Este artigo tem como objetivo analisar aspectos relativos à trajetória e aos marcos que orientam a elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico na Amazônia Legal. A hipótese que se pretende demonstrar é que duas características do arranjo institucional que envolve a elaboração dos ZEEs influenciam seus resultados. Primeiro, trata-se de um instrumento com limitado poder de enforcement. A aplicação efetiva das indicações produzidas depende do efetivo compromisso e interesse dos atores públicos e privados. Com isso, disputas políticas acabam determinando a manutenção ou não de uma dinâmica de produção de dados e diretrizes e de sua transformação em leis e outros mecanismos de gestão pública. Segundo, o ZEE é caracterizado também por problemas de coordenação que condicionam sua aplicabilidade – há problemas de coordenação vertical, à medida que os processos conduzidos em escala estadual têm boa dose de autonomia em relação ao que é definido e conduzido na escala federal; e há problemas de coordenação horizontal, pois boa parte das indicações produzidas nos ZEEs envolvem as competências de outras áreas de governo para além da ambiental e ele não prevê mecanismos de harmonização entre estes conflitos. Mesmo com as ressalvas e para além da heterogeneidade aqui apontada quanto aos resultados alcançados, ao longo destes anos se produziu uma massa impressionante de dados e mapas e se formou uma capacidade técnica e institucional significativa para o tratamento deste tipo de informações. Isso constitui um patrimônio institucional expressivo, disperso em um conjunto de organizações, mas que pode ser reativado, de forma a qualificar o debate público e os processos de tomada de decisões, havendo um ambiente favorável a seu uso.
{"title":"O zoneamento ecológico-econômico na Amazônia Legal à luz da literatura sobre implementação de políticas públicas e arranjos institucionais","authors":"Arilson Favareto, Allan Razera","doi":"10.5380/dma.v62i0.84492","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84492","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo analisar aspectos relativos à trajetória e aos marcos que orientam a elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico na Amazônia Legal. A hipótese que se pretende demonstrar é que duas características do arranjo institucional que envolve a elaboração dos ZEEs influenciam seus resultados. Primeiro, trata-se de um instrumento com limitado poder de enforcement. A aplicação efetiva das indicações produzidas depende do efetivo compromisso e interesse dos atores públicos e privados. Com isso, disputas políticas acabam determinando a manutenção ou não de uma dinâmica de produção de dados e diretrizes e de sua transformação em leis e outros mecanismos de gestão pública. Segundo, o ZEE é caracterizado também por problemas de coordenação que condicionam sua aplicabilidade – há problemas de coordenação vertical, à medida que os processos conduzidos em escala estadual têm boa dose de autonomia em relação ao que é definido e conduzido na escala federal; e há problemas de coordenação horizontal, pois boa parte das indicações produzidas nos ZEEs envolvem as competências de outras áreas de governo para além da ambiental e ele não prevê mecanismos de harmonização entre estes conflitos. Mesmo com as ressalvas e para além da heterogeneidade aqui apontada quanto aos resultados alcançados, ao longo destes anos se produziu uma massa impressionante de dados e mapas e se formou uma capacidade técnica e institucional significativa para o tratamento deste tipo de informações. Isso constitui um patrimônio institucional expressivo, disperso em um conjunto de organizações, mas que pode ser reativado, de forma a qualificar o debate público e os processos de tomada de decisões, havendo um ambiente favorável a seu uso.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"9 19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136235004","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Cinthia Maria de Sena Abrahão, Elaine Cristina De Oliveira Menezes, Liliani Marilia Tiepolo
O objetivo do artigo é evidenciar como o processo de regulamentação relativo ao uso e ocupação do solo influenciou a conformação de três dimensões do desenvolvimento territorial sustentável (ecológica, espacial e institucional), considerando a trajetória da cidade litorânea de Matinhos, localizada no sul do Brasil, cuja ocupação está relacionada ao turismo de segundas residências. A pesquisa foi baseada no método histórico-documental que possibilitou a realização da análise de eventos sob a perspectiva cronológica, em caráter longitudinal. As principais fontes da pesquisa histórica foram os documentos relativos ao uso e ocupação do solo que incidiram diretamente sobre o município. A análise permitiu a identificação de três eixos que explicitam as dimensões, constatando que no processo de construção do território pesquisado as mudanças institucionais e normativas da gestão do território ocorreram, mas se mostraram mecanismos insuficientes para configurar um tipo de desenvolvimento territorial sustentável.
{"title":"Dimensões do desenvolvimento territorial sustentável na análise da cidade turística de Matinhos, costa sul do Brasil – a construção histórica do território vista desde o processo de regulamentação do uso e ocupação do solo","authors":"Cinthia Maria de Sena Abrahão, Elaine Cristina De Oliveira Menezes, Liliani Marilia Tiepolo","doi":"10.5380/dma.v62i0.82969","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.82969","url":null,"abstract":"O objetivo do artigo é evidenciar como o processo de regulamentação relativo ao uso e ocupação do solo influenciou a conformação de três dimensões do desenvolvimento territorial sustentável (ecológica, espacial e institucional), considerando a trajetória da cidade litorânea de Matinhos, localizada no sul do Brasil, cuja ocupação está relacionada ao turismo de segundas residências. A pesquisa foi baseada no método histórico-documental que possibilitou a realização da análise de eventos sob a perspectiva cronológica, em caráter longitudinal. As principais fontes da pesquisa histórica foram os documentos relativos ao uso e ocupação do solo que incidiram diretamente sobre o município. A análise permitiu a identificação de três eixos que explicitam as dimensões, constatando que no processo de construção do território pesquisado as mudanças institucionais e normativas da gestão do território ocorreram, mas se mostraram mecanismos insuficientes para configurar um tipo de desenvolvimento territorial sustentável.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"32 6","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136234107","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Hayanne Rodrigues Carniello Cavalcante, Thiago Henrique Costa Silva, Luciana Ramos Jordão, Nara Rúbia Rodrigues do Nascimento Silva
O artigo objetiva identificar as principais discussões a respeito da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) de modo amplo e em publicações jurídicas, contemplando a multidisciplinaridade da temática e possíveis lacunas de pesquisa. Realiza revisão bibliográfica sistemática de tipo estado da arte com recorte temporal de 5 anos (2016-2020), restringindo-se aos artigos encontrados na plataforma SciElo e às teses e dissertações de programas de Mestrado e Doutorado Capes. Com abordagem qualitativa e método dedutivo, faz análise crítica dos dados. Os resultados foram categorizados em três eixos: meio ambiente; direitos humanos e político-econômicos. Conclui que o uso de agrotóxicos, o discurso contra hegemônico e a análise de políticas públicas, principalmente as voltadas à agricultura familiar, são enfoques de maior incidência. Como lacunas, possuem especial destaque a escassez de pesquisas sobre sistemas alimentares e sementes, sobretudo no que tange ao arcabouço regulatório, e a segurança hídrica associada à produção de comida.
{"title":"Entre comer à vontade e a vontade de comer: o estado da arte sobre soberania e segurança alimentar e nutricional no Brasil","authors":"Hayanne Rodrigues Carniello Cavalcante, Thiago Henrique Costa Silva, Luciana Ramos Jordão, Nara Rúbia Rodrigues do Nascimento Silva","doi":"10.5380/dma.v62i0.84912","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84912","url":null,"abstract":"O artigo objetiva identificar as principais discussões a respeito da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) de modo amplo e em publicações jurídicas, contemplando a multidisciplinaridade da temática e possíveis lacunas de pesquisa. Realiza revisão bibliográfica sistemática de tipo estado da arte com recorte temporal de 5 anos (2016-2020), restringindo-se aos artigos encontrados na plataforma SciElo e às teses e dissertações de programas de Mestrado e Doutorado Capes. Com abordagem qualitativa e método dedutivo, faz análise crítica dos dados. Os resultados foram categorizados em três eixos: meio ambiente; direitos humanos e político-econômicos. Conclui que o uso de agrotóxicos, o discurso contra hegemônico e a análise de políticas públicas, principalmente as voltadas à agricultura familiar, são enfoques de maior incidência. Como lacunas, possuem especial destaque a escassez de pesquisas sobre sistemas alimentares e sementes, sobretudo no que tange ao arcabouço regulatório, e a segurança hídrica associada à produção de comida.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"15 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136235001","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Nivaldo Lemos De Souza, Maria Fenanda Abrantes Torres, Fátima Verônica Pereira Vila Nova, Antonio Vicente Ferreira Junior
Serviços ecossistêmicos são todos os benefícios tangíveis e intangíveis que os ecossistemas propiciam e que dão benefícios ao bem-estar dos seres humanos. O trabalho aborda a distribuição dos serviços ecossistêmicos e a percepção dos frequentadores sobre estes serviços nas praias dos municípios do Recife e Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Com a alta urbanização ocorrida no litoral brasileiro e a consequente supressão dos ecossistemas costeiros, fica clara a importância da constatação da forma com que os serviços ecossistêmicos atuam em ambientes de praia com modificações causadas pelo ordenamento urbano desenfreado. Com base em índices formados com a coleta de informações a partir de parâmetros pré-selecionados, chegou-se à conclusão de que houve perda significativa dos serviços ecossistêmicos onde a urbanização é mais acentuada, como, por exemplo, nos bairros de Candeias e Boa Viagem, devido à curta extensão da linha de praia causada pela erosão costeira. A partir dos resultados obtidos através de 120 questionários semiestruturados, foi possível notar que os frequentadores consideraram importante a função da praia para a manutenção do bem-estar humano, incentivando práticas de educação ambiental e políticas públicas de conservação. O esforço para demonstrar como os serviços ecossistêmicos se arranjam e influenciam em praias urbanas é essencial para a tomada de decisão em projetos, tanto para a conscientização por parte de frequentadores e moradores locais quanto para a melhoria futura desses ambientes em ações mitigadoras.
生态系统服务是指生态系统为人类福祉提供的所有有形和无形利益。本研究探讨了伯南布哥累西腓市和jaboatao dos Guararapes市海滩生态系统服务的分布和游客对这些服务的看法。随着巴西海岸的高度城市化和随之而来的沿海生态系统的抑制,观察生态系统服务在海滩环境中运作的方式的重要性是显而易见的,不受限制的城市规划造成了变化。记录的基础上形成和收集信息从参数预先选择,都已经出现有显著的生态系统服务的城市化更明显,比如南飞,一路平安,由于短期延长引起海岸侵蚀的海滩线。从120份半结构化问卷的结果可以看出,游客认为海滩的功能对维持人类福祉很重要,鼓励环境教育实践和公共保护政策。努力证明生态系统服务是如何安排和影响城市海滩的,对于项目决策至关重要,无论是为了提高游客和当地居民的认识,还是为了在缓解行动中改善这些环境。
{"title":"Serviços ecossistêmicos e percepção de frequentadores em praias no estado de Pernambuco","authors":"Nivaldo Lemos De Souza, Maria Fenanda Abrantes Torres, Fátima Verônica Pereira Vila Nova, Antonio Vicente Ferreira Junior","doi":"10.5380/dma.v62i0.84517","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84517","url":null,"abstract":"Serviços ecossistêmicos são todos os benefícios tangíveis e intangíveis que os ecossistemas propiciam e que dão benefícios ao bem-estar dos seres humanos. O trabalho aborda a distribuição dos serviços ecossistêmicos e a percepção dos frequentadores sobre estes serviços nas praias dos municípios do Recife e Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Com a alta urbanização ocorrida no litoral brasileiro e a consequente supressão dos ecossistemas costeiros, fica clara a importância da constatação da forma com que os serviços ecossistêmicos atuam em ambientes de praia com modificações causadas pelo ordenamento urbano desenfreado. Com base em índices formados com a coleta de informações a partir de parâmetros pré-selecionados, chegou-se à conclusão de que houve perda significativa dos serviços ecossistêmicos onde a urbanização é mais acentuada, como, por exemplo, nos bairros de Candeias e Boa Viagem, devido à curta extensão da linha de praia causada pela erosão costeira. A partir dos resultados obtidos através de 120 questionários semiestruturados, foi possível notar que os frequentadores consideraram importante a função da praia para a manutenção do bem-estar humano, incentivando práticas de educação ambiental e políticas públicas de conservação. O esforço para demonstrar como os serviços ecossistêmicos se arranjam e influenciam em praias urbanas é essencial para a tomada de decisão em projetos, tanto para a conscientização por parte de frequentadores e moradores locais quanto para a melhoria futura desses ambientes em ações mitigadoras.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"16 10","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136235005","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Stalys Ferreira Rocha, Paulo Dabdab Waquil, Glauco Schultz
A Resiliência é um “conceito reemergente” que tem atraído o interesse de cientistas de diversas áreas, autoridades e organizações internacionais. O presente artigo tem como objetivo identificar e analisar a produção científica sobre resiliência nos estudos rurais, por meio de uma revisão bibliométrica. A análise cobre as seguintes questões: quantidade e cronologia das publicações, procedência dos trabalhos, além de artigos e autores mais citados. Foram identificadas 148 publicações em inglês nas bases de dados SCOPUS e Web of Science, até dezembro de 2020. Os resultados demonstram que as publicações envolvendo a resiliência nos estudos rurais tem experimentado um aumento significativo em diversos periódicos internacionais, desde 2010. Observou-se ainda que existe um domínio acadêmico de pesquisadores originários dos EUA, Austrália e países do Reino Unido, todavia a China também tem apresentado uma significativa tendência de crescimento nesta área. O artigo termina apontando a importância de se incorporar tal lente teórica nos estudos rurais.
弹性是一个“重新出现的概念”,吸引了许多领域的科学家、权威机构和国际组织的兴趣。本文旨在通过文献计量学综述,识别和分析农村研究中关于弹性的科学成果。分析包括以下问题:出版物的数量和年表,作品的来源,以及被引用最多的文章和作者。截至2020年12月,在SCOPUS和Web of Science数据库中确定了148份英文出版物。结果表明,自2010年以来,在几家国际期刊上,涉及农村研究弹性的出版物显著增加。据观察,有来自美国、澳大利亚和英国的研究人员的学术领域,但中国在这一领域也显示出显著的增长趋势。本文最后指出了将这一理论视角纳入农村研究的重要性。
{"title":"Resiliência nos estudos rurais: um mapeamento bibliométrico das publicações científicas","authors":"Stalys Ferreira Rocha, Paulo Dabdab Waquil, Glauco Schultz","doi":"10.5380/dma.v62i0.82664","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.82664","url":null,"abstract":"A Resiliência é um “conceito reemergente” que tem atraído o interesse de cientistas de diversas áreas, autoridades e organizações internacionais. O presente artigo tem como objetivo identificar e analisar a produção científica sobre resiliência nos estudos rurais, por meio de uma revisão bibliométrica. A análise cobre as seguintes questões: quantidade e cronologia das publicações, procedência dos trabalhos, além de artigos e autores mais citados. Foram identificadas 148 publicações em inglês nas bases de dados SCOPUS e Web of Science, até dezembro de 2020. Os resultados demonstram que as publicações envolvendo a resiliência nos estudos rurais tem experimentado um aumento significativo em diversos periódicos internacionais, desde 2010. Observou-se ainda que existe um domínio acadêmico de pesquisadores originários dos EUA, Austrália e países do Reino Unido, todavia a China também tem apresentado uma significativa tendência de crescimento nesta área. O artigo termina apontando a importância de se incorporar tal lente teórica nos estudos rurais.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"68 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135301121","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Carlos De Matos Bandeira Junior, Luciana Gonçalves Carvalho
O objetivo deste artigo é compreender como se desenvolveram as relações de trabalho, em compasso com as mudanças técnicas ocorridas nos garimpos de ouro na calha do rio Tapajós, sob a perspectiva de pessoas que neles atuaram nos anos 1950 a 1980. Secundariamente, o artigo analisa como a organização social, as moralidades, as práticas produtivas e as percepções dos garimpeiros quanto ao uso dos recursos naturais colidiram com os novos paradigmas relativos ao meio ambiente a partir da década de 1970. O método de análise articula a memória coletiva de ex-garimpeiros e estudos teóricos que discutem os contextos políticos, marcos legais e problemas que circundam a mineração artesanal e de pequena escala. Percebe-se a frente econômica da garimpagem na condição de liminaridade, apesar de sua relevância econômica para as cidades e comunidades da região. Com grande capacidade de absorção de mão de obra, a economia garimpeira estrutura-se em condições de informalidade e ilegalidade, e seus métodos de produção apresentam alto potencial de degradação do meio ambiente. Produtos utilizados nos garimpos e rejeitos deles derivados prejudicam significativamente o ecossistema aquático na bacia do Tapajós e ameaçam a segurança alimentar das comunidades tradicionais e povoados vizinhos às zonas garimpeiras. A despeito das normas referentes a essa modalidade de exploração mineral, a União tem sido incapaz de controlar e regular efetivamente a mineração de pequena escala no país, e resta uma distância imensa entre a prescrição e a prática nos garimpos do Tapajós.
{"title":"As mudanças nas relações do trabalho e dos modelos produtivos da garimpagem de ouro na região do Tapajós","authors":"Carlos De Matos Bandeira Junior, Luciana Gonçalves Carvalho","doi":"10.5380/dma.v62i0.82697","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.82697","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é compreender como se desenvolveram as relações de trabalho, em compasso com as mudanças técnicas ocorridas nos garimpos de ouro na calha do rio Tapajós, sob a perspectiva de pessoas que neles atuaram nos anos 1950 a 1980. Secundariamente, o artigo analisa como a organização social, as moralidades, as práticas produtivas e as percepções dos garimpeiros quanto ao uso dos recursos naturais colidiram com os novos paradigmas relativos ao meio ambiente a partir da década de 1970. O método de análise articula a memória coletiva de ex-garimpeiros e estudos teóricos que discutem os contextos políticos, marcos legais e problemas que circundam a mineração artesanal e de pequena escala. Percebe-se a frente econômica da garimpagem na condição de liminaridade, apesar de sua relevância econômica para as cidades e comunidades da região. Com grande capacidade de absorção de mão de obra, a economia garimpeira estrutura-se em condições de informalidade e ilegalidade, e seus métodos de produção apresentam alto potencial de degradação do meio ambiente. Produtos utilizados nos garimpos e rejeitos deles derivados prejudicam significativamente o ecossistema aquático na bacia do Tapajós e ameaçam a segurança alimentar das comunidades tradicionais e povoados vizinhos às zonas garimpeiras. A despeito das normas referentes a essa modalidade de exploração mineral, a União tem sido incapaz de controlar e regular efetivamente a mineração de pequena escala no país, e resta uma distância imensa entre a prescrição e a prática nos garimpos do Tapajós.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135301886","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Jennifer Viezzer, Emidio Neves De Moraes, Rogério Bobrowski, Daniela Biondi
A floresta urbana gera diversos serviços ecossistêmicos para as pessoas. Dentre os componentes da floresta urbana, as praças se diferenciam por geralmente possuírem menor área, mas maior quantidade e melhor distribuição pelas cidades, agindo como pequenas florestas geradoras de benefícios. Esses benefícios, entretanto, podem não ser compartilhados por toda a população, tanto devido à variabilidade na cobertura vegetal das praças, quanto pela desigualdade de distribuição das praças em relação às áreas com melhores ou piores condições socioeconômicas. Por isso, buscou-se investigar a relação entre as praças e o rendimento médio mensal nos 40 bairros agrupados de Curitiba visando a subsidiar o planejamento urbano para manter a distribuição igualitária de benefícios à população ou diminuir desigualdades, caso existam. Assim, dados quantitativos e qualitativos das praças foram comparados ao rendimento médio mensal por meio de análises estatísticas descritivas e de correlação, e da visualização espacial dos dados. Os resultados indicam que bairros com menores rendimentos possuem menos praças em relação à área do bairro e menos espécies arbóreas no total e por praça. Bairros com maiores rendimentos têm melhores indicadores de quantidade e de qualidade, em geral, exceto quanto à área média das praças e à permeabilidade. Conclui-se que os benefícios não estão igualmente distribuídos para toda a população de Curitiba, com prejuízo no acesso aos benefícios gerados pelas praças e seus serviços ecossistêmicos pela população com pior condição socioeconômica.
{"title":"Praças e rendimento médio mensal per capita em Curitiba, PR, Brasil: desigualdades na distribuição e no acesso aos benefícios gerados pela natureza","authors":"Jennifer Viezzer, Emidio Neves De Moraes, Rogério Bobrowski, Daniela Biondi","doi":"10.5380/dma.v62i0.83033","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83033","url":null,"abstract":"A floresta urbana gera diversos serviços ecossistêmicos para as pessoas. Dentre os componentes da floresta urbana, as praças se diferenciam por geralmente possuírem menor área, mas maior quantidade e melhor distribuição pelas cidades, agindo como pequenas florestas geradoras de benefícios. Esses benefícios, entretanto, podem não ser compartilhados por toda a população, tanto devido à variabilidade na cobertura vegetal das praças, quanto pela desigualdade de distribuição das praças em relação às áreas com melhores ou piores condições socioeconômicas. Por isso, buscou-se investigar a relação entre as praças e o rendimento médio mensal nos 40 bairros agrupados de Curitiba visando a subsidiar o planejamento urbano para manter a distribuição igualitária de benefícios à população ou diminuir desigualdades, caso existam. Assim, dados quantitativos e qualitativos das praças foram comparados ao rendimento médio mensal por meio de análises estatísticas descritivas e de correlação, e da visualização espacial dos dados. Os resultados indicam que bairros com menores rendimentos possuem menos praças em relação à área do bairro e menos espécies arbóreas no total e por praça. Bairros com maiores rendimentos têm melhores indicadores de quantidade e de qualidade, em geral, exceto quanto à área média das praças e à permeabilidade. Conclui-se que os benefícios não estão igualmente distribuídos para toda a população de Curitiba, com prejuízo no acesso aos benefícios gerados pelas praças e seus serviços ecossistêmicos pela população com pior condição socioeconômica.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"36 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135300626","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
José Ubiratan Rezende Santana, Ana Maria Dubeux Gervais, Jorge Luiz Schirmer de Mattos
A organização de famílias assentadas para constituir um Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica (SPG) evidencia o caráter territorial e a diversidade organizacional dessa metodologia destinada à avaliação da conformidade orgânica. O presente estudo foi realizado em dois assentamentos da reforma agrária do estado de Alagoas, que possuem famílias assentadas com atuação no campo da Agroecologia e da produção orgânica e que, desde o ano de 2019, integram uma articulação em nível estadual para formalizar um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC). Para o desenvolvimento do trabalho, adotou-se o método da pesquisa-ação e foram utilizados instrumentos de coleta de informações como o questionário semiestruturado e o diário de campo. Os resultados evidenciaram que, no contexto da reforma agrária, os grupos locais de certificação participativa possuem diferentes conformações, podem ser formados exclusivamente por famílias do próprio assentamento, ou mesmo de assentamentos vizinhos, e podem constar de famílias que estão regularizadas oficialmente ou não no assentamento; ou seja, o SPG possibilita que os grupos criem sua própria lógica de organização territorial. E, nesses termos, o território evidencia os aspectos materiais e imateriais da ligação camponesa com a terra, representados pela simbologia na escolha dos nomes dos grupos, mas também no acolhimento das famílias que ainda vislumbram conquistar a posse legal da terra. Evidenciamos também no estudo o diferencial da legislação federal brasileira que trata da agricultura orgânica, sobretudo pelo fato de ter criado três mecanismos de avaliação da conformidade, que ampliam as possibilidades de inserção da agricultura familiar nesse contexto e pela possibilidade de adequar a produção orgânica às diferentes realidades dos territórios.
{"title":"Organização social e produção orgânica em territórios agroecológicos de reforma agrária no estado de Alagoas","authors":"José Ubiratan Rezende Santana, Ana Maria Dubeux Gervais, Jorge Luiz Schirmer de Mattos","doi":"10.5380/dma.v62i0.83370","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83370","url":null,"abstract":"A organização de famílias assentadas para constituir um Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica (SPG) evidencia o caráter territorial e a diversidade organizacional dessa metodologia destinada à avaliação da conformidade orgânica. O presente estudo foi realizado em dois assentamentos da reforma agrária do estado de Alagoas, que possuem famílias assentadas com atuação no campo da Agroecologia e da produção orgânica e que, desde o ano de 2019, integram uma articulação em nível estadual para formalizar um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC). Para o desenvolvimento do trabalho, adotou-se o método da pesquisa-ação e foram utilizados instrumentos de coleta de informações como o questionário semiestruturado e o diário de campo. Os resultados evidenciaram que, no contexto da reforma agrária, os grupos locais de certificação participativa possuem diferentes conformações, podem ser formados exclusivamente por famílias do próprio assentamento, ou mesmo de assentamentos vizinhos, e podem constar de famílias que estão regularizadas oficialmente ou não no assentamento; ou seja, o SPG possibilita que os grupos criem sua própria lógica de organização territorial. E, nesses termos, o território evidencia os aspectos materiais e imateriais da ligação camponesa com a terra, representados pela simbologia na escolha dos nomes dos grupos, mas também no acolhimento das famílias que ainda vislumbram conquistar a posse legal da terra. Evidenciamos também no estudo o diferencial da legislação federal brasileira que trata da agricultura orgânica, sobretudo pelo fato de ter criado três mecanismos de avaliação da conformidade, que ampliam as possibilidades de inserção da agricultura familiar nesse contexto e pela possibilidade de adequar a produção orgânica às diferentes realidades dos territórios.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"69 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135301746","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo mostra como as interações entre pessoas e plantas são conexões importantes para entender as experiências sociomateriais contemporâneas. Experimentando com uma abordagem pós-cognitiva e orientada aos atores, reconhecemos processos de auto-organização e existências territoriais semiautônomas. O caso etnográfico estendido revela a aliança entre mulheres e plantas medicinais no Sul do Brasil. Processos de individualização, singularização e emaranhados de práticas sociomateriais nos permitem estudar as Bruxinhas de Deus e suas farmacinhas caseiras. O preparo, uso e distribuição de remédios reterritorializa os cuidados em saúde. Isto nos leva a sugerir que, em partes do Brasil rural, emergem espaços liminares de rebelião biopolítica, identificados por transgressões à privatização da vida. O colapso da separação entre as existências biológica, política e não-política na vida territorial; e as corporalizações disruptivas, finalmente, revelam novas configurações transindividuais para além da esfera familiar.
{"title":"Bruxas e plantas: alianças, rituais e rebelião biopolítica?","authors":"Flávia Charão-Marques, Alberto Arce","doi":"10.5380/dma.v62i0.82025","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.82025","url":null,"abstract":"O artigo mostra como as interações entre pessoas e plantas são conexões importantes para entender as experiências sociomateriais contemporâneas. Experimentando com uma abordagem pós-cognitiva e orientada aos atores, reconhecemos processos de auto-organização e existências territoriais semiautônomas. O caso etnográfico estendido revela a aliança entre mulheres e plantas medicinais no Sul do Brasil. Processos de individualização, singularização e emaranhados de práticas sociomateriais nos permitem estudar as Bruxinhas de Deus e suas farmacinhas caseiras. O preparo, uso e distribuição de remédios reterritorializa os cuidados em saúde. Isto nos leva a sugerir que, em partes do Brasil rural, emergem espaços liminares de rebelião biopolítica, identificados por transgressões à privatização da vida. O colapso da separação entre as existências biológica, política e não-política na vida territorial; e as corporalizações disruptivas, finalmente, revelam novas configurações transindividuais para além da esfera familiar.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"2018 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135300625","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Jayme Bezerra de Menezes Neto, Francisco Roberto Caporal, Jorge Luiz Schirmer de Mattos
O estudo está embasado nos princípios da Agroecologia e utiliza-se do enfoque teórico-metodológico do Metabolismo Social Agrário para obter uma percepção biofísica da sustentabilidade de dois sistemas de produção de cana-de-açúcar localizados no estado de Pernambuco, Brasil, sendo um orgânico e o outro convencional. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e submetidos a um conjunto de cálculos usando-se conversores, de modo a quantificar a produtividade primária líquida (PPL) em termos de biomassa e energia nos dois sistemas de produção. A biomassa da PPL foi decomposta e classificada em categorias, o que permitiu conhecer o seu fluxo em ambos os sistemas de produção. O sistema convencional resultou em maior quantidade de biomassa e energia socializadas, porém o sistema orgânico apresentou maior produtividade total, bem como uma partição proporcionalmente mais equilibrada entre as diferentes categorias de biomassa e energia. O sistema convencional comportou-se como exportador de energia, e o sistema orgânico, como conservador de energia. Embora os dois sistemas estejam assentados na monocultura da cana-de-açúcar, com limitações em termos de biodiversidade, o sistema orgânico demonstrou-se mais sustentável do ponto de vista agroecológico, por não fazer uso de queimadas, de fertilizantes químicos (sintéticos) e agrotóxicos, bem como por fornecer biomassa e energia aos organismos heterotróficos, além de atuar na manutenção dos elementos de fundo e contribuir para a melhoria de serviços ecossistêmicos.
{"title":"Análise comparativa do fluxo de biomassa em sistemas de produção de cana-de-açúcar convencional e orgânico: quantificação energética da produção primária líquida em uma perspectiva agroecológica","authors":"Jayme Bezerra de Menezes Neto, Francisco Roberto Caporal, Jorge Luiz Schirmer de Mattos","doi":"10.5380/dma.v62i0.83476","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83476","url":null,"abstract":"O estudo está embasado nos princípios da Agroecologia e utiliza-se do enfoque teórico-metodológico do Metabolismo Social Agrário para obter uma percepção biofísica da sustentabilidade de dois sistemas de produção de cana-de-açúcar localizados no estado de Pernambuco, Brasil, sendo um orgânico e o outro convencional. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e submetidos a um conjunto de cálculos usando-se conversores, de modo a quantificar a produtividade primária líquida (PPL) em termos de biomassa e energia nos dois sistemas de produção. A biomassa da PPL foi decomposta e classificada em categorias, o que permitiu conhecer o seu fluxo em ambos os sistemas de produção. O sistema convencional resultou em maior quantidade de biomassa e energia socializadas, porém o sistema orgânico apresentou maior produtividade total, bem como uma partição proporcionalmente mais equilibrada entre as diferentes categorias de biomassa e energia. O sistema convencional comportou-se como exportador de energia, e o sistema orgânico, como conservador de energia. Embora os dois sistemas estejam assentados na monocultura da cana-de-açúcar, com limitações em termos de biodiversidade, o sistema orgânico demonstrou-se mais sustentável do ponto de vista agroecológico, por não fazer uso de queimadas, de fertilizantes químicos (sintéticos) e agrotóxicos, bem como por fornecer biomassa e energia aos organismos heterotróficos, além de atuar na manutenção dos elementos de fundo e contribuir para a melhoria de serviços ecossistêmicos.","PeriodicalId":55619,"journal":{"name":"Desenvolvimento e Meio Ambiente","volume":"41 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135300633","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}