Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.197836
Albano Pina
A dissolução (ou morte) estatal é uma preocupação comum a todos os autores contratualistas. Na sua maioria, eles consideram o estado um corpo mortal que, bem ou mal constituído, está inevitavelmente condenando a dissolver- se. E quanto a Espinosa? Acaso pensa o autor que o corpo político, tal como o corpo humano, tem uma morte certa, inevitável; ou julga, pelo contrário, que o estado pode ser eterno? Esta é a questão a que aqui se procura responder, analisando, para isso, várias passagens dispersas do Tratado Teológico-Político e do Tratado Político em que o assunto é (direta ou indiretamente) tratado. Da interpretação que apresentamos, deverá resultar claro que o problema da morte estatal não tem apenas um interesse teórico, mas está relacionada com aqueles que são, para Espinosa, os limites práticos da ciência política.
{"title":"ESTADO ENTRE A HISTÓRIA E A ETERNIDADE","authors":"Albano Pina","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.197836","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.197836","url":null,"abstract":"A dissolução (ou morte) estatal é uma preocupação comum a todos os autores contratualistas. Na sua maioria, eles consideram o estado um corpo mortal que, bem ou mal constituído, está inevitavelmente condenando a dissolver- se. E quanto a Espinosa? Acaso pensa o autor que o corpo político, tal como o corpo humano, tem uma morte certa, inevitável; ou julga, pelo contrário, que o estado pode ser eterno? Esta é a questão a que aqui se procura responder, analisando, para isso, várias passagens dispersas do Tratado Teológico-Político e do Tratado Político em que o assunto é (direta ou indiretamente) tratado. Da interpretação que apresentamos, deverá resultar claro que o problema da morte estatal não tem apenas um interesse teórico, mas está relacionada com aqueles que são, para Espinosa, os limites práticos da ciência política. ","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43698016","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.209312
Bernardo Bianchi
Trata-se aqui da resenha do livro Pieter Bruegel: le tableau ou la sphère infinie – pour une reforme théologico-politique de l’entendement, de Laurent Bove, publicado em 2019. O livro explorando, de um ponto de vista espinosista, o tema da “segunda natureza”, o qual, anunciado en passant em La stratégie du conatus: affirmation et résistance chez Spinoza, de 1996, ganhou centralidade em suas monografias publicadas na última década: Vauvenargues ou le séditieux, de 2010, e Albert Camus, de la transfiguration, de 2014. A leitura de Bove busca reconstituir o significado da obra de Pieter Bruegel, o Velho (1525/1530-1569), pintor flamengo cujo legado pertence à Bélgica e aos Países Baixos, a partir de três eixos fundamentais: histórico, artístico e filosófico. A partir de uma problematização da imagem da "esfera infinita", tal como empregada na obra de Nicolau de Cusa, Bove confere um lugar para a pintura de Bruegel enquanto arte filosófica.
这是对Laurent Bove于2019年出版的《皮特·布鲁盖尔:无限空间的画面——为理解的政治学改革》一书的评论。这本书从斯宾诺莎主义者的角度探讨了“第二天性”的主题,这本书在1996年的《国家战略:肯定与抵抗》(La stratégie du conatus:assembly et réresistance chez Spinoza)中顺便宣布,在他过去十年出版的专著中占据了中心地位:Vauvenargues ou le séditieux,2010年,Albert Camus,de La transformation,2014年。博夫的阅读试图从三个基本轴:历史、艺术和哲学,重建佛兰德画家老彼得·勃鲁盖尔(1525/1530-1569)作品的意义。正如尼古拉斯·德·库萨(Nicolaus de Cusa)的作品中所采用的“无限球体”形象的问题化,Bove为勃鲁盖尔的绘画作为一种哲学艺术提供了一席之地。
{"title":"RESENHA DE PIETER BRUEGEL: LE TABLEAU OU LA SPHÈRE – POUR UNE REFORME THÉOLOGICO-POLITIQUE DE L'ENTENDEMENT","authors":"Bernardo Bianchi","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.209312","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.209312","url":null,"abstract":"Trata-se aqui da resenha do livro Pieter Bruegel: le tableau ou la sphère infinie – pour une reforme théologico-politique de l’entendement, de Laurent Bove, publicado em 2019. O livro explorando, de um ponto de vista espinosista, o tema da “segunda natureza”, o qual, anunciado en passant em La stratégie du conatus: affirmation et résistance chez Spinoza, de 1996, ganhou centralidade em suas monografias publicadas na última década: Vauvenargues ou le séditieux, de 2010, e Albert Camus, de la transfiguration, de 2014. A leitura de Bove busca reconstituir o significado da obra de Pieter Bruegel, o Velho (1525/1530-1569), pintor flamengo cujo legado pertence à Bélgica e aos Países Baixos, a partir de três eixos fundamentais: histórico, artístico e filosófico. A partir de uma problematização da imagem da \"esfera infinita\", tal como empregada na obra de Nicolau de Cusa, Bove confere um lugar para a pintura de Bruegel enquanto arte filosófica. ","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44472717","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.202734
G. Ferreira
O presente artigo tem por meta analisar a possibilidade de conciliação entre a determinação e a liberdade em Espinosa. Dessa maneira, o artigo iniciará tratando das duas séries causais indicadas por Espinosa no §100 do TIE: a “série das coisas fixas e eternas” e a “série das coisas singulares mutáveis”. A abordagem dessas duas séries causais tem por meta compreender o que as distingue e as implicações dessa distinção para a filosofia de Espinosa. Em seguida analisar-se-ão as noções de essência objetiva e essência formal evidenciando que o que está em jogo em EIIP7 é a adequação entre essas duas essências, e não uma adequação entre a essência e a existência. Nesse momento também será evidenciado que o tipo de causalidade que está em jogo em EIIP7 e EIIP8 é uma causalidade imanente, do tipo todo-parte, a qual se faz entre o conjunto e seus subconjuntos: ser parte é ser um subconjunto de Deus. Feito isso, mostrar-se-á que no âmbito da existência dos subconjuntos — e não no âmbito de sua essência — é possível autonomia relativa interpares, desde que essa autonomia seja concebida como subordinada aos conjuntos anteriores. Nesse momento também será evidenciado em que medida os modos finitos podem ser deduzidos da substância infinita sem que isso implique a negação de sua liberdade.
{"title":"ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA: DUAS ORDENS DE CAUSALIDADE, DEDUÇÃO DOS MODOS FINITOS E A LIBERDADE EM ESPINOSA","authors":"G. Ferreira","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.202734","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.202734","url":null,"abstract":"O presente artigo tem por meta analisar a possibilidade de conciliação entre a determinação e a liberdade em Espinosa. Dessa maneira, o artigo iniciará tratando das duas séries causais indicadas por Espinosa no §100 do TIE: a “série das coisas fixas e eternas” e a “série das coisas singulares mutáveis”. A abordagem dessas duas séries causais tem por meta compreender o que as distingue e as implicações dessa distinção para a filosofia de Espinosa. Em seguida analisar-se-ão as noções de essência objetiva e essência formal evidenciando que o que está em jogo em EIIP7 é a adequação entre essas duas essências, e não uma adequação entre a essência e a existência. Nesse momento também será evidenciado que o tipo de causalidade que está em jogo em EIIP7 e EIIP8 é uma causalidade imanente, do tipo todo-parte, a qual se faz entre o conjunto e seus subconjuntos: ser parte é ser um subconjunto de Deus. Feito isso, mostrar-se-á que no âmbito da existência dos subconjuntos — e não no âmbito de sua essência — é possível autonomia relativa interpares, desde que essa autonomia seja concebida como subordinada aos conjuntos anteriores. Nesse momento também será evidenciado em que medida os modos finitos podem ser deduzidos da substância infinita sem que isso implique a negação de sua liberdade.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42011311","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.207887
Flavio Fontenelle Loque
Tradução de "Excerto de uma Carta escrita da Batávia nas Índias Orientais, de 27 de novembro de 1684, extraído de uma carta do Sr. Fontenelle recebida em Roterdã pelo Sr. Basnage" publicado nas Nouvelles de la Républiques des Lettres.
{"title":"EXCERTO DE UMA CARTA ESCRITA DA BATÁVIA NAS ÍNDIAS ORIENTAIS, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1684, EXTRAÍDO DE UMA CARTA DO SR. FONTENELLE RECEBIDA EM ROTERDÃ PELO SR. BASNAGE","authors":"Flavio Fontenelle Loque","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.207887","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.207887","url":null,"abstract":"Tradução de \"Excerto de uma Carta escrita da Batávia nas Índias Orientais, de 27 de novembro de 1684, extraído de uma carta do Sr. Fontenelle recebida em Roterdã pelo Sr. Basnage\" publicado nas Nouvelles de la Républiques des Lettres.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42035576","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.203397
Ágatha Cavallari
Este artigo pretende analisar a noção de melancolia tal como apresentada na caracterização de Roquentin, protagonista do romance sartriano A náusea, à luz da análise espinosana sobre os afetos, nas partes III e IV da Ética. No livro de Sartre, podemos observar sugestões constantes sobre a peculiar tristeza do personagem, baseadas em sua relação com a descoberta da contingência. Por outro lado, de acordo com a necessidade ontológica, as considerações de Espinosa sobre os afetos afirmam a impotência do melancólico e apontam a servidão daquele que crê ser conduzido pela fortuna. Portanto, nesta dinâmica, indicaremos Roquentin como o exemplo do homem que não é senhor de si, nos termos espinosanos.
{"title":"LEITURA ESPINOSANA DE \"A NÁUSEA\": A MELANCOLIA DE ROQUENTIN","authors":"Ágatha Cavallari","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.203397","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.203397","url":null,"abstract":"Este artigo pretende analisar a noção de melancolia tal como apresentada na caracterização de Roquentin, protagonista do romance sartriano A náusea, à luz da análise espinosana sobre os afetos, nas partes III e IV da Ética. No livro de Sartre, podemos observar sugestões constantes sobre a peculiar tristeza do personagem, baseadas em sua relação com a descoberta da contingência. Por outro lado, de acordo com a necessidade ontológica, as considerações de Espinosa sobre os afetos afirmam a impotência do melancólico e apontam a servidão daquele que crê ser conduzido pela fortuna. Portanto, nesta dinâmica, indicaremos Roquentin como o exemplo do homem que não é senhor de si, nos termos espinosanos.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43705866","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213866
S. D. Ramos
{"title":"RESENHA DO LIVRO \"DE CERA À CARNE\", DE JOSÉ MARCELO SIVIERO","authors":"S. D. Ramos","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213866","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213866","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46874805","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.196135
Marcelo Ganzarolli de Oliveira
O ceticismo acadêmico se encontra utilizado na formulação dos preceitos epistêmicos para a reformulação da ciência, nas Règles Pour La Direction De L’Esprit (1701, Amsterdam, texto póstumo e inacabado). O probabilismo de Carnéades, compreendido como o principal vetor do ceticismo acadêmico na modernidade, fundamenta a certeza. Outras teses para a correção epistêmica do espírito parecem advir da tradição acadêmica, como a definição de science como sagesse, por exemplo (Règle I). Desse modo, a busca da verdade (coordenada principal das Règles, como nos evidencia a Règle IV) não abdica do ceticismo. Tratar-se-á, neste artigo, de compreender que o probabilismo acadêmico aparece no projeto de busca da verdade das Règles de modo negativo, pois Descartes ataca a modalidade do provável. Outros tópicos acadêmicos aparecem em questão, como a busca de sabedoria, a mitigação da dúvida, a disciplina do assentimento pela recusa do provável e a verdade do fideísmo. Estes tópicos se resumem ao método acadêmico, definido pela recursividade epistêmica.
在Règles Pour La Direction De L’Esprit(1701年,阿姆斯特丹,死后和未完成的文本)中,学术怀疑论被用于制定科学重新制定的认识论戒律。Carnéades的可能性论被理解为现代性学术怀疑论的主要载体,是确定性的基础。其他关于精神认识论修正的论文似乎来自学术传统,例如将科学定义为圣人(Règle I)。因此,对真理的探索(Règles的主要坐标,如Règle IV所证明的)并没有放弃怀疑。本文旨在理解,由于笛卡尔攻击了可能性的形式,学术可能性论以一种消极的方式出现在Règles的真理探索计划中。其他学术主题也出现了疑问,如寻找智慧、减轻怀疑、通过拒绝可能性来约束同意,以及信仰主义的真理。这些主题可以归结为学术方法,由认识递归定义。
{"title":"CETICISMO ACADÊMICO NAS \"RÈGLES POUR LA DIRECTION DE L'ESPRIT (I, II, III, IV) DE DESCARTES","authors":"Marcelo Ganzarolli de Oliveira","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.196135","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.196135","url":null,"abstract":"O ceticismo acadêmico se encontra utilizado na formulação dos preceitos epistêmicos para a reformulação da ciência, nas Règles Pour La Direction De L’Esprit (1701, Amsterdam, texto póstumo e inacabado). O probabilismo de Carnéades, compreendido como o principal vetor do ceticismo acadêmico na modernidade, fundamenta a certeza. Outras teses para a correção epistêmica do espírito parecem advir da tradição acadêmica, como a definição de science como sagesse, por exemplo (Règle I). Desse modo, a busca da verdade (coordenada principal das Règles, como nos evidencia a Règle IV) não abdica do ceticismo. Tratar-se-á, neste artigo, de compreender que o probabilismo acadêmico aparece no projeto de busca da verdade das Règles de modo negativo, pois Descartes ataca a modalidade do provável. Outros tópicos acadêmicos aparecem em questão, como a busca de sabedoria, a mitigação da dúvida, a disciplina do assentimento pela recusa do provável e a verdade do fideísmo. Estes tópicos se resumem ao método acadêmico, definido pela recursividade epistêmica. ","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47246479","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.208218
Edgar Marques
Analiso e critico neste artigo a solução apresentada por Robert Brandom para o problema por ele formulado acerca do critério de distintividade das percepções presentes nas meras enteléquias. Brandom considera ser problemática a vinculação entre distinção e consciência feita por vários intérpretes de Leibniz com o propósito de dar conta dos diferentes graus de distinção das percepções, pois tal vinculação somente pode ser válida para almas e espíritos,não se aplicando às enteléquias, as quais não são dotadas de nenhum tipo de senciência ou de reflexão. Em função disso, Brandom propõe uma interpretação que não apresentaria essa difculdade. Segundo essa proposta, uma percepção será tão mais distinta quanto maior for seu domínio expressivo, isto é, seu grau de distinção será determinado pela quantidade de inferências que se deixam realizar a partir dela. Torna-se possível, assim, de acordo com ele, a comparação de diferentes percepções e a ordenação delas em uma série que vai das menos distintas às mais distintas tomando como base seus respectivos domínios expressivos. Mostro neste artigo que tanto esse – a meu ver, aparente – problema levantado por Brandom quanto a solução por ele proposta decorrem de uma compreensão parcial e equivocada da teoria leibniziana das mônadas, de tal forma que estaríamos aqui diante de uma solução equivocada para um problema inexistente.
{"title":"INDIVIDUAÇÃO DAS MERAS ENTELÉQUIAS EM LEIBNIZ","authors":"Edgar Marques","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.208218","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.208218","url":null,"abstract":"Analiso e critico neste artigo a solução apresentada por Robert Brandom para o problema por ele formulado acerca do critério de distintividade das percepções presentes nas meras enteléquias. Brandom considera ser problemática a vinculação entre distinção e consciência feita por vários intérpretes de Leibniz com o propósito de dar conta dos diferentes graus de distinção das percepções, pois tal vinculação somente pode ser válida para almas e espíritos,não se aplicando às enteléquias, as quais não são dotadas de nenhum tipo de senciência ou de reflexão. Em função disso, Brandom propõe uma interpretação que não apresentaria essa difculdade. Segundo essa proposta, uma percepção será tão mais distinta quanto maior for seu domínio expressivo, isto é, seu grau de distinção será determinado pela quantidade de inferências que se deixam realizar a partir dela. Torna-se possível, assim, de acordo com ele, a comparação de diferentes percepções e a ordenação delas em uma série que vai das menos distintas às mais distintas tomando como base seus respectivos domínios expressivos. Mostro neste artigo que tanto esse – a meu ver, aparente – problema levantado por Brandom quanto a solução por ele proposta decorrem de uma compreensão parcial e equivocada da teoria leibniziana das mônadas, de tal forma que estaríamos aqui diante de uma solução equivocada para um problema inexistente.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49506151","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213865
Matheus Romero de Morais
O presente artigo visa discutir a função introdutória do capítulo I do Tratado Político de Espinosa. Para tanto, ressaltaremos alguns aspectos fundamentais presentes no movimento argumentativo do texto, como a centralidade dos afetos para o raciocínio político e a necessidade de um método investigativo que articule experiência e razão.
{"title":"INVESTIGAÇÃO POLÍTICA: UMA QUESTÃO DE MÉTODO","authors":"Matheus Romero de Morais","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213865","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.213865","url":null,"abstract":"O presente artigo visa discutir a função introdutória do capítulo I do Tratado Político de Espinosa. Para tanto, ressaltaremos alguns aspectos fundamentais presentes no movimento argumentativo do texto, como a centralidade dos afetos para o raciocínio político e a necessidade de um método investigativo que articule experiência e razão.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43339357","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-06-30DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.198615
Nei Ricardo de Souza
As influências da filosofia judaica na obra de Spinoza têm sido recorrentemente pesquisadas, mas nenhum trabalho abordou especificamente o tema da morte. O objetivo deste artigo, portanto, é descrever as concepções de morte nos filósofos judeus lidos por Spinoza e compará-las com a noção de morte concebida por ele. O método utilizado foi a revisão bibliográfica das principais obras dos autores aqui considerados, como Maimônides, Gersonides, Hasdai Crescas, Ibn Ezra e Ibn Gabirol, seguida da comparação com Spinoza. Concluímos que Spinoza realizou uma análise crítica das ideias desses autores fundamentada na lógica de suas proposições e apresentou a noção de morte depurada de referências aristotélicas que ainda estavam presentes na filosofia judaica.
{"title":"COMPARAÇÃO DA NOÇÃO DE MORTE ENTRE SPINOZA E FILÓSOFOS JUDEUS","authors":"Nei Ricardo de Souza","doi":"10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.198615","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2023.198615","url":null,"abstract":"As influências da filosofia judaica na obra de Spinoza têm sido recorrentemente pesquisadas, mas nenhum trabalho abordou especificamente o tema da morte. O objetivo deste artigo, portanto, é descrever as concepções de morte nos filósofos judeus lidos por Spinoza e compará-las com a noção de morte concebida por ele. O método utilizado foi a revisão bibliográfica das principais obras dos autores aqui considerados, como Maimônides, Gersonides, Hasdai Crescas, Ibn Ezra e Ibn Gabirol, seguida da comparação com Spinoza. Concluímos que Spinoza realizou uma análise crítica das ideias desses autores fundamentada na lógica de suas proposições e apresentou a noção de morte depurada de referências aristotélicas que ainda estavam presentes na filosofia judaica.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44151418","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}