Pub Date : 2020-04-27DOI: 10.22409/gragoata.v25i51.38870
Piero Eyben
Partindo da leitura de A escrita do desastre, de Maurice Blanchot, o presente artigo propõe discutir a questão, marginal em sua obra, do suicídio como elemento constitutivo da escrita e da noção de desastre. Uma não dialética se impõe nesse contexto, uma vez que Blanchot trabalha com a ideia de que a morte e o morrer tornam a literatura possível, não excluindo o suicídio que, como tento demonstrar no artigo, trabalha também na heteronomia da passividade. A escrita, portanto, passa a ser compreendida como um pensamento arruinado, uma aproximação não ontológica da responsabilidade, mas assombrada, desde sua origem, por sua hantologie.
{"title":"Escrever o que precede à ruína – desastre e suicídio em Blanchot","authors":"Piero Eyben","doi":"10.22409/gragoata.v25i51.38870","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v25i51.38870","url":null,"abstract":"Partindo da leitura de A escrita do desastre, de Maurice Blanchot, o presente artigo propõe discutir a questão, marginal em sua obra, do suicídio como elemento constitutivo da escrita e da noção de desastre. Uma não dialética se impõe nesse contexto, uma vez que Blanchot trabalha com a ideia de que a morte e o morrer tornam a literatura possível, não excluindo o suicídio que, como tento demonstrar no artigo, trabalha também na heteronomia da passividade. A escrita, portanto, passa a ser compreendida como um pensamento arruinado, uma aproximação não ontológica da responsabilidade, mas assombrada, desde sua origem, por sua hantologie.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2020-04-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47591376","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-01-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i50.34125
Ida Lúcia Machado
Neste artigo, gostaríamos de tecer algumas considerações sobre um dos conceitos importantes da Semiolinguística de P. Charaudeau, teoria que utilizamos em corpora diversos há mais de 20 anos. Iremos discorrer sobre o que o teórico nomeia ato de linguagem, suas implicações e aplicações práticas. Para tanto, ilustraremos nossos ditos com enunciados extraídos do livro Esquisse pour une auto-analyse (2004), do sociólogo Pierre Bourdieu. Escolhemos escritos desse autor, justamente nesse livro, pois eles se integram, de certa maneira, às nossas pesquisas atuais sobre análise do discurso e narrativas de vida. A análise do discurso proposta por Charaudeau, além disso, carrega em si uma interface com a sociologia. Nosso objetivo é mostrar como conceitos vindos da Semiolinguística são importantes e práticos, ao permitir a realização de possíveis interpretativos de diferentes escritos.
在这篇文章中,我们想对P.Charaudeau半语言学的一个重要概念进行一些思考,这是我们在各种语料库中使用了20多年的理论。我们将讨论理论家将语言行为命名为什么,它的含义和实际应用。为此,我们将用社会学家皮埃尔·布迪厄(Pierre Bourdieu)在2004年出版的《自我分析》(Esquisse pour une auto analysis)一书中摘录的语句来说明我们的名言。我们选择这位作者的作品,正是在这本书中,因为它们在某种程度上融合了我们目前对话语分析和生活叙事的研究。此外,Charaudeau提出的话语分析与社会学有着密切的联系。我们的目标是展示来自半语言学的概念是如何重要和实用的,从而实现对不同作品的可能解释。
{"title":"O ato de linguagem segundo a Semiolinguística: implicações, explicações e aplicações práticas","authors":"Ida Lúcia Machado","doi":"10.22409/gragoata.v24i50.34125","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i50.34125","url":null,"abstract":"Neste artigo, gostaríamos de tecer algumas considerações sobre um dos conceitos importantes da Semiolinguística de P. Charaudeau, teoria que utilizamos em corpora diversos há mais de 20 anos. Iremos discorrer sobre o que o teórico nomeia ato de linguagem, suas implicações e aplicações práticas. Para tanto, ilustraremos nossos ditos com enunciados extraídos do livro Esquisse pour une auto-analyse (2004), do sociólogo Pierre Bourdieu. Escolhemos escritos desse autor, justamente nesse livro, pois eles se integram, de certa maneira, às nossas pesquisas atuais sobre análise do discurso e narrativas de vida. A análise do discurso proposta por Charaudeau, além disso, carrega em si uma interface com a sociologia. Nosso objetivo é mostrar como conceitos vindos da Semiolinguística são importantes e práticos, ao permitir a realização de possíveis interpretativos de diferentes escritos.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2020-01-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49652244","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34102
Paula Ávila Nunes, V. Flores
Este texto apresenta uma proposta teórica de entendimento da tradução com base na articulação de três noções fundamentais do campo dos estudos da linguagem: opacidade, enunciação e alteridade. A abordagem da opacidade é feita com inspiração em Récanati (1979), bem como em seu correlato teórico, a noção de transparência, no quadro de uma discussão acerca do signo linguístico e do enunciado. A alteridade, por seu turno, é apresentada como uma noção implicada na ideia de opacidade, o que configura uma alteração da proposta original de Récanati. Por fim, a enunciação é vista pela ótica de Benveniste (1989; 1995), cuja teorização sobre metalinguagem e sobre o duplo universo de significância da língua, que a singulariza em relação a outros sistemas semiológicos, é incorporada à digressão sobre os outros dois conceitos que embasam este estudo. Partindo-se dessas três noções, estuda-se a tradução intra e interlinguística (JAKOBSON, 2003) tendo por hipótese de que a tradução, em sentido lato, se configura como um problema de linguagem particular, que tem a especificidade de instaurar uma radical alteridade (com o outro, com a outra língua, com a língua do tradutor). A conclusão encaminha uma discussão a respeito de aspectos antropológicos gerais envolvidos na tradução, quando olhada pelo viés dos estudos enunciativos da linguagem.
{"title":"Tradução: da transparência à opacidade, da metalinguagem à alteridade","authors":"Paula Ávila Nunes, V. Flores","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34102","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34102","url":null,"abstract":"Este texto apresenta uma proposta teórica de entendimento da tradução com base na articulação de três noções fundamentais do campo dos estudos da linguagem: opacidade, enunciação e alteridade. A abordagem da opacidade é feita com inspiração em Récanati (1979), bem como em seu correlato teórico, a noção de transparência, no quadro de uma discussão acerca do signo linguístico e do enunciado. A alteridade, por seu turno, é apresentada como uma noção implicada na ideia de opacidade, o que configura uma alteração da proposta original de Récanati. Por fim, a enunciação é vista pela ótica de Benveniste (1989; 1995), cuja teorização sobre metalinguagem e sobre o duplo universo de significância da língua, que a singulariza em relação a outros sistemas semiológicos, é incorporada à digressão sobre os outros dois conceitos que embasam este estudo. Partindo-se dessas três noções, estuda-se a tradução intra e interlinguística (JAKOBSON, 2003) tendo por hipótese de que a tradução, em sentido lato, se configura como um problema de linguagem particular, que tem a especificidade de instaurar uma radical alteridade (com o outro, com a outra língua, com a língua do tradutor). A conclusão encaminha uma discussão a respeito de aspectos antropológicos gerais envolvidos na tradução, quando olhada pelo viés dos estudos enunciativos da linguagem.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45190559","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34084
Luiz Guilherme Ribeiro Barbosa
Resenha deBUTLER, J; SPIVAK, G. C. Quem canta o Estado-nação? Língua, política, pertencimento. Tradução de Vanderley J. Zacchi e Sandra Goulart Almeida. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2018.
{"title":"A tarefa do tradutor no coração da nação","authors":"Luiz Guilherme Ribeiro Barbosa","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34084","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34084","url":null,"abstract":"Resenha deBUTLER, J; SPIVAK, G. C. Quem canta o Estado-nação? Língua, política, pertencimento. Tradução de Vanderley J. Zacchi e Sandra Goulart Almeida. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2018.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48986855","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34106
P. S. Oliveira
Discutem-se aqui traços fundamentais das condições de possibilidade para ato tradutório, como reflexão teórica de cunho pragmático e perspectivista, entre o essencialismo da tradição e o relativismo pós-moderno. Tais aspectos remetem a uma epistemologia do traduzir tributária, dentre outros, da epistemologia do uso desenvolvida por Arley Moreno a partir da terapia conceitual de Ludwig Wittgenstein e da noção de estilo de Gilles Gaston Granger. A discussão parte do conceito de normas tradutórias de Gideon Toury e duas críticas que lhe foram dirigidas, sob diferentes perspectivas: (1) sociologia da tradução; (2) desconstrução. Pano de fundo argumentativo é o entendimento de que a abordagem de Toury é plenamente compatível com a concepção de linguagem do Wittgenstein tardio, não somente na aplicação da noção wittgensteiniana de semelhanças de família ao campo da tradução, mas também na forma como mobiliza o conceito de norma subjacente ao uso que se quer descrever. Defende-se que as normas tradutórias no sentido de Toury explicitam o caráter a parte post que Granger atribui aos fenômenos do estilo e que Moreno investiga na função transcendental da linguagem. Por fim, sugere-se que os polos adequação vs. aceitabilidade na proposta de Toury revelam dois momentos lógicos no processo tradutório: analogia inicial (entre o que é diferente) e acomodação digital na chegada.
{"title":"Epistemologia do traduzir: normas de uso e sua descrição 'a parte post'","authors":"P. S. Oliveira","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34106","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34106","url":null,"abstract":"Discutem-se aqui traços fundamentais das condições de possibilidade para ato tradutório, como reflexão teórica de cunho pragmático e perspectivista, entre o essencialismo da tradição e o relativismo pós-moderno. Tais aspectos remetem a uma epistemologia do traduzir tributária, dentre outros, da epistemologia do uso desenvolvida por Arley Moreno a partir da terapia conceitual de Ludwig Wittgenstein e da noção de estilo de Gilles Gaston Granger. A discussão parte do conceito de normas tradutórias de Gideon Toury e duas críticas que lhe foram dirigidas, sob diferentes perspectivas: (1) sociologia da tradução; (2) desconstrução. Pano de fundo argumentativo é o entendimento de que a abordagem de Toury é plenamente compatível com a concepção de linguagem do Wittgenstein tardio, não somente na aplicação da noção wittgensteiniana de semelhanças de família ao campo da tradução, mas também na forma como mobiliza o conceito de norma subjacente ao uso que se quer descrever. Defende-se que as normas tradutórias no sentido de Toury explicitam o caráter a parte post que Granger atribui aos fenômenos do estilo e que Moreno investiga na função transcendental da linguagem. Por fim, sugere-se que os polos adequação vs. aceitabilidade na proposta de Toury revelam dois momentos lógicos no processo tradutório: analogia inicial (entre o que é diferente) e acomodação digital na chegada.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45745275","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Translating Pagu’s 'Industrial Park': São Paulo in 1933","authors":"K. D. Jackson","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34133","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34133","url":null,"abstract":"Testimonial on the translation ofGALVÃO, P. Industrial Park. Elizabeth Jackson and K. David Jackson, trans. Lincoln: U Nebraska P, 1993.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48983888","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34094
Paulo Sérgio dos Santos Adorno Júnior
No fragmento 19 dos Manuscritos de Harvard, Ferdinand de Saussure afirma que a diferença, uma vez que admite graus, consiste num termo incômodo. Nesse sentido, semelhança e diferença encontram-se emaranhadas uma à outra, confundindo os seus matizes e não escapando do fato de que, embora pareça inevitável perceber a possibilidade do discernível, também é custoso saber, estruturalmente, entre que elementos será preciso distinguir, e em que termos. Se a anatomia como destino (FREUD, 1912; 1924) se mostra mais matizada do que se gostaria – também ela admitindo seus graus –, tampouco se consegue negar categoricamente a suspeita de que as diferenças que aí se reconhecem são, antes mesmo, instituídas por uma nomeação; uma nomeação que, uma vez posta, marca os limites dos seus domínios muito mais do que simplesmente os reconhece. Se a diferença anatômica não mitiga a impossibilidade derradeira de conjugação entre os seres falantes, como pensar o trânsito/tradução entre os corpos (suas mútuas tentativas de acesso) e onde situar as diferenças que lhes cabem? Para elaborar uma resposta, este trabalho parte da hipótese de que convém desenvolver a reflexão acerca da diferença sexual alguns palmos acima da linha da cintura, recorrendo a outro órgão, a única entranha que o corpo humano deixa à vista; uma víscera que, não por acaso, curto-circuitando o dentro e o fora do corpo que ela habita, se consagra na talvez mais célebre – e também prosaica – das catacreses: a língua.
在《哈佛手稿》的第19段中,费迪南德·德·索苏尔(Ferdinand de Saussure)指出,这种差异,因为它承认了等级,包含了一个令人不安的术语。从这个意义上说,相似和不同是相互交织的,混淆了它们的细微差别,并没有回避这样一个事实:虽然感知可识别性的可能性似乎是不可避免的,但从结构上知道哪些元素需要区分,以及在什么条件下也是昂贵的。如果解剖学是命运(弗洛伊德,1912;1924年)比人们所希望的要微妙得多——即使是承认自己的学位——也无法断然否认这种怀疑,即那里所承认的差异甚至是由任命造成的;这一任命一旦确立,就标志着其领域的边界,而不仅仅是承认它们。如果解剖上的差异并不能减轻说话的生物之间共轭的最终不可能,那么如何思考身体之间的过渡/翻译(它们相互访问的尝试),以及在哪里放置适合它们的差异?为了准备一个答案,这项工作从一个假设开始,它应该发展对性别差异的反思,在腰部以上的几个手掌,求助于另一个器官,人体留下的唯一内脏;一个内脏,通过缩短它所居住的身体的内部和外部,并不是偶然的,将自己奉献给也许是最著名的——也是最平凡的——灾难:语言。
{"title":"O sexual no corpo da língua","authors":"Paulo Sérgio dos Santos Adorno Júnior","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34094","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34094","url":null,"abstract":"No fragmento 19 dos Manuscritos de Harvard, Ferdinand de Saussure afirma que a diferença, uma vez que admite graus, consiste num termo incômodo. Nesse sentido, semelhança e diferença encontram-se emaranhadas uma à outra, confundindo os seus matizes e não escapando do fato de que, embora pareça inevitável perceber a possibilidade do discernível, também é custoso saber, estruturalmente, entre que elementos será preciso distinguir, e em que termos. Se a anatomia como destino (FREUD, 1912; 1924) se mostra mais matizada do que se gostaria – também ela admitindo seus graus –, tampouco se consegue negar categoricamente a suspeita de que as diferenças que aí se reconhecem são, antes mesmo, instituídas por uma nomeação; uma nomeação que, uma vez posta, marca os limites dos seus domínios muito mais do que simplesmente os reconhece. Se a diferença anatômica não mitiga a impossibilidade derradeira de conjugação entre os seres falantes, como pensar o trânsito/tradução entre os corpos (suas mútuas tentativas de acesso) e onde situar as diferenças que lhes cabem? Para elaborar uma resposta, este trabalho parte da hipótese de que convém desenvolver a reflexão acerca da diferença sexual alguns palmos acima da linha da cintura, recorrendo a outro órgão, a única entranha que o corpo humano deixa à vista; uma víscera que, não por acaso, curto-circuitando o dentro e o fora do corpo que ela habita, se consagra na talvez mais célebre – e também prosaica – das catacreses: a língua.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44721352","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34131
B. Alvarez
Neste artigo, apresento uma tradução em hexâmetros datícilos do poema Mitologicale (Mitologicais), de Mihai Eminescu (1850-1889), um dos mais importantes poetas romenos. Esse sui generis poema foi publicado, postumamente, pela primeira vez em 1902, na revista Sămănătorul (O Semeador). Contudo, dois manuscritos datados da época em que Eminescu esteve em Berlim atestam que o poema foi composto quando o poeta tinha então 23 anos, em 1873. Além da tradução, apresento uma análise do poema em que discuto o tom paródico da narrativa mítica e observo a capacidade de Eminescu de fundir o antigo e o novo, o elevado e o popular. Utilizando o hexâmetro datílico de feição clássica, o autor bucovino cria uma narrativa que une todas as dimensões do conto popular romeno com uma prosódia ironicamente arcaizada, evocando uma melancólica filosofia particular. Ao final, comento propriamente problemas de ritmo e do verso, e algumas questões de tradução do ritmo do verso, fazendo breve revisão das práticas de criação e tradução do hexâmetro.
{"title":"Hexâmetros romenos de Mihai Eminescu: tradução e comentários do poema ‘Mitologicale’","authors":"B. Alvarez","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34131","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34131","url":null,"abstract":"Neste artigo, apresento uma tradução em hexâmetros datícilos do poema Mitologicale (Mitologicais), de Mihai Eminescu (1850-1889), um dos mais importantes poetas romenos. Esse sui generis poema foi publicado, postumamente, pela primeira vez em 1902, na revista Sămănătorul (O Semeador). Contudo, dois manuscritos datados da época em que Eminescu esteve em Berlim atestam que o poema foi composto quando o poeta tinha então 23 anos, em 1873. Além da tradução, apresento uma análise do poema em que discuto o tom paródico da narrativa mítica e observo a capacidade de Eminescu de fundir o antigo e o novo, o elevado e o popular. Utilizando o hexâmetro datílico de feição clássica, o autor bucovino cria uma narrativa que une todas as dimensões do conto popular romeno com uma prosódia ironicamente arcaizada, evocando uma melancólica filosofia particular. Ao final, comento propriamente problemas de ritmo e do verso, e algumas questões de tradução do ritmo do verso, fazendo breve revisão das práticas de criação e tradução do hexâmetro.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42082843","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34115
D. D. Costa
O arcaísmo foi utilizado pelos tradutores para marcar, basicamente, dois tipos de obra literária: a clássica e a arcaizante. O uso do arcaísmo permitiu aos tradutores do primeiro tipo indicarem a antiguidade de obras pertencentes ao cânone de certas tradições literárias e aos do segundo tipo reproduzirem um recurso literário deliberadamente empregado pelo próprio autor. Com base nesses dois tratamentos do arcaísmo, são comparadas, neste artigo, as traduções para a língua portuguesa da primeira e última baladas de François Villon do tríptico sobre a tópica ubi sunt? (onde estão?) que, realizadas pelos poetas brasileiros Guilherme de Almeida e Mário Faustino, se intitulam Balata das damas dos tempos idos e Balada em Francês Antigo, respectivamente.
古代主义基本上被翻译家用来标记两种类型的文学作品:古典文学和古代文学。古代主义的使用使第一种类型的译者能够表明属于某些文学传统经典的作品的古代性,而第二种类型的翻译者则能够再现作者自己有意使用的文学资源。基于这两种对古代主义的处理,本文比较了弗朗索瓦·维隆关于主题的三联画的第一首和最后一首歌谣的葡萄牙语翻译?(它们在哪里?)由巴西诗人Guilherme de Almeida和Mário Faustino表演,分别名为Balata das damas dos tempos idos和Balada em Francês Antigo。
{"title":"Do arcaísmo em tradução literária: François Villon no português de Guilherme de Almeida e Mário Faustino","authors":"D. D. Costa","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34115","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34115","url":null,"abstract":"O arcaísmo foi utilizado pelos tradutores para marcar, basicamente, dois tipos de obra literária: a clássica e a arcaizante. O uso do arcaísmo permitiu aos tradutores do primeiro tipo indicarem a antiguidade de obras pertencentes ao cânone de certas tradições literárias e aos do segundo tipo reproduzirem um recurso literário deliberadamente empregado pelo próprio autor. Com base nesses dois tratamentos do arcaísmo, são comparadas, neste artigo, as traduções para a língua portuguesa da primeira e última baladas de François Villon do tríptico sobre a tópica ubi sunt? (onde estão?) que, realizadas pelos poetas brasileiros Guilherme de Almeida e Mário Faustino, se intitulam Balata das damas dos tempos idos e Balada em Francês Antigo, respectivamente.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42383891","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-08-27DOI: 10.22409/gragoata.v24i49.34105
Eleonora Frenkel-Barretto
Este artigo discute um problema para a tradução presente em poéticas caracterizadas pelo hibridismo entre línguas, como uma poética do ser-com, lida em textos de Cecília Vicuña. A tessitura composta pela escritora, em I tu (2004), entre espanhol, inglês, quíchua, guarani, grego e latim, provoca um questionamento sobre a possibilidade de pensar um espaço de suspensão da tradução como transcodificação linguística, dando lugar ao contato entre línguas e culturas heterogêneas, cujas relações hierárquicas e de poder são subvertidas; não se traduziria de uma língua à outra, mas se provocaria a escuta do estrangeiro como dimensão ética. A criação dessa língua “outra”, diversa de todas aquelas que a compõem, é pensada como “heterotopia” (FOUCAULT, 2013), como contraespaço de contestação da homogeneização de línguas no âmbito dos Estados nacionais. Por meio desse texto que se configura como espaço literário, o leitor se traduz em tradutor, buscando a dicção, o timbre e o ritmo das línguas estrangeiras que o compõe. A reflexão leva a pensar as relações entre texto, tradução e performance, desde um grau mínimo, como o da leitura silenciosa (ZUMTHOR, 2007), às performances poéticas de Cecília Vicuña. O texto lido em voz alta e/ou a performance de poesia oral em diversos ambientes ampliam esses espaços de “tradicção” (FLORES e GONÇALVES, 2017), de remissão da letra ao corpo e do corpo à letra, onde, por vezes, a compreensão do texto pode não ser o essencial, e sim a partilha sensível de um tempo de escuta.
{"title":"Poética do 'ser'-com em 'I tu', de Cecília Vicuña: provocações para a tradução do estrangeiro em 'performance'","authors":"Eleonora Frenkel-Barretto","doi":"10.22409/gragoata.v24i49.34105","DOIUrl":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v24i49.34105","url":null,"abstract":"Este artigo discute um problema para a tradução presente em poéticas caracterizadas pelo hibridismo entre línguas, como uma poética do ser-com, lida em textos de Cecília Vicuña. A tessitura composta pela escritora, em I tu (2004), entre espanhol, inglês, quíchua, guarani, grego e latim, provoca um questionamento sobre a possibilidade de pensar um espaço de suspensão da tradução como transcodificação linguística, dando lugar ao contato entre línguas e culturas heterogêneas, cujas relações hierárquicas e de poder são subvertidas; não se traduziria de uma língua à outra, mas se provocaria a escuta do estrangeiro como dimensão ética. A criação dessa língua “outra”, diversa de todas aquelas que a compõem, é pensada como “heterotopia” (FOUCAULT, 2013), como contraespaço de contestação da homogeneização de línguas no âmbito dos Estados nacionais. Por meio desse texto que se configura como espaço literário, o leitor se traduz em tradutor, buscando a dicção, o timbre e o ritmo das línguas estrangeiras que o compõe. A reflexão leva a pensar as relações entre texto, tradução e performance, desde um grau mínimo, como o da leitura silenciosa (ZUMTHOR, 2007), às performances poéticas de Cecília Vicuña. O texto lido em voz alta e/ou a performance de poesia oral em diversos ambientes ampliam esses espaços de “tradicção” (FLORES e GONÇALVES, 2017), de remissão da letra ao corpo e do corpo à letra, onde, por vezes, a compreensão do texto pode não ser o essencial, e sim a partilha sensível de um tempo de escuta.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2019-08-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44262465","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}