Com a carta apostólica Desiderio desideravi (2022), o Papa Francisco avança a recepção do magistério do Concílio Vaticano II sobre a liturgia e repropõe a tarefa da formação litúrgica, apresentada no início do século XX pelo movimento litúrgico e assumida pela constituição Sacrosanctum concilium. Em grandes linhas, Francisco se baseia no livro Formação litúrgica (1923), de Romano Guardini (1885-1968), citado diretamente algumas vezes. Contudo, os pontos de contato entre Desiderio desideravi e Formação litúrgica vão além das citações diretas. Este artigo busca traçar correlações entre as contribuições de Guardini e as questões trabalhadas pela carta apostólica, buscando uma compreensão mais rica da tarefa da formação litúrgica hoje. O encadeamento se permite guiar pela estrutura do texto de Guardini, que, depois de identificar a tarefa que se delineia a partir da relação do ser humano moderno com a liturgia, explora, ponto a ponto, as diferentes oposições polares que estão em jogo no ato litúrgico: a alma e o corpo, o ser humano e a coisa, o indivíduo e a comunidade, o objetivo e o subjetivo, a religião e a cultura. Com isso, a tarefa da formação litúrgica se mostra de alcance muito maior do que como uma resposta aos movimentos tradicionalistas — contexto imediato da publicação da carta apostólica e sobretudo do documento que a precede, Traditionis custodes —, revelando-se uma dimensão fundamental da recepção do Concílio e emergindo como uma questão de primeira grandeza para a cultura contemporânea.
{"title":"Relançar a tarefa da formação litúrgica hoje","authors":"Felipe Koller","doi":"10.46525/ret.v38i1.1784","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v38i1.1784","url":null,"abstract":"Com a carta apostólica Desiderio desideravi (2022), o Papa Francisco avança a recepção do magistério do Concílio Vaticano II sobre a liturgia e repropõe a tarefa da formação litúrgica, apresentada no início do século XX pelo movimento litúrgico e assumida pela constituição Sacrosanctum concilium. Em grandes linhas, Francisco se baseia no livro Formação litúrgica (1923), de Romano Guardini (1885-1968), citado diretamente algumas vezes. Contudo, os pontos de contato entre Desiderio desideravi e Formação litúrgica vão além das citações diretas. Este artigo busca traçar correlações entre as contribuições de Guardini e as questões trabalhadas pela carta apostólica, buscando uma compreensão mais rica da tarefa da formação litúrgica hoje. O encadeamento se permite guiar pela estrutura do texto de Guardini, que, depois de identificar a tarefa que se delineia a partir da relação do ser humano moderno com a liturgia, explora, ponto a ponto, as diferentes oposições polares que estão em jogo no ato litúrgico: a alma e o corpo, o ser humano e a coisa, o indivíduo e a comunidade, o objetivo e o subjetivo, a religião e a cultura. Com isso, a tarefa da formação litúrgica se mostra de alcance muito maior do que como uma resposta aos movimentos tradicionalistas — contexto imediato da publicação da carta apostólica e sobretudo do documento que a precede, Traditionis custodes —, revelando-se uma dimensão fundamental da recepção do Concílio e emergindo como uma questão de primeira grandeza para a cultura contemporânea.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135675539","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A Igreja Católica Apostólica Romana crê e prega que no pão e no vinho, frutos da terra e do trabalho humano, acontece o milagre da transubstanciação, ou seja, a partir do momento da consagração, na qual quem preside atualiza o sacrifício de Cristo, a essência da matéria – pão e vinho – muda: já não se tem mais pão e vinho, e sim Cristo, presente real e verdadeiramente tal qual está no céu. Quando o fiel o recebe, esgota-se o princípio de alteridade, uma vez que aquele que comunga passa a ser um só com Cristo. Esta é, em linhas gerais, a essência do dogma eucarístico. Todavia, como resquício de uma sociedade puramente imagética, este, que é o coração da Igreja, tem perdido o seu caráter primordial de refeição [=tomar e comer] para se transformar em mera contemplação [=ver]. De fato, para alguns, parece ser mais importante ver a hóstia consagrada (e o que ela contém!), do que propriamente tomar e comer. Esta tendência, por sua vez, tende a criar dificuldades ainda maiores, porque, por exemplo, já não importa a celebração em si, mas sim quem a presidirá e com que finalidade (bênçãos, curas, libertações). Além do mais, cria uma fé totalmente descompromissada com a vida, visto que o “tomar e comer” traz sérias implicações para a ética cristã, ao passo que o “ver” pode trazer, tão somente, uma espécie de “alívio instantâneo”, a ponto de, dali não muito tempo, o fiel necessitar outra vez “olhar”. Esse tipo de prática, além de não favorecer formação religiosa adequada, incentiva o comércio religioso: volta-se à época dos ostensórios, das pompas e do culto à personalidade dos presbíteros. O objetivo, portanto, é demonstrar o quanto esta perda de sentido, por mais que consiga reunir as massas, prejudica diretamente a ação pastoral da Igreja, porque induz a uma fé infantil.
{"title":"Do 'tomar e comer' ao 'ver'","authors":"Tiago Cosmo da Silva Dias","doi":"10.46525/ret.v38i1.1776","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v38i1.1776","url":null,"abstract":"A Igreja Católica Apostólica Romana crê e prega que no pão e no vinho, frutos da terra e do trabalho humano, acontece o milagre da transubstanciação, ou seja, a partir do momento da consagração, na qual quem preside atualiza o sacrifício de Cristo, a essência da matéria – pão e vinho – muda: já não se tem mais pão e vinho, e sim Cristo, presente real e verdadeiramente tal qual está no céu. Quando o fiel o recebe, esgota-se o princípio de alteridade, uma vez que aquele que comunga passa a ser um só com Cristo. Esta é, em linhas gerais, a essência do dogma eucarístico. Todavia, como resquício de uma sociedade puramente imagética, este, que é o coração da Igreja, tem perdido o seu caráter primordial de refeição [=tomar e comer] para se transformar em mera contemplação [=ver]. De fato, para alguns, parece ser mais importante ver a hóstia consagrada (e o que ela contém!), do que propriamente tomar e comer. Esta tendência, por sua vez, tende a criar dificuldades ainda maiores, porque, por exemplo, já não importa a celebração em si, mas sim quem a presidirá e com que finalidade (bênçãos, curas, libertações). Além do mais, cria uma fé totalmente descompromissada com a vida, visto que o “tomar e comer” traz sérias implicações para a ética cristã, ao passo que o “ver” pode trazer, tão somente, uma espécie de “alívio instantâneo”, a ponto de, dali não muito tempo, o fiel necessitar outra vez “olhar”. Esse tipo de prática, além de não favorecer formação religiosa adequada, incentiva o comércio religioso: volta-se à época dos ostensórios, das pompas e do culto à personalidade dos presbíteros. O objetivo, portanto, é demonstrar o quanto esta perda de sentido, por mais que consiga reunir as massas, prejudica diretamente a ação pastoral da Igreja, porque induz a uma fé infantil.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135675526","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O canto está presente na religião católica em diferentes momentos, como em celebrações litúrgicas, grupos de oração, em encontros de formação, retiros, entre outros. No entanto, o presente texto objetiva trazer reflexões sobre a atuação dos grupos de canto coral nas missas, porque é o momento em que diferentes grupos se unem para a ceia eucarística. Através da pesquisa bibliográfica-documental, serão destacadas as importâncias do canto para a missa, os cuidados para que ele não tenha distorcida a sua função, e que ao longo do texto os coralistas possam reconhecer que fazem parte da comunidade, junto com todas as pessoas participantes. Para isso, o respeito à liturgia da missa é fundamental. Nos momentos devocionais, como a realização de novenas e tríduos em honra ao padroeiro da paróquia ou comunidade, o canto faz parte especial das preces populares que aproximam a comunidade entre si e com o mistério de Cristo que celebram com fé, através da intercessão dos santos e santas ou de Nossa Senhora. A importância do canto na missa, tendo em vista o respeito à liturgia, e o conhecimento do mistério celebrado serão partes fundamentais no decorrer das reflexões do texto, além da linguagem poética que busca interpretar o canto além de uma perspectiva vocal.
{"title":"“Em comunhão com toda a Igreja aqui estamos”:","authors":"Mariana Silva Mancilha","doi":"10.46525/ret.v38i1.1769","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v38i1.1769","url":null,"abstract":"O canto está presente na religião católica em diferentes momentos, como em celebrações litúrgicas, grupos de oração, em encontros de formação, retiros, entre outros. No entanto, o presente texto objetiva trazer reflexões sobre a atuação dos grupos de canto coral nas missas, porque é o momento em que diferentes grupos se unem para a ceia eucarística. Através da pesquisa bibliográfica-documental, serão destacadas as importâncias do canto para a missa, os cuidados para que ele não tenha distorcida a sua função, e que ao longo do texto os coralistas possam reconhecer que fazem parte da comunidade, junto com todas as pessoas participantes. Para isso, o respeito à liturgia da missa é fundamental. Nos momentos devocionais, como a realização de novenas e tríduos em honra ao padroeiro da paróquia ou comunidade, o canto faz parte especial das preces populares que aproximam a comunidade entre si e com o mistério de Cristo que celebram com fé, através da intercessão dos santos e santas ou de Nossa Senhora. A importância do canto na missa, tendo em vista o respeito à liturgia, e o conhecimento do mistério celebrado serão partes fundamentais no decorrer das reflexões do texto, além da linguagem poética que busca interpretar o canto além de uma perspectiva vocal.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"41 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135675531","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O tema abordado pelo Papa Francisco em sua Carta apostólica Desiderio desideravi foi a necessidade de sermos formados para a liturgia e pela liturgia, considerada a fonte e o ápice da vida cristã. De modo particular, trata em um parágrafo sobre a formação ao silêncio orante e litúrgico, que não é uma pausa ou ausência de palavras, mas parte necessária da ação litúrgica, porque move o fiel ao arrependimento e ao desejo de conversão, suscita a escuta da Palavra de Deus e nos prepara à oração, dispondo-nos também à adoração do Corpo e do Sangue de Cristo. Deste modo, o Pontífice leva-nos a refletir sobre a urgência da redescoberta do silêncio como símbolo da presença e da ação do Espírito Santo na celebração litúrgica, em particular daquela eucarística. Este artigo tem o objetivo de refletir justamente sobre esta temática, tendo como base o referido parágrafo (n. 52), as indicações do Missal Romano acerca dos momentos em que o silêncio litúrgico é previsto (não tanto como gesto, mas como símbolo) e alguns textos de Romano Guardini, teólogo citado pelo Papa em seu texto, considerado o “filósofo do silêncio”, bem como outros documentos magisteriais e de outros tipos, que apresentam de modo claro a necessidade (às vezes obrigatoriedade) do silêncio sagrado na liturgia.
{"title":"formação ao silêncio na liturgia:","authors":"Wellington José de Castro","doi":"10.46525/ret.v38i1.1772","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v38i1.1772","url":null,"abstract":"O tema abordado pelo Papa Francisco em sua Carta apostólica Desiderio desideravi foi a necessidade de sermos formados para a liturgia e pela liturgia, considerada a fonte e o ápice da vida cristã. De modo particular, trata em um parágrafo sobre a formação ao silêncio orante e litúrgico, que não é uma pausa ou ausência de palavras, mas parte necessária da ação litúrgica, porque move o fiel ao arrependimento e ao desejo de conversão, suscita a escuta da Palavra de Deus e nos prepara à oração, dispondo-nos também à adoração do Corpo e do Sangue de Cristo. Deste modo, o Pontífice leva-nos a refletir sobre a urgência da redescoberta do silêncio como símbolo da presença e da ação do Espírito Santo na celebração litúrgica, em particular daquela eucarística. Este artigo tem o objetivo de refletir justamente sobre esta temática, tendo como base o referido parágrafo (n. 52), as indicações do Missal Romano acerca dos momentos em que o silêncio litúrgico é previsto (não tanto como gesto, mas como símbolo) e alguns textos de Romano Guardini, teólogo citado pelo Papa em seu texto, considerado o “filósofo do silêncio”, bem como outros documentos magisteriais e de outros tipos, que apresentam de modo claro a necessidade (às vezes obrigatoriedade) do silêncio sagrado na liturgia.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135675535","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O papa Francisco, desde o início de seu pontificado, surpreende tanto com gestos simbólicos, quanto com expressões populares, tais como “Igreja em saída”, “pastor com cheiro das ovelhas”, “hospital de campanha”, “alzheimer espiritual” etc. A este conjunto de expressões, Francisco adicionou duas novas imagens para exemplificar nova sociedade e nova política, mas também as novas relações eclesiais que ele propõe: o poliedro e a pirâmide invertida. Enquanto o poliedro ressalta a diversidade, a pirâmide invertida coloca quem está no topo em posição de serviço e escuta do povo de Deus, procedendo, assim, uma “salutar descentralização” (EG, 16). Como assumir essa perspectiva depois de séculos em que a Igreja foi representada como uma pirâmide monárquica e hierárquica? Assim, este artigo objetiva aprofundar o sentido, significado e importância das imagens da pirâmide invertida e do poliedro na construção de uma Igreja ministerial. A relevância deste artigo consiste em apresentar a compreensão de uma Igreja toda ministerial a partir dos desdobramentos do Concílio Vaticano II, iluminando a partir das percepções do papa Francisco. Ademais, o debate sobre a questão da ministerialidade eclesial exige uma acurada reflexão teológica, pois o tema tem sido assumido como prioridade no pontificado do atual Pontífice.
{"title":"Papa Francisco e a questão dos ministérios eclesiais","authors":"Anderson Costa Pereira, Ney De Souza","doi":"10.46525/ret.v38i1.1789","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v38i1.1789","url":null,"abstract":"O papa Francisco, desde o início de seu pontificado, surpreende tanto com gestos simbólicos, quanto com expressões populares, tais como “Igreja em saída”, “pastor com cheiro das ovelhas”, “hospital de campanha”, “alzheimer espiritual” etc. A este conjunto de expressões, Francisco adicionou duas novas imagens para exemplificar nova sociedade e nova política, mas também as novas relações eclesiais que ele propõe: o poliedro e a pirâmide invertida. Enquanto o poliedro ressalta a diversidade, a pirâmide invertida coloca quem está no topo em posição de serviço e escuta do povo de Deus, procedendo, assim, uma “salutar descentralização” (EG, 16). Como assumir essa perspectiva depois de séculos em que a Igreja foi representada como uma pirâmide monárquica e hierárquica? Assim, este artigo objetiva aprofundar o sentido, significado e importância das imagens da pirâmide invertida e do poliedro na construção de uma Igreja ministerial. A relevância deste artigo consiste em apresentar a compreensão de uma Igreja toda ministerial a partir dos desdobramentos do Concílio Vaticano II, iluminando a partir das percepções do papa Francisco. Ademais, o debate sobre a questão da ministerialidade eclesial exige uma acurada reflexão teológica, pois o tema tem sido assumido como prioridade no pontificado do atual Pontífice.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"31 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135675544","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A sinodalidade se remete ao modus vivendi e ao modus operandi da Igreja. Em relação à projeção e à gestão da ação pastoral de modo sinodal, três aspectos principais estão implicados. Primeiro, o sujeito do agir eclesial na sinodalidade, que precisa ser a comunidade eclesial como um todo, dada a corresponsabilidade de todos em tudo decorrente do Batismo, o sacramento que conforma a Igreja como Povo de Deus. Segundo, a projeção da ação pastoral de modo sinodal está condicionada ao discernimento comunitário e a decisão partilhada dos membros da comunidade eclesial no seio da Igreja Local/Diocese, onde se faz presente e acontece a Igreja toda, ainda que não seja toda a Igreja. Terceiro, em uma Igreja sinodal, a gestão da ação projetada também precisa dar-se de modo sinodal, apoiada em estruturas de comunhão e participação, como são as assembleias e conselhos de pastoral, assim como as equipes de coordenação, seja de serviços pastorais, seja de âmbitos eclesiais, segundo o princípio da subsidiariedade.Palavras-chave: Sinodalidade; Povo de Deus; Pastoral; Coordenação; Estruturas.
{"title":"A Sinodalidade na projeção e na gestão pastoral","authors":"Agenor Brighenti","doi":"10.46525/ret.v37i2.1717","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v37i2.1717","url":null,"abstract":" A sinodalidade se remete ao modus vivendi e ao modus operandi da Igreja. Em relação à projeção e à gestão da ação pastoral de modo sinodal, três aspectos principais estão implicados. Primeiro, o sujeito do agir eclesial na sinodalidade, que precisa ser a comunidade eclesial como um todo, dada a corresponsabilidade de todos em tudo decorrente do Batismo, o sacramento que conforma a Igreja como Povo de Deus. Segundo, a projeção da ação pastoral de modo sinodal está condicionada ao discernimento comunitário e a decisão partilhada dos membros da comunidade eclesial no seio da Igreja Local/Diocese, onde se faz presente e acontece a Igreja toda, ainda que não seja toda a Igreja. Terceiro, em uma Igreja sinodal, a gestão da ação projetada também precisa dar-se de modo sinodal, apoiada em estruturas de comunhão e participação, como são as assembleias e conselhos de pastoral, assim como as equipes de coordenação, seja de serviços pastorais, seja de âmbitos eclesiais, segundo o princípio da subsidiariedade.Palavras-chave: Sinodalidade; Povo de Deus; Pastoral; Coordenação; Estruturas.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"33 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75606285","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O presente artigo consiste em apresentar a proposta da sinodalidade invocada pelo Papa Francisco como um caminho de harmonia pluriforme à luz da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Trata-se, metodologicamente, de evidenciar os quatro princípios contidos na Evangelii Gaudium que orientam especificamente o desenvolvimento da convivência social e a construção de uma proposta de sinodalidade onde as diferenças se harmonizam dentro de um projeto comum.
{"title":"Harmonia Pluriforme: a proposta da Sinodalidade à luz da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium","authors":"Vilmar Dal Bo Maccari","doi":"10.46525/ret.v37i2.1722","DOIUrl":"https://doi.org/10.46525/ret.v37i2.1722","url":null,"abstract":"O presente artigo consiste em apresentar a proposta da sinodalidade invocada pelo Papa Francisco como um caminho de harmonia pluriforme à luz da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Trata-se, metodologicamente, de evidenciar os quatro princípios contidos na Evangelii Gaudium que orientam especificamente o desenvolvimento da convivência social e a construção de uma proposta de sinodalidade onde as diferenças se harmonizam dentro de um projeto comum.","PeriodicalId":21387,"journal":{"name":"Revista Encontros Teológicos","volume":"54 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88925681","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}