Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e019
Francisco Collado-Campaña, J. Jiménez-Díaz
ABSTRACT Introduction: Through an interpretative perspective, we investigate how Spanish and Portuguese politicians managed the 2008 and 2016 debt crisis. Specifically, we explore their political career and the actions of two prime ministers of Spain (Zapareto and Rajoy) and two from Portugal (Sócrates and Passos Coelho) with intent to check how their biographies influenced the way which they dealt with the crisis. Materials and methods: From a qualitative study from these four cases, we highlight the prime minister’s life choices and compare their habitus, mental frame, political capital, the political field and their respective actions under a structuralist constructivist perspective and the New Leadership theory. Results: The initial denial of the economic crisis in the public speech of these leaders harmed their command capability, lowered their political trust, and was the reason for incoherence between their speeches and actions on implementing austerity policies. Usually, political leaders that implemented these economic policies faced serious continuity problems in their seats, regardless of their ideological orientation. Discussion: The political and institutional crisis caused by the overlapping of the national policies of these two countries, and the political orientation of the European Union narrowed the autonomy of the Spanish and Portuguese prime ministers. We conclude that sincere leaders, capable of distinguishing responsibilities, and able to communicate with voters have greater chances to survive politically.
{"title":"Surfing the hurricane: Iberian leaderships during the Debt Crisis from biographical and interpretive perspective","authors":"Francisco Collado-Campaña, J. Jiménez-Díaz","doi":"10.1590/1678-98732230e019","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e019","url":null,"abstract":"ABSTRACT Introduction: Through an interpretative perspective, we investigate how Spanish and Portuguese politicians managed the 2008 and 2016 debt crisis. Specifically, we explore their political career and the actions of two prime ministers of Spain (Zapareto and Rajoy) and two from Portugal (Sócrates and Passos Coelho) with intent to check how their biographies influenced the way which they dealt with the crisis. Materials and methods: From a qualitative study from these four cases, we highlight the prime minister’s life choices and compare their habitus, mental frame, political capital, the political field and their respective actions under a structuralist constructivist perspective and the New Leadership theory. Results: The initial denial of the economic crisis in the public speech of these leaders harmed their command capability, lowered their political trust, and was the reason for incoherence between their speeches and actions on implementing austerity policies. Usually, political leaders that implemented these economic policies faced serious continuity problems in their seats, regardless of their ideological orientation. Discussion: The political and institutional crisis caused by the overlapping of the national policies of these two countries, and the political orientation of the European Union narrowed the autonomy of the Spanish and Portuguese prime ministers. We conclude that sincere leaders, capable of distinguishing responsibilities, and able to communicate with voters have greater chances to survive politically.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572408","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e023
J. F. Nascimento, Maria do Socorro Sousa Braga
RESUMO Introdução: Este artigo descreve como o futebol se constituiu em instituição política informal no Brasil. Materiais e Métodos: Está fundamentado no neo-institucionalismo histórico e no debate sobre instituições informais. Fizemos a análise bibliográfica, documental e de um caso típico (Sport Club Corinthians Paulista). Realizamos sete entrevistas: (a) entrevistas semiestruturadas com o jornalista Juca Kfouri e com ex-deputado Sílvio Torres (Partido da Social Democracia Brasileira) para apreender as percepções de observadores qualificados e de atores; (b) cinco entrevistas estruturadas com torcedores do Sport Club Corinthians para verificar como os torcedores elaboram o sucesso e insucesso eleitoral de ídolos de seu clube. Resultados: O futebol brasileiro funciona como um atalho para recrutamento político por dois fatores: (1) o pertencimento clubístico é um fator de identificação relevante na sociedade brasileira que pode ser mobilizado para impulsionar candidaturas marcadas por forte relação com clubes relevantes nos locais em que concorrem e, com isso, fornece uma base recrutável para o voto; (2) a estrutura atual dos clubes, das federações e da Confederação Brasileira de Futebol conta com ritos que favorecem a socialização política, por ser composta pela disputa contínua de eleições, pelas negociações com o poder público, o relacionamento entre diretoria, conselho, torcedores e imprensa. Por isso, o fato de o “corpo” futebol não estar facilmente visível desde o ponto de vista da política e da ausência de regulamentos, legislações e ordenamentos formais, não anula a capacidade do futebol fomentar práticas políticas de modo regular como algo seguro. Discussão: Os atores respondem a incentivos formais e informais. Ignorar os incentivos e normas informais produz uma imagem incompleta do fenômeno político. Assim sendo, é importante superar análises com tendência à lógica “futebol e política não se misturam” ou à interpretação desse esporte como mecanismo monolítico, de alienação das massas, apropriado por líderes políticos e reconhecer a existência de múltiplos interesses, às vezes convergentes, nos atores do futebol e a atuação política regular de atores do futebol.
{"title":"O futebol como meio campo para a política: o jogo além das quatro linhas","authors":"J. F. Nascimento, Maria do Socorro Sousa Braga","doi":"10.1590/1678-98732230e023","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e023","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Este artigo descreve como o futebol se constituiu em instituição política informal no Brasil. Materiais e Métodos: Está fundamentado no neo-institucionalismo histórico e no debate sobre instituições informais. Fizemos a análise bibliográfica, documental e de um caso típico (Sport Club Corinthians Paulista). Realizamos sete entrevistas: (a) entrevistas semiestruturadas com o jornalista Juca Kfouri e com ex-deputado Sílvio Torres (Partido da Social Democracia Brasileira) para apreender as percepções de observadores qualificados e de atores; (b) cinco entrevistas estruturadas com torcedores do Sport Club Corinthians para verificar como os torcedores elaboram o sucesso e insucesso eleitoral de ídolos de seu clube. Resultados: O futebol brasileiro funciona como um atalho para recrutamento político por dois fatores: (1) o pertencimento clubístico é um fator de identificação relevante na sociedade brasileira que pode ser mobilizado para impulsionar candidaturas marcadas por forte relação com clubes relevantes nos locais em que concorrem e, com isso, fornece uma base recrutável para o voto; (2) a estrutura atual dos clubes, das federações e da Confederação Brasileira de Futebol conta com ritos que favorecem a socialização política, por ser composta pela disputa contínua de eleições, pelas negociações com o poder público, o relacionamento entre diretoria, conselho, torcedores e imprensa. Por isso, o fato de o “corpo” futebol não estar facilmente visível desde o ponto de vista da política e da ausência de regulamentos, legislações e ordenamentos formais, não anula a capacidade do futebol fomentar práticas políticas de modo regular como algo seguro. Discussão: Os atores respondem a incentivos formais e informais. Ignorar os incentivos e normas informais produz uma imagem incompleta do fenômeno político. Assim sendo, é importante superar análises com tendência à lógica “futebol e política não se misturam” ou à interpretação desse esporte como mecanismo monolítico, de alienação das massas, apropriado por líderes políticos e reconhecer a existência de múltiplos interesses, às vezes convergentes, nos atores do futebol e a atuação política regular de atores do futebol.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572915","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e018
R. Delgado, Ciro Campos Christo Fernandes, Pedro Palotti
RESUMO Introdução: Analisamos o processo deliberativo que define as regras de regionalização dos serviços de proteção especial da assistência social. Esses serviços lidam com situações tais como violência doméstica e trabalho infantil. Eles são objeto de um esforço de construção do modelo de gestão tripartite envolvendo União, estados e municípios no âmbito do Sistema Único de Assistência Social. Discutimos como se distribui o poder de agenda e como se desenvolve a barganha entre as representações desses três entes em um espaço cooperativo chamado Comissão Intergestores Tripartite. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de caso sobre o processo deliberativo que aprovou um marco regulatório da proteção especial em 2013. Os registros das reuniões da Comissão e o texto da norma aprovada foram tratados com a utilização de técnicas de análise de conteúdo. Resultados: Constatamos a ampla prevalência do governo federal na definição da agenda da Comissão, indicando que há cooperação assimétrica. Mas também há situações nas quais a Comissão torna-se um espaço mais cooperativo, garantindo estabilidade e reciprocidade na relação entre os três entes. Discussão: Corroboramos, com novas evidências, suposições da literatura sobre relações intergovernamentais que destacam a capacidade do governo federal exercer maior poder em arenas desse tipo, assim como o papel cooperativo dos estados e municípios.
{"title":"Quando cooperação e centralização se combinam: um estudo de caso da política de assistência social","authors":"R. Delgado, Ciro Campos Christo Fernandes, Pedro Palotti","doi":"10.1590/1678-98732230e018","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e018","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Analisamos o processo deliberativo que define as regras de regionalização dos serviços de proteção especial da assistência social. Esses serviços lidam com situações tais como violência doméstica e trabalho infantil. Eles são objeto de um esforço de construção do modelo de gestão tripartite envolvendo União, estados e municípios no âmbito do Sistema Único de Assistência Social. Discutimos como se distribui o poder de agenda e como se desenvolve a barganha entre as representações desses três entes em um espaço cooperativo chamado Comissão Intergestores Tripartite. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de caso sobre o processo deliberativo que aprovou um marco regulatório da proteção especial em 2013. Os registros das reuniões da Comissão e o texto da norma aprovada foram tratados com a utilização de técnicas de análise de conteúdo. Resultados: Constatamos a ampla prevalência do governo federal na definição da agenda da Comissão, indicando que há cooperação assimétrica. Mas também há situações nas quais a Comissão torna-se um espaço mais cooperativo, garantindo estabilidade e reciprocidade na relação entre os três entes. Discussão: Corroboramos, com novas evidências, suposições da literatura sobre relações intergovernamentais que destacam a capacidade do governo federal exercer maior poder em arenas desse tipo, assim como o papel cooperativo dos estados e municípios.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572652","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e005
D. Moreira, A. Pires, M. Medeiros
RESUMO Introdução: O objetivo deste artigo é apresentar o potencial da análise do ‘texto como dado’ nas pesquisas em Relações Internacionais. A partir do diagnóstico de discrepância na proporção de publicações que adotam essa abordagem de análise textual, apresentamos as principais metodologias na dimensão que vai do ‘texto como texto’ ao ‘texto como dado’ para destacar a oportunidade existente. Visando estimular a produção na área, desenvolvemos um caso prático e replicável, onde respondemos à seguinte pergunta: Diante do conflito Israel e Palestina, como representantes do Brasil, Estados Unidos, Israel e Palestina emocionalmente se expressaram em discursos proferidos nos encontros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)? Materiais e Métodos: Através de revisão estruturada da literatura, é apresentado o estado atual do campo da análise textual no âmbito das Relações Internacionais. Um caso prático é desenvolvido de forma integralmente replicável na linguagem R com a aplicação da análise de sentimentos aos 77.857 discursos proferidos no CSNU de 1995 a 2019. Resultados: Demonstramos o potencial da abordagem do ‘texto como dado’ para realizar análises sistemáticas de grandes acervos documentais e sua complementariedade a estudos qualitativos que tratam de obter conclusões científicas através da abordagem do ‘texto como texto’. Diante do exemplo prático, mostramos como a abordagem do ‘texto como dado’ fornece uma análise bem-informada e consistente sobre os acontecimentos reais e inflexões expressos no conteúdo dos discursos, sem a necessidade de intensa dedicação manual prévia. Discussão: O estado atual das pesquisas em Relações Internacionais apresenta evidente discrepância na produção de pesquisas com a abordagem do ‘texto como dado’ quando comparada à abordagem do ‘texto como texto’. Acreditamos que este cenário possa ser resultado da ausência de treinamento em metodologias contemporâneas e intensivas em abordagens computacionais. O artigo enfrenta esse desafio através de exercício teórico e metodológico totalmente replicável.
{"title":"Do ‘texto como texto’ ao ‘texto como dado’: o potencial das pesquisas em Relações Internacionais","authors":"D. Moreira, A. Pires, M. Medeiros","doi":"10.1590/1678-98732230e005","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e005","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: O objetivo deste artigo é apresentar o potencial da análise do ‘texto como dado’ nas pesquisas em Relações Internacionais. A partir do diagnóstico de discrepância na proporção de publicações que adotam essa abordagem de análise textual, apresentamos as principais metodologias na dimensão que vai do ‘texto como texto’ ao ‘texto como dado’ para destacar a oportunidade existente. Visando estimular a produção na área, desenvolvemos um caso prático e replicável, onde respondemos à seguinte pergunta: Diante do conflito Israel e Palestina, como representantes do Brasil, Estados Unidos, Israel e Palestina emocionalmente se expressaram em discursos proferidos nos encontros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)? Materiais e Métodos: Através de revisão estruturada da literatura, é apresentado o estado atual do campo da análise textual no âmbito das Relações Internacionais. Um caso prático é desenvolvido de forma integralmente replicável na linguagem R com a aplicação da análise de sentimentos aos 77.857 discursos proferidos no CSNU de 1995 a 2019. Resultados: Demonstramos o potencial da abordagem do ‘texto como dado’ para realizar análises sistemáticas de grandes acervos documentais e sua complementariedade a estudos qualitativos que tratam de obter conclusões científicas através da abordagem do ‘texto como texto’. Diante do exemplo prático, mostramos como a abordagem do ‘texto como dado’ fornece uma análise bem-informada e consistente sobre os acontecimentos reais e inflexões expressos no conteúdo dos discursos, sem a necessidade de intensa dedicação manual prévia. Discussão: O estado atual das pesquisas em Relações Internacionais apresenta evidente discrepância na produção de pesquisas com a abordagem do ‘texto como dado’ quando comparada à abordagem do ‘texto como texto’. Acreditamos que este cenário possa ser resultado da ausência de treinamento em metodologias contemporâneas e intensivas em abordagens computacionais. O artigo enfrenta esse desafio através de exercício teórico e metodológico totalmente replicável.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571652","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e015
Jeferson Mariano Silva
RESUMO Introdução: O artigo faz uma revisão sistemática para explicar a trajetória do conceito de “judicialização da política” na literatura produzida pelas ciências sociais sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). Materiais e Métodos: São revisados e classificados tematicamente 148 documentos publicados entre 1990 e 2021. Resultados: É descrita a formação do campo de estudos sobre o STF, identificando seus diferentes estágios de desenvolvimento e suas diversas temáticas, além de mostrar como e por que o conceito de “judicialização” perdeu importância nesse contexto. Isso se deveu, fundamentalmente, às reiteradas críticas a que o conceito foi submetido e à emergência de enquadramentos conceituais alternativos. Discussão: Este exercício de revisão e crítica conceitual é relevante para o desenvolvimento de análises empíricas sobre o STF, porque contribui para elevar o rigor conceitual dos usos remanescentes da noção de “judicialização da política”.
{"title":"Depois da “judicialização”: um mapa bibliográfico do Supremo","authors":"Jeferson Mariano Silva","doi":"10.1590/1678-98732230e015","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e015","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: O artigo faz uma revisão sistemática para explicar a trajetória do conceito de “judicialização da política” na literatura produzida pelas ciências sociais sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). Materiais e Métodos: São revisados e classificados tematicamente 148 documentos publicados entre 1990 e 2021. Resultados: É descrita a formação do campo de estudos sobre o STF, identificando seus diferentes estágios de desenvolvimento e suas diversas temáticas, além de mostrar como e por que o conceito de “judicialização” perdeu importância nesse contexto. Isso se deveu, fundamentalmente, às reiteradas críticas a que o conceito foi submetido e à emergência de enquadramentos conceituais alternativos. Discussão: Este exercício de revisão e crítica conceitual é relevante para o desenvolvimento de análises empíricas sobre o STF, porque contribui para elevar o rigor conceitual dos usos remanescentes da noção de “judicialização da política”.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572384","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e011
Ciro Antônio da Silva Resende
RESUMEN Introdução: No Brasil, as audiências públicas das Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados são arenas relevantes para a defesa de demandas de grupos de pressão. Ali ocorrem interações entre um conjunto variado de atores, formando-se uma ampla rede. O artigo identifica os atores que ocuparam posições centrais nas redes de interesses organizados nas Comissões Permanentes nas 53ª e 54ª legislaturas. Materiais e Métodos: O estudo inclui 20 das 25 Comissões Permanentes em funcionamento atualmente. Foram utilizados dados de todas as audiências públicas realizadas pelas Comissões Permanentes entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2015, com destaque para os nomes dos participantes e das organizações/instituições que eles representavam. Empregou-se análise de redes sociais, mobilizando-se medidas de centralidade dos atores (degree, closeness e betweeness). Resultados: Apenas o Ministério Público Federal, o Ministério da Saúde, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério da Educação figuraram nas três medidas de centralidade dentre os dez atores mais importantes. Outro achado refere-se à observação de policy networks que se formam em torno de determinadas políticas, objetos da atividade das Comissões Permanentes. A apresentação das organizações e das instituições mais centrais em cada arena do sistema de comissões revela uma convergência muito clara entre os atores e o escopo temático das arenas nas quais atuam preponderantemente. Discussão: Esses achados têm impacto nas pesquisas sobre lobbying, uma vez que lançam luz sobre quais grupos atuam e como se dá essa participação nesse tipo de arena decisória.
{"title":"Redes de interesses organizados no sistema comissional da Câmara dos Deputados","authors":"Ciro Antônio da Silva Resende","doi":"10.1590/1678-98732230e011","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e011","url":null,"abstract":"RESUMEN Introdução: No Brasil, as audiências públicas das Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados são arenas relevantes para a defesa de demandas de grupos de pressão. Ali ocorrem interações entre um conjunto variado de atores, formando-se uma ampla rede. O artigo identifica os atores que ocuparam posições centrais nas redes de interesses organizados nas Comissões Permanentes nas 53ª e 54ª legislaturas. Materiais e Métodos: O estudo inclui 20 das 25 Comissões Permanentes em funcionamento atualmente. Foram utilizados dados de todas as audiências públicas realizadas pelas Comissões Permanentes entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2015, com destaque para os nomes dos participantes e das organizações/instituições que eles representavam. Empregou-se análise de redes sociais, mobilizando-se medidas de centralidade dos atores (degree, closeness e betweeness). Resultados: Apenas o Ministério Público Federal, o Ministério da Saúde, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério da Educação figuraram nas três medidas de centralidade dentre os dez atores mais importantes. Outro achado refere-se à observação de policy networks que se formam em torno de determinadas políticas, objetos da atividade das Comissões Permanentes. A apresentação das organizações e das instituições mais centrais em cada arena do sistema de comissões revela uma convergência muito clara entre os atores e o escopo temático das arenas nas quais atuam preponderantemente. Discussão: Esses achados têm impacto nas pesquisas sobre lobbying, uma vez que lançam luz sobre quais grupos atuam e como se dá essa participação nesse tipo de arena decisória.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571786","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e003
Vinícius Mendes
RESUMO Introdução: No início do século XXI, tecnologias digitais - e.g., internet móvel de alta velocidade (5G), inteligência artificial (IA), big data e analytics, e computação em nuvem - vêm causando profundos impactos na economia política internacional. Entre elas, a IA tem gerado efeitos políticos, sociais e econômicos significativos, incluindo reestruturações industriais, modelos de negócios em plataformas, leis de privacidade de dados, transformações no mundo do trabalho, e novos métodos educacionais. Esses efeitos são particularmente sentidos nas democracias ricas, como é o caso da Alemanha, onde a IA é incentivada através de instrumentos como a National Industrial Strategy 2030 e a Artificial Intelligence Strategy. Entretanto, vários desafios caracterizam essa difusão tecnológica. Neste artigo, analiso e interpreto esse fenômeno, investigando as dinâmicas políticas e econômicas que delineiam a difusão da IA na Alemanha. Materiais e Métodos: Foram realizadas vinte e uma entrevistas com especialistas representantes do mercado e da academia na Alemanha, entre outubro de 2019 e julho de 2020, e analisados dezesseis 16 relatórios governamentais, além de revisão da literatura sobre o tema. Resultados: Os resultados apontam que (1) a IA possui uma variedade de aplicações no país, tanto em pesquisa acadêmica quanto em bens e serviços de mercado, e (2) o governo está se aproximando de universidades e empresas para impulsionar essa tecnologia. Entretanto, (3) vários desafios à difusão da IA e seus impactos foram identificados: riscos à mão-de-obra associados à automação de postos de trabalho, aversão tecnológica por parcelas da sociedade e do empresariado, lacuna empreendedora e número restrito de empresas de tecnologia, oferta insuficiente de recursos humanos qualificados em IA, política de privacidade de dados ainda em adequação, e déficits em infraestruturas digitais. Discussão: O estudo contribui com a literatura sobre a economia política da IA em três aspectos. Primeiro, é um dos trabalhos inaugurais no Brasil a investigar a IA através de pesquisa de campo sistemática. Em segundo lugar, a despeito da excelência industrial e tecnológica, a Alemanha enfrenta desafios para se inserir na economia digital, fenômeno que até então tem sido pouco retratado na literatura. Terceiro, apesar de não focarmos o Brasil, o estudo traz luz para potenciais desafios à política industrial e tecnológica brasileiras em cenário global de crescente digitalização.
{"title":"A economia política da inteligência artificial: o caso da Alemanha","authors":"Vinícius Mendes","doi":"10.1590/1678-98732230e003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e003","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: No início do século XXI, tecnologias digitais - e.g., internet móvel de alta velocidade (5G), inteligência artificial (IA), big data e analytics, e computação em nuvem - vêm causando profundos impactos na economia política internacional. Entre elas, a IA tem gerado efeitos políticos, sociais e econômicos significativos, incluindo reestruturações industriais, modelos de negócios em plataformas, leis de privacidade de dados, transformações no mundo do trabalho, e novos métodos educacionais. Esses efeitos são particularmente sentidos nas democracias ricas, como é o caso da Alemanha, onde a IA é incentivada através de instrumentos como a National Industrial Strategy 2030 e a Artificial Intelligence Strategy. Entretanto, vários desafios caracterizam essa difusão tecnológica. Neste artigo, analiso e interpreto esse fenômeno, investigando as dinâmicas políticas e econômicas que delineiam a difusão da IA na Alemanha. Materiais e Métodos: Foram realizadas vinte e uma entrevistas com especialistas representantes do mercado e da academia na Alemanha, entre outubro de 2019 e julho de 2020, e analisados dezesseis 16 relatórios governamentais, além de revisão da literatura sobre o tema. Resultados: Os resultados apontam que (1) a IA possui uma variedade de aplicações no país, tanto em pesquisa acadêmica quanto em bens e serviços de mercado, e (2) o governo está se aproximando de universidades e empresas para impulsionar essa tecnologia. Entretanto, (3) vários desafios à difusão da IA e seus impactos foram identificados: riscos à mão-de-obra associados à automação de postos de trabalho, aversão tecnológica por parcelas da sociedade e do empresariado, lacuna empreendedora e número restrito de empresas de tecnologia, oferta insuficiente de recursos humanos qualificados em IA, política de privacidade de dados ainda em adequação, e déficits em infraestruturas digitais. Discussão: O estudo contribui com a literatura sobre a economia política da IA em três aspectos. Primeiro, é um dos trabalhos inaugurais no Brasil a investigar a IA através de pesquisa de campo sistemática. Em segundo lugar, a despeito da excelência industrial e tecnológica, a Alemanha enfrenta desafios para se inserir na economia digital, fenômeno que até então tem sido pouco retratado na literatura. Terceiro, apesar de não focarmos o Brasil, o estudo traz luz para potenciais desafios à política industrial e tecnológica brasileiras em cenário global de crescente digitalização.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571083","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e014
Lucas Gelape, G. D. Silva
RESUMEN Introdução: Quanto a competição intrapartidária afeta as decisões de carreira de políticos brasileiros? Sabemos que carreiras resultam da interação entre vontades individuais, de um lado, e estrutura de oportunidades políticas, de outro. As instâncias partidárias são elementos centrais nesta estrutura e moldam a composição das chapas em uma eleição, pois são o lugar inicial da disputa política. Nesse sentido, elas deveriam afetar as escolhas de carreira de vereadores brasileiros. Materiais e Métodos: Analisamos descritivamente um survey aplicado a 422 vereadores de Minas Gerais em 2015. A partir desses dados, comparamos as escolhas de carreira declaradas por estes vereadores com seu registro de candidatura em 2016 para verificar a convergência entre esses dois fatos. Em seguida, a partir das decisões de carreira de todos os vereadores eleitos em 2012 no Brasil, construímos uma amostra por meio de matching e estimamos modelos de regressão multivariados para investigar o efeito causal da competição intrapartidária sobre a probabilidade de um vereador concorrer a prefeito. Dada a dificuldade de observarmos o tratamento, criamos uma proxy para medir a competição intrapartidária, que busca identificar os candidatos competitivos de acordo com características anteriores ao registro de candidaturas em 2016. Resultados: O survey revela que a grande maioria dos vereadores que pretendiam concorrer a prefeito em 2016 não o fez. Os modelos de regressão multivariados mostram evidências causais de que vereadores que enfrentaram competição intrapartidária tiveram a probabilidade de se candidatarem para a chefia do Executivo municipal diminuída. Não encontramos variações neste efeito entre os dez partidos com maior número de eleitos, bem como entre diferentes tamanhos de eleitorado, excetuados aqueles com mais de 1 milhão de eleitores (nos quais o efeito foi nulo). Discussão: A competição política interna aos partidos se mostrou um limitador ativo e importante nas decisões dos indivíduos avaliados. As escolhas de carreira são diretamente influenciadas pelas dinâmicas partidárias mesmo na política local, exatamente onde a literatura aponta para vínculos mais frágeis entre os políticos e os partidos. É preciso ainda estender esta análise para outros cargos e outros tipos de representantes.
{"title":"Restrição partidária às decisões de carreira de políticos brasileiros: evidências de vereadores brasileiros","authors":"Lucas Gelape, G. D. Silva","doi":"10.1590/1678-98732230e014","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e014","url":null,"abstract":"RESUMEN Introdução: Quanto a competição intrapartidária afeta as decisões de carreira de políticos brasileiros? Sabemos que carreiras resultam da interação entre vontades individuais, de um lado, e estrutura de oportunidades políticas, de outro. As instâncias partidárias são elementos centrais nesta estrutura e moldam a composição das chapas em uma eleição, pois são o lugar inicial da disputa política. Nesse sentido, elas deveriam afetar as escolhas de carreira de vereadores brasileiros. Materiais e Métodos: Analisamos descritivamente um survey aplicado a 422 vereadores de Minas Gerais em 2015. A partir desses dados, comparamos as escolhas de carreira declaradas por estes vereadores com seu registro de candidatura em 2016 para verificar a convergência entre esses dois fatos. Em seguida, a partir das decisões de carreira de todos os vereadores eleitos em 2012 no Brasil, construímos uma amostra por meio de matching e estimamos modelos de regressão multivariados para investigar o efeito causal da competição intrapartidária sobre a probabilidade de um vereador concorrer a prefeito. Dada a dificuldade de observarmos o tratamento, criamos uma proxy para medir a competição intrapartidária, que busca identificar os candidatos competitivos de acordo com características anteriores ao registro de candidaturas em 2016. Resultados: O survey revela que a grande maioria dos vereadores que pretendiam concorrer a prefeito em 2016 não o fez. Os modelos de regressão multivariados mostram evidências causais de que vereadores que enfrentaram competição intrapartidária tiveram a probabilidade de se candidatarem para a chefia do Executivo municipal diminuída. Não encontramos variações neste efeito entre os dez partidos com maior número de eleitos, bem como entre diferentes tamanhos de eleitorado, excetuados aqueles com mais de 1 milhão de eleitores (nos quais o efeito foi nulo). Discussão: A competição política interna aos partidos se mostrou um limitador ativo e importante nas decisões dos indivíduos avaliados. As escolhas de carreira são diretamente influenciadas pelas dinâmicas partidárias mesmo na política local, exatamente onde a literatura aponta para vínculos mais frágeis entre os políticos e os partidos. É preciso ainda estender esta análise para outros cargos e outros tipos de representantes.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571901","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e010
Bruno Boti Bernardi
RESUMO Introdução: Neste estudo de caso da organização não governamental mexicana Centro de Direitos Humanos das Mulheres, discuto interpretações teóricas de Relações Internacionais sobre vínculos entre ativismo profissional, vítimas e atores de base. Analiso se a atuação de organizações não governamentais institucionalizadas pode gerar efeitos sóciopolíticos emancipatórios ou se, ao contrário, leva à desmobilização e ao silenciamento de demandas pró-direitos. Materiais e Métodos: Com base em entrevistas semiestruturadas e fontes secundárias, a pesquisa apresenta a trajetória institucional, repertórios de ação e perfil das pessoas fundadoras do Centro de Direitos Humanos das Mulheres do México. A hipótese foi a de que, nas práticas das organizações não governamentais, tanto formas de atuação mais e menos institucionalizadas, como ações de colaboração ou de confronto podem conviver sem que isso implique o afastamento desses grupos de suas bases sociais. Resultados: Contrariamente ao que é normalmente esperado pela literatura, a organização estudada equilibra dois papéis institucionais distintos ao mesmo tempo: o ativismo militante e a defesa legal. Isso lhe permite manter conexão com a radicalidade das lutas sociais e avançar em ações institucionalizadas junto ao Estado e a instâncias da governança global. Discussão: A literatura precisa enfocar melhor as interações reais entre instituições, organizações não governamentais e vítimas. É necessário problematizar as interpretações que enxergam o ativismo profissional apenas como um mercado tecnocrático do Norte global. É preciso olhar para as histórias locais de mobilização dos direitos humanos.
{"title":"Direitos humanos, encaixes institucionais e repertórios de ação: o Centro de Derechos Humanos de las Mujeres","authors":"Bruno Boti Bernardi","doi":"10.1590/1678-98732230e010","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e010","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Neste estudo de caso da organização não governamental mexicana Centro de Direitos Humanos das Mulheres, discuto interpretações teóricas de Relações Internacionais sobre vínculos entre ativismo profissional, vítimas e atores de base. Analiso se a atuação de organizações não governamentais institucionalizadas pode gerar efeitos sóciopolíticos emancipatórios ou se, ao contrário, leva à desmobilização e ao silenciamento de demandas pró-direitos. Materiais e Métodos: Com base em entrevistas semiestruturadas e fontes secundárias, a pesquisa apresenta a trajetória institucional, repertórios de ação e perfil das pessoas fundadoras do Centro de Direitos Humanos das Mulheres do México. A hipótese foi a de que, nas práticas das organizações não governamentais, tanto formas de atuação mais e menos institucionalizadas, como ações de colaboração ou de confronto podem conviver sem que isso implique o afastamento desses grupos de suas bases sociais. Resultados: Contrariamente ao que é normalmente esperado pela literatura, a organização estudada equilibra dois papéis institucionais distintos ao mesmo tempo: o ativismo militante e a defesa legal. Isso lhe permite manter conexão com a radicalidade das lutas sociais e avançar em ações institucionalizadas junto ao Estado e a instâncias da governança global. Discussão: A literatura precisa enfocar melhor as interações reais entre instituições, organizações não governamentais e vítimas. É necessário problematizar as interpretações que enxergam o ativismo profissional apenas como um mercado tecnocrático do Norte global. É preciso olhar para as histórias locais de mobilização dos direitos humanos.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572206","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-01DOI: 10.1590/1678-98732230e020
F. M. Euclydes, Vinicius de Souza Moreira, Andreia de Fátima Hoelzle Martins, Suely de Fátima Ramos Silveira
RESUMO Introdução: Criado em março de 2009, o Programa Minha Casa, Minha Vida é considerado a maior política habitacional da história brasileira. Durante seus onze anos de execução, o Programa atravessou quatro mandatos presidenciais e teve a sua execução organizada em fases, modalidades e faixas de renda. A despeito de sua importância, mudanças nas conjunturas fiscal, política e econômica do país implicaram no enfraquecimento gradual do Programa, e em 2021 ele foi extinto. O artigo investiga o processo de desenvolvimento (policy process) do Programa Minha Casa, Minha Vida em suas diferentes etapas: criação, consolidação e extinção. Materiais e Métodos: Foram analisados artigos científicos, relatórios técnicos e textos de discussão sobre o Programa, além da legislação específica e notícias de imprensa. De forma complementar, fez-se um pedido de acesso à informação para obter dados quanto à execução do Programa. Os dados coletados abrangem o período entre março de 2009 e janeiro de 2021. Os itens considerados no estudo dos documentos foram: formação de agenda; formulação da política; implementação; avaliação; e extinção. Resultados: Desagregamos em subprocessos o processo decisório de um dos principais programas públicos recentes do Brasil, o que permitiu compreendê-lo em sua especificidade, evolução e contexto. O Programa se desenvolveu por interação com o seu ambiente, evoluindo de forma contingente. Esse processo foi incremental, com mudanças de escalas tanto operacionais quanto globais, e foi moldado por disputas e restrições políticas. O policy process foi constrangido pelas regras do jogo e pelas conjunturas político-econômicas. Essas conjunturas formaram o cenário das disputas entre atores, interesses e ideias. Discussão: O estudo demonstra, empiricamente, o desenvolvimento incremental das políticas públicas. Embora extinto, o “Minha Casa, Minha Vida” serviu de estrutura para o novo Programa, o “Casa Verde e Amarela”, o qual baseia seu arcabouço institucional em modalidades criadas pelo primeiro para beneficiários de maior renda, evidenciando o processo contínuo e interativo de ajustamento entre atores, instituições e ideias.
{"title":"O processo de política pública do “Minha Casa, Minha Vida”: criação, desenvolvimento e extinção","authors":"F. M. Euclydes, Vinicius de Souza Moreira, Andreia de Fátima Hoelzle Martins, Suely de Fátima Ramos Silveira","doi":"10.1590/1678-98732230e020","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-98732230e020","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Criado em março de 2009, o Programa Minha Casa, Minha Vida é considerado a maior política habitacional da história brasileira. Durante seus onze anos de execução, o Programa atravessou quatro mandatos presidenciais e teve a sua execução organizada em fases, modalidades e faixas de renda. A despeito de sua importância, mudanças nas conjunturas fiscal, política e econômica do país implicaram no enfraquecimento gradual do Programa, e em 2021 ele foi extinto. O artigo investiga o processo de desenvolvimento (policy process) do Programa Minha Casa, Minha Vida em suas diferentes etapas: criação, consolidação e extinção. Materiais e Métodos: Foram analisados artigos científicos, relatórios técnicos e textos de discussão sobre o Programa, além da legislação específica e notícias de imprensa. De forma complementar, fez-se um pedido de acesso à informação para obter dados quanto à execução do Programa. Os dados coletados abrangem o período entre março de 2009 e janeiro de 2021. Os itens considerados no estudo dos documentos foram: formação de agenda; formulação da política; implementação; avaliação; e extinção. Resultados: Desagregamos em subprocessos o processo decisório de um dos principais programas públicos recentes do Brasil, o que permitiu compreendê-lo em sua especificidade, evolução e contexto. O Programa se desenvolveu por interação com o seu ambiente, evoluindo de forma contingente. Esse processo foi incremental, com mudanças de escalas tanto operacionais quanto globais, e foi moldado por disputas e restrições políticas. O policy process foi constrangido pelas regras do jogo e pelas conjunturas político-econômicas. Essas conjunturas formaram o cenário das disputas entre atores, interesses e ideias. Discussão: O estudo demonstra, empiricamente, o desenvolvimento incremental das políticas públicas. Embora extinto, o “Minha Casa, Minha Vida” serviu de estrutura para o novo Programa, o “Casa Verde e Amarela”, o qual baseia seu arcabouço institucional em modalidades criadas pelo primeiro para beneficiários de maior renda, evidenciando o processo contínuo e interativo de ajustamento entre atores, instituições e ideias.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67572560","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}