Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.72113
Mariana Reis Barcellos, Rebeca Nonato Machado, Terezinha Féres-Carneiro
Este artigo é fruto de uma pesquisa mais ampla sobre separação ocorrida durante a transição para a parentalidade a partir da vivência feminina. Teve como objetivo investigar os afetos vivenciados durante a gestação por mulheres que, posteriormente, se separaram. Como referencial teórico, nos embasamos na psicanálise, na abordagem sistêmica e em estudos psicossociais, de modo a abarcar o fenômeno em suas dimensões psicodinâmicas, relacionais e sociais. Foram realizadas 12 entrevistas, que tiveram como base um roteiro oculto semiestruturado, com mulheres das camadas médias da população carioca, entre 30 e 40 anos de idade que se separaram há, no mínimo, dois anos, no período de zero a dois anos de idade do primeiro filho. Os resultados evidenciaram a presença de tristeza e rejeição das participantes em relação à gestação e à relação conjugal. Observamos que a depressão gestacional foi vivenciada por muitas delas, havendo um luto intenso relacionado à passagem da mulher-filha para a mulher-mãe, concomitantemente ao luto pela conjugalidade posteriormente desfeita.
{"title":"Elaborações em retrospectiva: afeto deprimido na gestação e posterior separação","authors":"Mariana Reis Barcellos, Rebeca Nonato Machado, Terezinha Féres-Carneiro","doi":"10.5380/riep.v25i2.72113","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.72113","url":null,"abstract":"Este artigo é fruto de uma pesquisa mais ampla sobre separação ocorrida durante a transição para a parentalidade a partir da vivência feminina. Teve como objetivo investigar os afetos vivenciados durante a gestação por mulheres que, posteriormente, se separaram. Como referencial teórico, nos embasamos na psicanálise, na abordagem sistêmica e em estudos psicossociais, de modo a abarcar o fenômeno em suas dimensões psicodinâmicas, relacionais e sociais. Foram realizadas 12 entrevistas, que tiveram como base um roteiro oculto semiestruturado, com mulheres das camadas médias da população carioca, entre 30 e 40 anos de idade que se separaram há, no mínimo, dois anos, no período de zero a dois anos de idade do primeiro filho. Os resultados evidenciaram a presença de tristeza e rejeição das participantes em relação à gestação e à relação conjugal. Observamos que a depressão gestacional foi vivenciada por muitas delas, havendo um luto intenso relacionado à passagem da mulher-filha para a mulher-mãe, concomitantemente ao luto pela conjugalidade posteriormente desfeita.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020635","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.72175
M. Gil, Manoel Antônio dos Santos
O câncer de mama é causa relevante de morbimortalidade feminina. Embora as repercussões na família sejam alvo de inúmeros estudos, os impactos psicológicos sobre as filhas permanecem pouco explorados. O objetivo deste estudo foi investigar os fatores que facilitam ou dificultam o enfrentamento de filhas de mulheres acometidas pelo câncer de mama na situação de doença e tratamento oncológico de suas mães. Participaram 11 filhas de mulheres que cuidaram de suas mães adoecidas. Foram realizadas entrevistas individuais, audiogravadas e transcritas na íntegra. Os relatos foram submetidos à análise temática indutiva. Foram identificados fatores facilitadores e dificultadores. Em relação aos primeiros, as filhas destacaram a fé inspirada por alguma força maior ou religião, o apoio recebido de familiares e a percepção da força e coragem materna na luta pela sobrevivência. Por outro lado, a falta de apoio por parte de alguns membros da família e dos serviços médicos e oncológicos fragilizou o processo de enfrentamento. Os resultados destacam a importância da oferta de apoio social e cuidado especializado às filhas cujas mães são acometidas por uma doença carregada de estigmas e preconceitos, e que ainda apresenta altas taxas de letalidade em países em desenvolvimento como o Brasil.
{"title":"Fatores facilitadores e dificultadores reportados por filhas ao lidarem com a doença e o tratamento oncológico das mães","authors":"M. Gil, Manoel Antônio dos Santos","doi":"10.5380/riep.v25i2.72175","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.72175","url":null,"abstract":"O câncer de mama é causa relevante de morbimortalidade feminina. Embora as repercussões na família sejam alvo de inúmeros estudos, os impactos psicológicos sobre as filhas permanecem pouco explorados. O objetivo deste estudo foi investigar os fatores que facilitam ou dificultam o enfrentamento de filhas de mulheres acometidas pelo câncer de mama na situação de doença e tratamento oncológico de suas mães. Participaram 11 filhas de mulheres que cuidaram de suas mães adoecidas. Foram realizadas entrevistas individuais, audiogravadas e transcritas na íntegra. Os relatos foram submetidos à análise temática indutiva. Foram identificados fatores facilitadores e dificultadores. Em relação aos primeiros, as filhas destacaram a fé inspirada por alguma força maior ou religião, o apoio recebido de familiares e a percepção da força e coragem materna na luta pela sobrevivência. Por outro lado, a falta de apoio por parte de alguns membros da família e dos serviços médicos e oncológicos fragilizou o processo de enfrentamento. Os resultados destacam a importância da oferta de apoio social e cuidado especializado às filhas cujas mães são acometidas por uma doença carregada de estigmas e preconceitos, e que ainda apresenta altas taxas de letalidade em países em desenvolvimento como o Brasil.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020682","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.76404
P. E. Benzoni, Thales Salvador Costa Octaviano, Amanda Calefi Da Cruz
A pandemia da COVID-19 tem causado impactos psicológicos na população mundial, e seu consequente estresse pode levar a problemas de longo prazo. Este trabalho objetivou analisar o impacto da pandemia da COVID-19 na percepção de estresse e estressores na população do Estado de São Paulo – Brasil, quando comparada a um período anterior à pandemia, nas diferentes fases do ciclo vital. Realizou-se um estudo exploratório, com amostra não probabilística, por acessibilidade, dividida em período Antes da Pandemia (AP) e Pandemia (P). Foi aplicado o IPEEB – Inventário de Percepção de Estresse e Estressores e um questionário demográfico em duas etapas: AP e P. Participaram 1181 adultos (N = 854 AP e N = 327 P). A análise foi feita em grupos divididos por fases do ciclo vital. Os resultados se mostraram consistentes (alfa de Cronbach 0,93), e a percepção de estresse e estressores foi maior no período P em relação ao período AP, com diferenças significativas nos grupos divididos por fases do ciclo vital. Os dados sugerem que pessoas em diferentes estágios da vida reagem de maneiras distintas aos estressores durante a pandemia, exigindo diferentes ações de apoio psicossocial atual e futuro dependendo da faixa etária.
COVID-19大流行对世界人口造成了心理影响,由此产生的压力可能导致长期问题。本研究旨在分析COVID-19大流行对sao Paulo - brazil人口的压力感知和压力源的影响,与大流行前的时期相比,在生命周期的不同阶段。举行,探索性研究概率样本,易接近的,可分成时间(美联社)和大流行性流感(P),是应用IPEEB—清点自己的认知压力,Estressores和问卷调查法分两个步骤:美联社和P . 1181成年人(N = 854美联社和P - N = 327),分析了不同分成几个阶段的生命周期。结果一致(Cronbach alpha 0.93), P期对应激和应激源的感知高于AP期,按生命周期阶段划分的组间差异显著。数据表明,在大流行期间,处于不同生命阶段的人对压力源的反应不同,目前和未来的心理社会支持行动因年龄而异。
{"title":"O impacto da pandemia do COVID-19 na percepção de estresse e estressores em diferentes estágios do ciclo de vida.","authors":"P. E. Benzoni, Thales Salvador Costa Octaviano, Amanda Calefi Da Cruz","doi":"10.5380/riep.v25i2.76404","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.76404","url":null,"abstract":"A pandemia da COVID-19 tem causado impactos psicológicos na população mundial, e seu consequente estresse pode levar a problemas de longo prazo. Este trabalho objetivou analisar o impacto da pandemia da COVID-19 na percepção de estresse e estressores na população do Estado de São Paulo – Brasil, quando comparada a um período anterior à pandemia, nas diferentes fases do ciclo vital. Realizou-se um estudo exploratório, com amostra não probabilística, por acessibilidade, dividida em período Antes da Pandemia (AP) e Pandemia (P). Foi aplicado o IPEEB – Inventário de Percepção de Estresse e Estressores e um questionário demográfico em duas etapas: AP e P. Participaram 1181 adultos (N = 854 AP e N = 327 P). A análise foi feita em grupos divididos por fases do ciclo vital. Os resultados se mostraram consistentes (alfa de Cronbach 0,93), e a percepção de estresse e estressores foi maior no período P em relação ao período AP, com diferenças significativas nos grupos divididos por fases do ciclo vital. Os dados sugerem que pessoas em diferentes estágios da vida reagem de maneiras distintas aos estressores durante a pandemia, exigindo diferentes ações de apoio psicossocial atual e futuro dependendo da faixa etária.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020785","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.60759
A. Londero, Ana Paula Ramos De Souza, Inaê Costa Rechia, Antônia Motta Roth Jobim Van Hoogstraten, Vítor Daniel Franco
Quando nasce uma criança com deficiência, é necessária a reidealização do filho para que os pais possam lidar com as suas limitações e atender as suas demandas, resultando em uma adaptação parental adequada ao filho real. O presente artigo objetivou realizar uma revisão sistemática sobre a adaptação parental. Para tanto, investigaram-se as bases de dados Pubmed, BVS, Scopus e Cochrane, utilizando os termos Family adaptation, family impact, disabled children, no período de agosto a setembro de 2017. Foram analisados 21 artigos completos. Os resultados apontam que as famílias com um(a) filho(a) com alguma deficiência enfrentam inúmeros desafios, afetando diretamente a adaptação familiar e as estratégias de enfrentamento. Foram elaboradas três categorias para apresentar os resultados: impacto familiar ante o diagnóstico da deficiência; estados emocionais parentais e consequências sociais; fatores que interferem na adaptação familiar e nas estratégias de enfrentamento. Foi possível concluir que são aspectos centrais na adaptação parental: a) a identificação precoce de fatores positivos e negativos que impactam no processo de reidealização do filho; b) a abordagem interventiva precoce centrada na família, que considere esses fatores objetivando a busca de um enfrentamento focado na resolução de problemas; c) a criação de condições sociais de apoio às famílias.
{"title":"Adaptação parental ao filho com deficiência: revisão sistemática da literatura","authors":"A. Londero, Ana Paula Ramos De Souza, Inaê Costa Rechia, Antônia Motta Roth Jobim Van Hoogstraten, Vítor Daniel Franco","doi":"10.5380/riep.v25i2.60759","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.60759","url":null,"abstract":"Quando nasce uma criança com deficiência, é necessária a reidealização do filho para que os pais possam lidar com as suas limitações e atender as suas demandas, resultando em uma adaptação parental adequada ao filho real. O presente artigo objetivou realizar uma revisão sistemática sobre a adaptação parental. Para tanto, investigaram-se as bases de dados Pubmed, BVS, Scopus e Cochrane, utilizando os termos Family adaptation, family impact, disabled children, no período de agosto a setembro de 2017. Foram analisados 21 artigos completos. Os resultados apontam que as famílias com um(a) filho(a) com alguma deficiência enfrentam inúmeros desafios, afetando diretamente a adaptação familiar e as estratégias de enfrentamento. Foram elaboradas três categorias para apresentar os resultados: impacto familiar ante o diagnóstico da deficiência; estados emocionais parentais e consequências sociais; fatores que interferem na adaptação familiar e nas estratégias de enfrentamento. Foi possível concluir que são aspectos centrais na adaptação parental: a) a identificação precoce de fatores positivos e negativos que impactam no processo de reidealização do filho; b) a abordagem interventiva precoce centrada na família, que considere esses fatores objetivando a busca de um enfrentamento focado na resolução de problemas; c) a criação de condições sociais de apoio às famílias.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49120742","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.64920
Amanda Muglia Wechsler, Denise Catricala Bution, T. Galvão, Jaqueline Garcia Diniz, Cristiane Bossi Gabriel
Uma doença crônica infantil representa uma grande fonte de stress para os pacientes e suas famílias. O presente estudo objetivou avaliar o ajustamento psicológico de crianças/adolescentes com doenças crônicas e de seus cuidadores, assim como o papel mediador dos estilos parentais. Participaram desta pesquisa 41 crianças/adolescentes com enfermidades crônicas e 72 crianças “saudáveis” e seus respectivos pais/cuidadores. Os resultados mostraram que os grupos não diferiram entre si com relação ao ajustamento psicológico tanto das crianças/adolescentes quanto dos cuidadores. Também se constatou que a negligência e punição inconsistente mediaram a relação entre o desajustamento infantil e o parental. Conclui-se sobre a natureza multideterminada e multidirecional do ajustamento psicológico, assim como a importância de intervenções psicológicas hospitalares que promovam práticas parentais positivas.
{"title":"O papel mediador dos estilos parentais no ajustamento psicológico de crianças e adolescentes com doenças crônicas","authors":"Amanda Muglia Wechsler, Denise Catricala Bution, T. Galvão, Jaqueline Garcia Diniz, Cristiane Bossi Gabriel","doi":"10.5380/riep.v25i2.64920","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.64920","url":null,"abstract":"Uma doença crônica infantil representa uma grande fonte de stress para os pacientes e suas famílias. O presente estudo objetivou avaliar o ajustamento psicológico de crianças/adolescentes com doenças crônicas e de seus cuidadores, assim como o papel mediador dos estilos parentais. Participaram desta pesquisa 41 crianças/adolescentes com enfermidades crônicas e 72 crianças “saudáveis” e seus respectivos pais/cuidadores. Os resultados mostraram que os grupos não diferiram entre si com relação ao ajustamento psicológico tanto das crianças/adolescentes quanto dos cuidadores. Também se constatou que a negligência e punição inconsistente mediaram a relação entre o desajustamento infantil e o parental. Conclui-se sobre a natureza multideterminada e multidirecional do ajustamento psicológico, assim como a importância de intervenções psicológicas hospitalares que promovam práticas parentais positivas.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020150","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.75815
Flavia Lana Garcia de Oliveira, Tania Coelho Dos Santos
Este estudo se dedicará a revisitar algumas narrativas da pós-modernidade com auxílio de autores que já avançaram nessa tarefa. Nosso propósito será o de destacar as características da posição subjetiva pós-moderna, ressaltando a incidência dela em diversos sintomas na clínica psicanalítica. Incrementaremos esta abordagem com as ferramentas de leitura associadas à teorização lacaniana acerca da lógica do todo, abordando as consequências psíquicas e sociais de seu declínio, em favor da ascensão da lógica do não-todo. As narrativas pós-modernas desmentem os princípios da ordem simbólica e engendram um novo imaginário social vinculado a insígnias identitárias que nos parece muito mais impotente para enfrentar o real sem sentido do desamparo originário e da não-relação sexual. Concluímos que a sociedade da informação, a mídia pós-moderna e suas replicações discursivas se tornaram um canteiro de suplências imaginárias diante da precariedade simbólica da adesão desmedida aos modos de gozo próximos à lógica não-todo.
{"title":"O declínio da lógica do todo, a pós-modernidade e a clínica contemporânea","authors":"Flavia Lana Garcia de Oliveira, Tania Coelho Dos Santos","doi":"10.5380/riep.v25i2.75815","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.75815","url":null,"abstract":"Este estudo se dedicará a revisitar algumas narrativas da pós-modernidade com auxílio de autores que já avançaram nessa tarefa. Nosso propósito será o de destacar as características da posição subjetiva pós-moderna, ressaltando a incidência dela em diversos sintomas na clínica psicanalítica. Incrementaremos esta abordagem com as ferramentas de leitura associadas à teorização lacaniana acerca da lógica do todo, abordando as consequências psíquicas e sociais de seu declínio, em favor da ascensão da lógica do não-todo. As narrativas pós-modernas desmentem os princípios da ordem simbólica e engendram um novo imaginário social vinculado a insígnias identitárias que nos parece muito mais impotente para enfrentar o real sem sentido do desamparo originário e da não-relação sexual. Concluímos que a sociedade da informação, a mídia pós-moderna e suas replicações discursivas se tornaram um canteiro de suplências imaginárias diante da precariedade simbólica da adesão desmedida aos modos de gozo próximos à lógica não-todo.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48444455","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.71721
Flávia Sena da Silva
Este artigo tem como objetivo apresentar como a psicologia histórico-cultural compreende o processo de adoecimento psíquico, por meio da patopsicologia. Como área da psicologia que surge na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas na década de 1940, tendo como precursora Bluma Zeigarnik, a patopsicologia compreende que o adoecimento é um processo de desorganização e/ou desintegração do psiquismo. A patopsicologia vai investigar os processos que ocasionaram a desintegração do psiquismo que se manifesta fora da norma, a partir das leis que regem o desenvolvimento psicológico, a partir dos pressupostos da psicologia histórico-cultural. Por trás da desintegração, há alterações na formação da personalidade, surgimento de necessidades e motivos patológicos, alteração na hierarquia dos motivos, alteração nas formas de percepção, memorização e pensamento, inclusive na construção de significados. Nesse sentido, Zeigarnik entende que a função do psicólogo é, a partir dos dados descritivos da medicina (sintomatologia, tempo de manifestação, histórico), encontrar como a personalidade, os motivos e necessidades se modificaram, ou seja, as especificidades da desintegração em seus aspectos qualitativos. No Brasil, as poucas publicações sobre essa teoria evidenciam o precário conhecimento sobre ela.
{"title":"O adoecimento psíquico na psicologia histórico-cultural: a patopsicologia","authors":"Flávia Sena da Silva","doi":"10.5380/riep.v25i2.71721","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.71721","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo apresentar como a psicologia histórico-cultural compreende o processo de adoecimento psíquico, por meio da patopsicologia. Como área da psicologia que surge na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas na década de 1940, tendo como precursora Bluma Zeigarnik, a patopsicologia compreende que o adoecimento é um processo de desorganização e/ou desintegração do psiquismo. A patopsicologia vai investigar os processos que ocasionaram a desintegração do psiquismo que se manifesta fora da norma, a partir das leis que regem o desenvolvimento psicológico, a partir dos pressupostos da psicologia histórico-cultural. Por trás da desintegração, há alterações na formação da personalidade, surgimento de necessidades e motivos patológicos, alteração na hierarquia dos motivos, alteração nas formas de percepção, memorização e pensamento, inclusive na construção de significados. Nesse sentido, Zeigarnik entende que a função do psicólogo é, a partir dos dados descritivos da medicina (sintomatologia, tempo de manifestação, histórico), encontrar como a personalidade, os motivos e necessidades se modificaram, ou seja, as especificidades da desintegração em seus aspectos qualitativos. No Brasil, as poucas publicações sobre essa teoria evidenciam o precário conhecimento sobre ela.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020558","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.72061
Pâmela Fardin Pedruzzi, Agnaldo Garcia
A pesquisa investigou características da violência contra a mulher por parceiro íntimo de maneira online e offline, seus impactos no relacionamento em questão e no enfrentamento desta violência. Participaram doze mulheres com alta escolaridade que reportaram terem experienciado violência em um relacionamento com um parceiro íntimo e que fizessem uso de pelo menos uma rede social virtual no momento do relacionamento relatado. O procedimento de coleta de dados foi por meio da técnica bola de neve, utilizando-se da entrevista episódica. A análise temática foi usada para categorizar os dados. Nos resultados, dois temas foram identificados: (a) violência offline no relacionamento; e (b) violência online no relacionamento. O primeiro tema indicou que os tipos de violência experienciados foram físicos, psicológicos e sexuais. Características como “isolamento social”, “medo de reagir”, “culpabilização da vítima” e a “violência como um ciclo” foram percebidas de maneira offline. O segundo tema apontou para o uso da internet no relacionamento como ferramenta de controle pelo parceiro, como meio de registro de provas da violência e como facilitador de acesso à informação. Sugere-se que novas pesquisas abordem diferentes variáveis sociodemográficas, a fim de investigar percepções variadas acerca da violência online e offline em um relacionamento romântico.
{"title":"Violência contra a mulher por parceiro íntimo: contextos online e offline","authors":"Pâmela Fardin Pedruzzi, Agnaldo Garcia","doi":"10.5380/riep.v25i2.72061","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.72061","url":null,"abstract":"A pesquisa investigou características da violência contra a mulher por parceiro íntimo de maneira online e offline, seus impactos no relacionamento em questão e no enfrentamento desta violência. Participaram doze mulheres com alta escolaridade que reportaram terem experienciado violência em um relacionamento com um parceiro íntimo e que fizessem uso de pelo menos uma rede social virtual no momento do relacionamento relatado. O procedimento de coleta de dados foi por meio da técnica bola de neve, utilizando-se da entrevista episódica. A análise temática foi usada para categorizar os dados. Nos resultados, dois temas foram identificados: (a) violência offline no relacionamento; e (b) violência online no relacionamento. O primeiro tema indicou que os tipos de violência experienciados foram físicos, psicológicos e sexuais. Características como “isolamento social”, “medo de reagir”, “culpabilização da vítima” e a “violência como um ciclo” foram percebidas de maneira offline. O segundo tema apontou para o uso da internet no relacionamento como ferramenta de controle pelo parceiro, como meio de registro de provas da violência e como facilitador de acesso à informação. Sugere-se que novas pesquisas abordem diferentes variáveis sociodemográficas, a fim de investigar percepções variadas acerca da violência online e offline em um relacionamento romântico.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020583","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.76257
Suzana Saab de Souza Zarske, V. A. Pereira, O. Rodrigues
Buscou-se descrever as práticas parentais de mães de bebês aos três meses e investigar o seu efeito sobre a interação mãe-bebê. Participaram do estudo, 39 díades mães-bebê. As mães responderam a um Inventário de Estilos Parentais para Pais e Mães de Bebês (IEPMB). As díades foram filmadas em condição estruturada (Face-to-Face Still Face – FFSF). As práticas parentais identificadas a partir do IEPMB foram classificadas como Positivas ou Negativas, distribuídas entre os níveis Baixo, Médio e Alto. Os comportamentos observados durante o FFSF foram categorizados em Orientação Social Positiva (OSP), negativa (OSN) (para bebês e mães) e Autorregulação do bebê. Houve predominância de práticas parentais positivas, com efeito da Prática Positiva Alta indicando maior ocorrência de autorregulação dos bebês durante o 2º episódio. A interação dos fatores indicou efeito sobre a OSP dos bebês e suas mães, no 3º episódio, com melhores resultados para mães com Prática Positiva Média e Negativa baixa. Os resultados podem subsidiar programas de intervenção na primeira infância.
{"title":"Interação mãe-bebê: A relação entre o processo de vinculação e as práticas parentais","authors":"Suzana Saab de Souza Zarske, V. A. Pereira, O. Rodrigues","doi":"10.5380/riep.v25i2.76257","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/riep.v25i2.76257","url":null,"abstract":"Buscou-se descrever as práticas parentais de mães de bebês aos três meses e investigar o seu efeito sobre a interação mãe-bebê. Participaram do estudo, 39 díades mães-bebê. As mães responderam a um Inventário de Estilos Parentais para Pais e Mães de Bebês (IEPMB). As díades foram filmadas em condição estruturada (Face-to-Face Still Face – FFSF). As práticas parentais identificadas a partir do IEPMB foram classificadas como Positivas ou Negativas, distribuídas entre os níveis Baixo, Médio e Alto. Os comportamentos observados durante o FFSF foram categorizados em Orientação Social Positiva (OSP), negativa (OSN) (para bebês e mães) e Autorregulação do bebê. Houve predominância de práticas parentais positivas, com efeito da Prática Positiva Alta indicando maior ocorrência de autorregulação dos bebês durante o 2º episódio. A interação dos fatores indicou efeito sobre a OSP dos bebês e suas mães, no 3º episódio, com melhores resultados para mães com Prática Positiva Média e Negativa baixa. Os resultados podem subsidiar programas de intervenção na primeira infância.","PeriodicalId":37053,"journal":{"name":"Interacao em Psicologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71020739","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-08-31DOI: 10.5380/riep.v25i2.71800
Mônica d'Fátima Freires da Silva, Gina Andrade Abdala, Elisabete Agrela de Andrade, Alexsandro Santos Machado, Maria Dyrce Dias Meira
O objetivo deste estudo foi conhecer as percepções de pacientes hipertensos sobre a doença e a influência de uma intervenção educativa na adoção de hábitos saudáveis relacionados aos “Oito Remédios Naturais”. Estudo desenvolvido em abordagem qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas com oito participantes que vivenciarem uma intervenção educativa que aplicou oficinas sobre hábitos saudáveis relacionados aos “Oito Remédios Naturais”. Para análise utilizou-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, fundamentada na Teoria da Representação Social, que permitiu a representação de 15 Ideias Centrais, entre as quais se destacam: “Antes das oficinas a qualidade de vida era ruim”; “Conscientização dos riscos da hipertensão e motivação para adotar hábitos saudáveis”; “Percepção de benefícios físicos, emocionais e espirituais após as oficinas”; “Ingestão de mais água, devido ao incentivo nas oficinas”; “Dificuldade quanto à temperança e o sono, pela complexidade em romper velhos hábitos”; “A motivação foi aprender sobre os remédios naturais” e “A confiança em Deus aumenta a motivação para se cuidar”. Os participantes reconheceram os riscos da hipertensão, demonstrando compreendera influência da adoção de hábitos saudáveis no controle e prevenção de suas complicações. Reconheceram também a complexidade dos determinantes sociais implicados neste contexto.
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