Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p154-173
Mariana Sbaraini Kapp
A imagem e a obra de Tim Maia são marcadas por contradições. A partir disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar a relação do cantor com as dinâmicas da indústria cultural brasileira, que estava se consolidando nos anos 1970. Quando Tim estava no auge de sua carreira, conheceu a Cultura Racional e lançou dois discos com essa temática pelo seu selo SEROMA, o que fez com que ele se tornasse um dos primeiros artistas independentes do Brasil. Na época, os discos não chegaram ao grande público, mas, anos mais tarde, essa fase foi redescoberta e ressignificada pela indústria, sendo considerada como um dos melhores momentos da carreira do cantor. Para a realização desse estudo, cotejou-se diferentes narrativas sobre tal fase, relacionando-as a conceitos sobre indústria cultural e música como mercadoria. Como conclusão, foi possível compreender que a imagem de “cult” atribuída atualmente ao artista e à sua obra torna coesas suas contradições. Nesse sentido, a recusa à indústria cultural acaba sendo um valor dentro dessa própria indústria.
{"title":"Mainstream em Desencanto: Tensões entre a Fase Racional de Tim Maia e a Indústria Cultural","authors":"Mariana Sbaraini Kapp","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p154-173","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p154-173","url":null,"abstract":"A imagem e a obra de Tim Maia são marcadas por contradições. A partir disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar a relação do cantor com as dinâmicas da indústria cultural brasileira, que estava se consolidando nos anos 1970. Quando Tim estava no auge de sua carreira, conheceu a Cultura Racional e lançou dois discos com essa temática pelo seu selo SEROMA, o que fez com que ele se tornasse um dos primeiros artistas independentes do Brasil. Na época, os discos não chegaram ao grande público, mas, anos mais tarde, essa fase foi redescoberta e ressignificada pela indústria, sendo considerada como um dos melhores momentos da carreira do cantor. Para a realização desse estudo, cotejou-se diferentes narrativas sobre tal fase, relacionando-as a conceitos sobre indústria cultural e música como mercadoria. Como conclusão, foi possível compreender que a imagem de “cult” atribuída atualmente ao artista e à sua obra torna coesas suas contradições. Nesse sentido, a recusa à indústria cultural acaba sendo um valor dentro dessa própria indústria.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"87 3","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114109427","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p174-196
Maria Cristina Vianna Kuntz
Marguerite Duras (1914-1996) é considerada, hoje, uma das mais importantes escritoras francesas da segunda metade do século XX. Descontente com a filmagem de O Amante por Jean-Jacques Annaud (1990), Duras retoma a história de sua adolescência e escreve O Amante da China do Norte (1991). Trata-se de um texto singular que pretende ser um roteiro de filmagem, mas definido pela própria autora como “romance”. Barthes (1982) reflete sobre a “escuta”, que define como algo que pode determinar, despertar no homem sentimentos prazerosos ou ameaçadores. Sabe-se que a música é sobretudo ambivalente e se assemelha a uma linguagem, podendo transmitir uma intenção (ADORNO). Considerando com Kristeva (1969) que a palavra literária é resultado de um “croisement de surfaces textuelles”, no presente trabalho será examinado o cruzamento entre a “escuta” das músicas mencionadas na obra por parte das personagens e do narrador e a palavra escrita, bem como seu significado, não só como pano de fundo do texto, mas como sua parte integrante e até como fio condutor da intriga do “texto-filme”.
{"title":"O Amante da China do Norte de Marguerite Duras: a música e sua significância","authors":"Maria Cristina Vianna Kuntz","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p174-196","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p174-196","url":null,"abstract":"Marguerite Duras (1914-1996) é considerada, hoje, uma das mais importantes escritoras francesas da segunda metade do século XX. Descontente com a filmagem de O Amante por Jean-Jacques Annaud (1990), Duras retoma a história de sua adolescência e escreve O Amante da China do Norte (1991). Trata-se de um texto singular que pretende ser um roteiro de filmagem, mas definido pela própria autora como “romance”. Barthes (1982) reflete sobre a “escuta”, que define como algo que pode determinar, despertar no homem sentimentos prazerosos ou ameaçadores. Sabe-se que a música é sobretudo ambivalente e se assemelha a uma linguagem, podendo transmitir uma intenção (ADORNO). Considerando com Kristeva (1969) que a palavra literária é resultado de um “croisement de surfaces textuelles”, no presente trabalho será examinado o cruzamento entre a “escuta” das músicas mencionadas na obra por parte das personagens e do narrador e a palavra escrita, bem como seu significado, não só como pano de fundo do texto, mas como sua parte integrante e até como fio condutor da intriga do “texto-filme”.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"97 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124811257","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p259-279
Lucia Pasini
Tout au long de cet article, j’esquisse en première instance les contours d’un appareil conceptuel afin de définir les termes dans lesquelles je situe mon travail, et je montre ensuite par le biais de l’exemple d’Invocation à quel point la prise en compte du genre mélodique dans une optique littéraire s’avère fructueuse. L’analyse de cet exemple est à son tour divisée en deux parties : une première où il est question de situer la mélodie dans son contexte de production, et une deuxième où l’on se tourne effectivement vers le morceau et ses caractéristiques particulières. En proposant un appareil conceptuel pour concevoir littérairement la mélodie française, je m’appuie sur trois pôles théoriques de références, dont la provenance est hétérogène, à savoir : la théorie de la réception ; la notion de « fenêtre herméneutique », telle que la présente Lawrence Kramer ; et la notion de « réseau des textes possibles », telle qu’en parle Michel Charles. Ensuite, je présente un exemple isolé pour montrer le potentiel d’une conception littéraire de la mélodie française comme témoignage de la réception par les compositeurs des textes poétiques qu’ils choisissent pour leurs morceaux.
{"title":"La mélodie française comme témoignage d’une réception : le cas d’invocation","authors":"Lucia Pasini","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p259-279","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p259-279","url":null,"abstract":"Tout au long de cet article, j’esquisse en première instance les contours d’un appareil conceptuel afin de définir les termes dans lesquelles je situe mon travail, et je montre ensuite par le biais de l’exemple d’Invocation à quel point la prise en compte du genre mélodique dans une optique littéraire s’avère fructueuse. L’analyse de cet exemple est à son tour divisée en deux parties : une première où il est question de situer la mélodie dans son contexte de production, et une deuxième où l’on se tourne effectivement vers le morceau et ses caractéristiques particulières. En proposant un appareil conceptuel pour concevoir littérairement la mélodie française, je m’appuie sur trois pôles théoriques de références, dont la provenance est hétérogène, à savoir : la théorie de la réception ; la notion de « fenêtre herméneutique », telle que la présente Lawrence Kramer ; et la notion de « réseau des textes possibles », telle qu’en parle Michel Charles. Ensuite, je présente un exemple isolé pour montrer le potentiel d’une conception littéraire de la mélodie française comme témoignage de la réception par les compositeurs des textes poétiques qu’ils choisissent pour leurs morceaux.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"28 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"127135852","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p228-243
Arthur Katrein Mora
Fundamentado na vida e obra do advogado, jornalista e poeta Luiz Gama (1830-1882), homem negro, escravizado na juventude, que transitou espaços institucionais do Brasil Imperial, e nas origens do lundu como amálgama de concepções estéticas europeias e afro-brasileiras, o presente artigo explora a composição temática, formal e ideológica de “Uma orquestra”, poema-canção integrante do volume Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859). Trata-se de uma composição conciliadora do duplo entrelugar (SANTIAGO, 2000) habitado tanto por seu autor, quanto pelo seu gênero musical-literário, dos quais expressa o temperamento engajado nos embates, contradições, resistências e assimilações historicamente presentes na arte e na sociedade brasileira. Por intermédio de pesquisas históricas sobre a elaboração e a performance do lundu, de José Ramos Tinhorão (2013) e Edilson Vicente de Lima (2010), e o conceito de sujeito lírico abrangente, que excede o texto literário, de Dominique Combe (2010), “Uma orquestra” afigura-se uma manifestação do alcance e do valor do lundu – em sua versão desprezada e compelida à marginalidade no século XIX – e que encontrou em Luiz Gama o vate que não apenas o registrou literariamente, mas o reputou relevante e belo em sua suposta imperfeição, afirmando-o como componente idealizado de um engajamento romântico.
{"title":"Lundu Imperfeito: o poema-canção Uma Orquestra de Luiz Gama","authors":"Arthur Katrein Mora","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p228-243","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p228-243","url":null,"abstract":"Fundamentado na vida e obra do advogado, jornalista e poeta Luiz Gama (1830-1882), homem negro, escravizado na juventude, que transitou espaços institucionais do Brasil Imperial, e nas origens do lundu como amálgama de concepções estéticas europeias e afro-brasileiras, o presente artigo explora a composição temática, formal e ideológica de “Uma orquestra”, poema-canção integrante do volume Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859). Trata-se de uma composição conciliadora do duplo entrelugar (SANTIAGO, 2000) habitado tanto por seu autor, quanto pelo seu gênero musical-literário, dos quais expressa o temperamento engajado nos embates, contradições, resistências e assimilações historicamente presentes na arte e na sociedade brasileira. Por intermédio de pesquisas históricas sobre a elaboração e a performance do lundu, de José Ramos Tinhorão (2013) e Edilson Vicente de Lima (2010), e o conceito de sujeito lírico abrangente, que excede o texto literário, de Dominique Combe (2010), “Uma orquestra” afigura-se uma manifestação do alcance e do valor do lundu – em sua versão desprezada e compelida à marginalidade no século XIX – e que encontrou em Luiz Gama o vate que não apenas o registrou literariamente, mas o reputou relevante e belo em sua suposta imperfeição, afirmando-o como componente idealizado de um engajamento romântico.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115494835","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p212-227
E. Menezes, Carlos Pires
Em Pauliceia desvairada (1922), Mário de Andrade procurou ensaiar uma relação particular entre literatura e música nomeada pelo próprio no “Prefácio interessantíssimo” como verso harmônico. Embora isso seja algo relativamente bem conhecido, a investigação efetiva do diálogo entre campos artísticos realizada pela figura central do Modernismo brasileiro praticamente não foi considerada por historiadores da literatura e críticos. Prendemos nesse artigo investigar o verso harmônico e, assim, refletir sobre o primeiro experimento modernista de Mário de Andrade.
在Pauliceia desvairada(1922)中,mario de Andrade试图演绎文学和音乐之间的一种特殊关系,他在“prefacio interessantissimo”中将其命名为和声诗。虽然这是相对众所周知的,但巴西现代主义中心人物对艺术领域之间对话的有效调查几乎没有被文学历史学家和评论家考虑。本文对和声诗进行了研究,从而对马里奥·德·安德拉德的第一次现代主义实验进行了反思。
{"title":"Música e literatura em Pauliceia Desvairada de Mário de Andrade: uma análise do verso harmônico","authors":"E. Menezes, Carlos Pires","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p212-227","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p212-227","url":null,"abstract":"\u0000Em Pauliceia desvairada (1922), Mário de Andrade procurou ensaiar uma relação particular entre literatura e música nomeada pelo próprio no “Prefácio interessantíssimo” como verso harmônico. Embora isso seja algo relativamente bem conhecido, a investigação efetiva do diálogo entre campos artísticos realizada pela figura central do Modernismo brasileiro praticamente não foi considerada por historiadores da literatura e críticos. Prendemos nesse artigo investigar o verso harmônico e, assim, refletir sobre o primeiro experimento modernista de Mário de Andrade.\u0000","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130860368","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p244-258
L. D. Oliveira
Baianos e poetas, o barroco Gregório de Matos e o tropicalista Caetano Veloso se conectam no uso da mesma “linguagem tropical e desmistificadora” (ÁVILA, 1994) das ruas, do trânsito entre palavra escrita e palavra cantada. Porém, os afetos e os efeitos éticos e estéticos são bastante diversos. Ao cantar “Triste Bahia”, Caetano recupera todos os procedimentos técnico-persuasivos da poesia à época de Gregório, no entanto, para inverter o ethos colonial, expor sua decadência e impertinência. Cantar Gregório do modo como Caetano canta, inserindo versos de domínio público, restitui a discussão em torno da autoria da poesia atribuída ao poeta do Brasil colônia. À “ostensiva ornamentalidade da retórica barroca” (OLIVEIRA, 2003), Caetano propõe um novo olhar sobre a permanência do “antigo estado” no Brasil da década de 1970.
巴伊亚人和诗人,巴洛克风格的gregorio de Matos和热带主义的Caetano Veloso通过使用同样的“热带和去神秘的语言”(avila, 1994)来连接街道,文字和歌曲之间的交通。然而,伦理和审美的影响和效果是非常不同的。在演唱《悲伤的巴伊亚》时,卡埃塔诺恢复了格雷戈里时代诗歌的所有技术和说服程序,然而,为了扭转殖民精神,暴露其颓废和无礼。卡埃塔诺唱歌的方式,插入公共领域的诗句,恢复了关于诗歌作者归属于巴西殖民地诗人的讨论。对于“华丽的巴洛克修辞”(OLIVEIRA, 2003), Caetano提出了一个新的视角来看待20世纪70年代巴西“旧国家”的持久性。
{"title":"Melos e Logos: Caetano Veloso e a crítica do domínio público na poesia atribuída a Gregório de Matos","authors":"L. D. Oliveira","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p244-258","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p244-258","url":null,"abstract":"Baianos e poetas, o barroco Gregório de Matos e o tropicalista Caetano Veloso se conectam no uso da mesma “linguagem tropical e desmistificadora” (ÁVILA, 1994) das ruas, do trânsito entre palavra escrita e palavra cantada. Porém, os afetos e os efeitos éticos e estéticos são bastante diversos. Ao cantar “Triste Bahia”, Caetano recupera todos os procedimentos técnico-persuasivos da poesia à época de Gregório, no entanto, para inverter o ethos colonial, expor sua decadência e impertinência. Cantar Gregório do modo como Caetano canta, inserindo versos de domínio público, restitui a discussão em torno da autoria da poesia atribuída ao poeta do Brasil colônia. À “ostensiva ornamentalidade da retórica barroca” (OLIVEIRA, 2003), Caetano propõe um novo olhar sobre a permanência do “antigo estado” no Brasil da década de 1970.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"32 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123418058","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p51-64
Francisca Patrícia da Conceição
Neste trabalho, objetivamos desenvolver centralmente uma análise da canção homônima ao título do disco, Mulher do fim do mundo, de Elza Soares, tendo como aporte teórico a Teoria da Interseccionalidade - debate desenvolvido no âmbito nacional por Carla Akotirene (2018), Djamila Ribeiro (2018), Heloísa Buarque de Hollanda (2018), entre outras. Investigaremos como ocorre a relação entre gênero e raça na trajetória do eu lírico da canção “Mulher do fim do mundo”, composição musical interpretada por Elza Soares, trazendo breve e comparativamente outras instâncias musicais de Elza em que tais ideias são também destacadas. Para isso, partimos do pressuposto de que a canção se utiliza de um processo de metaforização da dor e solidão femininas, como acepções sentimentais diluídas no carnaval, fazendo a personagem poética deixá-las na avenida do carnaval, para vislumbrar uma trajetória de vida em que a arte (o cantar) se mostre como elemento possibilitador da reconfiguração de um espaço em que outras expectativas para as vozes femininas, que não a solidão e a dor, sejam possíveis "na avenida dura[ndo] até o fim" (SOARES, 2015, faixa 1).
这个工作,objetivamos开发集中分析这首歌的唱片的标题,女人的世界末日,埃尔莎苏亚雷斯,输入理论的理论争论交集,发达国家在卡拉Akotirene (2018), Djamila流(2018),海洛薇兹发起的荷兰(2018)等。我们将研究性别和种族之间的关系是如何在歌曲“Mulher do fim do mundo”的抒情轨迹中发生的,这是一首由埃尔扎·苏亚雷斯演唱的音乐作品,简要而比较地介绍埃尔扎的其他音乐实例,这些想法也被强调。为此,我们假设这首歌使用过程的metaforização女性的痛苦和孤独,比如情感意义的却在狂欢节,狂欢节的大道上诗意的角色让他们干什么,艺术生活的…一个轨迹(唱)否则作为推动者的重新配置空间的其他期望的女性声音,不孤独和痛苦,“在艰难的道路上,直到最后”(SOARES, 2015, track 1)。
{"title":"Feminismo negro e interseccionalidade na canção “Mulher do fim do mundo” (2015) interpretada por Elza Soares","authors":"Francisca Patrícia da Conceição","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p51-64","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p51-64","url":null,"abstract":"Neste trabalho, objetivamos desenvolver centralmente uma análise da canção homônima ao título do disco, Mulher do fim do mundo, de Elza Soares, tendo como aporte teórico a Teoria da Interseccionalidade - debate desenvolvido no âmbito nacional por Carla Akotirene (2018), Djamila Ribeiro (2018), Heloísa Buarque de Hollanda (2018), entre outras. Investigaremos como ocorre a relação entre gênero e raça na trajetória do eu lírico da canção “Mulher do fim do mundo”, composição musical interpretada por Elza Soares, trazendo breve e comparativamente outras instâncias musicais de Elza em que tais ideias são também destacadas. Para isso, partimos do pressuposto de que a canção se utiliza de um processo de metaforização da dor e solidão femininas, como acepções sentimentais diluídas no carnaval, fazendo a personagem poética deixá-las na avenida do carnaval, para vislumbrar uma trajetória de vida em que a arte (o cantar) se mostre como elemento possibilitador da reconfiguração de um espaço em que outras expectativas para as vozes femininas, que não a solidão e a dor, sejam possíveis \"na avenida dura[ndo] até o fim\" (SOARES, 2015, faixa 1).","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"37 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116661842","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p197-211
C. A. Leite, Pedro Baumbach Manica, Vinícius de Oliveira Prusch
Partindo de uma desconfiança em relação à ideia de que As vitrines (1981), de Chico Buarque, seria apenas uma canção de amor, o presente ensaio propõe uma análise que centraliza ideias como as de “vigia” e “encalço” na busca de investigar as relações entre forma estética e processo social. O movimento envolve, ainda, o diálogo com algumas figuras da modernidade presentes em Walter Benjamin (1994), especialmente no que diz respeito ao modo como essas figuras se apresentam na leitura do autor do soneto A uma passante, de Charles Baudelaire. No centro da análise, está a hipótese de que tensões do período de redemocratização brasileira estariam decantadas na canção de Chico nas relações que se estabelecem entre uma pessoa que passa e outra que a persegue sob a luz de letreiros e entre mercadorias.
{"title":"A nação tutelada em As Vitrines, de Chico Buarque","authors":"C. A. Leite, Pedro Baumbach Manica, Vinícius de Oliveira Prusch","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p197-211","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p197-211","url":null,"abstract":"Partindo de uma desconfiança em relação à ideia de que As vitrines (1981), de Chico Buarque, seria apenas uma canção de amor, o presente ensaio propõe uma análise que centraliza ideias como as de “vigia” e “encalço” na busca de investigar as relações entre forma estética e processo social. O movimento envolve, ainda, o diálogo com algumas figuras da modernidade presentes em Walter Benjamin (1994), especialmente no que diz respeito ao modo como essas figuras se apresentam na leitura do autor do soneto A uma passante, de Charles Baudelaire. No centro da análise, está a hipótese de que tensões do período de redemocratização brasileira estariam decantadas na canção de Chico nas relações que se estabelecem entre uma pessoa que passa e outra que a persegue sob a luz de letreiros e entre mercadorias.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"59 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114173316","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p134-153
Fabrício A. Gonçalves
Aldir Blanc é um dos maiores e mais importantes poetas da canção brasileira. Segundo o escritor Sérgio Rodrigues, sua obra “funde o lírico e o antilírico numa nova unidade que já não é possível quebrar”, numa aliança “entre o sublime e grotesco, que se pode chamar de neobarroca, é uma chave de leitura da alma brasileira que merece atenção”. Neste artigo, buscamos desvendar alguns dos sentidos dessa “leitura da alma brasileira”, considerando a obra do letrista que foi chamado de “Ourives do Palavreado” por Dorival Caymmi como uma interpretação do Brasil e suas querelas.
{"title":"O ourives do palavreado nas encruzilhadas da linguagem: polifonia e síncope em Aldir Blanc","authors":"Fabrício A. Gonçalves","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p134-153","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p134-153","url":null,"abstract":"Aldir Blanc é um dos maiores e mais importantes poetas da canção brasileira. Segundo o escritor Sérgio Rodrigues, sua obra “funde o lírico e o antilírico numa nova unidade que já não é possível quebrar”, numa aliança “entre o sublime e grotesco, que se pode chamar de neobarroca, é uma chave de leitura da alma brasileira que merece atenção”. Neste artigo, buscamos desvendar alguns dos sentidos dessa “leitura da alma brasileira”, considerando a obra do letrista que foi chamado de “Ourives do Palavreado” por Dorival Caymmi como uma interpretação do Brasil e suas querelas.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129108388","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p1-3
Annita Costa Malufe, M. Ayer, Rogério Luiz Moraes Costa
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