus agriculturae, ele se dedica a dar feições poéticas ao assunto do enxerto arbóreo, assim como fizera Virgílio em Geórgicas II, 69-82. Em segundo lugar, quando insere esse mesmo livro – majoritariamente escrito sob a forma de dísticos elegíacos – em meio a um tratado técnico prosístico, Paládio repercute procedimentos antes adotados por Lúcio Júnio Moderato Columela (séc. I d.C.) para o livro X de seu De re rustica. Contudo, sempre introduzindo adaptações e remodelagens atinentes às suas escolhas, o autor de Opus agriculturae renova a tradição de escrita multissecular em que se insere.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41260203","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.34545
P. Oliveira
O artigo estuda a relação entre espaço, memória e cultura e toma como referências literárias os romances Desde que o samba é samba, de Paulo Lins (2012) e A lua triste descamba, de Nei Lopes (2012). Concentrados em duas áreas específicas da cidade do Rio de Janeiro, a Cidade Nova, no Centro, e os subúrbios de Oswaldo Cruz e Madureira, as duas obras se complementam no processo de ressignificação das cartografias urbanas, físicas e de memória que configuram uma poética narrativa do espaço. O estudo tem caráter comparativo, dialogando com diversas outras obras de temática afim, enquanto que o referencial teórico se concentra no estudo de alguns teóricos que tematizam as relações entre espaço público e cultura, como Bruno Carvalho (2019), Eni P. Orlandi (2004) e Renato Cordeiro Gomes (1994), dentre outros.
{"title":"Espaço, memória e cultura","authors":"P. Oliveira","doi":"10.35699/2317-2096.2021.34545","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.34545","url":null,"abstract":"O artigo estuda a relação entre espaço, memória e cultura e toma como referências literárias os romances Desde que o samba é samba, de Paulo Lins (2012) e A lua triste descamba, de Nei Lopes (2012). Concentrados em duas áreas específicas da cidade do Rio de Janeiro, a Cidade Nova, no Centro, e os subúrbios de Oswaldo Cruz e Madureira, as duas obras se complementam no processo de ressignificação das cartografias urbanas, físicas e de memória que configuram uma poética narrativa do espaço. O estudo tem caráter comparativo, dialogando com diversas outras obras de temática afim, enquanto que o referencial teórico se concentra no estudo de alguns teóricos que tematizam as relações entre espaço público e cultura, como Bruno Carvalho (2019), Eni P. Orlandi (2004) e Renato Cordeiro Gomes (1994), dentre outros.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45721313","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.33516
Vima Lia de Rossi Martin, A. Bueno
Este artigo focaliza o movimento literário conhecido como poetry slam em diálogo com a noção do direito à cidade. Por meio da análise dos princípios de ação do Slam da Guilhermina e do Slam Resistência, observamos de que modo esses coletivos representam ideias plurais de ocupação e apropriação de espaços físicos e sociais, consolidando-se como eventos que promovem o direito de viver experiências literárias e socioculturais na periferia e no centro de São Paulo. Nesse sentido, o trabalho constata que ambos os eventos vêm transformando as relações de poetas e frequentadores com o espaço urbano a que pertencem e por onde transitam.
{"title":"Slam e o direito à cidade","authors":"Vima Lia de Rossi Martin, A. Bueno","doi":"10.35699/2317-2096.2021.33516","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.33516","url":null,"abstract":"Este artigo focaliza o movimento literário conhecido como poetry slam em diálogo com a noção do direito à cidade. Por meio da análise dos princípios de ação do Slam da Guilhermina e do Slam Resistência, observamos de que modo esses coletivos representam ideias plurais de ocupação e apropriação de espaços físicos e sociais, consolidando-se como eventos que promovem o direito de viver experiências literárias e socioculturais na periferia e no centro de São Paulo. Nesse sentido, o trabalho constata que ambos os eventos vêm transformando as relações de poetas e frequentadores com o espaço urbano a que pertencem e por onde transitam.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47419035","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.29678
Felipe Moralles e Moraes
A partir do conto “Teoria do medalhão”, enfrento três interpretações correntes sobre a obra machadiana – de uma obra que ironiza criticamente as relações baseadas na hierarquia, escravidão e troca de favores, como lê Roberto Schwarz, ou de uma obra que ironiza o ser humano cinicamente, assim Alfredo Bosi, ou tragicamente, assim Rogério de Almeida. Argumento que o conto retrata a função de ornamentação da esfera pública brasileira no momento importante da reconfiguração de uma sociedade rural e estratificada em uma urbana e massificada, como anunciava o movimento republicano. E que a ironia machadiana tem em vista o potencial transformador de uma esfera pública culta, racional e não ornamental, ainda que subalterna, presente na literatura.
{"title":"mudança da esfera pública brasileira na “Teoria do medalhão”, de Machado de Assis","authors":"Felipe Moralles e Moraes","doi":"10.35699/2317-2096.2021.29678","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.29678","url":null,"abstract":"A partir do conto “Teoria do medalhão”, enfrento três interpretações correntes sobre a obra machadiana – de uma obra que ironiza criticamente as relações baseadas na hierarquia, escravidão e troca de favores, como lê Roberto Schwarz, ou de uma obra que ironiza o ser humano cinicamente, assim Alfredo Bosi, ou tragicamente, assim Rogério de Almeida. Argumento que o conto retrata a função de ornamentação da esfera pública brasileira no momento importante da reconfiguração de uma sociedade rural e estratificada em uma urbana e massificada, como anunciava o movimento republicano. E que a ironia machadiana tem em vista o potencial transformador de uma esfera pública culta, racional e não ornamental, ainda que subalterna, presente na literatura.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46554705","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.32565
I. Graciano
O debate sobre a autoficção e a noção de pós-autonomia são indicadores da relação entre ficção e realidade no romance contemporâneo. Considerando a prosa de Silviano Santiago e Ricardo Lísias, percebe-se que a ficção deixa de ser um tópico central no romance, sendo apenas um elemento entre outros em sua elaboração. A isso chamamos de textualidade coextensiva, quando se enfraquece a representação inventiva em favor da articulação de diferentes gêneros textuais na escrita romanesca. Assim, esses gêneros são ressignificados não por meio de uma ficcionalização totalizante que os abarca, mas pela atribuição do valor de obra literária por estarem circunscritos ao signo do romance. Essa indeterminação bio-ficcional da narrativa romanesca tem transformado as estratégias pelas quais o(a) escritor(a) atua no espaço público hoje, quando se relativiza a diferença entre escritor e personagem.
{"title":"Espaço público e romance como textualidades coextensivas","authors":"I. Graciano","doi":"10.35699/2317-2096.2021.32565","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.32565","url":null,"abstract":"O debate sobre a autoficção e a noção de pós-autonomia são indicadores da relação entre ficção e realidade no romance contemporâneo. Considerando a prosa de Silviano Santiago e Ricardo Lísias, percebe-se que a ficção deixa de ser um tópico central no romance, sendo apenas um elemento entre outros em sua elaboração. A isso chamamos de textualidade coextensiva, quando se enfraquece a representação inventiva em favor da articulação de diferentes gêneros textuais na escrita romanesca. Assim, esses gêneros são ressignificados não por meio de uma ficcionalização totalizante que os abarca, mas pela atribuição do valor de obra literária por estarem circunscritos ao signo do romance. Essa indeterminação bio-ficcional da narrativa romanesca tem transformado as estratégias pelas quais o(a) escritor(a) atua no espaço público hoje, quando se relativiza a diferença entre escritor e personagem.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45810289","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.26321
Matheus de Brito
Contribuições recentes aos estudos do Renascimento e da Retórica promovem uma revisão de perspectivas na história literária com consequências amplas para a compreensão da poesia de Camões e de seus contemporâneos. Embora haja estudos prévios, a poesia de Quinhentos não foi discutida de forma satisfatória através das lentes da retórica enquanto sua pragmática textual histórica. Um conjunto de mudanças iniciadas nas últimas três décadas – da Historiografia, Sociologia, Estudos dos Media – trouxe à luz uma tal lacuna na matriz já secular de conceitos através dos quais “períodos literários” são entendidos e, consequentemente, textos poéticos do passado. Isto indica a necessidade de estabelecer conceitos epistemicamente mais sólidos, plausíveis e situados. O presente artigo introduz algumas questões relativas ao campo semântico de “poeta” e “poesia lírica”, e pretende indicar alguns tópicos que levem a uma compreensão mais complexa dos aspectos pragmáticos da poesia no contexto da produção simbólica do século XVI.
{"title":"Para os conceitos de “poeta” e “poesia” nas poéticas retóricas do século XVI","authors":"Matheus de Brito","doi":"10.35699/2317-2096.2021.26321","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.26321","url":null,"abstract":"Contribuições recentes aos estudos do Renascimento e da Retórica promovem uma revisão de perspectivas na história literária com consequências amplas para a compreensão da poesia de Camões e de seus contemporâneos. Embora haja estudos prévios, a poesia de Quinhentos não foi discutida de forma satisfatória através das lentes da retórica enquanto sua pragmática textual histórica. Um conjunto de mudanças iniciadas nas últimas três décadas – da Historiografia, Sociologia, Estudos dos Media – trouxe à luz uma tal lacuna na matriz já secular de conceitos através dos quais “períodos literários” são entendidos e, consequentemente, textos poéticos do passado. Isto indica a necessidade de estabelecer conceitos epistemicamente mais sólidos, plausíveis e situados. O presente artigo introduz algumas questões relativas ao campo semântico de “poeta” e “poesia lírica”, e pretende indicar alguns tópicos que levem a uma compreensão mais complexa dos aspectos pragmáticos da poesia no contexto da produção simbólica do século XVI.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43563744","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.33561
Júnior Vilarino
O objetivo deste artigo é situar o filme Bacurau em uma estética, em constante delineamento no cinema brasileiro contemporâneo, de representação de territórios periféricos nos quais o espaço consiste em uma heterotopia condicionante da viabilidade das personagens, cuja precariedade compartilhada propicia sua aliança na esfera pública. Abordam-se também duas questões: primeiramente, a coextensão entre as esferas privada e pública na formação de um espaço convergente do aparecimento e da luta; em seguida, a relação entre critérios sociais, econômicos e de identidade de gênero na aliança entre personagens diferentemente precárias. Conceitos como viabilidade, espaço convergente, precariedade e aparecimento, de Judith Butler (2018), e heterotopia, de Michel Foucault (2013), fundamentam as análises.
{"title":"Por bares, museus e cemitérios","authors":"Júnior Vilarino","doi":"10.35699/2317-2096.2021.33561","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.33561","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é situar o filme Bacurau em uma estética, em constante delineamento no cinema brasileiro contemporâneo, de representação de territórios periféricos nos quais o espaço consiste em uma heterotopia condicionante da viabilidade das personagens, cuja precariedade compartilhada propicia sua aliança na esfera pública. Abordam-se também duas questões: primeiramente, a coextensão entre as esferas privada e pública na formação de um espaço convergente do aparecimento e da luta; em seguida, a relação entre critérios sociais, econômicos e de identidade de gênero na aliança entre personagens diferentemente precárias. Conceitos como viabilidade, espaço convergente, precariedade e aparecimento, de Judith Butler (2018), e heterotopia, de Michel Foucault (2013), fundamentam as análises.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45124260","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.34505
Angela Guida, Miguel Ángel Prado Benavides
Pretende-se engendrar uma discussão acerca dos espaços públicos, como espaços potentes para reescrever as narrativas de um povo por intermédio de produções artístico-culturais. O espaço público não se dá apenas nas ruas, assim, considera-se aqui o espaço museológico como também pertencente ao espaço público. Por mais de meio século, a Colômbia viveu sob intensa violência, em decorrência das atividades de grupos de guerrilha e essa violência vem sendo narrada por artistas contemporâneos. Desse modo, a leitura que se pretende acontece a partir do diálogo com obras dos artistas Óscar Muñoz e Doris Salcedo, que são expostas em diferentes espaços públicos da Colômbia, tais como ruas, museus e galerias, uma vez que suas produções artísticas possibilitam um vigoroso trabalho de reflexão acerca da memória e do testemunho de vítimas da violência urbana, social, política e econômica.
{"title":"arte memorialística de Óscar Munõz e Doris Salcedo","authors":"Angela Guida, Miguel Ángel Prado Benavides","doi":"10.35699/2317-2096.2021.34505","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.34505","url":null,"abstract":"Pretende-se engendrar uma discussão acerca dos espaços públicos, como espaços potentes para reescrever as narrativas de um povo por intermédio de produções artístico-culturais. O espaço público não se dá apenas nas ruas, assim, considera-se aqui o espaço museológico como também pertencente ao espaço público. Por mais de meio século, a Colômbia viveu sob intensa violência, em decorrência das atividades de grupos de guerrilha e essa violência vem sendo narrada por artistas contemporâneos. Desse modo, a leitura que se pretende acontece a partir do diálogo com obras dos artistas Óscar Muñoz e Doris Salcedo, que são expostas em diferentes espaços públicos da Colômbia, tais como ruas, museus e galerias, uma vez que suas produções artísticas possibilitam um vigoroso trabalho de reflexão acerca da memória e do testemunho de vítimas da violência urbana, social, política e econômica.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45605366","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.33193
Â. Salgueiro, Frederico Vieira
O artigo, em diálogo com Lévinas, produz uma leitura ética de textos literários, evidenciando como os conceitos de rosto, testemunho e substituição podem nos deslocar e nos aproximar de um outro que relata sua dor. Assim, nos aproximamos dos rostos femininos de Scholastique Mukasonga para, a partir da perspectiva levinasiana, elaborarmos um exercício de leitura ética de alguns de seus textos: Baratas (2006), A mulher dos pés descalços (2008) e Nossa Senhora do Nilo (2012). As três obras podem ser compreendidas como um ciclo testemunhal da autora, abordando questões correlatas a Ruanda e ao genocídio tutsi de 1994. Abordamos especificidades relativas ao feminino, seus rostos manifestos na escrita (ditos) e nas vozes (dizer) que narram situações violentas, por vezes inomináveis e limítrofes entre o sofrimento e o horror. Essas obras produzem deslocamentos importantes na experiência do trauma e fazem face a ela, criando espaços de sobrevivência e esperança.
这篇文章,在与levinas的对话中,产生了对文学文本的伦理阅读,展示了脸、见证和替代的概念如何移动我们,并使我们更接近另一个叙述他的痛苦的人。因此,我们从levinasiana的角度,接近Scholastique Mukasonga的女性面孔,对她的一些文本进行伦理阅读:《caras》(2006)、《a mulher dos pieds descalcos》(2008)和《Nossa Senhora do Nilo》(2012)。这三部作品可以理解为作者的证词循环,涉及与卢旺达和1994年图西族种族灭绝有关的问题。我们讨论了女性的具体情况,她们的面孔在写作(口述)和声音(说)中表现出来,叙述暴力情况,有时难以名状,介于痛苦和恐怖之间。这些作品在创伤体验中产生了重要的位移,并面对它,创造了生存和希望的空间。
{"title":"Deslocamentos e espaços de acolhimento na escrita de uma sobrevivente","authors":"Â. Salgueiro, Frederico Vieira","doi":"10.35699/2317-2096.2021.33193","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.33193","url":null,"abstract":"O artigo, em diálogo com Lévinas, produz uma leitura ética de textos literários, evidenciando como os conceitos de rosto, testemunho e substituição podem nos deslocar e nos aproximar de um outro que relata sua dor. Assim, nos aproximamos dos rostos femininos de Scholastique Mukasonga para, a partir da perspectiva levinasiana, elaborarmos um exercício de leitura ética de alguns de seus textos: Baratas (2006), A mulher dos pés descalços (2008) e Nossa Senhora do Nilo (2012). As três obras podem ser compreendidas como um ciclo testemunhal da autora, abordando questões correlatas a Ruanda e ao genocídio tutsi de 1994. Abordamos especificidades relativas ao feminino, seus rostos manifestos na escrita (ditos) e nas vozes (dizer) que narram situações violentas, por vezes inomináveis e limítrofes entre o sofrimento e o horror. Essas obras produzem deslocamentos importantes na experiência do trauma e fazem face a ela, criando espaços de sobrevivência e esperança.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46453182","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.35699/2317-2096.2021.33545
Carolina Anglada
Com base em discussões sobre as relações variáveis entre o pensamento e a terra, alavancadas pelo conceito tardio de geofilosofia, elaborado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, e em proposições histórico-políticas sobre a formação discursiva e simbólica da região do Nordeste, objetiva-se compreender como alguns poetas contemporâneos encaram os paradigmas que outrora foram responsáveis por atribuir à produção artística de certas localidades as alcunhas de “cultura regionalista” e “tradicionalismo”. As obras de três poetas – Rodrigo Lobo Damasceno, Reuben da Rocha e Josoaldo Lima Rêgo – nortearão o presente ensaio, uma vez que, através de seus trabalhos, questões centrais sobre terra e território nos provocam a repensar a configuração do imaginário nordestino ou mesmo de um imaginário poético pouco apto, de modo geral, a acolher a mobilidade e a instabilidade dos planos e das figuras presentes nos poemas.
{"title":"Nordeste descentralizado","authors":"Carolina Anglada","doi":"10.35699/2317-2096.2021.33545","DOIUrl":"https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.33545","url":null,"abstract":"Com base em discussões sobre as relações variáveis entre o pensamento e a terra, alavancadas pelo conceito tardio de geofilosofia, elaborado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, e em proposições histórico-políticas sobre a formação discursiva e simbólica da região do Nordeste, objetiva-se compreender como alguns poetas contemporâneos encaram os paradigmas que outrora foram responsáveis por atribuir à produção artística de certas localidades as alcunhas de “cultura regionalista” e “tradicionalismo”. As obras de três poetas – Rodrigo Lobo Damasceno, Reuben da Rocha e Josoaldo Lima Rêgo – nortearão o presente ensaio, uma vez que, através de seus trabalhos, questões centrais sobre terra e território nos provocam a repensar a configuração do imaginário nordestino ou mesmo de um imaginário poético pouco apto, de modo geral, a acolher a mobilidade e a instabilidade dos planos e das figuras presentes nos poemas.","PeriodicalId":30786,"journal":{"name":"Aletria Revista de Estudos de Literatura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44026388","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}