O objetivo mais geral de nosso artigo é examinar a crítica de Nietzsche ao antiquarianismo e suas relações com a genealogia. Em primeiro lugar, ocupar-nos-emos com a crítica de Nietzsche à erudição e à história antiquária do século XIX e sua centralidade no pensamento do filósofo, em que história aparece não como simples atividade de erudição e pesquisa antiquária, mas como saber a serviço da vida. Depois de nos debruçarmos sobre a ideia de que Nietzsche é um opositor do antiquarianismo, argumentaremos sobre a sua defesa do modelo de história crítica, que enfatiza as noções de esquecimento, justiça e rompimento com pedaços do passado. Na sequência, procuraremos esboçar uma análise do argumento que estrutura todo o nosso artigo, qual seja, o de que o deslocamento de Nietzsche de questões que passam e se manifestam por formas de escrita e pesquisa da história antiquária ainda praticada em seu tempo e em direção à história crítica proporciona, como alternativa plausível, a criação de uma nova história dos valores que, em nossos próprios termos, denominamos de “história genealógica e afirmadora da vida”.
{"title":"Nietzsche, a crítica ao antiquarianismo e uma nova história dos valores","authors":"Raylane Marques Sousa, Eduardo Ferreira Chagas","doi":"10.5216/PHI.V23I2.51220","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.51220","url":null,"abstract":"O objetivo mais geral de nosso artigo é examinar a crítica de Nietzsche ao antiquarianismo e suas relações com a genealogia. Em primeiro lugar, ocupar-nos-emos com a crítica de Nietzsche à erudição e à história antiquária do século XIX e sua centralidade no pensamento do filósofo, em que história aparece não como simples atividade de erudição e pesquisa antiquária, mas como saber a serviço da vida. Depois de nos debruçarmos sobre a ideia de que Nietzsche é um opositor do antiquarianismo, argumentaremos sobre a sua defesa do modelo de história crítica, que enfatiza as noções de esquecimento, justiça e rompimento com pedaços do passado. Na sequência, procuraremos esboçar uma análise do argumento que estrutura todo o nosso artigo, qual seja, o de que o deslocamento de Nietzsche de questões que passam e se manifestam por formas de escrita e pesquisa da história antiquária ainda praticada em seu tempo e em direção à história crítica proporciona, como alternativa plausível, a criação de uma nova história dos valores que, em nossos próprios termos, denominamos de “história genealógica e afirmadora da vida”. ","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"38 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81762343","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo tem por objetivo aprofundar uma abordagem da noção de soberania, segundo análise de obras de Maquiavel estabelecida por Antonio Negri (2002). O autor defende que a soberania para Maquiavel corresponde à sobredeterminação da ação do governante -seja no principado, seja na república- em face das limitações e oposições impostas pelos adversários e pela própria fortuna. Buscamos, assim, entender as características dessa acepção de soberania uma vez que o conceito é definido com exatidão por Jean Bodin, quase meio século após a publicação dos textos maquiavelismos. Para observar essa abordagem, digamos, heterodoxa, da soberania será preciso nos concentraremos na sua tese da relação entre ontologia política e movimento. Para Negri, o movimento é o princípio definidor da política e na obra de Maquiavel se encontra uma concepção de ontologia política produzida e pensada da própria ação do governante no tempo e da qual o movimento é constitutivo e indiscernível. Observaremos como se desenvolve a análise do conflito no caso de cidades como Roma e Florença. Como conclusão pretendemos observar que limites a interpretação das Istorie Fiorentine apresenta à tese negriana da soberania democrática em Maquiavel.
{"title":"Democracia e ontologia política em Maquiavel, segundo Negri: limites da potência constituinte","authors":"Douglas Ferreira Barros","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52711","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52711","url":null,"abstract":"O artigo tem por objetivo aprofundar uma abordagem da noção de soberania, segundo análise de obras de Maquiavel estabelecida por Antonio Negri (2002). O autor defende que a soberania para Maquiavel corresponde à sobredeterminação da ação do governante -seja no principado, seja na república- em face das limitações e oposições impostas pelos adversários e pela própria fortuna. Buscamos, assim, entender as características dessa acepção de soberania uma vez que o conceito é definido com exatidão por Jean Bodin, quase meio século após a publicação dos textos maquiavelismos. Para observar essa abordagem, digamos, heterodoxa, da soberania será preciso nos concentraremos na sua tese da relação entre ontologia política e movimento. Para Negri, o movimento é o princípio definidor da política e na obra de Maquiavel se encontra uma concepção de ontologia política produzida e pensada da própria ação do governante no tempo e da qual o movimento é constitutivo e indiscernível. Observaremos como se desenvolve a análise do conflito no caso de cidades como Roma e Florença. Como conclusão pretendemos observar que limites a interpretação das Istorie Fiorentine apresenta à tese negriana da soberania democrática em Maquiavel.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"55 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"76729122","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Henri Lefebvre, em O Direito à Cidade, afirmou que a cidade desde a Idade Clássica foi um objeto especial para o pensamento filosófico: a própria filosofia nasceu na cidade. Outra questão, destacou, seria pensar em um direito à cidade, como direito à vida urbana, transformada, renovada, um direito em formação que ainda não teria entrado nos códigos formalizados. Esse conceito, criado pouco antes de Maio de 1968 e empregado por diversos movimentos sociais desde o fim da década de 1960 até os dias atuais, inclusive no Brasil, foi depois discutido, entre outros autores, por David Harvey. No entanto, esses autores não realizaram exatamente uma articulação com a filosofia do Direito. O artigo tem como objetivo apontar algumas possibilidades dessa articulação, à luz dos movimentos relativos à reforma urbana e ao direito moradia no Brasil, e do processo internacional de criação desse direito.
亨利·列斐伏尔(Henri Lefebvre)在《城市的权利》(the right to city)一书中指出,自古典时代以来,城市一直是哲学思想的特殊对象:哲学本身就是在城市中诞生的。他强调,另一个问题是思考对城市的权利,作为城市生活的权利,经过改造、更新,一种尚未进入正式规范的权利。这个概念是在1968年5月之前提出的,从20世纪60年代末到现在,包括巴西在内的各种社会运动都在使用这个概念,后来由大卫·哈维和其他作者讨论。然而,这些作者并没有完全阐明法律哲学。本文旨在根据巴西与城市改革和住房权有关的运动,以及制定这一权利的国际进程,指出这种联系的一些可能性。
{"title":"Lugares do direito à cidade e a Filosofia do Direito","authors":"Antônio De Pádua Fernandes Bueno","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52847","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52847","url":null,"abstract":"Henri Lefebvre, em O Direito à Cidade, afirmou que a cidade desde a Idade Clássica foi um objeto especial para o pensamento filosófico: a própria filosofia nasceu na cidade. Outra questão, destacou, seria pensar em um direito à cidade, como direito à vida urbana, transformada, renovada, um direito em formação que ainda não teria entrado nos códigos formalizados. Esse conceito, criado pouco antes de Maio de 1968 e empregado por diversos movimentos sociais desde o fim da década de 1960 até os dias atuais, inclusive no Brasil, foi depois discutido, entre outros autores, por David Harvey. No entanto, esses autores não realizaram exatamente uma articulação com a filosofia do Direito. O artigo tem como objetivo apontar algumas possibilidades dessa articulação, à luz dos movimentos relativos à reforma urbana e ao direito moradia no Brasil, e do processo internacional de criação desse direito.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"70 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77811399","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Em tempos plurais hodiernos, reproduz-se um contexto em que coexistem diferentes concepções de verdade, de justiça e de vida digna. Versões de mundo e cosmovisões completamente díspares são paulatinamente legitimadas no grande processo globalizante de inscrição do outro, o que demanda um tipo de racionalidade retórica e argumentativa, única capaz de adaptar-se aos diversos topoi de um mundo cada vez mais multicultural. A proposta é acompanhar esse debate e concluir que a defesa do respeito aos direitos humanos só é possível descomprometendo-se com pressupostos metafísicos excludentes, pseudolaicos, incapazes de gerar respeito mútuo e solidariedade entre todos os interlocutores.
{"title":"Retórica, solidariedade e direitos humanos","authors":"Narbal De Marsillac Fontes","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52779","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52779","url":null,"abstract":"Em tempos plurais hodiernos, reproduz-se um contexto em que coexistem diferentes concepções de verdade, de justiça e de vida digna. Versões de mundo e cosmovisões completamente díspares são paulatinamente legitimadas no grande processo globalizante de inscrição do outro, o que demanda um tipo de racionalidade retórica e argumentativa, única capaz de adaptar-se aos diversos topoi de um mundo cada vez mais multicultural. A proposta é acompanhar esse debate e concluir que a defesa do respeito aos direitos humanos só é possível descomprometendo-se com pressupostos metafísicos excludentes, pseudolaicos, incapazes de gerar respeito mútuo e solidariedade entre todos os interlocutores.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"224 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73293270","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A discussão desenvolvida no presente texto diz respeito à função conceitual adquirida pela Antiguidade na elaboração do ideal de cidade (cité), no pensamento político de Rousseau. A hipótese a ser demonstrada é que o mito da Antiguidade se transmuta num mecanismo de geração de conceitos que dão sustentação à formulação do seu ideal de corpo político, cristalizado no conceito de cité. Procura-se delinear de que maneira a noção mítica da Antiguidade grega se insere na visão de mundo do jovem Rousseau e, posteriormente, no âmbito de seu pensamento político para elucidar os mecanismos pelos quais interfere na elaboração conceitual do ideal político rousseauniano.sentes no seu pensamento.
{"title":"A noção de cidade no pensamento de Rousseau","authors":"Jacira De Freitas","doi":"10.5216/PHI.V23I2.52883","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V23I2.52883","url":null,"abstract":"A discussão desenvolvida no presente texto diz respeito à função conceitual adquirida pela Antiguidade na elaboração do ideal de cidade (cité), no pensamento político de Rousseau. A hipótese a ser demonstrada é que o mito da Antiguidade se transmuta num mecanismo de geração de conceitos que dão sustentação à formulação do seu ideal de corpo político, cristalizado no conceito de cité. Procura-se delinear de que maneira a noção mítica da Antiguidade grega se insere na visão de mundo do jovem Rousseau e, posteriormente, no âmbito de seu pensamento político para elucidar os mecanismos pelos quais interfere na elaboração conceitual do ideal político rousseauniano.sentes no seu pensamento.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"120 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75368171","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
{"title":"Funções Biológicas em Chave Etiológico-Selecionista:","authors":"Filipe Lazzeri","doi":"10.5216/PHI.V24I2.62511","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/PHI.V24I2.62511","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"24 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"70715964","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
As relações entre ciência e religião são complexas. Um dos problemas que se apresentam dizem respeito a por que não constam, na ciência e na história moderna, referências e explicações que apelem a entidades como Deus, anjos e demônios. Duas respostas – entre outras – podem ser dadas ao problema. A primeira é que, dada a natureza da ciência, o sobrenatural está excluído a priori de seu meio. A segunda é que a ciência não contém explicações sobrenaturais, a posteriori, porque tais explicações não se mostraram adequadas durante o desenvolvimento da ciência moderna. Contudo, se não há nenhum impedimento a priori para as explicações sobrenaturais na ciência, sustentaremos, seguindo os argumentos de Dawes (2009; 2011) e Schick (2000), que a melhor resposta ao problema parece ser a solução a posteriori. Porém, discordamos que sustentar tal posição acarrete o cientismo. Contra o cientismo seguimos os argumentos de Feser (2014).
{"title":"O porquê da ausência do sobrenatural na ciência contemporânea: nem apriorismo, nem ateísmo, nem cientismo","authors":"Adilson Alciomar Koslowski","doi":"10.5216/phi.v23i1.47529","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v23i1.47529","url":null,"abstract":"As relações entre ciência e religião são complexas. Um dos problemas que se apresentam dizem respeito a por que não constam, na ciência e na história moderna, referências e explicações que apelem a entidades como Deus, anjos e demônios. Duas respostas – entre outras – podem ser dadas ao problema. A primeira é que, dada a natureza da ciência, o sobrenatural está excluído a priori de seu meio. A segunda é que a ciência não contém explicações sobrenaturais, a posteriori, porque tais explicações não se mostraram adequadas durante o desenvolvimento da ciência moderna. Contudo, se não há nenhum impedimento a priori para as explicações sobrenaturais na ciência, sustentaremos, seguindo os argumentos de Dawes (2009; 2011) e Schick (2000), que a melhor resposta ao problema parece ser a solução a posteriori. Porém, discordamos que sustentar tal posição acarrete o cientismo. Contra o cientismo seguimos os argumentos de Feser (2014). \u0000 ","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"4 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"70715304","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Discute-se a capacidade humana de estabelecer novos começos no mundo. A pergunta que orienta a discussão refere-se à possibilidade da dignidade da política em tempos sombrios e em tempos de crise da democracia e do estado de direito. Parte-se do pressuposto de que a garantia da liberdade compõe o fundamento do Estado Democrático de Direitos, portanto a liberdade deve ser assegurada. No intuito de compreender a liberdade como pressuposto da democracia, objetiva-se elucidar a capacidade humana de trazer a novidade ao mundo, de começar, de iniciar. Para tal utiliza-se como fundamentação teórica os estudos de Hannah Arendt acerca da atividade da ação – onde se faz imprescindível o discurso – e da capacidade de começar; a partir disso busca-se compreender a liberdade. Aponta-se que a dignidade da política encontra resposta na liberdade como o sentido da fundação das comunidades políticas e na possibilidade humana do estabelecimento de novos começos.
{"title":"A possibilidade de novos começos","authors":"Maria Cristina Müller","doi":"10.5216/phi.v23i1.49964","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v23i1.49964","url":null,"abstract":"Discute-se a capacidade humana de estabelecer novos começos no mundo. A pergunta que orienta a discussão refere-se à possibilidade da dignidade da política em tempos sombrios e em tempos de crise da democracia e do estado de direito. Parte-se do pressuposto de que a garantia da liberdade compõe o fundamento do Estado Democrático de Direitos, portanto a liberdade deve ser assegurada. No intuito de compreender a liberdade como pressuposto da democracia, objetiva-se elucidar a capacidade humana de trazer a novidade ao mundo, de começar, de iniciar. Para tal utiliza-se como fundamentação teórica os estudos de Hannah Arendt acerca da atividade da ação – onde se faz imprescindível o discurso – e da capacidade de começar; a partir disso busca-se compreender a liberdade. Aponta-se que a dignidade da política encontra resposta na liberdade como o sentido da fundação das comunidades políticas e na possibilidade humana do estabelecimento de novos começos.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"70715204","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.
{"title":"Direitos humanos, ação política e as subjetivações oceânicas","authors":"Edson Luis de Almeida Teles","doi":"10.5216/phi.v23i1.50095","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v23i1.50095","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"70715065","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Discutir o tema secularização significa obrigatoriamente tratar do comportamento humano em seu relacionamento social. Nos últimos três séculos, tal acepção remete ao ideal da modernidade de conceber uma sociedade com o direito de organizar a vida civil tendo como recurso apenas a razão livre da tutela da autoridade religiosa. Rousseau, tendo apresentado no Contrato social elementos como a defesa da Soberania e da Vontade Geral, não deixa de causar estranheza que no fim da obra apresente uma proposta de Religião civil. É difícil entender que nos primeiros livros do Contrato surjam proposições que sugerem ser o Estado um corpo político autônomo que apresenta a lei estatuída pelo próprio povo como a expressão das condições da associação civil e, surpreendentemente, depois de todo esse fundamento da autonomia, conclua sua obra com o recurso à religião civil, deixando entender ser a religião um elemento fundamental à sociedade. Certamente, Rousseau representa um marco na difusão e compreensão do tema secularização, mas é preciso entender o fato deste ter certo apreço pela religião enquanto outros racionalistas queriam apenas livrar-se dela ou tinham ideias apenas deístas, filosóficas, abstratas, enquanto as suas concediam mais ao sentimento, e também à religião.
{"title":"A secularização e a religião como essenciais ao homem","authors":"Genildo Ferreira da Silva","doi":"10.5216/phi.v23i1.49558","DOIUrl":"https://doi.org/10.5216/phi.v23i1.49558","url":null,"abstract":"Discutir o tema secularização significa obrigatoriamente tratar do comportamento humano em seu relacionamento social. Nos últimos três séculos, tal acepção remete ao ideal da modernidade de conceber uma sociedade com o direito de organizar a vida civil tendo como recurso apenas a razão livre da tutela da autoridade religiosa. Rousseau, tendo apresentado no Contrato social elementos como a defesa da Soberania e da Vontade Geral, não deixa de causar estranheza que no fim da obra apresente uma proposta de Religião civil. É difícil entender que nos primeiros livros do Contrato surjam proposições que sugerem ser o Estado um corpo político autônomo que apresenta a lei estatuída pelo próprio povo como a expressão das condições da associação civil e, surpreendentemente, depois de todo esse fundamento da autonomia, conclua sua obra com o recurso à religião civil, deixando entender ser a religião um elemento fundamental à sociedade. Certamente, Rousseau representa um marco na difusão e compreensão do tema secularização, mas é preciso entender o fato deste ter certo apreço pela religião enquanto outros racionalistas queriam apenas livrar-se dela ou tinham ideias apenas deístas, filosóficas, abstratas, enquanto as suas concediam mais ao sentimento, e também à religião.","PeriodicalId":30368,"journal":{"name":"Philosophos Revista de Filosofia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"70715399","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}