Pub Date : 2021-09-24DOI: 10.1590/1678-987321297701
André Marenco, Lidia Ten Cate
RESUMO Introdução: Interpretação dominante em estudos sobre relações intergovernamentais no Brasil enfatiza uma reduzida autonomia efetiva dos municípios para tomar decisões sobre gasto e execução orçamentária. Este trabalho pretende demonstrar a existência de variações nas preferências orçamentárias encontradas entre os 5,5 mil governos municipais, bem como testar diferentes proposições explicativas para dar conta das variações observadas entre municípios. Materiais e métodos: A fim de testar esta proposição utilizaram-se bases como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Secretaria do Tesouro Nacional e informações eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral. O recorte temporal foi de um ciclo governamental completo (2013-2016). A execução orçamentária foi utilizada como proxy de preferências governamentais locais sobre gasto público, considerando funções de alocação condicionada (educação, saúde), e discricionária (segurança, assistência social, cultura, urbanismo, saneamento e transporte). Foram consideradas medidas de variância, bem como a distribuição dos municípios por quartis. Posteriormente, para testar diferentes explicações para a discrepância encontrada, foram mobilizadas variáveis políticas, administrativas e demográficas. Resultados: O principal achado diz respeito a uma forte variação no gasto orçamentário entre municípios brasileiros, especialmente em funções reguladas (saúde e educação) e urbanismo, medida seja pelo desvio padrão, como por intervalos interquartílicos. Paralelo, variáveis demográficas, políticas e de capacidade estatal mostraram baixo poder explicativo para dar conta destas variações. Na sequência, foram testadas variáveis associadas a gastos orçamentários anteriores, buscando identificar padrão de dependência de trajetória nas decisões orçamentárias. Os resultados mostraram que o poder explicativo deste modelo foi elevado indicando que a trajetória prévia do gasto exerce forte influência nas escolhas orçamentárias. Discussão: O trabalho joga luz à uma temática até então “dada por vencida”, contrariando interpretação de que os municípios possuiriam reduzida autonomia para decisões orçamentárias, e oferece pistas para explicar as variações encontradas.
{"title":"Municípios são todos iguais? Decisões sobre gasto, orçamento e políticas públicas em governos locais","authors":"André Marenco, Lidia Ten Cate","doi":"10.1590/1678-987321297701","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297701","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Interpretação dominante em estudos sobre relações intergovernamentais no Brasil enfatiza uma reduzida autonomia efetiva dos municípios para tomar decisões sobre gasto e execução orçamentária. Este trabalho pretende demonstrar a existência de variações nas preferências orçamentárias encontradas entre os 5,5 mil governos municipais, bem como testar diferentes proposições explicativas para dar conta das variações observadas entre municípios. Materiais e métodos: A fim de testar esta proposição utilizaram-se bases como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Secretaria do Tesouro Nacional e informações eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral. O recorte temporal foi de um ciclo governamental completo (2013-2016). A execução orçamentária foi utilizada como proxy de preferências governamentais locais sobre gasto público, considerando funções de alocação condicionada (educação, saúde), e discricionária (segurança, assistência social, cultura, urbanismo, saneamento e transporte). Foram consideradas medidas de variância, bem como a distribuição dos municípios por quartis. Posteriormente, para testar diferentes explicações para a discrepância encontrada, foram mobilizadas variáveis políticas, administrativas e demográficas. Resultados: O principal achado diz respeito a uma forte variação no gasto orçamentário entre municípios brasileiros, especialmente em funções reguladas (saúde e educação) e urbanismo, medida seja pelo desvio padrão, como por intervalos interquartílicos. Paralelo, variáveis demográficas, políticas e de capacidade estatal mostraram baixo poder explicativo para dar conta destas variações. Na sequência, foram testadas variáveis associadas a gastos orçamentários anteriores, buscando identificar padrão de dependência de trajetória nas decisões orçamentárias. Os resultados mostraram que o poder explicativo deste modelo foi elevado indicando que a trajetória prévia do gasto exerce forte influência nas escolhas orçamentárias. Discussão: O trabalho joga luz à uma temática até então “dada por vencida”, contrariando interpretação de que os municípios possuiriam reduzida autonomia para decisões orçamentárias, e oferece pistas para explicar as variações encontradas.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45859194","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-24DOI: 10.1590/1678-987321297707
Eduardo Moreira da Silva, A. Ribeiro
RESUMO Introdução: O objetivo do artigo é descrever o subsistema dos conselhos nacionais de políticas públicas e identificar quais seriam os principais conectores dessas arenas. A seguir, pretende-se apresentar as similitudes e diferenças nos subsistemas de conselhos entre os diferentes níveis de governo (município, estado e união). Isto é, investigam-se os efeitos do problema da escala para a teoria deliberativa. Materiais e métodos: Foram realizadas pesquisas nos sítios eletrônicos dos conselhos nacionais de políticas públicas. Obteve-se informação para vinte e cinco conselhos relativos à composição dos conselhos, principalmente, os segmentos que o compõe. A seguir, realizou-se uma técnica do campo da Análise de Redes Socais denominada affiliation network analysis or two-mode network. As informações foram processadas no software Pajek 5.0. O propósito é verificar a hipótese de que a elevação da escala aumenta a centralidade dos atores da burocracia (atores governamentais) como conectores principais das redes. Resultados: Um dos resultados principais é o de que os conselhos nacionais apresentam baixo grau de conectividade, diferentemente dos achados relativos ao município e estado presente em pesquisas anteriores. Encontramos, ainda, um expressivo número de conectores híbridos inexistentes e/ou presentes com menor importância nos municípios e Estado previamente analisados. A hipótese foi confirmada, pois foi bastante expressivo o papel dos conselheiros governamentais como conectores das arenas deliberativas analisadas. Discussão: O artigo contribui para a literatura ao sugerir a utilização de técnicas do campo da Análise de Redes Sociais para identificar os conectores das arenas deliberativas. Indica, ainda, os avanços e os limites da perspectiva sistêmica, com foco nos seus conectores e nos mecanismos de transmissão. Apresenta-se abordagem original dos subsistemas e realiza-se a descrição dos aspectos metodológicos envolvidos. A terceira contribuição problematiza os resultados da análise e propõe estratégias de continuidade desta agenda no campo de pesquisas, sobretudo, a possibilidade de se investigar os sistemas de políticas públicas e as possíveis conexões entre arenas de diferentes entes federativos.
{"title":"Sistemas deliberativos em perspectiva meso: o subsistema dos conselhos nacionais de políticas públicas e seus conectores","authors":"Eduardo Moreira da Silva, A. Ribeiro","doi":"10.1590/1678-987321297707","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297707","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: O objetivo do artigo é descrever o subsistema dos conselhos nacionais de políticas públicas e identificar quais seriam os principais conectores dessas arenas. A seguir, pretende-se apresentar as similitudes e diferenças nos subsistemas de conselhos entre os diferentes níveis de governo (município, estado e união). Isto é, investigam-se os efeitos do problema da escala para a teoria deliberativa. Materiais e métodos: Foram realizadas pesquisas nos sítios eletrônicos dos conselhos nacionais de políticas públicas. Obteve-se informação para vinte e cinco conselhos relativos à composição dos conselhos, principalmente, os segmentos que o compõe. A seguir, realizou-se uma técnica do campo da Análise de Redes Socais denominada affiliation network analysis or two-mode network. As informações foram processadas no software Pajek 5.0. O propósito é verificar a hipótese de que a elevação da escala aumenta a centralidade dos atores da burocracia (atores governamentais) como conectores principais das redes. Resultados: Um dos resultados principais é o de que os conselhos nacionais apresentam baixo grau de conectividade, diferentemente dos achados relativos ao município e estado presente em pesquisas anteriores. Encontramos, ainda, um expressivo número de conectores híbridos inexistentes e/ou presentes com menor importância nos municípios e Estado previamente analisados. A hipótese foi confirmada, pois foi bastante expressivo o papel dos conselheiros governamentais como conectores das arenas deliberativas analisadas. Discussão: O artigo contribui para a literatura ao sugerir a utilização de técnicas do campo da Análise de Redes Sociais para identificar os conectores das arenas deliberativas. Indica, ainda, os avanços e os limites da perspectiva sistêmica, com foco nos seus conectores e nos mecanismos de transmissão. Apresenta-se abordagem original dos subsistemas e realiza-se a descrição dos aspectos metodológicos envolvidos. A terceira contribuição problematiza os resultados da análise e propõe estratégias de continuidade desta agenda no campo de pesquisas, sobretudo, a possibilidade de se investigar os sistemas de políticas públicas e as possíveis conexões entre arenas de diferentes entes federativos.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46806421","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-05DOI: 10.1590/1678-987320287605
Sandra Gomes, A. Lacerda, A. Silva
RESUMO Introdução: Estudos recentes sobre o perfil das nomeações de ministros em nível federal têm mostrado maior complexidade das lógicas subjacentes a esta decisão e, como consequência, a insuficiência explicativa da dicotomia entre nomeações “técnicas” versus “políticas”. Por outro lado, pouco se conhece ainda sobre os tipos de nomeação para o secretariado de primeiro escalão nos Executivos estaduais. A partir de um estudo de caso, comparamos se as lógicas de nomeações são similares ou distintas daquelas encontradas em nível federal. Materiais e Métodos: A partir da sistematização dos dados biográficos dos secretários nomeados entre 1995 e 2015 no Rio Grande do Norte, no Brasil (RN), foi possível ir além de informações básicas (tais como: formação educacional, ocupação profissional ou filiação partidária) dos secretários, identificando as trajetórias dos indivíduos nos contextos políticos e eleitorais do estado. Propomos, a partir daí, uma tipologia para mensurar competências técnica e política. Resultados: A análise das nomeações para o caso do RN com base nessa tipologia revela que há especificidades locais que explicam parte significativa das escolhas feitas pelos governadores na montagem do seu gabinete. O tipo de nomeação mais frequente é o de uma secretária ou secretário com um perfil misto, técnico e político ao mesmo tempo, o que confirma a insuficiência analítica da dicotomia “técnico” ou “político” como critérios de escolha exclusivos pelos chefes dos Executivos. Discussão: O estudo, a partir dessa análise exploratória de dados de um caso específico, abre avenidas para futuras investigações, entre elas a ideia da existência de uma espécie de presidencialismo de coalizão atenuado em alguns estados a ser entendido a partir de dinâmicas especificamente regionais.
{"title":"Critérios técnicos, políticos e dinâmica regional na nomeação de secretários estaduais: um estudo de caso do Rio Grande do Norte","authors":"Sandra Gomes, A. Lacerda, A. Silva","doi":"10.1590/1678-987320287605","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987320287605","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Estudos recentes sobre o perfil das nomeações de ministros em nível federal têm mostrado maior complexidade das lógicas subjacentes a esta decisão e, como consequência, a insuficiência explicativa da dicotomia entre nomeações “técnicas” versus “políticas”. Por outro lado, pouco se conhece ainda sobre os tipos de nomeação para o secretariado de primeiro escalão nos Executivos estaduais. A partir de um estudo de caso, comparamos se as lógicas de nomeações são similares ou distintas daquelas encontradas em nível federal. Materiais e Métodos: A partir da sistematização dos dados biográficos dos secretários nomeados entre 1995 e 2015 no Rio Grande do Norte, no Brasil (RN), foi possível ir além de informações básicas (tais como: formação educacional, ocupação profissional ou filiação partidária) dos secretários, identificando as trajetórias dos indivíduos nos contextos políticos e eleitorais do estado. Propomos, a partir daí, uma tipologia para mensurar competências técnica e política. Resultados: A análise das nomeações para o caso do RN com base nessa tipologia revela que há especificidades locais que explicam parte significativa das escolhas feitas pelos governadores na montagem do seu gabinete. O tipo de nomeação mais frequente é o de uma secretária ou secretário com um perfil misto, técnico e político ao mesmo tempo, o que confirma a insuficiência analítica da dicotomia “técnico” ou “político” como critérios de escolha exclusivos pelos chefes dos Executivos. Discussão: O estudo, a partir dessa análise exploratória de dados de um caso específico, abre avenidas para futuras investigações, entre elas a ideia da existência de uma espécie de presidencialismo de coalizão atenuado em alguns estados a ser entendido a partir de dinâmicas especificamente regionais.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47197237","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-05DOI: 10.1590/1678-987320287606
Simone Diniz, Lucy Oliveira
RESUMO Introdução: O artigo analisa os programas de governo dos candidatos eleitos para a Presidência da República no Brasil entre 1994 e 2006. Verificamos se eles apresentavam elementos informativos orientando a escolha dos eleitores e apuramos possíveis diferenças temáticas marcantes entre os programas apresentados pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Materiais e Métodos: As fontes do estudo foram os planos de governo dos candidatos do PSDB e do PT e a metodologia utilizada foi a análise de conteúdo, com codificação por pares e teste de replicabilidade (Alpha de Krippendorff). Identificamos as promessas de campanhas expressas nos programas de governo. Com a utilização do software MAXQDA, as sentenças foram codificadas como promessas verificáveis e promessas retóricas e os programas foram organizados conforme a frequência dessas duas categorias. Dadas as diferenças ideológicas e organizacionais entre PSDB e PT, analisamos a agenda temática dos documentos para ressaltar diferenças de ênfases. Para isso, utilizamos os protocolos do Manifesto Research on Political Representation (MARPOR) para identificar áreas de políticas públicas prioritárias. Resultados: Os resultados encontrados para o primeiro objetivo foram positivos: os quatro programas (de 1994, 1998, 2002 e 2006) foram considerados informativos. Nos programas do PSDB, mais de 80% das sentenças catalogadas como promessas enquadram-se na categoria promessas verificáveis nas duas eleições analisadas. Já nos programas do PT, identificamos tendências diferentes. Em 2002, 53% das promessas são verificáveis, enquanto que em 2006 são quase 85%. No que diz respeito às áreas temáticas, os programas de governo acompanham parcialmente a tendência encontrada em democracias estabelecidas, dando mais ênfase a questões relativas à economia e ao bem-estar social, não demonstrando grande diversidade em relação aos temas prioritários já estabelecidos pela literatura. Discussão: Trata-se de um estudo original por se debruçar sobre um campo ainda pouco explorado, a análise de programas de governo como fonte para aferição dos compromissos assumidos pelos futuros governantes durante as campanhas eleitorais no Brasil. Por ser um estudo exploratório e documental, esperamos que sirva como base para o desenvolvimento de futuras pesquisas sobre promessas de campanha.
{"title":"Programas de governo e promessas de campanha","authors":"Simone Diniz, Lucy Oliveira","doi":"10.1590/1678-987320287606","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987320287606","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: O artigo analisa os programas de governo dos candidatos eleitos para a Presidência da República no Brasil entre 1994 e 2006. Verificamos se eles apresentavam elementos informativos orientando a escolha dos eleitores e apuramos possíveis diferenças temáticas marcantes entre os programas apresentados pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Materiais e Métodos: As fontes do estudo foram os planos de governo dos candidatos do PSDB e do PT e a metodologia utilizada foi a análise de conteúdo, com codificação por pares e teste de replicabilidade (Alpha de Krippendorff). Identificamos as promessas de campanhas expressas nos programas de governo. Com a utilização do software MAXQDA, as sentenças foram codificadas como promessas verificáveis e promessas retóricas e os programas foram organizados conforme a frequência dessas duas categorias. Dadas as diferenças ideológicas e organizacionais entre PSDB e PT, analisamos a agenda temática dos documentos para ressaltar diferenças de ênfases. Para isso, utilizamos os protocolos do Manifesto Research on Political Representation (MARPOR) para identificar áreas de políticas públicas prioritárias. Resultados: Os resultados encontrados para o primeiro objetivo foram positivos: os quatro programas (de 1994, 1998, 2002 e 2006) foram considerados informativos. Nos programas do PSDB, mais de 80% das sentenças catalogadas como promessas enquadram-se na categoria promessas verificáveis nas duas eleições analisadas. Já nos programas do PT, identificamos tendências diferentes. Em 2002, 53% das promessas são verificáveis, enquanto que em 2006 são quase 85%. No que diz respeito às áreas temáticas, os programas de governo acompanham parcialmente a tendência encontrada em democracias estabelecidas, dando mais ênfase a questões relativas à economia e ao bem-estar social, não demonstrando grande diversidade em relação aos temas prioritários já estabelecidos pela literatura. Discussão: Trata-se de um estudo original por se debruçar sobre um campo ainda pouco explorado, a análise de programas de governo como fonte para aferição dos compromissos assumidos pelos futuros governantes durante as campanhas eleitorais no Brasil. Por ser um estudo exploratório e documental, esperamos que sirva como base para o desenvolvimento de futuras pesquisas sobre promessas de campanha.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67570257","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-07-05DOI: 10.1590/1678-987320287603
Cristiane Brum Bernardes
RESUMO Introdução: Em um contexto de intensificação da interatividade, da hiperconectividade e da mobilidade, e ampliação das possibilidades de contato entre instituições legislativas e cidadãos por veículos digitais, este estudo analisa, comparativamente, como as quatro assembleias legislativas da Região Sudeste do Brasil utilizam os perfis institucionais criados no Facebook. O objetivo é compreender como o processo de engajamento público, conforme conceituado por Leston-Bandeira (2014), está sendo realizado pelas casas legislativas nessa plataforma. Materiais e Métodos: A coleta de dados empíricos sobre os perfis das assembleias legislativas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo foi realizada entre agosto de 2018 e outubro de 2019. Foram aplicadas as seguintes técnicas: 1) entrevistas em profundidade com os gestores da comunicação digital das casas e 2) análise comparativa das publicações e dos comentários no Facebook no período entre agosto de 2018 e janeiro de 2019. Os dados dos perfis foram coletados por meio do aplicativo Netvizz e analisados posteriormente a partir do Excel. As entrevistas foram realizadas entre agosto e dezembro de 2018 e em outubro de 2019 de forma presencial ou via internet (Skype e vídeo do WhatsApp). Resultados: Os dados comparativos revelam que o perfil @assembleiademinas fez um uso mais intenso do Facebook no período analisado, apesar de ter menos seguidores do que os perfis da ALERJ e da ALESP. Para além de postar mais, o perfil da ALMG alcançou mais interações dos cidadãos, especialmente por meio das reações a algumas postagens feitas em outubro e dezembro de 2018. Das quatro assembleias analisadas, o perfil da ALES é o que teve o menor alcance quantitativo, em número de usuários que interagem, tanto em relação às reações, quanto aos comentários. ALMG tem o perfil que recebeu mais reações por postagem, enquanto a ALESP recebeu mais comentários por post no período. Discussão: A conclusão mais geral é que as quatro casas legislativas analisadas não conseguem realizar o monitoramento das contribuições dos internautas e promover uma interação mais dialógica com eles, ficando centradas nos níveis de informação, compreensão e identificação do processo de engajamento público. Há, portanto, uma dificuldade de incluir os aspectos da participação e da intervenção na decisão política nas dinâmicas das mídias sociais. Em última medida, ao não aproveitarem o potencial dialógico das redes, as assembleias legislativas desperdiçam oportunidades de contato com o cidadão e ampliam seu distanciamento da sociedade.
{"title":"Engajamento público e o uso institucional do Facebook nas assembleias legislativas da Região Sudeste","authors":"Cristiane Brum Bernardes","doi":"10.1590/1678-987320287603","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987320287603","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Em um contexto de intensificação da interatividade, da hiperconectividade e da mobilidade, e ampliação das possibilidades de contato entre instituições legislativas e cidadãos por veículos digitais, este estudo analisa, comparativamente, como as quatro assembleias legislativas da Região Sudeste do Brasil utilizam os perfis institucionais criados no Facebook. O objetivo é compreender como o processo de engajamento público, conforme conceituado por Leston-Bandeira (2014), está sendo realizado pelas casas legislativas nessa plataforma. Materiais e Métodos: A coleta de dados empíricos sobre os perfis das assembleias legislativas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo foi realizada entre agosto de 2018 e outubro de 2019. Foram aplicadas as seguintes técnicas: 1) entrevistas em profundidade com os gestores da comunicação digital das casas e 2) análise comparativa das publicações e dos comentários no Facebook no período entre agosto de 2018 e janeiro de 2019. Os dados dos perfis foram coletados por meio do aplicativo Netvizz e analisados posteriormente a partir do Excel. As entrevistas foram realizadas entre agosto e dezembro de 2018 e em outubro de 2019 de forma presencial ou via internet (Skype e vídeo do WhatsApp). Resultados: Os dados comparativos revelam que o perfil @assembleiademinas fez um uso mais intenso do Facebook no período analisado, apesar de ter menos seguidores do que os perfis da ALERJ e da ALESP. Para além de postar mais, o perfil da ALMG alcançou mais interações dos cidadãos, especialmente por meio das reações a algumas postagens feitas em outubro e dezembro de 2018. Das quatro assembleias analisadas, o perfil da ALES é o que teve o menor alcance quantitativo, em número de usuários que interagem, tanto em relação às reações, quanto aos comentários. ALMG tem o perfil que recebeu mais reações por postagem, enquanto a ALESP recebeu mais comentários por post no período. Discussão: A conclusão mais geral é que as quatro casas legislativas analisadas não conseguem realizar o monitoramento das contribuições dos internautas e promover uma interação mais dialógica com eles, ficando centradas nos níveis de informação, compreensão e identificação do processo de engajamento público. Há, portanto, uma dificuldade de incluir os aspectos da participação e da intervenção na decisão política nas dinâmicas das mídias sociais. Em última medida, ao não aproveitarem o potencial dialógico das redes, as assembleias legislativas desperdiçam oportunidades de contato com o cidadão e ampliam seu distanciamento da sociedade.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-07-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42945317","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-987321297706
J. Caravaca, C. Daniel
RESUMEN Introducción: La modernización del Estado como política pública tiene larga data en la Argentina. En este trabajo analizamos los tres planes de Modernización del Estado lanzados en 2000, 2007 y 2016, para indagar en su contenido, recuperar los contextos económicos, políticos e institucionales en los que cada uno de esos planes fue implementado, y comprender tanto las motivaciones y los intereses políticos que los impulsaron como sus limitaciones. Materiales y Métodos: Para responder a estas cuestiones, trabajamos con los documentos oficiales de los tres planes de modernización firmados por el gobierno nacional con el organismo financiador. El corpus documental se completa con los informes de los organismos financiadores de cada plan, con los organigramas de las dependencias estatales involucradas y fuentes presupuestarias oficiales. La reconstrucción histórica de las distintas iniciativas de modernización estatal se realizó a partir del registro y compilación de leyes, decretos y otra normativa sobre modernización y reforma del Estado a nivel nacional. Resultados: Nuestra investigación sugiere que, a pesar de los cambios de gestiones políticas, hay una clara continuidad entre los tres planes de modernización, especialmente cuando refiere al uso de una terminología común, heredera del New Public Management; a la apuesta por la tecnología; y a la búsqueda de la transparencia como valor a conseguir. La diferencia entre los planes radica en que, en el último de ellos, en el marco de la gestión presidencial de Mauricio Macri, la modernización fue presentada como un fin en sí mismo, mientras que en los anteriores hubo una relación asumida con los proyectos políticos ante los que los planes de modernización se subsumieron. Discusión: Estos resultados aportan tanto al campo de los estudios de administración pública como a los estudios sobre la era Cambiemos y el neoliberalismo. En el primer caso, otros estudios sobre algunas iniciativas de modernización centraron su atención en planes o iniciativas específicas, cuando aquí proponemos un estudio en el mediano plazo. El recorrido por más de veinte años de proyectos de reforma y modernización estatal en la Argentina permite dar cuenta de la pervivencia de un lenguaje y de ciertas herramientas de gestión a lo largo del tiempo, que responden, entendemos, a una temporalidad ajena a la política. Para lo referido a los estudios sobre la alianza Cambiemos, este trabajo dialoga con la producción que analiza la conformación de una narrativa individualizante y despolitizada por parte de esta alianza política.
{"title":"¿Nunca fuimos modernos? Planes de modernización del Estado en la Argentina (2000-2019)","authors":"J. Caravaca, C. Daniel","doi":"10.1590/1678-987321297706","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297706","url":null,"abstract":"RESUMEN Introducción: La modernización del Estado como política pública tiene larga data en la Argentina. En este trabajo analizamos los tres planes de Modernización del Estado lanzados en 2000, 2007 y 2016, para indagar en su contenido, recuperar los contextos económicos, políticos e institucionales en los que cada uno de esos planes fue implementado, y comprender tanto las motivaciones y los intereses políticos que los impulsaron como sus limitaciones. Materiales y Métodos: Para responder a estas cuestiones, trabajamos con los documentos oficiales de los tres planes de modernización firmados por el gobierno nacional con el organismo financiador. El corpus documental se completa con los informes de los organismos financiadores de cada plan, con los organigramas de las dependencias estatales involucradas y fuentes presupuestarias oficiales. La reconstrucción histórica de las distintas iniciativas de modernización estatal se realizó a partir del registro y compilación de leyes, decretos y otra normativa sobre modernización y reforma del Estado a nivel nacional. Resultados: Nuestra investigación sugiere que, a pesar de los cambios de gestiones políticas, hay una clara continuidad entre los tres planes de modernización, especialmente cuando refiere al uso de una terminología común, heredera del New Public Management; a la apuesta por la tecnología; y a la búsqueda de la transparencia como valor a conseguir. La diferencia entre los planes radica en que, en el último de ellos, en el marco de la gestión presidencial de Mauricio Macri, la modernización fue presentada como un fin en sí mismo, mientras que en los anteriores hubo una relación asumida con los proyectos políticos ante los que los planes de modernización se subsumieron. Discusión: Estos resultados aportan tanto al campo de los estudios de administración pública como a los estudios sobre la era Cambiemos y el neoliberalismo. En el primer caso, otros estudios sobre algunas iniciativas de modernización centraron su atención en planes o iniciativas específicas, cuando aquí proponemos un estudio en el mediano plazo. El recorrido por más de veinte años de proyectos de reforma y modernización estatal en la Argentina permite dar cuenta de la pervivencia de un lenguaje y de ciertas herramientas de gestión a lo largo del tiempo, que responden, entendemos, a una temporalidad ajena a la política. Para lo referido a los estudios sobre la alianza Cambiemos, este trabajo dialoga con la producción que analiza la conformación de una narrativa individualizante y despolitizada por parte de esta alianza política.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67570552","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-987321297702
Eduardo José Grin, F. Abrucio
RESUMO Introdução: o artigo aborda a promoção de capacidades estatais municipais por meio do Programa de Modernização das Administrações Tributárias (PMAT), implantado pelo BNDES entre 1997 e 2014. Busca-se analisar como programas federais que promovem capacidades estatais municipais, implantados por subgovernos (burocracias públicas federais com razoável autonomia de ação para definir suas regras), podem gerar dissonância federativa e reduzir sua possibilidade de acesso se desconsideram as distintas realidades municipais. Materiais e Métodos: utilizaram-se técnicas quantitativas (estatísticas descritivas geradas a partir dos relatórios de adesão municipal do PMAT e um Websurvey com as prefeituras) e qualitativas (entrevistas com gestores federais - BNDES, Ministério da Fazenda e Caixa Econômica Federal - e dirigentes políticos e técnicos da Confederação Nacional de Municípios, Associação Brasileira de Municípios e Frente Nacional de Prefeitos). O argumento teórico é que dissonâncias entre as agências federais provedoras de programas e os municípios como destinatários produzem baixo desempenho em termos de adesão. Resultados: a pesquisa mostrou como jogos da cooperação federativa podem resultar em visões contrastantes entre feds e locals. Empiricamente, essa discussão baseou-se na implementação do PMAT e como o mecanismo explicativo da dissonância federativa permite compreender a relação entre “doador” e “destinatário” no bojo das relações intergovernamentais. O resultado da cooperação federativa foi o oposto do que propugnava sua visão mais benigna, pois incentivou ações mais defensivas dos municípios que ponderaram custos e benefícios do acesso ao PMAT. Discussão: diante do desenho institucional do PMAT, considerando a combinação das exigências para o ingresso municipal e o fato de as candidaturas serem voluntárias, as induções favoreceram os maiores municípios. Gerou-se assimetria de acesso que favoreceu as cidades mais afluentes. A dissonância federativa entre o BNDES e os municípios é o que explica a realidade das adesões e o desencontro entre os feds e os locals. Com o seu formato, regras de indução e desacordos sobre seu funcionamento, em termos federativos, programas com estas características têm poucas chances de êxito como via de acesso para a grande maioria das cidades. O artigo contribui para o conhecimento sobre o desenho de programas federais e suas regras de acesso pelos entes subnacionais, sobretudo aqueles que visam promover capacidades estatais municipais. Outra contribuição é que a forma como feds concebem e implantam programas influencia o tipo de adesão municipal. A ação dos subgovernos pode gerar visões não coincidentes entre os gestores federais e a realidade municipal. Esse é outro aporte para a literatura de federalismo e capacidades estatais de governos locais.
{"title":"O elo perdido da descentralização no Brasil: a promoção das capacidades estatais municipais pelo governo federal","authors":"Eduardo José Grin, F. Abrucio","doi":"10.1590/1678-987321297702","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297702","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: o artigo aborda a promoção de capacidades estatais municipais por meio do Programa de Modernização das Administrações Tributárias (PMAT), implantado pelo BNDES entre 1997 e 2014. Busca-se analisar como programas federais que promovem capacidades estatais municipais, implantados por subgovernos (burocracias públicas federais com razoável autonomia de ação para definir suas regras), podem gerar dissonância federativa e reduzir sua possibilidade de acesso se desconsideram as distintas realidades municipais. Materiais e Métodos: utilizaram-se técnicas quantitativas (estatísticas descritivas geradas a partir dos relatórios de adesão municipal do PMAT e um Websurvey com as prefeituras) e qualitativas (entrevistas com gestores federais - BNDES, Ministério da Fazenda e Caixa Econômica Federal - e dirigentes políticos e técnicos da Confederação Nacional de Municípios, Associação Brasileira de Municípios e Frente Nacional de Prefeitos). O argumento teórico é que dissonâncias entre as agências federais provedoras de programas e os municípios como destinatários produzem baixo desempenho em termos de adesão. Resultados: a pesquisa mostrou como jogos da cooperação federativa podem resultar em visões contrastantes entre feds e locals. Empiricamente, essa discussão baseou-se na implementação do PMAT e como o mecanismo explicativo da dissonância federativa permite compreender a relação entre “doador” e “destinatário” no bojo das relações intergovernamentais. O resultado da cooperação federativa foi o oposto do que propugnava sua visão mais benigna, pois incentivou ações mais defensivas dos municípios que ponderaram custos e benefícios do acesso ao PMAT. Discussão: diante do desenho institucional do PMAT, considerando a combinação das exigências para o ingresso municipal e o fato de as candidaturas serem voluntárias, as induções favoreceram os maiores municípios. Gerou-se assimetria de acesso que favoreceu as cidades mais afluentes. A dissonância federativa entre o BNDES e os municípios é o que explica a realidade das adesões e o desencontro entre os feds e os locals. Com o seu formato, regras de indução e desacordos sobre seu funcionamento, em termos federativos, programas com estas características têm poucas chances de êxito como via de acesso para a grande maioria das cidades. O artigo contribui para o conhecimento sobre o desenho de programas federais e suas regras de acesso pelos entes subnacionais, sobretudo aqueles que visam promover capacidades estatais municipais. Outra contribuição é que a forma como feds concebem e implantam programas influencia o tipo de adesão municipal. A ação dos subgovernos pode gerar visões não coincidentes entre os gestores federais e a realidade municipal. Esse é outro aporte para a literatura de federalismo e capacidades estatais de governos locais.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67570742","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-987321298003
E. Marques, Gabriela Trindade de Almeida
RESUMO Introdução: Esse artigo analisa as políticas de infraestrutura viária no município de São Paulo em 12 governos ao longo de 38 anos (1978-2016). A literatura sobre políticas públicas urbanas é pouco desenvolvida, em grande parte pelo escasso diálogo teórico entre a ciência política e os estudos urbanos. Esse artigo contribui para o campo ao analisar os principais elementos políticos e institucionais que cercam uma política pública central para o funcionamento das cidades e suas dinâmicas de poder. Materiais e Métodos: O trabalho se baseia em entrevistas com atores do setor, consultas a documentos e levantamento primário dos contratos do poder público com empreiteiras, coletados diretamente no Diário Oficial do Município. Resultados: A análise dos investimentos indica que essas políticas são explicadas principalmente por duas dimensões combinadas. Por um lado, por distinções político-ideológicas entre governos, que imprimiram preferências e ênfases em diferentes tipos de programas. A principal diferença se dá entre os governos de direita e os demais, com os primeiros concentrados em obras maiores e mais caras, contratadas com empreiteiras de maior porte e concentradas em certos tipos de obras. Por outro lado, a política foi fortemente influenciada pela crescente influência de instituições e instrumentos de política pública recentes, que geraram insulamento das contratações e alavancaram volumes substanciais de recursos adicionais para a política. Discussão: Os resultados confirmam a relevância de argumentos da teoria do governo partidário, mas também a urgência da incorporação de elementos institucionais na análise de políticas urbanas.
{"title":"Partidos e instituições nas políticas viárias em São Paulo - 1978/2016","authors":"E. Marques, Gabriela Trindade de Almeida","doi":"10.1590/1678-987321298003","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321298003","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: Esse artigo analisa as políticas de infraestrutura viária no município de São Paulo em 12 governos ao longo de 38 anos (1978-2016). A literatura sobre políticas públicas urbanas é pouco desenvolvida, em grande parte pelo escasso diálogo teórico entre a ciência política e os estudos urbanos. Esse artigo contribui para o campo ao analisar os principais elementos políticos e institucionais que cercam uma política pública central para o funcionamento das cidades e suas dinâmicas de poder. Materiais e Métodos: O trabalho se baseia em entrevistas com atores do setor, consultas a documentos e levantamento primário dos contratos do poder público com empreiteiras, coletados diretamente no Diário Oficial do Município. Resultados: A análise dos investimentos indica que essas políticas são explicadas principalmente por duas dimensões combinadas. Por um lado, por distinções político-ideológicas entre governos, que imprimiram preferências e ênfases em diferentes tipos de programas. A principal diferença se dá entre os governos de direita e os demais, com os primeiros concentrados em obras maiores e mais caras, contratadas com empreiteiras de maior porte e concentradas em certos tipos de obras. Por outro lado, a política foi fortemente influenciada pela crescente influência de instituições e instrumentos de política pública recentes, que geraram insulamento das contratações e alavancaram volumes substanciais de recursos adicionais para a política. Discussão: Os resultados confirmam a relevância de argumentos da teoria do governo partidário, mas também a urgência da incorporação de elementos institucionais na análise de políticas urbanas.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571069","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-987321297908
Juan Pablo Milanese, Camilo Ernesto Serrano Corredor
RESUMEN Introducción: Los debates en torno a los sistemas de partido en América Latina clasifican al caso colombiano como desinstitucionalizado. Aun cuando esta afirmación es indiscutiblemente acertada, suele pasar desapercibido el hecho de que existen issues que producen un efecto decantador del voto. Esto motiva, a su vez, un ordenamiento del electorado y comportamientos temporalmente consistentes, especialmente en las elecciones presidenciales. En lo que va de este siglo, el efecto se asocia al tipo de salida (militar/negociada) ofrecida para acabar con el conflicto armado interno. Desde este punto de vista, el presente trabajo pretende rastrear la manera en la que se configuran espacio-temporalmente los electorados, a favor y en contra del acuerdo de paz, en las regiones más afectadas por dicho conflicto; particularmente, en medio de la coyuntura transicional en la que se pasó de la Mesa de Conversaciones entre el gobierno y las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia a las fases de refrendación e implementación del acuerdo derivado de la misma. Materiales y Métodos: Para lograrlo, se evalúa la transferencia de votos durante las segundas vueltas presidenciales de 2014 y 2018 y en el plebiscito de paz de 2016, en los 167 municipios priorizados por las (fallidas) Circunscripciones Transitorias Especiales de Paz. Partiendo de la consideración de la volatilidad e incertidumbre típicas de los contextos de war-to-peace transition, se hace uso del modelo de inferencia ecológica a nivel de mesa de votación (se analizaron los resultados en más de 7.500 mesas), dentro de las circunscripciones señaladas. Resultados: Dentro de este marco, se identifica efectivamente a la dicotomía salida negociada/salida militar del conflicto como el eje de decantación de preferencias que produjo electorados arraigados. Sin embargo, la evidencia empírica recolectada también sugiere que las elecciones de 2018 mostraron un aumento de su fluidez. Desde este punto de vista, se aprecia que la salida del conflicto armado efectivamente configura segmentos de electores consistentes, constituyéndose como un cuasi-clivaje. Sin embargo, aunque predominen los electorados de tipo arraigado, existe un relativo nivel de fluidez que se intensificó durante las elecciones presidenciales de 2018, ofreciendo señales de un proceso de realineamiento electoral. Discusión: Este resultado muestra que, a pesar de la desinstitucionalización del sistema de partidos colombiano, existen issues articuladores del voto que producen electorados relativamente estables. Sin embargo, la existencia de un escenario de transición política y de normalización de la agenda podría estar produciendo su reconfiguración.
{"title":"Realineamiento electoral. Análisis de la transferencia de votos en escenarios transicionales en Colombia","authors":"Juan Pablo Milanese, Camilo Ernesto Serrano Corredor","doi":"10.1590/1678-987321297908","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297908","url":null,"abstract":"RESUMEN Introducción: Los debates en torno a los sistemas de partido en América Latina clasifican al caso colombiano como desinstitucionalizado. Aun cuando esta afirmación es indiscutiblemente acertada, suele pasar desapercibido el hecho de que existen issues que producen un efecto decantador del voto. Esto motiva, a su vez, un ordenamiento del electorado y comportamientos temporalmente consistentes, especialmente en las elecciones presidenciales. En lo que va de este siglo, el efecto se asocia al tipo de salida (militar/negociada) ofrecida para acabar con el conflicto armado interno. Desde este punto de vista, el presente trabajo pretende rastrear la manera en la que se configuran espacio-temporalmente los electorados, a favor y en contra del acuerdo de paz, en las regiones más afectadas por dicho conflicto; particularmente, en medio de la coyuntura transicional en la que se pasó de la Mesa de Conversaciones entre el gobierno y las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia a las fases de refrendación e implementación del acuerdo derivado de la misma. Materiales y Métodos: Para lograrlo, se evalúa la transferencia de votos durante las segundas vueltas presidenciales de 2014 y 2018 y en el plebiscito de paz de 2016, en los 167 municipios priorizados por las (fallidas) Circunscripciones Transitorias Especiales de Paz. Partiendo de la consideración de la volatilidad e incertidumbre típicas de los contextos de war-to-peace transition, se hace uso del modelo de inferencia ecológica a nivel de mesa de votación (se analizaron los resultados en más de 7.500 mesas), dentro de las circunscripciones señaladas. Resultados: Dentro de este marco, se identifica efectivamente a la dicotomía salida negociada/salida militar del conflicto como el eje de decantación de preferencias que produjo electorados arraigados. Sin embargo, la evidencia empírica recolectada también sugiere que las elecciones de 2018 mostraron un aumento de su fluidez. Desde este punto de vista, se aprecia que la salida del conflicto armado efectivamente configura segmentos de electores consistentes, constituyéndose como un cuasi-clivaje. Sin embargo, aunque predominen los electorados de tipo arraigado, existe un relativo nivel de fluidez que se intensificó durante las elecciones presidenciales de 2018, ofreciendo señales de un proceso de realineamiento electoral. Discusión: Este resultado muestra que, a pesar de la desinstitucionalización del sistema de partidos colombiano, existen issues articuladores del voto que producen electorados relativamente estables. Sin embargo, la existencia de un escenario de transición política y de normalización de la agenda podría estar produciendo su reconfiguración.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67570843","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-01-01DOI: 10.1590/1678-987321297805
Rodolfo Palazzo Dias, Rodrigo Mayer
RESUMO Introdução: O artigo analisa a rede de receitas das campanhas eleitorais do Partido Social Liberal (PSL) no ano de 2018. Considerando o destacado sucesso desse partido no processo eleitoral daquele ano, eleger como objeto de estudo as campanhas do partido que obteve o cargo majoritário do executivo federal se justifica. Materiais e métodos: Mobilizamos a Análise de Redes Sociais para analisar os dados de receitas fornecidos pelos candidatos e órgãos partidários vinculados ao PSL para o Tribunal Superior Eleitoral e, ao fazê-lo, mapeamos a complexa rede de relações financeiras estabelecidas entre os agentes mobilizados na campanha daquele ano. Tal método permite a identificação de atores centrais dentro da rede, além dos agrupamentos nela formados. Resultados: O resultado empírico da pesquisa identifica índices significativos de sucesso eleitoral em situações de menor volume financeiro, corroborando com a interpretação do papel de destaque que os aspectos ideológicos tiveram nas eleições de 2018; além de identificar o destacamento da campanha presidencial em relação aos órgãos partidários. Discussão: Foi possível problematizar as condições de sucesso eleitoral em uma conjuntura política tão excepcional, assim como visualizar características da extrema-direita nessa conjuntura.
{"title":"A incubação da extrema-direita: a rede de financiamento do PSL nas eleições de 2018","authors":"Rodolfo Palazzo Dias, Rodrigo Mayer","doi":"10.1590/1678-987321297805","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/1678-987321297805","url":null,"abstract":"RESUMO Introdução: O artigo analisa a rede de receitas das campanhas eleitorais do Partido Social Liberal (PSL) no ano de 2018. Considerando o destacado sucesso desse partido no processo eleitoral daquele ano, eleger como objeto de estudo as campanhas do partido que obteve o cargo majoritário do executivo federal se justifica. Materiais e métodos: Mobilizamos a Análise de Redes Sociais para analisar os dados de receitas fornecidos pelos candidatos e órgãos partidários vinculados ao PSL para o Tribunal Superior Eleitoral e, ao fazê-lo, mapeamos a complexa rede de relações financeiras estabelecidas entre os agentes mobilizados na campanha daquele ano. Tal método permite a identificação de atores centrais dentro da rede, além dos agrupamentos nela formados. Resultados: O resultado empírico da pesquisa identifica índices significativos de sucesso eleitoral em situações de menor volume financeiro, corroborando com a interpretação do papel de destaque que os aspectos ideológicos tiveram nas eleições de 2018; além de identificar o destacamento da campanha presidencial em relação aos órgãos partidários. Discussão: Foi possível problematizar as condições de sucesso eleitoral em uma conjuntura política tão excepcional, assim como visualizar características da extrema-direita nessa conjuntura.","PeriodicalId":35300,"journal":{"name":"Revista de Sociologia e Politica","volume":"20 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67571168","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}