O funcionamento familiar contribui diferentemente para ajustamento psicológico, de acordo com as etapas de desenvolvimento e com as tarefas que lhes estão subjacentes. Através de um desenho quantitativo transversal, e com recurso a uma amostra de 387 participantes com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos (M=20.06, DP=3.21), este estudo pretendeu: identificar as tipologias de funcionamento familiar, a partir das dimensões coesão e conflito; e analisar a associação entre as tipologias de funcionamento familiar, os processos de desenvolvimento da identidade, a etapa desenvolvimental (adolescência e adultez emergente) e a perturbação emocional. Foram identificadas cinco tipologias de funcionamento familiar, correspondentes a famílias: Coesas, Desligadas, Equilibradas, Conflituosas e Emaranhadas. Tendo em conta a literatura, os participantes foram divididos em grupos, consoante a idade (adolescentes e adultos emergentes) e o nível de perturbação emocional (com e sem perturbação emocional). Os resultados mostram associações estatisticamente significativas entre as tipologias de funcionamento familiar, a etapa desenvolvimental, os processos de desenvolvimento da identidade e os grupos com e sem perturbação emocional. Especificamente, os resultados indicam que os adultos emergentes percepcionam o funcionamento das suas famílias como mais Coeso ou Emaranhado, em comparação com os adolescentes; e que o grupo com perturbação emocional percepcionou, maioritariamente, o funcionamento da sua família como Emaranhado. São discutidas as implicações para a prática e para a literatura nas áreas da Psicopatologia do Desenvolvimento e Psicologia da Família.
{"title":"Tipologias de funcionamento familiar: Do desenvolvimento identitário à perturbação emocional na adolescência e adultez emergente","authors":"Ana Prioste, P. Tavares, Eunice Magalhães","doi":"10.14417/AP.1534","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1534","url":null,"abstract":"O funcionamento familiar contribui diferentemente para ajustamento psicológico, de acordo com as etapas de desenvolvimento e com as tarefas que lhes estão subjacentes. Através de um desenho quantitativo transversal, e com recurso a uma amostra de 387 participantes com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos (M=20.06, DP=3.21), este estudo pretendeu: identificar as tipologias de funcionamento familiar, a partir das dimensões coesão e conflito; e analisar a associação entre as tipologias de funcionamento familiar, os processos de desenvolvimento da identidade, a etapa desenvolvimental (adolescência e adultez emergente) e a perturbação emocional. Foram identificadas cinco tipologias de funcionamento familiar, correspondentes a famílias: Coesas, Desligadas, Equilibradas, Conflituosas e Emaranhadas. Tendo em conta a literatura, os participantes foram divididos em grupos, consoante a idade (adolescentes e adultos emergentes) e o nível de perturbação emocional (com e sem perturbação emocional). Os resultados mostram associações estatisticamente significativas entre as tipologias de funcionamento familiar, a etapa desenvolvimental, os processos de desenvolvimento da identidade e os grupos com e sem perturbação emocional. Especificamente, os resultados indicam que os adultos emergentes percepcionam o funcionamento das suas famílias como mais Coeso ou Emaranhado, em comparação com os adolescentes; e que o grupo com perturbação emocional percepcionou, maioritariamente, o funcionamento da sua família como Emaranhado. São discutidas as implicações para a prática e para a literatura nas áreas da Psicopatologia do Desenvolvimento e Psicologia da Família.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47972019","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este estudo teve como objetivos proceder à tradução e adaptação transcultural da PEM-CY: Participation and Environment Measure for Children and Youth, de acordo com os procedimentos recomendados pelos seus autores, e estudar as suas propriedades psicométricas para a população portuguesa. Este instrumento examina a perceção dos pais (ou cuidadores) de crianças com e sem incapacidade, acerca da participação, no que se refere à frequência, ao envolvimento e ao desejo de mudança, em atividades que tipicamente acontecem nos contextos de casa, da escola e da comunidade; examina ainda os fatores ambientais que impactam essa mesma participação. A versão portuguesa da PEM-CY foi preenchida pelos pais de 390 crianças, com idades entre os 5 e os 17 anos, das quais 152 foram reportadas como apresentando algum tipo de incapacidade. Valores de consistência interna nas diferentes escalas e contextos oscilaram entre .67 a .86, com a exceção da escala frequência no contexto escolar. Na fidelidade teste-reteste obtiveram-se valores acima de .68. No que se refere à validade de critério a escala mostrou-se consistente na identificação de diferenças significativas nos resultados dos grupos, com e sem incapacidade, nas diferentes escalas dos contextos estudados. Os resultados apontam a versão portuguesa da PEM-CY como um instrumento válido para a compreensão da participação de crianças com e sem incapacidade nos diferentes contextos, segundo a perceção dos pais.
{"title":"Tradução, adaptação e estudo das propriedades psicométricas da Participation and Environment Measure for Children and Youth (PEM-CY)","authors":"S. Oliveira-Martins, Manuela Sanches-Ferreira","doi":"10.14417/AP.1436","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1436","url":null,"abstract":"Este estudo teve como objetivos proceder à tradução e adaptação transcultural da PEM-CY: Participation and Environment Measure for Children and Youth, de acordo com os procedimentos recomendados pelos seus autores, e estudar as suas propriedades psicométricas para a população portuguesa. Este instrumento examina a perceção dos pais (ou cuidadores) de crianças com e sem incapacidade, acerca da participação, no que se refere à frequência, ao envolvimento e ao desejo de mudança, em atividades que tipicamente acontecem nos contextos de casa, da escola e da comunidade; examina ainda os fatores ambientais que impactam essa mesma participação. A versão portuguesa da PEM-CY foi preenchida pelos pais de 390 crianças, com idades entre os 5 e os 17 anos, das quais 152 foram reportadas como apresentando algum tipo de incapacidade. Valores de consistência interna nas diferentes escalas e contextos oscilaram entre .67 a .86, com a exceção da escala frequência no contexto escolar. Na fidelidade teste-reteste obtiveram-se valores acima de .68. No que se refere à validade de critério a escala mostrou-se consistente na identificação de diferenças significativas nos resultados dos grupos, com e sem incapacidade, nas diferentes escalas dos contextos estudados. Os resultados apontam a versão portuguesa da PEM-CY como um instrumento válido para a compreensão da participação de crianças com e sem incapacidade nos diferentes contextos, segundo a perceção dos pais.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45997868","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Algumas manifestações de violência no namoro ocorrem através do uso das novas tecnologias, pelo que importa investigar esta tipologia de abuso apelidada internacionalmente de cyber dating abuse. O presente estudo procurou traduzir e adaptar, para a população portuguesa, o Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ; Borrajo, Gámez-Guadix, Pereda, & Calvete, 2015), estudando as suas propriedades psicométricas. A versão portuguesa foi administrada a uma amostra de 272 estudantes, a grande maioria (87%) de sexo feminino e com uma média de idades de 28.41 (DP=7.02). A análise fatorial confirmatória revelou bons índices de ajustamento, permitindo confirmar o modelo fatorial do instrumento original constituído por quatro fatores correlacionados, dois relativos à vitimação por agressão direta e controlo e dois à perpetração dessas mesmas tipologias de violência. Adicionalmente, todos os fatores revelaram boa consistência interna. Ainda que os indicadores de prevalência de vitimação e perpetração por controlo (58.8% vs. 63.2%, respetivamente) se tenham revelado mais preponderantes comparativamente aos de vitimação e perpetração por agressão direta (18% vs. 14.7%), foi possível confirmar que estes dois tipos de ciberabuso íntimo constituem comportamentos entre os jovens portugueses estudantes universitários envolvidos/as em relações íntimas. As implicações práticas e empíricas futuras deste estudo são objeto de discussão neste trabalho.
{"title":"Versão portuguesa do Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ) – Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN): Adaptação e propriedades psicométricas","authors":"S. Caridade, T. Braga","doi":"10.14417/AP.1543","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1543","url":null,"abstract":"Algumas manifestações de violência no namoro ocorrem através do uso das novas tecnologias, pelo que importa investigar esta tipologia de abuso apelidada internacionalmente de cyber dating abuse. O presente estudo procurou traduzir e adaptar, para a população portuguesa, o Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ; Borrajo, Gámez-Guadix, Pereda, & Calvete, 2015), estudando as suas propriedades psicométricas. A versão portuguesa foi administrada a uma amostra de 272 estudantes, a grande maioria (87%) de sexo feminino e com uma média de idades de 28.41 (DP=7.02). A análise fatorial confirmatória revelou bons índices de ajustamento, permitindo confirmar o modelo fatorial do instrumento original constituído por quatro fatores correlacionados, dois relativos à vitimação por agressão direta e controlo e dois à perpetração dessas mesmas tipologias de violência. Adicionalmente, todos os fatores revelaram boa consistência interna. Ainda que os indicadores de prevalência de vitimação e perpetração por controlo (58.8% vs. 63.2%, respetivamente) se tenham revelado mais preponderantes comparativamente aos de vitimação e perpetração por agressão direta (18% vs. 14.7%), foi possível confirmar que estes dois tipos de ciberabuso íntimo constituem comportamentos entre os jovens portugueses estudantes universitários envolvidos/as em relações íntimas. As implicações práticas e empíricas futuras deste estudo são objeto de discussão neste trabalho.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44296745","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pedro Marques-Quinteiro, Luís Curral, A. Passos, Kyle Lewis, Catarina Gomes
Os sistemas de memória transitiva promovem a troca eficiente de informação, contribuindo para a inovação das equipas hospitalares. Estudos anteriores sugerem que os sistemas de memória transitiva podem ser mais úteis para tarefas repetitivas. Neste estudo, conciliamos estes resultados contraditórios argumentando que as eficiências de processamento dos sistemas de memória transitiva beneficiarão a inovação, porque os sistemas de memória transitiva ajudarão os membros da equipa a refletirem sobre os seus processos e metas. A amostra deste estudo incluiu 256 enfermeiros hospitalares (N=54 equipas). Os resultados sugerem que a reflexividade medeia positivamente a relação entre os sistemas de memória transitiva e a inovação das equipas. Este estudo contribui para a literatura ao clarificar de que forma é que as estruturas e processos cognitivos das equipas se combinam para influenciar a inovação das equipas hospitalares; e para a prática ao oferecer ideias para a gestão de equipas em ambiente hospitalar.
{"title":"How transactive memory systems and reflexivity relate with innovation in healthcare teams","authors":"Pedro Marques-Quinteiro, Luís Curral, A. Passos, Kyle Lewis, Catarina Gomes","doi":"10.14417/AP.1519","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1519","url":null,"abstract":"Os sistemas de memória transitiva promovem a troca eficiente de informação, contribuindo para a inovação das equipas hospitalares. Estudos anteriores sugerem que os sistemas de memória transitiva podem ser mais úteis para tarefas repetitivas. Neste estudo, conciliamos estes resultados contraditórios argumentando que as eficiências de processamento dos sistemas de memória transitiva beneficiarão a inovação, porque os sistemas de memória transitiva ajudarão os membros da equipa a refletirem sobre os seus processos e metas. A amostra deste estudo incluiu 256 enfermeiros hospitalares (N=54 equipas). Os resultados sugerem que a reflexividade medeia positivamente a relação entre os sistemas de memória transitiva e a inovação das equipas. Este estudo contribui para a literatura ao clarificar de que forma é que as estruturas e processos cognitivos das equipas se combinam para influenciar a inovação das equipas hospitalares; e para a prática ao oferecer ideias para a gestão de equipas em ambiente hospitalar.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43864797","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Sendo claro que o efeito Stroop ocorre devido a falhas nos processos de monitorização cognitivo, até ao momento desconhece-se se o traço de personalidade Automonitorização interfere com o desempenho dessa monitorização. Neste estudo opomos duas hipóteses prováveis. Se assumirmos que as funções do controlo executivo são mais ativadas pelos indivíduos com tendências de personalidade para monitorizar o seu próprio comportamento, é expectável então que indivíduos com alto nível de automonitorização tenham um desempenho onde os níveis de interferência Stroop sejam reduzidos. No entanto se assumirmos a Automonitorização como traço de personalidade que apenas monitora características socias do contexto, então pode ser que indivíduos com altos níveis de automonitorização demonstrem uma falta de recursos executivos para desempenharem a tarefa Stroop em contextos sociais que requeriam essa monitorização. Em dois estudos testamos estas hipóteses. O contexto social é manipulado quer através de uma tarefa de primação (estudo 1) quer através da manipulação da presença física de indivíduos (estudo 2). Em ambos os estudos participantes com altos e baixos níveis de automonitorização desempenharam uma tarefa de Stroop. Resultados de ambos os estudos demonstram que os indivíduos com baixos níveis de automonitorização desempenham melhor em contextos sociais do que não-sociais, enquanto os indivíduos com altos níveis de automonitorização desempenham pior em contextos sociais. Este padrão de resultados sugere que a atividade de monitorização dos indivíduos com altos níveis de automonitorização na presença de outros, interfere com a sua capacidade de controlar a interferência Stroop.
{"title":"The other side of self-monitoring: Inhibition control in and out a social context","authors":"P. Figueira, Teresa Garcia-Marques","doi":"10.14417/ap.1498","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/ap.1498","url":null,"abstract":"Sendo claro que o efeito Stroop ocorre devido a falhas nos processos de monitorização cognitivo, até ao momento desconhece-se se o traço de personalidade Automonitorização interfere com o desempenho dessa monitorização. Neste estudo opomos duas hipóteses prováveis. Se assumirmos que as funções do controlo executivo são mais ativadas pelos indivíduos com tendências de personalidade para monitorizar o seu próprio comportamento, é expectável então que indivíduos com alto nível de automonitorização tenham um desempenho onde os níveis de interferência Stroop sejam reduzidos. No entanto se assumirmos a Automonitorização como traço de personalidade que apenas monitora características socias do contexto, então pode ser que indivíduos com altos níveis de automonitorização demonstrem uma falta de recursos executivos para desempenharem a tarefa Stroop em contextos sociais que requeriam essa monitorização. Em dois estudos testamos estas hipóteses. O contexto social é manipulado quer através de uma tarefa de primação (estudo 1) quer através da manipulação da presença física de indivíduos (estudo 2). Em ambos os estudos participantes com altos e baixos níveis de automonitorização desempenharam uma tarefa de Stroop. Resultados de ambos os estudos demonstram que os indivíduos com baixos níveis de automonitorização desempenham melhor em contextos sociais do que não-sociais, enquanto os indivíduos com altos níveis de automonitorização desempenham pior em contextos sociais. Este padrão de resultados sugere que a atividade de monitorização dos indivíduos com altos níveis de automonitorização na presença de outros, interfere com a sua capacidade de controlar a interferência Stroop.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42250921","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Jefferson Luiz de Cerqueira Castro, José Plínio de Oliveira Santos, L. Araújo, A. Faro, Ana Paula da Rocha, Sara Teles Reis
A presente investigação teve como propósito apreender e analisar as representações sociais de adolescentes no que diz respeito ao VIH e à SIDA no Brasil. A amostra foi formada por 576 adolescentes, com idade média de 15,67 anos (DP=1.66). Utilizou-se a técnica de associação livre de palavras, com as palavras indutoras “HIV” e “AIDS”, a qual foi investigada por meio da análise prototípica, com o apoio do software Iramuteq. Tal análise possibilita definir a estrutura de uma representação social a partir de evocações de palavras, o que permite observar o núcleo central e o sistema periférico da representação social. Entre os achados, salienta-se a definição da palavra “doença” como núcleo central e em seu contorno a definidora “morte” como primeira periferia, o que reforça a crença que o VIH/SIDA é uma doença fatal. Nas demais zonas do sistema periférico ressaltam-se aspectos ligados à afetividade, bem como conhecimentos sobre a disseminação e práticas preventivas. Desse modo, percebe-se que os respondentes possuem conhecimento a respeito das causas, tratamento e prevenção do VIH/SIDA, contudo há a necessidade de implementação de políticas públicas que levem em consideração esses conhecimentos, bem como os estimulem dentre os adolescentes.
{"title":"Representações sociais do VIH/SIDA para adolescentes: Uma abordagem estrutural","authors":"Jefferson Luiz de Cerqueira Castro, José Plínio de Oliveira Santos, L. Araújo, A. Faro, Ana Paula da Rocha, Sara Teles Reis","doi":"10.14417/AP.1492","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1492","url":null,"abstract":"A presente investigação teve como propósito apreender e analisar as representações sociais de adolescentes no que diz respeito ao VIH e à SIDA no Brasil. A amostra foi formada por 576 adolescentes, com idade média de 15,67 anos (DP=1.66). Utilizou-se a técnica de associação livre de palavras, com as palavras indutoras “HIV” e “AIDS”, a qual foi investigada por meio da análise prototípica, com o apoio do software Iramuteq. Tal análise possibilita definir a estrutura de uma representação social a partir de evocações de palavras, o que permite observar o núcleo central e o sistema periférico da representação social. Entre os achados, salienta-se a definição da palavra “doença” como núcleo central e em seu contorno a definidora “morte” como primeira periferia, o que reforça a crença que o VIH/SIDA é uma doença fatal. Nas demais zonas do sistema periférico ressaltam-se aspectos ligados à afetividade, bem como conhecimentos sobre a disseminação e práticas preventivas. Desse modo, percebe-se que os respondentes possuem conhecimento a respeito das causas, tratamento e prevenção do VIH/SIDA, contudo há a necessidade de implementação de políticas públicas que levem em consideração esses conhecimentos, bem como os estimulem dentre os adolescentes.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45671193","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Os problemas relacionados com o consumo de substâncias psicoativas, afetam não apenas contexto socioeconómico do indivíduo, mas também têm impacto ao nível do sono, da agressividade e dos comportamentos de risco. O presente estudo analisou, por um lado, as diferenças entre indivíduos dependentes de drogas e de álcool ao nível da qualidade do sono, da agressividade e de comportamentos de risco. E, por outro lado, identificou o contributo independente das variáveis sociodemográficas para o consumo de álcool e drogas. A amostra foi constituída por 115 indivíduos dependentes de drogas e de álcool pertencentes a várias instituições da região Norte de Portugal. Os resultados revelaram que os indivíduos toxicodependentes possuem um menor nível de qualidade de sono, uma maior prevalência de ISTS e realizaram mais o teste ao VIH, sendo o seu resultado positivo com maior frequência, em comparação com os dependentes de álcool. A análise dos resultados revelou ainda que, nesta amostra, pertencer ao sexo feminino e possuir habilitações literárias mais baixas constituíam preditores significativos do consumo de álcool, sendo o consumo de drogas predito pela idade mais jovem e pelas habilitações literárias superiores. Os resultados revelaram a necessidade de implementar e avaliar programas de intervenção ao nível das dependências.
{"title":"Sono, agressividade e comportamentos de risco em indivíduos dependentes de drogas e de álcool","authors":"A. Antunes, E. V. Costa","doi":"10.14417/AP.1390","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1390","url":null,"abstract":"Os problemas relacionados com o consumo de substâncias psicoativas, afetam não apenas contexto socioeconómico do indivíduo, mas também têm impacto ao nível do sono, da agressividade e dos comportamentos de risco. O presente estudo analisou, por um lado, as diferenças entre indivíduos dependentes de drogas e de álcool ao nível da qualidade do sono, da agressividade e de comportamentos de risco. E, por outro lado, identificou o contributo independente das variáveis sociodemográficas para o consumo de álcool e drogas. A amostra foi constituída por 115 indivíduos dependentes de drogas e de álcool pertencentes a várias instituições da região Norte de Portugal. Os resultados revelaram que os indivíduos toxicodependentes possuem um menor nível de qualidade de sono, uma maior prevalência de ISTS e realizaram mais o teste ao VIH, sendo o seu resultado positivo com maior frequência, em comparação com os dependentes de álcool. A análise dos resultados revelou ainda que, nesta amostra, pertencer ao sexo feminino e possuir habilitações literárias mais baixas constituíam preditores significativos do consumo de álcool, sendo o consumo de drogas predito pela idade mais jovem e pelas habilitações literárias superiores. Os resultados revelaram a necessidade de implementar e avaliar programas de intervenção ao nível das dependências.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47953754","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Ines Fonseca, B. Almeida, S. Roldão, Rita Jesus, J. Lopes, Sofia Santos
A mudança de paradigma da pessoa com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental (DID) como agente ativo e autodeterminado vem evidenciar a forma como o próprio se vê, ou seja, o seu autoconceito, sendo este um tema que a nível nacional ainda carece de mais investigação. Esta revisão sistemática objetiva identificar e caracterizar os aspetos que influenciam o autoconceito destes indivíduos. A pesquisa foi realizada em várias bases de dados e revistas eletrónicas. Os estudos foram considerados elegíveis se relatassem aspetos ligados ao autoconceito e à DID, apresentassem parte empírica, incluíssem amostras nacionais e se tivessem acesso livre. Posteriormente, os estudos foram submetidos a vários processos de seleção, até ao processo de avaliação metodológica. Foram considerados oito estudos, onde dois analisaram a influência da atividade física, e os restantes outras variáveis (e.g., desinstitucionalização) no autoconceito da pessoa com DID. Os oito estudos compreenderam 1 a 50 participantes (N=179), entre os 8 e os 65 anos com DID ligeira a moderada. Seis dos estudos foram classificados como “fortes” e os restantes como “moderados”. Existem vários aspetos que influenciam positivamente o autoconceito nesta população, destacando-se uma boa rede de suporte social e a educação parental. Quanto à autoestima, salienta-se a prática da atividade física e a desinstitucionalização. A aposta na investigação na área desde a validação de instrumentos específicos para a avaliação do autoconceito deste subgrupo populacional e da análise das suas propriedades psicométricas, passando pela identificação dos fatores preditores do autoconceito neste subgrupo, na relevância da monitorização dos processos de desinstitucionalização e identificação das estratégias e implementação de programas centrados na pessoa para uma maior participação, para a mudança de atitudes, são algumas das recomendações para a prática.
{"title":"O autoconceito na população com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental (DID) em Portugal: Revisão sistemática","authors":"Ines Fonseca, B. Almeida, S. Roldão, Rita Jesus, J. Lopes, Sofia Santos","doi":"10.14417/AP.1550","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1550","url":null,"abstract":"A mudança de paradigma da pessoa com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental (DID) como agente ativo e autodeterminado vem evidenciar a forma como o próprio se vê, ou seja, o seu autoconceito, sendo este um tema que a nível nacional ainda carece de mais investigação. Esta revisão sistemática objetiva identificar e caracterizar os aspetos que influenciam o autoconceito destes indivíduos. A pesquisa foi realizada em várias bases de dados e revistas eletrónicas. Os estudos foram considerados elegíveis se relatassem aspetos ligados ao autoconceito e à DID, apresentassem parte empírica, incluíssem amostras nacionais e se tivessem acesso livre. Posteriormente, os estudos foram submetidos a vários processos de seleção, até ao processo de avaliação metodológica. Foram considerados oito estudos, onde dois analisaram a influência da atividade física, e os restantes outras variáveis (e.g., desinstitucionalização) no autoconceito da pessoa com DID. Os oito estudos compreenderam 1 a 50 participantes (N=179), entre os 8 e os 65 anos com DID ligeira a moderada. Seis dos estudos foram classificados como “fortes” e os restantes como “moderados”. Existem vários aspetos que influenciam positivamente o autoconceito nesta população, destacando-se uma boa rede de suporte social e a educação parental. Quanto à autoestima, salienta-se a prática da atividade física e a desinstitucionalização. A aposta na investigação na área desde a validação de instrumentos específicos para a avaliação do autoconceito deste subgrupo populacional e da análise das suas propriedades psicométricas, passando pela identificação dos fatores preditores do autoconceito neste subgrupo, na relevância da monitorização dos processos de desinstitucionalização e identificação das estratégias e implementação de programas centrados na pessoa para uma maior participação, para a mudança de atitudes, são algumas das recomendações para a prática.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42652914","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Carla Fernandes, Manuela Veríssimo, Marília Fernandes, Marta Antunes, A. Santos, Brian E. Vaughn
As associações entre a segurança da vinculação e múltiplos aspetos do desenvolvimento emocional têm sido estudadas durante várias décadas. Embora estes estudos sejam válidos, algumas respostas relacionadas com as representações de vinculação e o conhecimento emocional continuam em aberto. Participaram neste estudo crianças de idade pré-escolar (N=40). Utilizámos o Attachment Story Completion Task como medida de vinculação das crianças, com as representações a serem avaliadas enquanto acesso e uso do script de base segura (SBS) para organizar as narrativas de vinculação das crianças. O conhecimento emocional foi avaliado com recurso ao Teste do Conhecimento das Emoções. O nosso principal objetivo era demonstrar que o SBS se comporta como uma típica medida das representações de vinculação, no que diz respeito à sua associação com a compreensão das emoções por parte das crianças. Os resultados sugerem que as crianças com histórias de vinculação segura tendem a ter uma maior base de conhecimento emocional. A medida de SBS comportou-se de forma semelhante a outras medidas de segurança de vinculação, sugerindo a sua validade enquanto medida de representações de vinculação durante a infância.
{"title":"Associações entre o uso do script de base segura e o conhecimento das emoções em crianças de idade pré-escolar","authors":"Carla Fernandes, Manuela Veríssimo, Marília Fernandes, Marta Antunes, A. Santos, Brian E. Vaughn","doi":"10.14417/AP.1569","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1569","url":null,"abstract":"As associações entre a segurança da vinculação e múltiplos aspetos do desenvolvimento emocional têm sido estudadas durante várias décadas. Embora estes estudos sejam válidos, algumas respostas relacionadas com as representações de vinculação e o conhecimento emocional continuam em aberto. Participaram neste estudo crianças de idade pré-escolar (N=40). Utilizámos o Attachment Story Completion Task como medida de vinculação das crianças, com as representações a serem avaliadas enquanto acesso e uso do script de base segura (SBS) para organizar as narrativas de vinculação das crianças. O conhecimento emocional foi avaliado com recurso ao Teste do Conhecimento das Emoções. O nosso principal objetivo era demonstrar que o SBS se comporta como uma típica medida das representações de vinculação, no que diz respeito à sua associação com a compreensão das emoções por parte das crianças. Os resultados sugerem que as crianças com histórias de vinculação segura tendem a ter uma maior base de conhecimento emocional. A medida de SBS comportou-se de forma semelhante a outras medidas de segurança de vinculação, sugerindo a sua validade enquanto medida de representações de vinculação durante a infância.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43667287","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O acolhimento familiar é uma medida de promoção e proteção de crianças e jovens que tem ganho crescente expressividade na Europa nas últimas décadas. Paralelamente, a investigação tem evidenciado um maior ajustamento desta resposta face às necessidades desenvolvimentais das crianças em perigo. Não obstante, em Portugal, esta é ainda uma medida com muito pouca representação. A capacidade de promover o Acolhimento Familiar, para além de muitos e complexos fatores de ordem política, legislativa e financeira, estará também dependente dos conhecimentos e perceções que a população em geral possa ter sobre a problemática. Assim, este estudo analisa os conhecimentos e perceções de uma amostra da população portuguesa (n=270) acerca do acolhimento familiar. Os resultados demonstram poucos conhecimentos acerca da realidade do acolhimento, mas uma atitude favorável face ao acolhimento familiar e uma elevada disponibilidade dos inquiridos para se tornarem família de acolhimento. A discussão dos resultados é feita tendo em conta as suas implicações para a promoção de uma cultura de acolhimento familiar e para a criação de condições que viabilizem a adesão à medida em Portugal.
{"title":"Conhecimentos e perceções públicas acerca do acolhimento familiar: Contributos para o desenvolvimento da medida","authors":"M. Negrão, M. Moreira, L. Veríssimo, Elisa Veiga","doi":"10.14417/AP.1564","DOIUrl":"https://doi.org/10.14417/AP.1564","url":null,"abstract":"O acolhimento familiar é uma medida de promoção e proteção de crianças e jovens que tem ganho crescente expressividade na Europa nas últimas décadas. Paralelamente, a investigação tem evidenciado um maior ajustamento desta resposta face às necessidades desenvolvimentais das crianças em perigo. Não obstante, em Portugal, esta é ainda uma medida com muito pouca representação. A capacidade de promover o Acolhimento Familiar, para além de muitos e complexos fatores de ordem política, legislativa e financeira, estará também dependente dos conhecimentos e perceções que a população em geral possa ter sobre a problemática. Assim, este estudo analisa os conhecimentos e perceções de uma amostra da população portuguesa (n=270) acerca do acolhimento familiar. Os resultados demonstram poucos conhecimentos acerca da realidade do acolhimento, mas uma atitude favorável face ao acolhimento familiar e uma elevada disponibilidade dos inquiridos para se tornarem família de acolhimento. A discussão dos resultados é feita tendo em conta as suas implicações para a promoção de uma cultura de acolhimento familiar e para a criação de condições que viabilizem a adesão à medida em Portugal.","PeriodicalId":38440,"journal":{"name":"Analise Psicologica","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49149745","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}