Pub Date : 2019-06-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159456
Ricardo Vinícius Ibañez Mantovani
O ceticismo desempenha um papel decisivo na filosofia pascaliana. De fato, amplamente influenciado por autores como Michel de Montaigne e Pierre Charron, Blaise Pascal acaba por contrariar a tendência geral do século do grande Racionalismo, levantando profundas objeções relativamente à pretensão – tipicamente cartesiana – de se conhecer a Verdade de maneira certa e segura. Como se pode depreender mesmo de uma rápida leitura de seus escritos, a obra pascaliana é toda perpassada por uma notável desconfiança de nossa suposta capacidade de adquirir certezas inabaláveis sobre o que quer que seja: desconfiança esta que, diga-se de passagem, está em profunda sintonia com a chocante posição do autor concernente às consequências do pecado original. Assim sendo, o que pretendemos neste artigo é: i) apresentar os argumentos céticos subscritos por Pascal em sua principal obra filosófica – os Pensamentos; e ii) analisando a obra Do espírito geométrico e da arte de persuadir, indicar que nem mesmo os conhecimentos oferecidos pela luz natural são capazes de nos livrar das dúvidas suscitadas pela argumentação cética.
怀疑论在帕斯卡哲学中起着决定性的作用。事实上,在很大程度上受到米歇尔·德·蒙田和皮埃尔·沙伦等作家的影响,布莱斯·帕斯卡最终与本世纪伟大理性主义的普遍趋势相矛盾,对以某种安全的方式了解真相的主张——通常是笛卡尔的主张——提出了强烈的反对意见。甚至从对帕斯卡作品的快速阅读中也可以看出,帕斯卡的整个作品中都弥漫着对我们所谓的对任何事情都有不可动摇的确定性的能力的明显不信任:顺便说一句,这种不信任与作者关于原罪后果的令人震惊的立场非常一致。因此,我们在这篇文章中的意图是:i)呈现帕斯卡在其主要哲学著作《思想》中所认同的怀疑论论点;以及ii)分析《Do espírito geometryco e da arte de conserve》的作品,表明即使是自然光提供的知识也无法摆脱怀疑论提出的质疑。
{"title":"CETICISMO NA FILOSOFIA DE BLAISE PASCAL","authors":"Ricardo Vinícius Ibañez Mantovani","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159456","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159456","url":null,"abstract":"O ceticismo desempenha um papel decisivo na filosofia pascaliana. De fato, amplamente influenciado por autores como Michel de Montaigne e Pierre Charron, Blaise Pascal acaba por contrariar a tendência geral do século do grande Racionalismo, levantando profundas objeções relativamente à pretensão – tipicamente cartesiana – de se conhecer a Verdade de maneira certa e segura. Como se pode depreender mesmo de uma rápida leitura de seus escritos, a obra pascaliana é toda perpassada por uma notável desconfiança de nossa suposta capacidade de adquirir certezas inabaláveis sobre o que quer que seja: desconfiança esta que, diga-se de passagem, está em profunda sintonia com a chocante posição do autor concernente às consequências do pecado original. Assim sendo, o que pretendemos neste artigo é: i) apresentar os argumentos céticos subscritos por Pascal em sua principal obra filosófica – os Pensamentos; e ii) analisando a obra Do espírito geométrico e da arte de persuadir, indicar que nem mesmo os conhecimentos oferecidos pela luz natural são capazes de nos livrar das dúvidas suscitadas pela argumentação cética.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43188265","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159444
João Cortese
Tanto nos Pensamentos quanto em seus trabalhos matemáticos, Pascal faz referência ao “nada”, assim como a um processo que poderíamos chamar de “aniquilamento” (seguindo o termo do fragmento Sellier 680, Lafuma 418), segundo o qual aquilo que é finito se torna um nada diante do infinito. O “nada” pascaliano, segundo a interpretação aqui defendida, pode ter, em diferentes passagens da obra do autor, uma acepção relativa ou uma acepção absoluta, o que vale também para os termos de “infinito”, “desproporção” e “indivisível” na obra de Pascal. Além do valor de tal análise para os Pensamentos, ela se propõe mostrar certa proximidade estrutural entre as obras matemáticas e apologéticas de Pascal.
{"title":"“UM NADA EM RELAÇÃO AO INFINITO”: O ANIQUILAMENTO NA COMPARAÇÃO PASCALIANA","authors":"João Cortese","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159444","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159444","url":null,"abstract":"Tanto nos Pensamentos quanto em seus trabalhos matemáticos, Pascal faz referência ao “nada”, assim como a um processo que poderíamos chamar de “aniquilamento” (seguindo o termo do fragmento Sellier 680, Lafuma 418), segundo o qual aquilo que é finito se torna um nada diante do infinito. O “nada” pascaliano, segundo a interpretação aqui defendida, pode ter, em diferentes passagens da obra do autor, uma acepção relativa ou uma acepção absoluta, o que vale também para os termos de “infinito”, “desproporção” e “indivisível” na obra de Pascal. Além do valor de tal análise para os Pensamentos, ela se propõe mostrar certa proximidade estrutural entre as obras matemáticas e apologéticas de Pascal.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44309743","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159452
A. V. Martins
Prefácio Sobre o Tratado do Vácuo
真空条约序言
{"title":"PREFÁCIO SOBRE O TRATADO DO VÁCUO","authors":"A. V. Martins","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159452","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159452","url":null,"abstract":"Prefácio Sobre o Tratado do Vácuo","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"https://sci-hub-pdf.com/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159452","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44102492","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159454
Dalila Lemos da Silva
Em Pascal, por meio da crítica à razão discursiva que estava à sua época em vias de consagração, está em curso a defesa de uma concepção alargada da racionalidade, que procura estendê-la a partir de uma perspectiva anti-intuicionista e antifundacionista radical para dimensões da realidade que o arranjo epistemológico gestado pela filosofia cartesiana quer deixar de fora. A hipótese que gostaríamos de discutir é a de que essa subversão se dá pela desestabilização desse arranjo por meio da descrição que Pascal realiza, em Pensamentos, da faculdade imaginação, cujo interesse para o estudo da verdade deve ser considerado para que se possa entender a inflexão que a epistemologia pascaliana tenta empreender ante as outras de seu tempo.
{"title":"ANTI-INTUICIONISMO E ANTIFUNDACIONISMO: O PAPEL DA IMAGINAÇÃO NA EPISTEMOLOGIA DE PASCAL","authors":"Dalila Lemos da Silva","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159454","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159454","url":null,"abstract":"Em Pascal, por meio da crítica à razão discursiva que estava à sua época em vias de consagração, está em curso a defesa de uma concepção alargada da racionalidade, que procura estendê-la a partir de uma perspectiva anti-intuicionista e antifundacionista radical para dimensões da realidade que o arranjo epistemológico gestado pela filosofia cartesiana quer deixar de fora. A hipótese que gostaríamos de discutir é a de que essa subversão se dá pela desestabilização desse arranjo por meio da descrição que Pascal realiza, em Pensamentos, da faculdade imaginação, cujo interesse para o estudo da verdade deve ser considerado para que se possa entender a inflexão que a epistemologia pascaliana tenta empreender ante as outras de seu tempo.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44215524","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159457
Luiz Carlos Montans Braga
Resenha do livro "O mais natural dos regimes. Espinosa e a Democracia", de Diogo Pires Aurélio.
对Diogo Pires Aurélio的《O mais natural dos regimes。Espinosa e a Democracia》一书的评论。
{"title":"UMA TESE RADICAL: ESPINOSA E A DEMOCRACIA","authors":"Luiz Carlos Montans Braga","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159457","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2019.159457","url":null,"abstract":"Resenha do livro \"O mais natural dos regimes. Espinosa e a Democracia\", de Diogo Pires Aurélio.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48397217","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-12-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.140013
Vítor Beghini
Este artigo busca mapear as diferenças e transformações que marcam a trajetória da noção leibniziana de substância (e, portanto, de sua metafísica) ao longo dos quase trinta anos que separam suas primeiras e últimas sínteses de ar sistemático; percurso que vai do Discurso de Metafísica (1686) à Monadologia e aos Princípios da Natureza e da Graça (1714). Poderemos, deste modo, fornecer um quadro de mecanismos conceituais e doutrinários que nos permita melhor compreender o estatuto coesivo de sua obra filosófica, donde encontraremos uma noção ampla mas singular de substância que se define, sobretudo, pela articulação reversiva entre unidade e ação.
{"title":"DO INDIVÍDUO AGENTE À UNIDADE DO MÚLTIPLO: A SUBSTÂNCIA EM LEIBNIZ","authors":"Vítor Beghini","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.140013","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.140013","url":null,"abstract":"Este artigo busca mapear as diferenças e transformações que marcam a trajetória da noção leibniziana de substância (e, portanto, de sua metafísica) ao longo dos quase trinta anos que separam suas primeiras e últimas sínteses de ar sistemático; percurso que vai do Discurso de Metafísica (1686) à Monadologia e aos Princípios da Natureza e da Graça (1714). Poderemos, deste modo, fornecer um quadro de mecanismos conceituais e doutrinários que nos permita melhor compreender o estatuto coesivo de sua obra filosófica, donde encontraremos uma noção ampla mas singular de substância que se define, sobretudo, pela articulação reversiva entre unidade e ação. \u0000 ","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42428843","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-12-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.145605
D. Fagundes
Este trabalho tem o escopo de investigar o conceito de Direito de Resistência em Baruch de Spinoza, através da sua obra Tratado Político e de seus comentadores. Inicialmente a resistência é apresentada em diferentes visões, Hobbes e Locke, seguida pela tradição hegemônica da filosofia política e logo contraposta ao conceito de Desobediência Civil. Em seguida, Spinoza surge com sua perspectiva inovadora, não diferenciando resistir de obedecer, caso certas circunstâncias se apresentem no ambiente político, a partir de uma breve contextualização e análise do fundamento da Resistência neste autor, a potência da multidão. Por fim, busca-se o Decreto nº 8243/14 para submetê-lo a seguinte questão: pode este ser visto como uma institucionalização da Resistência, nos termos espinosanos?
{"title":"O DIREITO DE RESISTÊNCIA EM SPINOZA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DECRETO Nº 8243/14","authors":"D. Fagundes","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.145605","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.145605","url":null,"abstract":"Este trabalho tem o escopo de investigar o conceito de Direito de Resistência em Baruch de Spinoza, através da sua obra Tratado Político e de seus comentadores. Inicialmente a resistência é apresentada em diferentes visões, Hobbes e Locke, seguida pela tradição hegemônica da filosofia política e logo contraposta ao conceito de Desobediência Civil. Em seguida, Spinoza surge com sua perspectiva inovadora, não diferenciando resistir de obedecer, caso certas circunstâncias se apresentem no ambiente político, a partir de uma breve contextualização e análise do fundamento da Resistência neste autor, a potência da multidão. Por fim, busca-se o Decreto nº 8243/14 para submetê-lo a seguinte questão: pode este ser visto como uma institucionalização da Resistência, nos termos espinosanos?","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47031911","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-12-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.151538
Fran de Oliveira Alavina
Não obstante as críticas de Giambattista Vico ao pensamento de Espinosa, é possível estabelecer uma relação de proximidade entre os dois. Se as críticas distanciam, o interesse histórico-filológico aproxima. Com efeito, para o estabelecimento de certa convergência entre os propósitos filosóficos dos dois autores, elencam-se os seguintes pressupostos: i) tanto na Ciência Nova, quanto no Tratado Teológico-Político, a filologia não é apenas conhecimento textual das línguas, porém via de acesso à história de um povo, pois guarda as mutações temporais da vida civil e a memória do mundo de sentido no qual se gesta; ii) a língua não é uma criação do rigor do entendimento, isto é, não é criação dos filósofos, mas da imaginação, portanto do vulgo. Desse modo, toda via de acesso ao conhecimento do passado passa inevitavelmente pela potência da imaginação-fantasia: questão que interpela Espinosa na história dos hebreus e Vico na natureza comum das nações.
{"title":"VICO E ESPINOSA: SOBRE AS VICISSITUDES DAS LÍNGUAS","authors":"Fran de Oliveira Alavina","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.151538","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.151538","url":null,"abstract":"Não obstante as críticas de Giambattista Vico ao pensamento de Espinosa, é possível estabelecer uma relação de proximidade entre os dois. Se as críticas distanciam, o interesse histórico-filológico aproxima. Com efeito, para o estabelecimento de certa convergência entre os propósitos filosóficos dos dois autores, elencam-se os seguintes pressupostos: i) tanto na Ciência Nova, quanto no Tratado Teológico-Político, a filologia não é apenas conhecimento textual das línguas, porém via de acesso à história de um povo, pois guarda as mutações temporais da vida civil e a memória do mundo de sentido no qual se gesta; ii) a língua não é uma criação do rigor do entendimento, isto é, não é criação dos filósofos, mas da imaginação, portanto do vulgo. Desse modo, toda via de acesso ao conhecimento do passado passa inevitavelmente pela potência da imaginação-fantasia: questão que interpela Espinosa na história dos hebreus e Vico na natureza comum das nações.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44774527","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-12-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.148730
B. Maeso, Marcos Antônio Rodrigues França
A partir da leitura comparada de trechos dos Cuadernos Spinozade Karl Marx e de Espinosa: filosofia prática,de Gilles Deleuze, o trabalho busca encontrar nestes autores elementos do pensamento espinosano, principalmente do Tratado Teológico-Políticoe excertos da Ética. Tais conexões parecem mais visíveis nos conceitos de materialismo e na relação homem-natureza. Se, conforme Marx, o concreto é a síntese de múltiplas determinações, o que relaciona-se com a ideia deleuziana da determinação da diferença como diferença de si e da História como contingência, como isso se articularia com um conceito caro a Espinosa como o de que as transformações na realidade referem-se a determinações internas da própria realidade material, abdicando-se de um imperativo moral externo como eixo destas mudanças, ou seja, a causalidade imanente e não-transcendente dos processos? Para que estes conceitos tenham pontos de contato, de que forma o materialismo, a natureza e a liberdade devem ser entendidos?
{"title":"ALGUNS ELEMENTOS DE ESPINOSA NAS FILOSOFIAS DE MARX E DELEUZE","authors":"B. Maeso, Marcos Antônio Rodrigues França","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.148730","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.148730","url":null,"abstract":"A partir da leitura comparada de trechos dos Cuadernos Spinozade Karl Marx e de Espinosa: filosofia prática,de Gilles Deleuze, o trabalho busca encontrar nestes autores elementos do pensamento espinosano, principalmente do Tratado Teológico-Políticoe excertos da Ética. Tais conexões parecem mais visíveis nos conceitos de materialismo e na relação homem-natureza. Se, conforme Marx, o concreto é a síntese de múltiplas determinações, o que relaciona-se com a ideia deleuziana da determinação da diferença como diferença de si e da História como contingência, como isso se articularia com um conceito caro a Espinosa como o de que as transformações na realidade referem-se a determinações internas da própria realidade material, abdicando-se de um imperativo moral externo como eixo destas mudanças, ou seja, a causalidade imanente e não-transcendente dos processos? Para que estes conceitos tenham pontos de contato, de que forma o materialismo, a natureza e a liberdade devem ser entendidos?","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":"43 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"64440921","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-12-27DOI: 10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.137820
André Gomes Quirino
Leibniz propôs mais de um conceito para descrever filosoficamente a substância. Ironia instrutiva, esta pluralidade que tem por fim uma explicação unificada da realidade culminou em uma definição dos componentes fundamentais do mundo – as mônadas – como unidades que abrigam a multiplicidade. Estas substâncias, bem como a sua função essencial de se exprimirem mutuamente, apenas se tornam plenamente inteligíveis quando observamos os conceitos anteriores, de que a filosofia madura de Leibniz herdou algumas intuições. (As quais, por sua vez, têm consequências sobre outras questões em voga no período pós-cartesiano, notadamente a do estatuto ontológico do corpo.) Guiando-nos pelas obras-chave do filósofo e físico alemão, procuraremos retraçar esse percurso intelectual, a fim não de esboçar um hipotético sistema seu, mas de unificar o tratamento que ele dispensou à unidade. Tal hipótese de leitura concorda fundamentalmente com aquela sustentada por Michel Fichant, mas traz pontuais acréscimos ou desacordos, que serão indicados neste artigo.
{"title":"MÚLTIPLOS QUE CONSTITUEM A UNIDADE: OS CONCEITOS LEIBNIZIANOS DE SUBSTÂNCIA - DA NOÇÃO COMPLETA À MÔNADA EXPRESSIVA","authors":"André Gomes Quirino","doi":"10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.137820","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.2447-9012.ESPINOSA.2018.137820","url":null,"abstract":"Leibniz propôs mais de um conceito para descrever filosoficamente a substância. Ironia instrutiva, esta pluralidade que tem por fim uma explicação unificada da realidade culminou em uma definição dos componentes fundamentais do mundo – as mônadas – como unidades que abrigam a multiplicidade. Estas substâncias, bem como a sua função essencial de se exprimirem mutuamente, apenas se tornam plenamente inteligíveis quando observamos os conceitos anteriores, de que a filosofia madura de Leibniz herdou algumas intuições. (As quais, por sua vez, têm consequências sobre outras questões em voga no período pós-cartesiano, notadamente a do estatuto ontológico do corpo.) Guiando-nos pelas obras-chave do filósofo e físico alemão, procuraremos retraçar esse percurso intelectual, a fim não de esboçar um hipotético sistema seu, mas de unificar o tratamento que ele dispensou à unidade. Tal hipótese de leitura concorda fundamentalmente com aquela sustentada por Michel Fichant, mas traz pontuais acréscimos ou desacordos, que serão indicados neste artigo.","PeriodicalId":33924,"journal":{"name":"Cadernos Espinosanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46239729","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}