Com esta investigação genealógica do poder político no Ocidente, Giorgio Agamben formula em seu projeto Homo sacer, um programa de pesquisas centrado na questão da genealogia da governamentalidade. Assim, aportamos num estágio decisivo de suas escavações genealógicas, sobre as razões pelas quais o poder foi assumindo na vida ocidental o formato de uma οικονομία, ou seja, o exame do poder que foi operado pela via do agir administrativo das coisas e das vidas. Neste texto, temos a intencionalidade de traçarmos uma sinopse desta genealogia teológica da economia e do governo, e, retrocedermos com o filósofo italiano aos porões constitutivos da vida política, religiosa e cultural Ocidental. Logo, tendo em mente o fato de o poder ser substancialmente pautado pelo governo, temos uma implicação ético-política, que nos leva ao seguinte questionamento: por que o poder necessita da glória? Estamos diante de uma série de paradigmas que forjam o corpo e as categoriais centrais da política democrática na modernidade.
{"title":"PORQUE O PODER PRECISA DA GLÓRIA: UMA SINOPSE DA GENEALOGIA TEOLÓGICA DA ECONOMIA E DO GOVERNO DE GIORGIO AGAMBEN","authors":"Joel Decothé Junior","doi":"10.5216/PHI.V24I1.51110","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V24I1.51110","url":null,"abstract":"Com esta investigação genealógica do poder político no Ocidente, Giorgio Agamben formula em seu projeto Homo sacer, um programa de pesquisas centrado na questão da genealogia da governamentalidade. Assim, aportamos num estágio decisivo de suas escavações genealógicas, sobre as razões pelas quais o poder foi assumindo na vida ocidental o formato de uma οικονομία, ou seja, o exame do poder que foi operado pela via do agir administrativo das coisas e das vidas. Neste texto, temos a intencionalidade de traçarmos uma sinopse desta genealogia teológica da economia e do governo, e, retrocedermos com o filósofo italiano aos porões constitutivos da vida política, religiosa e cultural Ocidental. Logo, tendo em mente o fato de o poder ser substancialmente pautado pelo governo, temos uma implicação ético-política, que nos leva ao seguinte questionamento: por que o poder necessita da glória? Estamos diante de uma série de paradigmas que forjam o corpo e as categoriais centrais da política democrática na modernidade.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"5 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-08-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87329326","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Nesse artigo analiso aspectos fundamentais da noção de intersubjetividade, desenvolvida no pensamento tardio de Edmund Husserl. Primeiramente, apresento o conceito de empatia (Einfühlung), demonstrando sua relação com o estabelecimento da esfera intersubjetiva. A seguir, investigo o papel desempenhado pela “comunidade de mônadas” e como ela remete à ideia de mundo objetivo. Tais noções são cruciais, conforme pretendo indicar, para afastar leituras bastante comuns, porém equivocadas, sobre o suposto caráter solipsista da fenomenologia husserliana.
{"title":"A INTERSUBJETIVIDADE NO PENSAMENTO HUSSERLIANO TARDIO: A EXPERIÊNCIA DE EMPATIA E A COMUNIDADE DE MÔNADAS","authors":"J. Missaggia","doi":"10.5216/PHI.V24I1.46132","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V24I1.46132","url":null,"abstract":"Nesse artigo analiso aspectos fundamentais da noção de intersubjetividade, desenvolvida no pensamento tardio de Edmund Husserl. Primeiramente, apresento o conceito de empatia (Einfühlung), demonstrando sua relação com o estabelecimento da esfera intersubjetiva. A seguir, investigo o papel desempenhado pela “comunidade de mônadas” e como ela remete à ideia de mundo objetivo. Tais noções são cruciais, conforme pretendo indicar, para afastar leituras bastante comuns, porém equivocadas, sobre o suposto caráter solipsista da fenomenologia husserliana.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"54 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-08-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75458630","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo aborda o diálogo como dimensão política da linguagem. Partimos do fato de que se, por um lado, a relevância do tema é confirmada pelas dificuldades dos debates políticos sobre os problemas comuns de convivência em comunidades multiculturais e plurirreligiosas, por outro, a filosofias de Weil e de Arendt contribuem para recolocar o diálogo como uma real condição de possibilidade para a ação política. Para isso, retornamos à abordagem do diálogo como virtude, em Weil, e como expressão e construção do mundo, em Arendt, para concluir com um convite, em meio a “tempos sombrios”, para a “coragem da razão”.
{"title":"POLÍTICA E DIÁLOGO: REFLEXÕES A PARTIR DE ERIC WEIL E HANNAH ARENDT","authors":"J. C. Branco","doi":"10.5216/PHI.V24I1.50935","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V24I1.50935","url":null,"abstract":"O artigo aborda o diálogo como dimensão política da linguagem. Partimos do fato de que se, por um lado, a relevância do tema é confirmada pelas dificuldades dos debates políticos sobre os problemas comuns de convivência em comunidades multiculturais e plurirreligiosas, por outro, a filosofias de Weil e de Arendt contribuem para recolocar o diálogo como uma real condição de possibilidade para a ação política. Para isso, retornamos à abordagem do diálogo como virtude, em Weil, e como expressão e construção do mundo, em Arendt, para concluir com um convite, em meio a “tempos sombrios”, para a “coragem da razão”. ","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-08-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79073636","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo apresenta uma releitura do problema da lacuna explicativa partindo do empirismo de William James e Alfred N. Whitehead. Segundo as respectivas noções de experiência e processo de James e Whitehead, o artigo procura mostrar que a lacuna explicativa é um mito filosófico na medida em que sustenta uma continuidade ontológica ao mesmo tempo conjugada com uma descontinuidade epistemológica entre mente e mundo ou mente e cérebro – em particular, como ilustração dessa incongruência entre continuidade e descontinuidade, o núcleo do artigo se concentra em torno da revisão do chamado problema dos qualia. Partindo do empirismo de James e Whitehead, e tendo em vista a noção de continuidade, o artigo indica uma alternativa ao déficit epistemológico da lacuna explicativa assim como à visão internalista de mente que ela inspira – a ideia de que a mente está enclausurada no cérebro. Como resultado final, o artigo indica a atualidade do empirismo de James e Whitehead em consonância com as crescentes abordagens não-internalistas de mente e cognição em termos de continuidade que as noções respectivas de James e Whitehead de experiência e processo sugerem.
{"title":"WILLIAM JAMES E WHITEHEAD SOBRE O MITO DA LACUNA EXPLICATIVA","authors":"Arthur Araújo","doi":"10.5216/PHI.V24I1.53792","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V24I1.53792","url":null,"abstract":"O artigo apresenta uma releitura do problema da lacuna explicativa partindo do empirismo de William James e Alfred N. Whitehead. Segundo as respectivas noções de experiência e processo de James e Whitehead, o artigo procura mostrar que a lacuna explicativa é um mito filosófico na medida em que sustenta uma continuidade ontológica ao mesmo tempo conjugada com uma descontinuidade epistemológica entre mente e mundo ou mente e cérebro – em particular, como ilustração dessa incongruência entre continuidade e descontinuidade, o núcleo do artigo se concentra em torno da revisão do chamado problema dos qualia. Partindo do empirismo de James e Whitehead, e tendo em vista a noção de continuidade, o artigo indica uma alternativa ao déficit epistemológico da lacuna explicativa assim como à visão internalista de mente que ela inspira – a ideia de que a mente está enclausurada no cérebro. Como resultado final, o artigo indica a atualidade do empirismo de James e Whitehead em consonância com as crescentes abordagens não-internalistas de mente e cognição em termos de continuidade que as noções respectivas de James e Whitehead de experiência e processo sugerem.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"10 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85688267","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Os objetivos do presente artigo são: apresentar um panorama das discussões modernas acerca dos conflitos internos que ameaçam e enriquecem a vida política das cidades; e de um ponto de vista externo, apresentar algumas das principais ideias construídas no período, para alargar os laços exteriores dos povos, na tentativa de superar ou sobreviver às guerras que ameaçam a independência dos Estados. Para tanto nos serviremos de autores como Maquiavel, Hobbes, Saint-Pierre, Rousseau e Bolívar.
{"title":"Das cidades às confederações: caminhos para superar os conflitos e as guerras que ameaçam a independência dos povos","authors":"Evaldo Becker","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52720","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52720","url":null,"abstract":"Os objetivos do presente artigo são: apresentar um panorama das discussões modernas acerca dos conflitos internos que ameaçam e enriquecem a vida política das cidades; e de um ponto de vista externo, apresentar algumas das principais ideias construídas no período, para alargar os laços exteriores dos povos, na tentativa de superar ou sobreviver às guerras que ameaçam a independência dos Estados. Para tanto nos serviremos de autores como Maquiavel, Hobbes, Saint-Pierre, Rousseau e Bolívar.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"57 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-02-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"89485353","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Partindo das reflexões de Michel Foucault no final dos anos 1970 e da noção desenvolvida mais recentemente de “governamentalidade algorítmica”, entendida como um novo regime de poder e saber baseado na coleta, mineração e cruzamento de grandes volumes de dados, o presente artigo pretende analisar criticamente as chamadas “cidades inteligentes” (smart cities), nas quais a infraestrutura e os serviços são interligados de maneira supostamente mais racionalizada e eficiente, oferendo finalmente o sonhado bem-estar e a vida feliz. Essa utopia de organização social será associada a uma nova forma de racionalidade política e estratégia de governo por meio de algoritmos, que colocam importantes e inquietantes questões. Neste trabalho, ressaltaremos a capacidade que os algoritmos possuem de nos governar, no sentido de conduzir nossas condutas e estruturar o campo das ações possíveis. E o foco deste artigo recairá sobre a tensão entre liberdade e controle inscrita nessa nova governamentalidade, que tem por objeto mais imediato os dados, as relações e os ambientes.
{"title":"Cidade inteligente e governamentalidade algorítmica: liberdade e controle na era da informação","authors":"Marco Antônio Sousa Alves","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52730","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52730","url":null,"abstract":"Partindo das reflexões de Michel Foucault no final dos anos 1970 e da noção desenvolvida mais recentemente de “governamentalidade algorítmica”, entendida como um novo regime de poder e saber baseado na coleta, mineração e cruzamento de grandes volumes de dados, o presente artigo pretende analisar criticamente as chamadas “cidades inteligentes” (smart cities), nas quais a infraestrutura e os serviços são interligados de maneira supostamente mais racionalizada e eficiente, oferendo finalmente o sonhado bem-estar e a vida feliz. Essa utopia de organização social será associada a uma nova forma de racionalidade política e estratégia de governo por meio de algoritmos, que colocam importantes e inquietantes questões. Neste trabalho, ressaltaremos a capacidade que os algoritmos possuem de nos governar, no sentido de conduzir nossas condutas e estruturar o campo das ações possíveis. E o foco deste artigo recairá sobre a tensão entre liberdade e controle inscrita nessa nova governamentalidade, que tem por objeto mais imediato os dados, as relações e os ambientes.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79521968","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A teoria republicana da justiça representa a compreensão que os indivíduos, para não serem dominados na vida social e pública, necessitam da estrutura organizacional do Estado democrático de direito para realizarem os seus projetos de vida. A questão da justiça está centrada na implementação social do ideal de liberdade como não-dominação. Ela se refere às relações sociais fundadas sob o princípio da igualdade de tratamento e oportunidades. A teoria política de Philip Pettit propõe a aplicação do teste do globo ocular como sendo a ferramenta de reconhecimento das formas de subjugação e submissão nas sociedades contemporâneas. Essa regra de teste conscientizará os indivíduos sobre as injustiças sociais e os marginalizados pela extrema pobreza e ausentes de oportunidades. Pettit estabelece dois critérios para a dedução das liberdades básicas que devem ser asseguradas pelo Estado republicano. Os critérios são a co-exercibilidade e a co-satisfação das escolhas dos indivíduos. O Estado estaria obrigado somente a garantir as liberdades básicas que passassem sob esse crivo. Os cidadãos republicanos desfrutam da condição de independentes socialmente e atuam com o objetivo de construir a sociedade democrática e inclusiva.
{"title":"A teoria republicana da justiça","authors":"Alberto Paulo Neto","doi":"10.5216/PHI.V23I2.47800","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.47800","url":null,"abstract":"A teoria republicana da justiça representa a compreensão que os indivíduos, para não serem dominados na vida social e pública, necessitam da estrutura organizacional do Estado democrático de direito para realizarem os seus projetos de vida. A questão da justiça está centrada na implementação social do ideal de liberdade como não-dominação. Ela se refere às relações sociais fundadas sob o princípio da igualdade de tratamento e oportunidades. A teoria política de Philip Pettit propõe a aplicação do teste do globo ocular como sendo a ferramenta de reconhecimento das formas de subjugação e submissão nas sociedades contemporâneas. Essa regra de teste conscientizará os indivíduos sobre as injustiças sociais e os marginalizados pela extrema pobreza e ausentes de oportunidades. Pettit estabelece dois critérios para a dedução das liberdades básicas que devem ser asseguradas pelo Estado republicano. Os critérios são a co-exercibilidade e a co-satisfação das escolhas dos indivíduos. O Estado estaria obrigado somente a garantir as liberdades básicas que passassem sob esse crivo. Os cidadãos republicanos desfrutam da condição de independentes socialmente e atuam com o objetivo de construir a sociedade democrática e inclusiva.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"73 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74807577","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este artigo possui a finalidade de apresentar as correlações entre a filosofia como forma de vida e as insurreições dos governados a partir de uma leitura foucualtiana em torno da ontologia histórica de nós mesmos. Num primeiro momento, procura-se estabelecer uma leitura acerca da problematização empreendida por Foucault em torno da biopolítica compreendida como governo da vida na nossa modernidade a partir da formação de certos dispositivos de controle e de assujeitamentos através da articulação entre as estratégias de saber, das práticas de poder e dos processos de subjetivação. Já o segundo momento é dedicado a pensar os traços fundamentais da parresía como prática aletúrgica de uma manifestação cínica do escândalo da verdade. As considerações finais são dedicadas a pensar, a partir de Foucault, as experiências éticas a partir de uma dimensão ontológica cuja atitude é a sublevação de forças necessárias para a produção de novas práticas de liberdade.
{"title":"Da filosofia como forma de vida: a insurreição dos governados e a ontologia histórica de nós mesmos em Michel Foucault","authors":"R. D. D. V. Soler","doi":"10.5216/phi.v23i2.49564","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v23i2.49564","url":null,"abstract":"Este artigo possui a finalidade de apresentar as correlações entre a filosofia como forma de vida e as insurreições dos governados a partir de uma leitura foucualtiana em torno da ontologia histórica de nós mesmos. Num primeiro momento, procura-se estabelecer uma leitura acerca da problematização empreendida por Foucault em torno da biopolítica compreendida como governo da vida na nossa modernidade a partir da formação de certos dispositivos de controle e de assujeitamentos através da articulação entre as estratégias de saber, das práticas de poder e dos processos de subjetivação. Já o segundo momento é dedicado a pensar os traços fundamentais da parresía como prática aletúrgica de uma manifestação cínica do escândalo da verdade. As considerações finais são dedicadas a pensar, a partir de Foucault, as experiências éticas a partir de uma dimensão ontológica cuja atitude é a sublevação de forças necessárias para a produção de novas práticas de liberdade. ","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"8 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83360453","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Inúmeros autores afirmam que Rousseau é um democrata radical, entretanto, ele mesmo, não parece apoiar um governo democrático. Instigados por esta situação buscaremos elucidar em qual sentido podemos considera-lo um defensor da democracia. Para isso, procuraremos seguir o pensamento político de Rousseau reconstituindo as condições originárias da existência humana, discutiremos as condições do pacto de associação e a investigaremos a manutenção do estado republicano por meio da ação política de legislar. Tentaremos, finalmente, elucidar o problema proposto, em primeiro lugar, com base na distinção entre soberano e governo e, na possibilidade de corrigir as circunstâncias por meio das leis, encontraremos a segunda e mais radical resposta àqueles que o consideram um democrata.
{"title":"Rousseau, um democrata radical?","authors":"Helena Esser Dos Reis","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52731","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52731","url":null,"abstract":"Inúmeros autores afirmam que Rousseau é um democrata radical, entretanto, ele mesmo, não parece apoiar um governo democrático. Instigados por esta situação buscaremos elucidar em qual sentido podemos considera-lo um defensor da democracia. Para isso, procuraremos seguir o pensamento político de Rousseau reconstituindo as condições originárias da existência humana, discutiremos as condições do pacto de associação e a investigaremos a manutenção do estado republicano por meio da ação política de legislar. Tentaremos, finalmente, elucidar o problema proposto, em primeiro lugar, com base na distinção entre soberano e governo e, na possibilidade de corrigir as circunstâncias por meio das leis, encontraremos a segunda e mais radical resposta àqueles que o consideram um democrata.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"29 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81762902","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A União Europeia está morta, mesmo que ela ainda não o saiba. Vários autores expressaram efetivamente ideias parecidas em relação ao esgotamento desse projeto político original. Crise econômica de 2007, crise migratória, crise política nas instituições, Brexit, crescimento das extremas-direitas... Há inúmeros indícios de um enfraquecimento do edifício. Enquanto alguns agentes pensam “fundar” novamente o projeto, o ceticismo está crescendo do lado dos povos, particularmente, no Sul da Europa. O momento, então, é perfeito para estabelecer um diagnóstico vital sobre essa dinâmica de integração política inédita, entender porque ela não foi bem-sucedida e, mais radicalmente, o que esse fracasso significa para o futuro da Europa como continente.
{"title":"Depois da união europeia: reflexão sobre uma experiência inédita de dominação política","authors":"P. Lacour","doi":"10.5216/PHI.V23I2.51983","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.51983","url":null,"abstract":"A União Europeia está morta, mesmo que ela ainda não o saiba. Vários autores expressaram efetivamente ideias parecidas em relação ao esgotamento desse projeto político original. Crise econômica de 2007, crise migratória, crise política nas instituições, Brexit, crescimento das extremas-direitas... Há inúmeros indícios de um enfraquecimento do edifício. Enquanto alguns agentes pensam “fundar” novamente o projeto, o ceticismo está crescendo do lado dos povos, particularmente, no Sul da Europa. O momento, então, é perfeito para estabelecer um diagnóstico vital sobre essa dinâmica de integração política inédita, entender porque ela não foi bem-sucedida e, mais radicalmente, o que esse fracasso significa para o futuro da Europa como continente.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"02 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81170661","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}