O artigo é uma discussão fenomenológica acerca da natureza. Fundamentada no pensamento tardio de Heidegger, ela se desenvolve em torno da superação da determinação metafísica da realidade natural enquanto presença constante. Para tanto, toma-se como guia da reflexão um verso das poesias tardias de Hölderlin, cujo aclaramento conduz ao questionamento do sentido da noção de presença (ousia) e da sua referência com a ausência (apousia) e, em seguida, da relação essencial entre ser e aparência. Nesta direção, mostra-se que a sublime aparição da natureza é a luta e unidade entre parusia e apousia.
{"title":"“O brilhar da natureza é uma parusia superior”:","authors":"Daniel Rodrigues Ramos","doi":"10.5216/phi.v26i2.68934","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.68934","url":null,"abstract":"O artigo é uma discussão fenomenológica acerca da natureza. Fundamentada no pensamento tardio de Heidegger, ela se desenvolve em torno da superação da determinação metafísica da realidade natural enquanto presença constante. Para tanto, toma-se como guia da reflexão um verso das poesias tardias de Hölderlin, cujo aclaramento conduz ao questionamento do sentido da noção de presença (ousia) e da sua referência com a ausência (apousia) e, em seguida, da relação essencial entre ser e aparência. Nesta direção, mostra-se que a sublime aparição da natureza é a luta e unidade entre parusia e apousia.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"24 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81851443","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Tendo, pois, como pano de fundo o horizonte de uma fenomenologia da natureza, o texto, a seguir, explora uma proposição emblemática enunciada por Gabriel Marcel: a ideia da “natureza como espírito nascente”. Para tanto, a fim de melhor compreender o sentido e alcance dessa tese, a exposição se divide em duas partes correlatas: a primeira, retrospectivamente negativa, reconstitui a crítica marceliana ao naturalismo e ao idealismo vistos como dois gestos concêntricos à medida que não atribuem qualquer estatuto ou significação à natureza. A segunda, mais positiva ou propositiva, restitui, numa direção heurística, a experiência matricial da natureza como espírito nascente, ou seja, confere pleno reconhecimento a uma acepção originariamente espiritual da natureza como fenômeno co-nascente.
{"title":"natureza como \"espírito nascente\":","authors":"C. Silva","doi":"10.5216/phi.v26i2.69003","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.69003","url":null,"abstract":"Tendo, pois, como pano de fundo o horizonte de uma fenomenologia da natureza, o texto, a seguir, explora uma proposição emblemática enunciada por Gabriel Marcel: a ideia da “natureza como espírito nascente”. Para tanto, a fim de melhor compreender o sentido e alcance dessa tese, a exposição se divide em duas partes correlatas: a primeira, retrospectivamente negativa, reconstitui a crítica marceliana ao naturalismo e ao idealismo vistos como dois gestos concêntricos à medida que não atribuem qualquer estatuto ou significação à natureza. A segunda, mais positiva ou propositiva, restitui, numa direção heurística, a experiência matricial da natureza como espírito nascente, ou seja, confere pleno reconhecimento a uma acepção originariamente espiritual da natureza como fenômeno co-nascente.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"255 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78848151","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo: este artigo pretende expor e comentar a interpretação de Heidegger a respeito da concepção grega de natureza. Procura seguir o fio condutor desta interpretação, dado a partir da remissão da “phýsis” à “alétheia”. Ele procura interpretar o dito e o pensado dos pensadores originários dos gregos, bem como de Platão e Aristóteles, desde o não pensado e o não dito da “Lichtung”, a clareira ou a aberta do Ser. Uma maior ênfase é dada à exposição a respeito da essência da “phýsis” concedida pelo Estagirita nos primeiros capítulos da Física.
{"title":"natureza como ser e verdade do ser na meditação de Heidegger a respeito da “phýsis” grega","authors":"M. A. Fernandes","doi":"10.5216/phi.v26i2.68988","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.68988","url":null,"abstract":"Resumo: este artigo pretende expor e comentar a interpretação de Heidegger a respeito da concepção grega de natureza. Procura seguir o fio condutor desta interpretação, dado a partir da remissão da “phýsis” à “alétheia”. Ele procura interpretar o dito e o pensado dos pensadores originários dos gregos, bem como de Platão e Aristóteles, desde o não pensado e o não dito da “Lichtung”, a clareira ou a aberta do Ser. Uma maior ênfase é dada à exposição a respeito da essência da “phýsis” concedida pelo Estagirita nos primeiros capítulos da Física.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"78 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75381371","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Elaboramos, a partir da obra de Merleau-Ponty, uma discussão que, baseada na expressividade do esquema corporal e em seu poder de constituir hábitos sensório-motores, problematiza a potência de transformação da percepção. Orientamo-nos pelo propósito de investigar o delineamento de um ethos dos sentidos fundado na transformação dos esquemas perceptivos. Ao longo do texto, analisamos as dimensões práxicas e intencionais atreladas ao esquema corporal; abordamos o desenvolvimento constante do esquema corporal mediante a aquisição de hábitos sensório-motores; sugerimos o conceito de nível, adotado por Merleau-Ponty a partir da tradição gestaltista, como ferramenta para a compreensão do processo corpóreo de constituição de novos limiares de percepção e de ação no mundo; e, ao final, apresentamos apontamentos para a exploração dos desdobramentos críticos e sociais das investigações merleau-pontianas da percepção calcadas na plasticidade expressiva do esquema corporal.
{"title":"A dinâmica de instituição de dimensões de experiência perceptiva em Merleau-Ponty","authors":"Danilo Saretta Verissimo","doi":"10.5216/phi.v26i2.67404","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.67404","url":null,"abstract":"Elaboramos, a partir da obra de Merleau-Ponty, uma discussão que, baseada na expressividade do esquema corporal e em seu poder de constituir hábitos sensório-motores, problematiza a potência de transformação da percepção. Orientamo-nos pelo propósito de investigar o delineamento de um ethos dos sentidos fundado na transformação dos esquemas perceptivos. Ao longo do texto, analisamos as dimensões práxicas e intencionais atreladas ao esquema corporal; abordamos o desenvolvimento constante do esquema corporal mediante a aquisição de hábitos sensório-motores; sugerimos o conceito de nível, adotado por Merleau-Ponty a partir da tradição gestaltista, como ferramenta para a compreensão do processo corpóreo de constituição de novos limiares de percepção e de ação no mundo; e, ao final, apresentamos apontamentos para a exploração dos desdobramentos críticos e sociais das investigações merleau-pontianas da percepção calcadas na plasticidade expressiva do esquema corporal.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87169405","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Neste artigo, foca-se o específico na obra de Euclides e mostra-se como essa característica imprime um método de trabalho que se torna invariante na lógica da ciência do mundo ocidental mediante a intermediação de Galileu. Para tanto, são apresentadas: as características do pensar pré-categorial e a mudança de visão das figuras empíricas quase exatas para as figuras-limite idealizadas; a matematização da natureza; a perda de sentido do mundo implícita à lógica do formular; a aritmitização da Geometria e a respectiva perda de sentido.
{"title":"A matematização da física e demais ciências da natureza","authors":"María Aparecida Viggiani Bicudo","doi":"10.5216/phi.v26i2.67490","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.67490","url":null,"abstract":"Neste artigo, foca-se o específico na obra de Euclides e mostra-se como essa característica imprime um método de trabalho que se torna invariante na lógica da ciência do mundo ocidental mediante a intermediação de Galileu. Para tanto, são apresentadas: as características do pensar pré-categorial e a mudança de visão das figuras empíricas quase exatas para as figuras-limite idealizadas; a matematização da natureza; a perda de sentido do mundo implícita à lógica do formular; a aritmitização da Geometria e a respectiva perda de sentido. ","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"121 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77423964","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Na fenomenologia de Levinas, o querer é um verdadeiro acontecimento. Ele concretiza (cumpre) uma separação, um existir fora da Totalidade. Sua condição básica é a vida afirmando-se como valor, e não como perseverança na tarefa de ser (característica mais notável do ser instintivo). Em nossa perspectiva, Levinas realiza uma interpretação ética da redução fenomenológica: a “suspensão de teses”, que para Husserl é um ato metodológico necessário e fundacional da fenomenologia, assume, em Levinas, um sentido eminentemente ético. A vontade é o acontecimento do humano como evasão em relação ao ser e à Totalidade.
{"title":"O querer realiza uma separação","authors":"Marcelo Fabri","doi":"10.5216/phi.v26i2.67329","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i2.67329","url":null,"abstract":"Na fenomenologia de Levinas, o querer é um verdadeiro acontecimento. Ele concretiza (cumpre) uma separação, um existir fora da Totalidade. Sua condição básica é a vida afirmando-se como valor, e não como perseverança na tarefa de ser (característica mais notável do ser instintivo). Em nossa perspectiva, Levinas realiza uma interpretação ética da redução fenomenológica: a “suspensão de teses”, que para Husserl é um ato metodológico necessário e fundacional da fenomenologia, assume, em Levinas, um sentido eminentemente ético. A vontade é o acontecimento do humano como evasão em relação ao ser e à Totalidade.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"10 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82006171","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este artigo toma como ponto de partida os significados conferidos por Friedrich Nietzsche aos conceitos de memória e de esquecimento, em associação com as ideias de perdão e de graça, com o objetivo de ampliar o horizonte interpretativo sobre o papel exercido por tais conceitos em alguns jogos políticos, como se verifica, por exemplo, na superação da Apartheid na África do Sul, por um lado, e do Regime Militar instalado no Brasil em 1964, por outro. A hipótese de trabalho é que os modos como se estabelecem as relações entre aqueles conceitos, nesses casos, expressam diferentes formas de assimilação do passado que podem resultar tanto no fortalecimento quanto no declínio de uma comunidade.
{"title":"Fios de memória na teia do esquecimento","authors":"Antonio Edmilson Paschoal","doi":"10.5216/phi.v26i1.69246","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i1.69246","url":null,"abstract":"Este artigo toma como ponto de partida os significados conferidos por Friedrich Nietzsche aos conceitos de memória e de esquecimento, em associação com as ideias de perdão e de graça, com o objetivo de ampliar o horizonte interpretativo sobre o papel exercido por tais conceitos em alguns jogos políticos, como se verifica, por exemplo, na superação da Apartheid na África do Sul, por um lado, e do Regime Militar instalado no Brasil em 1964, por outro. A hipótese de trabalho é que os modos como se estabelecem as relações entre aqueles conceitos, nesses casos, expressam diferentes formas de assimilação do passado que podem resultar tanto no fortalecimento quanto no declínio de uma comunidade.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"63 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73902722","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Tradizionalmente esiste uno spartiaque fra la dottrina dell’azione attribuita a Socrate e quella attribuita a Platone ed esso è stato stabilito per la prima volta da Aristotele, a detta del quale Socrate ha difeso una dottrina intellettualista dell’agire umano, mentre Platone a partire dalla Repubblica distingue la parte razionale dell’anima da quella irrazionale, alla quale appartengono forze passionali che influenzano l’azione. Attraverso una rivisitazione della dottrina etica nel Protagora, difenderemo l’idea che l’intellettualismo pervade interamente la teoria dell’azione di Platone; ma che, all’interno di esso, ragione e desiderio concorrono ad una azione congiunta.
{"title":"Plato and the \"deliberate desire\"","authors":"B. Botter","doi":"10.5216/phi.v26i1.67152","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i1.67152","url":null,"abstract":"Tradizionalmente esiste uno spartiaque fra la dottrina dell’azione attribuita a Socrate e quella attribuita a Platone ed esso è stato stabilito per la prima volta da Aristotele, a detta del quale Socrate ha difeso una dottrina intellettualista dell’agire umano, mentre Platone a partire dalla Repubblica distingue la parte razionale dell’anima da quella irrazionale, alla quale appartengono forze passionali che influenzano l’azione. Attraverso una rivisitazione della dottrina etica nel Protagora, difenderemo l’idea che l’intellettualismo pervade interamente la teoria dell’azione di Platone; ma che, all’interno di esso, ragione e desiderio concorrono ad una azione congiunta.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1987 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82274483","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo: neste artigo, examinamos a ideia de que o transumanismo é uma religião. Para isso, partimos de uma definição prototípica do transumanismo, que orientará nossa abordagem. Na sequência, apresentamos a ideia de transumanismo como um tipo de religião. Além de destacar as semelhanças entre transumanismo e religião apontadas pelos defensores de tal possibilidade de associação/identificação, apresentamos algumas das suas alegações fundamentais, concluindo a seção com uma lista de diferenças entre transumanismo e religião (mais especificamente, a cristã). Em seguida, tendo em mente semelhanças e diferenças, analisamos as alegações apresentadas na seção anterior, o que nos leva à contestação da plausibilidade daquela ideia. Concluímos o artigo com uma breve reconstrução da teoria habermasiana da religião, a fim de fundamentar a manutenção da separação entre as esferas da ciência (saber) e da religião (fé), o que seria fundamental para salvaguardar o horizonte epistêmico e normativo das sociedades pós-metafísicas, democráticas e pluralistas.
{"title":"Transhumanismo como religião?","authors":"M. Vilaça, Luiz Bernardo Leite Araujo","doi":"10.5216/phi.v26i1.67357","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i1.67357","url":null,"abstract":"Resumo: neste artigo, examinamos a ideia de que o transumanismo é uma religião. Para isso, partimos de uma definição prototípica do transumanismo, que orientará nossa abordagem. Na sequência, apresentamos a ideia de transumanismo como um tipo de religião. Além de destacar as semelhanças entre transumanismo e religião apontadas pelos defensores de tal possibilidade de associação/identificação, apresentamos algumas das suas alegações fundamentais, concluindo a seção com uma lista de diferenças entre transumanismo e religião (mais especificamente, a cristã). Em seguida, tendo em mente semelhanças e diferenças, analisamos as alegações apresentadas na seção anterior, o que nos leva à contestação da plausibilidade daquela ideia. Concluímos o artigo com uma breve reconstrução da teoria habermasiana da religião, a fim de fundamentar a manutenção da separação entre as esferas da ciência (saber) e da religião (fé), o que seria fundamental para salvaguardar o horizonte epistêmico e normativo das sociedades pós-metafísicas, democráticas e pluralistas.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90243483","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Desenvolveremos dois argumentos. Primeiro: a utilização do dualismo antropológico – modernidade e pré-modernidade, pós-tradicional e tradicional – por parte de filosofias europeias como base da constituição do discurso filosófico-sociológico-antropológico da modernidade-modernização ocidental implica na consolidação de uma compreensão exclusivista da modernidade ocidental como europeização, demarcada pela ideia de que ela é um processo basicamente autônomo, independente, endógeno, autorreferencial, autossubsistente e autossuficiente, sem qualquer relacionalidade com o outro da modernidade, completamente separada dele, bem como na anulação e na deslegitimação dos outros da modernidade como passado antropológico e déficit de modernização ou de racionalização, com a consequente colocação da modernidade europeia como presente autoconsciente, atualidade substantiva e abertura ao futuro. Segundo: a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro, ao desconstruírem esse dualismo antropológico e a deslegitimação dos outros da modernidade como condição pré-moderna e passado evolutivo, rompem o monopólio epistêmico-político moderno de tematização do humano e de justificação do universalismo pós-tradicional, correlacionando-o ao colonialismo e ao racismo estrutural. Enquanto poder originário da/pela diferença, a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro descentralizam e pluralizam as epistemes, as histórias, as alternativas político-normativas e, desse modo, e realizam uma crítica da modernização ocidental desde o lugar de fala das minorias político-culturais.
{"title":"Descentramento, crítica e transformação","authors":"Fernando Danner, L. Danner","doi":"10.5216/phi.v26i1.67351","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v26i1.67351","url":null,"abstract":"Desenvolveremos dois argumentos. Primeiro: a utilização do dualismo antropológico – modernidade e pré-modernidade, pós-tradicional e tradicional – por parte de filosofias europeias como base da constituição do discurso filosófico-sociológico-antropológico da modernidade-modernização ocidental implica na consolidação de uma compreensão exclusivista da modernidade ocidental como europeização, demarcada pela ideia de que ela é um processo basicamente autônomo, independente, endógeno, autorreferencial, autossubsistente e autossuficiente, sem qualquer relacionalidade com o outro da modernidade, completamente separada dele, bem como na anulação e na deslegitimação dos outros da modernidade como passado antropológico e déficit de modernização ou de racionalização, com a consequente colocação da modernidade europeia como presente autoconsciente, atualidade substantiva e abertura ao futuro. Segundo: a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro, ao desconstruírem esse dualismo antropológico e a deslegitimação dos outros da modernidade como condição pré-moderna e passado evolutivo, rompem o monopólio epistêmico-político moderno de tematização do humano e de justificação do universalismo pós-tradicional, correlacionando-o ao colonialismo e ao racismo estrutural. Enquanto poder originário da/pela diferença, a descolonização africana e o pensamento indígena brasileiro descentralizam e pluralizam as epistemes, as histórias, as alternativas político-normativas e, desse modo, e realizam uma crítica da modernização ocidental desde o lugar de fala das minorias político-culturais.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"40 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-11-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85804498","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}