Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p32-50
Inés Terra Brandes
Este artigo discorre sobre a peça Una mirada desde la alcantarilla, uma peça vocal criada a partir da leitura do poema homônimo da escritora argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972) e apresentada como parte do terceiro capítulo “A voz como prática” na minha dissertação de mestrado. Este trabalho dá ênfase ao conhecimento da voz como um processo expandido de criação e aborda a leitura e a pesquisa vocal pela ótica da performance e da performatividade, valorizando a poesia como ponto de partida para a composição musical e realizando paralelos entre a noção de duplo como estratégia literária e o duplo como desdobramento do eu durante a exploração vocal. A escrita nômade de Pizarnik e a sua visão do corpo como um umbral (entre tipos de corporalidades diferentes) direcionam a pesquisa de sonoridades para a alternância de tipos de emissão vocal e ao mesmo tempo para a valorização de transições sutis entre vocalidades.
本文以阿根廷作家亚历杭德拉·皮扎尼克(Alejandra Pizarnik, 1936-1972)的同名诗歌为基础创作的声乐作品《Una mirada desde la alcantarilla》为论文第三章“声音作为实践”的一部分。这工作强调知识的声音就是一个扩大的过程创建和处理语音阅读和研究的光学性能和performatividade,欣赏诗歌的起点作曲和这样的平行的概念之间的文学策略和双像分支在操作过程中我的声音。皮扎尼克的游牧写作和他将身体视为一个门槛(在不同的身体类型之间)的观点,指导了声音的研究,以声音发射类型的交替,同时欣赏声音之间的微妙过渡。
{"title":"Una mirada desde la alcantarilla: uma versão vocal do poema homônimo de Alejandra Pizarnik","authors":"Inés Terra Brandes","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p32-50","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p32-50","url":null,"abstract":"Este artigo discorre sobre a peça Una mirada desde la alcantarilla, uma peça vocal criada a partir da leitura do poema homônimo da escritora argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972) e apresentada como parte do terceiro capítulo “A voz como prática” na minha dissertação de mestrado. Este trabalho dá ênfase ao conhecimento da voz como um processo expandido de criação e aborda a leitura e a pesquisa vocal pela ótica da performance e da performatividade, valorizando a poesia como ponto de partida para a composição musical e realizando paralelos entre a noção de duplo como estratégia literária e o duplo como desdobramento do eu durante a exploração vocal. A escrita nômade de Pizarnik e a sua visão do corpo como um umbral (entre tipos de corporalidades diferentes) direcionam a pesquisa de sonoridades para a alternância de tipos de emissão vocal e ao mesmo tempo para a valorização de transições sutis entre vocalidades.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"2008 26","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132679874","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p19-31
Maria Aparecida da Silva
Tomando como ponto de partida o pensamento de Roland Barthes, Claude Lévi-Strauss e Charles Baudelaire sobre a eficácia da relação Literatura/Música, o presente estudo examina efeitos produzidos pelo diálogo estabelecido entre esses dois campos artísticos postos em intersecção. Nesse sentido, verifica-se que o conjunto de efeitos gerados compõe certa zona de convergência configurada pela experiência do “inusitado” vivenciada pelo sujeito. Elucida-se tal vivência com base na reflexão do filósofo François Jullien que o justifica pelo conceito de “transformações silenciosas” enquanto aflorar de sensações inesperadas. Seja em L’Obvie et l’obtus e em La Préparation du roman, de Barthes, seja em Tristes Trópicos e em Olhar Escutar Ler, de Lévi-Strauss, e seja em Critique musicale, de Baudelaire, a ênfase sobre a liberdade de escuta do sujeito-espectador permite verificar a eficácia de Literatura e Música associadas pelo reencantamento singular que produz na subjetividade expandida e em constante redescoberta.
{"title":"Literatura e música: voz, escuta e reencantamento","authors":"Maria Aparecida da Silva","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p19-31","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p19-31","url":null,"abstract":"Tomando como ponto de partida o pensamento de Roland Barthes, Claude Lévi-Strauss e Charles Baudelaire sobre a eficácia da relação Literatura/Música, o presente estudo examina efeitos produzidos pelo diálogo estabelecido entre esses dois campos artísticos postos em intersecção. Nesse sentido, verifica-se que o conjunto de efeitos gerados compõe certa zona de convergência configurada pela experiência do “inusitado” vivenciada pelo sujeito. Elucida-se tal vivência com base na reflexão do filósofo François Jullien que o justifica pelo conceito de “transformações silenciosas” enquanto aflorar de sensações inesperadas. Seja em L’Obvie et l’obtus e em La Préparation du roman, de Barthes, seja em Tristes Trópicos e em Olhar Escutar Ler, de Lévi-Strauss, e seja em Critique musicale, de Baudelaire, a ênfase sobre a liberdade de escuta do sujeito-espectador permite verificar a eficácia de Literatura e Música associadas pelo reencantamento singular que produz na subjetividade expandida e em constante redescoberta.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130682824","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p81-98
Leandro Donner
Este artigo coteja fragmentos de duas obras de Primo Levi – É isto um homem? e A trégua – a partir de leituras sonoras de seus escritos. Entende-se por leituras sonoras uma atenção ampliada à musicalidade e a outros aspectos auditivos expressos no conteúdo e na forma literária dessas obras, que resultam em um tecido sonoro-textual de efeito estético singular que permite diversas análises. Nessa perspectiva, busca-se apontar alguns expedientes criativos do autor e sobrevivente da Shoá e as diferentes perspectivas com que ele interage com a música nas duas obras. O pesquisador procura, ainda, estabelecer e enunciar certas poéticas de escuta, particularmente aquelas de maior acento político, pincelando, nesse processo, os quatro elementos sonoros – altura, duração, intensidade e timbre.
{"title":"Ouvidos na enfermaria e um chapéu de três pontas: uma leitura literário-sonora da obra de Primo Levi","authors":"Leandro Donner","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p81-98","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p81-98","url":null,"abstract":"\u0000Este artigo coteja fragmentos de duas obras de Primo Levi – É isto um homem? e A trégua – a partir de leituras sonoras de seus escritos. Entende-se por leituras sonoras uma atenção ampliada à musicalidade e a outros aspectos auditivos expressos no conteúdo e na forma literária dessas obras, que resultam em um tecido sonoro-textual de efeito estético singular que permite diversas análises. Nessa perspectiva, busca-se apontar alguns expedientes criativos do autor e sobrevivente da Shoá e as diferentes perspectivas com que ele interage com a música nas duas obras. O pesquisador procura, ainda, estabelecer e enunciar certas poéticas de escuta, particularmente aquelas de maior acento político, pincelando, nesse processo, os quatro elementos sonoros – altura, duração, intensidade e timbre.\u0000","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133319208","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p65-80
Taissa Maia Amorim Cordeiro
Este artigo apresenta um novo recorte dos fatos relacionados ao movimento tropicalista, a fim de refletir sobre o papel de Gal Costa na história do tema e sobre os sentidos de seu canto para a crítica musical brasileira. Faz-se isso por meio de uma pesquisa que foi empreendida em entrevistas dessa artista em jornais de grande circulação, além de documentários e programas de televisão. Ao longo do artigo, a história oficial desse movimento de vanguarda e a tradição crítica que pensou o tema foram indagadas, com o objetivo de melhor compreender o lugar ocupado por Gal nos debates que envolvem o tropicalismo musical. Não só isso, reflete-se sobre conceitos como autoralidade, composição, a corporalidade empregada como discurso cênico, entre outros tópicos que residem nas interseções entre música e literatura.
{"title":"Gal, a fatal: o tropicalismo musical e o gesto interpretativo de Gal Costa","authors":"Taissa Maia Amorim Cordeiro","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p65-80","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p65-80","url":null,"abstract":"Este artigo apresenta um novo recorte dos fatos relacionados ao movimento tropicalista, a fim de refletir sobre o papel de Gal Costa na história do tema e sobre os sentidos de seu canto para a crítica musical brasileira. Faz-se isso por meio de uma pesquisa que foi empreendida em entrevistas dessa artista em jornais de grande circulação, além de documentários e programas de televisão. Ao longo do artigo, a história oficial desse movimento de vanguarda e a tradição crítica que pensou o tema foram indagadas, com o objetivo de melhor compreender o lugar ocupado por Gal nos debates que envolvem o tropicalismo musical. Não só isso, reflete-se sobre conceitos como autoralidade, composição, a corporalidade empregada como discurso cênico, entre outros tópicos que residem nas interseções entre música e literatura.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"87 31 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130349013","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-30DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i31p4-18
Rafael Barros de Alencar, S. A. D. O. Lima, Pedro da Rocha Pinto
Este artigo tem como objetivo investigar o horizonte das intertextualidades presentes na canção Velha roupa colorida, de Belchior, mirando no tema da teimosia e da insistência. A canção Velha roupa colorida opera muitas vozes em seus versos, vindas de outra geografia, de outra geração. Em nossa análise, o foco está na intertextualidade entre Assum-preto, Blackbird e O Corvo, bem como sobre a forma com que o cancioneiro cearense trabalha as imagens e os sentidos advindos dessas vozes para reiterar a teimosia, a vontade de viver, a insistência, a contundência do seu personagem.
{"title":"Intertextualidade e teimosia em Velha roupa colorida: diálogos entre Assum-preto, Blackbird e O corvo","authors":"Rafael Barros de Alencar, S. A. D. O. Lima, Pedro da Rocha Pinto","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i31p4-18","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i31p4-18","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo investigar o horizonte das intertextualidades presentes na canção Velha roupa colorida, de Belchior, mirando no tema da teimosia e da insistência. A canção Velha roupa colorida opera muitas vozes em seus versos, vindas de outra geografia, de outra geração. Em nossa análise, o foco está na intertextualidade entre Assum-preto, Blackbird e O Corvo, bem como sobre a forma com que o cancioneiro cearense trabalha as imagens e os sentidos advindos dessas vozes para reiterar a teimosia, a vontade de viver, a insistência, a contundência do seu personagem.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"72 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121057898","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-29DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i30p497-511
Mariana Cobuci Schmidt Bastos
Este texto é um exercício de escrita com Roland Barthes e Ana Cristina Cesar, pensado e escrito a partir do curso “Roland Barthes: da pesquisa à sala de aula”, ministrado por Claudia Amigo Pino na Universidade de São Paulo no segundo semestre de 2020. Buscou-se, aqui, tal como faziam esses autores, sair da dinâmica do escrever sobre – trata-se, então, de uma produção a partir da leitura de diferentes textos de Barthes e Ana Cristina, uma tentativa de fazer ver e de promover em outros a paixão que reconheço neles, em suas escrituras.
这篇文章是罗兰·巴特(Roland Barthes)和安娜·克里斯蒂娜·塞萨尔(Ana Cristina Cesar)的写作练习,是根据克劳迪娅·阿米戈·皮诺(Claudia Amigo Pino) 2020年下半年在sao保罗大学(university of sao Paulo)教授的课程“罗兰·巴特:从研究到课堂”(Roland Barthes: from research to the classroom)思考和写作的。在这里,就像这些作者所做的那样,我们试图摆脱写作的动力——这是一种通过阅读巴特和安娜·克里斯蒂娜的不同文本而产生的作品,试图在其他人身上看到并促进我在他们的作品中所认识到的激情。
{"title":"Infinitas gamações: correspondências: Ana Cristina Cesar, Roland Barthes","authors":"Mariana Cobuci Schmidt Bastos","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i30p497-511","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p497-511","url":null,"abstract":"Este texto é um exercício de escrita com Roland Barthes e Ana Cristina Cesar, pensado e escrito a partir do curso “Roland Barthes: da pesquisa à sala de aula”, ministrado por Claudia Amigo Pino na Universidade de São Paulo no segundo semestre de 2020. Buscou-se, aqui, tal como faziam esses autores, sair da dinâmica do escrever sobre – trata-se, então, de uma produção a partir da leitura de diferentes textos de Barthes e Ana Cristina, uma tentativa de fazer ver e de promover em outros a paixão que reconheço neles, em suas escrituras.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116442035","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-29DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i30p296-323
Priscila Pesce Lopes de Oliveira, C. Bylaardt
Este artigo examina relações de A câmara clara com diferentes tipos de saber e os parâmetros discursivos que os constituem, buscando no livro respostas barthesianas à questão de escrita “Como orientar as escolhas (de tema, de abordagem, de interlocutores, de referências, de gênero textual, de linguagem)?” Discute também a dimensão epistemológica e ética da adoção de uma pertença intermitente, preocupada com os valores efetivados nas escolhas de linguagem constituintes da atividade intelectual. Este texto propõe, sobretudo, mostrar que as inquietações de Barthes quanto à prática crítica e a alguns de seus parâmetros e pressupostos florescem em discussões epistemológicas, propostas teóricas e aspectos composicionais não ortodoxos, e demonstrar como elas afirmam, refutam e desviam traços e elementos modelares de discursividades ligadas ao Saber consagrado.
{"title":"O discursar intelectual em questão em A câmara clara","authors":"Priscila Pesce Lopes de Oliveira, C. Bylaardt","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i30p296-323","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p296-323","url":null,"abstract":"Este artigo examina relações de A câmara clara com diferentes tipos de saber e os parâmetros discursivos que os constituem, buscando no livro respostas barthesianas à questão de escrita “Como orientar as escolhas (de tema, de abordagem, de interlocutores, de referências, de gênero textual, de linguagem)?” Discute também a dimensão epistemológica e ética da adoção de uma pertença intermitente, preocupada com os valores efetivados nas escolhas de linguagem constituintes da atividade intelectual. Este texto propõe, sobretudo, mostrar que as inquietações de Barthes quanto à prática crítica e a alguns de seus parâmetros e pressupostos florescem em discussões epistemológicas, propostas teóricas e aspectos composicionais não ortodoxos, e demonstrar como elas afirmam, refutam e desviam traços e elementos modelares de discursividades ligadas ao Saber consagrado.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"417 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122793217","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-29DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i30p96-119
Luciana Barreto Machado Rezende
Em sua consciência acerca do ofício literário, as formulações ficcionais, as indagações filosóficas e as inovações estéticas adotadas pelo escritor pernambucano Osman Lins ao longo de toda sua obra, em especial no romance Avalovara (1973), coincidem com as proposições de Roland Barthes relativas ao “texto de fruição” – a provocar desestabilidade, desconforto, estado de perda e vacilação quanto às bases históricas, culturais e psicológicas do leitor. A assumida crise por parte do escritor e do leitor na relação com a linguagem e a representação é ilustrada neste artigo por meio do mito de Babel e os signos de infortúnio e incomunicabilidade que caracterizam a personagem alemã Roos em seu desencontro linguístico com o protagonista Abel da obra osmaniana. Edificada sob o propósito de alcançar o céu, a Torre de Babel é associada a desentendimento, desordem, dispersão, resultando em desventura, malogro e ruína. Ao lado de Roland Barthes, reflexões de Zumthor e Benjamin se fazem importantes para compreender a noção de inacabamento, confirmando como a linguagem se mostra falha e insuficiente. A partir do registro barthesiano de gozo e fruição, sublinhamos no romance em questão o tensionamento narrativo a partir de elipses sintáticas, esgarçamento textual, embaralhamento de fonemas e fusionamento de vocábulos.
{"title":"Babel, dispersão, inacabamento: a escrita de bordejar e o texto de fruição, uma escala de confluências entre Osman Lins e Roland Barthes","authors":"Luciana Barreto Machado Rezende","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i30p96-119","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p96-119","url":null,"abstract":"Em sua consciência acerca do ofício literário, as formulações ficcionais, as indagações filosóficas e as inovações estéticas adotadas pelo escritor pernambucano Osman Lins ao longo de toda sua obra, em especial no romance Avalovara (1973), coincidem com as proposições de Roland Barthes relativas ao “texto de fruição” – a provocar desestabilidade, desconforto, estado de perda e vacilação quanto às bases históricas, culturais e psicológicas do leitor. A assumida crise por parte do escritor e do leitor na relação com a linguagem e a representação é ilustrada neste artigo por meio do mito de Babel e os signos de infortúnio e incomunicabilidade que caracterizam a personagem alemã Roos em seu desencontro linguístico com o protagonista Abel da obra osmaniana. Edificada sob o propósito de alcançar o céu, a Torre de Babel é associada a desentendimento, desordem, dispersão, resultando em desventura, malogro e ruína. Ao lado de Roland Barthes, reflexões de Zumthor e Benjamin se fazem importantes para compreender a noção de inacabamento, confirmando como a linguagem se mostra falha e insuficiente. A partir do registro barthesiano de gozo e fruição, sublinhamos no romance em questão o tensionamento narrativo a partir de elipses sintáticas, esgarçamento textual, embaralhamento de fonemas e fusionamento de vocábulos.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"100 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124588432","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-29DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i30p253-268
Carolina Augusto Messias
Este artigo pretende investigar uma ética do “autorar” em Barthes, revisitando a questão da autoria através da narrativa do que se faz com a linguagem, para além de ler e escrever. O texto busca ler um Barthes autor como referência fundamental para pensar a regeneração do papel do autor na contemporaneidade. Nesse sentido, focam-se alguns fazeres narrados por Barthes como pesquisador, professor e escritor em suas produções textuais, para refletir sobre o potencial da linguagem em sua ética autoral.
{"title":"Autoria em regeneração: Barthes e o potencial da linguagem","authors":"Carolina Augusto Messias","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i30p253-268","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p253-268","url":null,"abstract":"Este artigo pretende investigar uma ética do “autorar” em Barthes, revisitando a questão da autoria através da narrativa do que se faz com a linguagem, para além de ler e escrever. O texto busca ler um Barthes autor como referência fundamental para pensar a regeneração do papel do autor na contemporaneidade. Nesse sentido, focam-se alguns fazeres narrados por Barthes como pesquisador, professor e escritor em suas produções textuais, para refletir sobre o potencial da linguagem em sua ética autoral.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130439962","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-29DOI: 10.11606/issn.1984-1124.i30p365-379
C. J. D. Costa, Marco Rafael da Mota Oliveira
O trabalho do texto consiste em afirmar a potência do isolamento barthesiano hoje. O luto, afeto vivo e presente, será o princípio que unifica a docência, a escrita e a vida: no último Roland Barthes, em nós. Aulas, datas, imagens e um arquivo de leituras translúcidas lancinadas por feixes de luz a demandarem uma atualização das formas em um corpo que escreve. Não há nada a superar, visto que a dor é ocasião. Escrevemos a fantasia de tal solidão tendo o texto barthesiano, a docência que praticamos e, como oximoro, o nosso viver-junto enquanto potencial ativo de uma Vita Nova. Assim, dispomos quatro precisões: o luto se manifesta pelo e no trabalho, como a marca a animar a produção presente; atualizado em uma aula, o luto harmoniza o afeto da perda e a criação didática: não poder desenvolver, não poder sustentar, não poder impor; o luto só pode ser experimentado de modo instantâneo: surpreende como experiência inaugural e, portanto, potencialmente mutativa (o insustentável como condição); e o luto permite apenas sua vivência (traduzida, inocentemente, em prática), jamais seu domínio. Lecionar, escrever, pesquisar, viver como se um Amador. Disponibilidades luminosas à beira-fôlego: entrar vivo na morte. É disso que se trata.
{"title":"Entradas, disponibilidades luminosas: o luto como trabalho em Roland Barthes","authors":"C. J. D. Costa, Marco Rafael da Mota Oliveira","doi":"10.11606/issn.1984-1124.i30p365-379","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p365-379","url":null,"abstract":"O trabalho do texto consiste em afirmar a potência do isolamento barthesiano hoje. O luto, afeto vivo e presente, será o princípio que unifica a docência, a escrita e a vida: no último Roland Barthes, em nós. Aulas, datas, imagens e um arquivo de leituras translúcidas lancinadas por feixes de luz a demandarem uma atualização das formas em um corpo que escreve. Não há nada a superar, visto que a dor é ocasião. Escrevemos a fantasia de tal solidão tendo o texto barthesiano, a docência que praticamos e, como oximoro, o nosso viver-junto enquanto potencial ativo de uma Vita Nova. Assim, dispomos quatro precisões: o luto se manifesta pelo e no trabalho, como a marca a animar a produção presente; atualizado em uma aula, o luto harmoniza o afeto da perda e a criação didática: não poder desenvolver, não poder sustentar, não poder impor; o luto só pode ser experimentado de modo instantâneo: surpreende como experiência inaugural e, portanto, potencialmente mutativa (o insustentável como condição); e o luto permite apenas sua vivência (traduzida, inocentemente, em prática), jamais seu domínio. Lecionar, escrever, pesquisar, viver como se um Amador. Disponibilidades luminosas à beira-fôlego: entrar vivo na morte. É disso que se trata.","PeriodicalId":371417,"journal":{"name":"Revista Criação & Crítica","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126475058","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}