Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.33002
Sophia Ferreiro Pinheiro
Este artigo traça alguns caminhos da trajetória da cineasta Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira Pará Yxapy, a partir das relações que ela estabelece com as imagens e das relações que juntas estabelecemos ao longo de quase uma década de colaboração e amizade. Neste fragmento da minha pesquisa de mestrado, contextualizo o fazer cinema de Patrícia em seu enquadramento cosmológico e social, o atual “estado das coisas” no cinema indígena brasileiro feito por mulheres e as representações imagéticas de Patrícia e de outras cineastas indígenas. Nesse processo, por meio do cinema, Patrícia performa a sua auto-etnografia e auto-mise-en-scène, manipulando o documentário indireto enquanto agente histórica, ou seja, escolhe os meios e as formas de se mostrar, exercendo um espaço de liderança por meio de seu trabalho que tensiona alguns processos da produção artística hegemônica.
{"title":"Fazer filmes e fazer-se no cinema indígena de mulheres indígenas com Patrícia Ferreira Pará Yxapy","authors":"Sophia Ferreiro Pinheiro","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.33002","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.33002","url":null,"abstract":"\u0000 \u0000 \u0000 \u0000Este artigo traça alguns caminhos da trajetória da cineasta Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira Pará Yxapy, a partir das relações que ela estabelece com as imagens e das relações que juntas estabelecemos ao longo de quase uma década de colaboração e amizade. Neste fragmento da minha pesquisa de mestrado, contextualizo o fazer cinema de Patrícia em seu enquadramento cosmológico e social, o atual “estado das coisas” no cinema indígena brasileiro feito por mulheres e as representações imagéticas de Patrícia e de outras cineastas indígenas. Nesse processo, por meio do cinema, Patrícia performa a sua auto-etnografia e auto-mise-en-scène, manipulando o documentário indireto enquanto agente histórica, ou seja, escolhe os meios e as formas de se mostrar, exercendo um espaço de liderança por meio de seu trabalho que tensiona alguns processos da produção artística hegemônica. \u0000 \u0000 \u0000 \u0000","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46877684","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.29312
Ana Lúcia Ferraz
A partir da realização de filmes etnográficos com povos guarani, estudo as retomadas de terras, pensando como é que a partir de suas cosmologias compreendem o problema da terra. Estudando a lógica animada pelas forças e presenças no território, detenho-me na noção guarani de imagem. Proponho discutir a construção da narrativa no filme etnográfico, em particular com os Guarani Nhandeva que vivem na fronteira Brasil/Paraguai. O trabalho deixa-se conduzir pelas questões postas pelo cacique da aldeia retomada que, nos anos 90, recupera suas terras ancestrais, que permanecem ainda hoje em litígio. Como narrar de dentro, a partir de suas percepções, a retomada da terra que é também a da cultura? A partir da apresentação dos temas que são elencados em sua fala e de suas práticas, concebemos um caminho para o filme. Realizo séries de filmes, adequando o recorte narrativo e temático às estratégias que se configuram no encontro etnográfico. É a própria definição de imagem que se reconfigura neste diálogo, de um lado, considerando a noção de previsão, presente na concepção de imagem onírica, de outro, são as técnicas de produção de imagem que, incorporadas pelos povos guarani, permitem ver outras tecnologias.
{"title":"Aprendendo a ver com os povos Guarani","authors":"Ana Lúcia Ferraz","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.29312","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.29312","url":null,"abstract":"A partir da realização de filmes etnográficos com povos guarani, estudo as retomadas de terras, pensando como é que a partir de suas cosmologias compreendem o problema da terra. Estudando a lógica animada pelas forças e presenças no território, detenho-me na noção guarani de imagem. Proponho discutir a construção da narrativa no filme etnográfico, em particular com os Guarani Nhandeva que vivem na fronteira Brasil/Paraguai. O trabalho deixa-se conduzir pelas questões postas pelo cacique da aldeia retomada que, nos anos 90, recupera suas terras ancestrais, que permanecem ainda hoje em litígio. Como narrar de dentro, a partir de suas percepções, a retomada da terra que é também a da cultura? A partir da apresentação dos temas que são elencados em sua fala e de suas práticas, concebemos um caminho para o filme. Realizo séries de filmes, adequando o recorte narrativo e temático às estratégias que se configuram no encontro etnográfico. É a própria definição de imagem que se reconfigura neste diálogo, de um lado, considerando a noção de previsão, presente na concepção de imagem onírica, de outro, são as técnicas de produção de imagem que, incorporadas pelos povos guarani, permitem ver outras tecnologias. ","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41664248","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.29319
C. Reyna, Rafael Garcia Madalen Eiras
O artigo faz uma analise do filme Xica da Silva (1976), do diretor Carlos Diegues trabalhando o conceito de carnavalização aos moldes de Mikhail Bakhtin. Uma estética da inversão que coloca o oprimido como opressor, mas que ao mesmo tempo não foi muito bem vista por alguns críticos da imprensa que acusaram o diretor de usar o apelo da comédia erótica para conquistar o público, trazendo uma visão da mulher negra como objeto sexual. Analise feita através de uma abordagem metodológica do contexto histórico de Marc Ferro, junto a uma revisão da critica feita ao filme depois de sua estreia. Percebendo uma importante discussão acerca da representatividade do negro, num momento em que a intelectualidade brasileira, principalmente a universitária, começa a aderir aos Estudos Culturas. Perspectiva que busca analisar a cultura de massa: literatura popular, rádio, televisão, as mídias em geral; assimilando uma heterogeneidade de temas, como gênero, raça, e sexualidade. Assim a obra está inserida na dinâmica entre uma representatividade equivocada, que não privilegiaria a identidade da mulher negra, e o uso da sensualidade, da carnavalização como uma estratégia de crítica ao poder dominante. Seria, então, Xica da Silva uma transgressora imagem política, ou um objeto sexual idealizado por uma elite branca e de classe média?
本文分析了导演卡洛斯·迪格斯(Carlos Diegues)的电影《西卡·达·席尔瓦》(Xica da Silva,1976),该片以米哈伊尔·巴赫金(Mikhail Bakhtin)为原型,探讨了狂欢化的概念。一种将被压迫者视为压迫者的倒置美学,但同时也不被一些媒体评论家所看好,他们指责导演利用色情喜剧的吸引力来赢得观众,将黑人女性视为性对象。通过对马克·费罗历史背景的方法论分析,以及对电影首映后的批评进行回顾。在巴西知识分子,尤其是大学开始坚持文化研究的时候,意识到了对黑人代表性的重要讨论。试图分析大众文化的视角:大众文学、广播、电视、媒体;吸收诸如性别、种族和性等主题的异质性。因此,这部作品被插入了一种错误的代表性和狂欢化之间的动态中,前者不会使黑人女性的身份享有特权,后者则将狂欢化作为对主导权力的批评策略。那么,西卡·达席尔瓦会是一个越轨的政治形象,还是白人和中产阶级精英理想化的性对象?
{"title":"Carnavalização e a representatividade equivocada da mulher negra em Xica da Silva","authors":"C. Reyna, Rafael Garcia Madalen Eiras","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.29319","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.29319","url":null,"abstract":"O artigo faz uma analise do filme Xica da Silva (1976), do diretor Carlos Diegues trabalhando o conceito de carnavalização aos moldes de Mikhail Bakhtin. Uma estética da inversão que coloca o oprimido como opressor, mas que ao mesmo tempo não foi muito bem vista por alguns críticos da imprensa que acusaram o diretor de usar o apelo da comédia erótica para conquistar o público, trazendo uma visão da mulher negra como objeto sexual. Analise feita através de uma abordagem metodológica do contexto histórico de Marc Ferro, junto a uma revisão da critica feita ao filme depois de sua estreia. Percebendo uma importante discussão acerca da representatividade do negro, num momento em que a intelectualidade brasileira, principalmente a universitária, começa a aderir aos Estudos Culturas. Perspectiva que busca analisar a cultura de massa: literatura popular, rádio, televisão, as mídias em geral; assimilando uma heterogeneidade de temas, como gênero, raça, e sexualidade. Assim a obra está inserida na dinâmica entre uma representatividade equivocada, que não privilegiaria a identidade da mulher negra, e o uso da sensualidade, da carnavalização como uma estratégia de crítica ao poder dominante. Seria, então, Xica da Silva uma transgressora imagem política, ou um objeto sexual idealizado por uma elite branca e de classe média?","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42773945","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.32999
C. Reyna
Apresentação do dossiê "Interpretando a etnografia visual: imagens e a construção de significados antropológicos", organizado por Carlos Pérez Reyna
由Carlos perez Reyna组织的“解读视觉人种学:图像与人类学意义的构建”档案展示
{"title":"Interpretando a etnografia visual: imagens e a construção de significados antropológicos","authors":"C. Reyna","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.32999","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.32999","url":null,"abstract":"Apresentação do dossiê \"Interpretando a etnografia visual: imagens e a construção de significados antropológicos\", organizado por Carlos Pérez Reyna","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48848443","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.29531
A. Rocha, Matheus Cervo, Camila Braz da Silva
Um dos maiores desafios contemporâneos postos à Antropologia Visual/da Imagem realizada nas Sociedades Complexas Brasileiras é o trabalho com a questão ambiental. Neste artigo, expomos duas incursões intelectuais realizadas nos últimos três anos na área temática de pesquisa sobre Memória Ambiental. A intenção é demonstrar, a partir de narrativas textuais e imagéticas, a intersecção entre o trabalho visual com a questão ambiental e a Etnografia da Duração realizada no núcleo de pesquisa Banco de Imagens e Efeitos Visuais (Biev) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Primeiramente, abordamos as intenções teóricas que guiam este percurso intelectual para, posteriormente, demonstrar os desafios de encarar o trabalho do antropólogo visual como um trabalho de memória e patrimônio sobre nossos ecossistemas humanos e não humanos nas cidades brasileiras. Concluímos com reflexões sobre a necessidade de interdisciplinaridade entre os saberes Antropológicos e os oriundos das Ciências da Informação tanto por motivos metodológicos de pesquisa quanto pela atuação expandida dos etnógrafos urbanos em instituições diversas.
{"title":"O trabalho do antropólogo urbano no campo da “Memória Ambiental”: levantamento dos desafios e lacunas de pesquisa a partir de estudos de caso","authors":"A. Rocha, Matheus Cervo, Camila Braz da Silva","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.29531","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.29531","url":null,"abstract":"Um dos maiores desafios contemporâneos postos à Antropologia Visual/da Imagem realizada nas Sociedades Complexas Brasileiras é o trabalho com a questão ambiental. Neste artigo, expomos duas incursões intelectuais realizadas nos últimos três anos na área temática de pesquisa sobre Memória Ambiental. A intenção é demonstrar, a partir de narrativas textuais e imagéticas, a intersecção entre o trabalho visual com a questão ambiental e a Etnografia da Duração realizada no núcleo de pesquisa Banco de Imagens e Efeitos Visuais (Biev) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Primeiramente, abordamos as intenções teóricas que guiam este percurso intelectual para, posteriormente, demonstrar os desafios de encarar o trabalho do antropólogo visual como um trabalho de memória e patrimônio sobre nossos ecossistemas humanos e não humanos nas cidades brasileiras. Concluímos com reflexões sobre a necessidade de interdisciplinaridade entre os saberes Antropológicos e os oriundos das Ciências da Informação tanto por motivos metodológicos de pesquisa quanto pela atuação expandida dos etnógrafos urbanos em instituições diversas.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45254085","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.33006
Wendell Marcel Alves da Costa
Este artigo traz uma abordagem socioantropológica do cinema para tratar o cinema de ficção como acervo antropológico imaginário. Para isso, desenvolvo aproximações teóricas com Gaston Bachelard e Gilbert Durand, a fim refletir por meio de imagens fílmicas o potencial fenomenológico e imaginário do cinema de ficção. Apresento um arsenal teórico e metodológico que cruza a análise de filmes emblemáticos da cinematografia mundial para se referir à imaginação simbólica como acervo antropológico imaginário: dos sonhos, imaginários e imaginações das sociedades que imaginam o mundo e as coisas. Busco, portanto, uma pesquisa interdisciplinar engajada na investigação dos imaginários e signos alegóricos.
{"title":"Socioantropologia do cinema: imaginários e signos alegóricos","authors":"Wendell Marcel Alves da Costa","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.33006","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.33006","url":null,"abstract":"\u0000 \u0000 \u0000 \u0000Este artigo traz uma abordagem socioantropológica do cinema para tratar o cinema de ficção como acervo antropológico imaginário. Para isso, desenvolvo aproximações teóricas com Gaston Bachelard e Gilbert Durand, a fim refletir por meio de imagens fílmicas o potencial fenomenológico e imaginário do cinema de ficção. Apresento um arsenal teórico e metodológico que cruza a análise de filmes emblemáticos da cinematografia mundial para se referir à imaginação simbólica como acervo antropológico imaginário: dos sonhos, imaginários e imaginações das sociedades que imaginam o mundo e as coisas. Busco, portanto, uma pesquisa interdisciplinar engajada na investigação dos imaginários e signos alegóricos. \u0000 \u0000 \u0000 \u0000","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47426111","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.33004
Philippe Lourdou, M. Freire
Segundo Marcel Mauss, estudar o comportamento do corpo humano passa, obrigatoriamente, pela descrição das formas como este se desenvolve no tempo e no espaço. Parece evidente que as imagens em movimento constituem o suporte mais apropriado para levar a cabo essa importante etapa do processo investigativo. No entanto, sabemos que, diferentemente da linguagem escrita, em que é possível privilegiar no decalque daquilo que está sendo observado apenas os aspectos que interessam a quem observa, o suporte fílmico apreende um amálgama indistinto de elementos indissociáveis. Perguntamo-nos, então, como proceder para realçar, enfatizar aqueles que efetivamente concernem os objetivos da descrição. A resposta encontra-se na estratégia de mise-en-scène de que vai lançar mão o cineasta para efetuar o seu registro. Para ilustrar o tipo de problema que as técnicas do corpo podem apresentar ao observador munido de uma câmera cinematográfica, buscaremos expor, nas linhas que seguem, aquele que é, parece-nos, o mais candente: filmar a postura.
{"title":"Filmar a postura, mostrar o antimovimento e revelar uma dimensão ritual nas técnicas do corpo","authors":"Philippe Lourdou, M. Freire","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.33004","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.33004","url":null,"abstract":"\u0000 \u0000 \u0000 \u0000Segundo Marcel Mauss, estudar o comportamento do corpo humano passa, obrigatoriamente, pela descrição das formas como este se desenvolve no tempo e no espaço. Parece evidente que as imagens em movimento constituem o suporte mais apropriado para levar a cabo essa importante etapa do processo investigativo. No entanto, sabemos que, diferentemente da linguagem escrita, em que é possível privilegiar no decalque daquilo que está sendo observado apenas os aspectos que interessam a quem observa, o suporte fílmico apreende um amálgama indistinto de elementos indissociáveis. Perguntamo-nos, então, como proceder para realçar, enfatizar aqueles que efetivamente concernem os objetivos da descrição. A resposta encontra-se na estratégia de mise-en-scène de que vai lançar mão o cineasta para efetuar o seu registro. Para ilustrar o tipo de problema que as técnicas do corpo podem apresentar ao observador munido de uma câmera cinematográfica, buscaremos expor, nas linhas que seguem, aquele que é, parece-nos, o mais candente: filmar a postura. \u0000 \u0000 \u0000 \u0000","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46738995","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.29535
J. M. Mendonça
Esse artigo procura formular alguns apontamentos sobre a história da antropologia visual no Brasil com base em perspectivas de ensino e pesquisa vivenciadas nas últimas décadas. A efervescência experimentada em fins do último milênio, quando diversos laboratórios e núcleos foram criados nas universidades brasileiras, é refletida a partir do momento atual, quando o desenvolvimento rápido de novas tecnologias tornou ainda maiores os desafios iniciais dessa área. Traz também notas históricas e questões de uma pesquisa fotográfica em andamento junto à Universidade da Califórnia, de maneira a recuperar elementos para uma reflexão mais ampla. Como pensar, pois, sobre o lugar das imagens nas instituições e museus antropológicos, bem como, atualmente, nos mais diversos sítios eletrônicos, amplamente acessíveis a partir da rede mundial de computadores? O conjunto das reflexões apresentadas convida a reafirmar a necessidade de novas pesquisas em diversas frentes, com consequentes reconfigurações nos debates relativos ao desenvolvimento dos usos das imagens nas ciências sociais, especialmente na antropologia.
{"title":"Histórias da antropologia visual: apontamentos e reflexões","authors":"J. M. Mendonça","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.29535","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.29535","url":null,"abstract":"Esse artigo procura formular alguns apontamentos sobre a história da antropologia visual no Brasil com base em perspectivas de ensino e pesquisa vivenciadas nas últimas décadas. A efervescência experimentada em fins do último milênio, quando diversos laboratórios e núcleos foram criados nas universidades brasileiras, é refletida a partir do momento atual, quando o desenvolvimento rápido de novas tecnologias tornou ainda maiores os desafios iniciais dessa área. Traz também notas históricas e questões de uma pesquisa fotográfica em andamento junto à Universidade da Califórnia, de maneira a recuperar elementos para uma reflexão mais ampla. Como pensar, pois, sobre o lugar das imagens nas instituições e museus antropológicos, bem como, atualmente, nos mais diversos sítios eletrônicos, amplamente acessíveis a partir da rede mundial de computadores? O conjunto das reflexões apresentadas convida a reafirmar a necessidade de novas pesquisas em diversas frentes, com consequentes reconfigurações nos debates relativos ao desenvolvimento dos usos das imagens nas ciências sociais, especialmente na antropologia.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44218134","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.29536
Lilian Sagio Cezar, Caterine Reginensi, Julia Dias Pereira
Neste artigo as autoras descrevem e analisam o processo de pesquisa desenvolvido a partir de metodologias qualitativas e participativas envolvendo performances e produção audiovisual com jovens integrantes do grupo de teatro Oriundo em articulação ao Projeto de Pesquisa e Extensão AntropoArte (2017 e 2018), numa favela da cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. O processo de pesquisa articula o campo da antropologia, produção audiovisual e arte para discutir com os interlocutores o acesso desigual à cidade e o processo complexo de mudança que alguns desses jovens e suas famílias vivenciaram ao serem removidos da favela Margem da Linha para o programa habitacional “Morar Feliz”. Esses temas foram abordados por meio da proposição dialógica de performances, caminhadas fotográficas, produção de árvores genealógicas e entrevistas com jovens e seus familiares, materiais sistematizados a partir da produção do filme “Caminhadas e Encontros - da Margem da Linha à Tapera III” (33: 01´: 2019) e das ações desenvolvidas pelo grupo teatral que permitiram abordar possíveis contribuições da antropologia às extensão universitária, debatendo os significados que os interlocutores, em sua maioria jovens negros, dão as suas ações e referências estéticas.
在这篇文章中,作者描述并分析了从定性和参与性方法发展而来的研究过程,该方法涉及Oriundo剧团的年轻成员与人类艺术研究和扩展项目(2017年和2018年)的表演和视听制作,该项目位于RJ坎波斯-多斯-戈伊塔卡泽斯市的贫民窟。研究过程阐述了人类学、视听制作和艺术领域,与对话者讨论了进入城市的不平等机会,以及这些年轻人中的一些人及其家人在从Margem da Linha贫民窟搬到住房项目“Morar Feliz”时所经历的复杂变化过程。这些主题是通过表演、摄影散步、家谱制作以及对年轻人及其家人的采访等对话命题来解决的,从电影《Caminhadas e Encontros-da Margem da LinhaàTapera III》(33:01´:2019)的制作中系统化的材料,以及戏剧团体制定的行动,这些行动允许解决人类学对大学扩展的可能贡献,辩论对话者(主要是年轻黑人)在给出他们的动作和美学参考。
{"title":"Antropologia, arte e compartilhamento de saberes sobre a cidade: encontros, caminhadas e produção audiovisual em projeto de pesquisa e extensão universitária","authors":"Lilian Sagio Cezar, Caterine Reginensi, Julia Dias Pereira","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.29536","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.29536","url":null,"abstract":"Neste artigo as autoras descrevem e analisam o processo de pesquisa desenvolvido a partir de metodologias qualitativas e participativas envolvendo performances e produção audiovisual com jovens integrantes do grupo de teatro Oriundo em articulação ao Projeto de Pesquisa e Extensão AntropoArte (2017 e 2018), numa favela da cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. O processo de pesquisa articula o campo da antropologia, produção audiovisual e arte para discutir com os interlocutores o acesso desigual à cidade e o processo complexo de mudança que alguns desses jovens e suas famílias vivenciaram ao serem removidos da favela Margem da Linha para o programa habitacional “Morar Feliz”. Esses temas foram abordados por meio da proposição dialógica de performances, caminhadas fotográficas, produção de árvores genealógicas e entrevistas com jovens e seus familiares, materiais sistematizados a partir da produção do filme “Caminhadas e Encontros - da Margem da Linha à Tapera III” (33: 01´: 2019) e das ações desenvolvidas pelo grupo teatral que permitiram abordar possíveis contribuições da antropologia às extensão universitária, debatendo os significados que os interlocutores, em sua maioria jovens negros, dão as suas ações e referências estéticas.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49144663","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-15DOI: 10.34019/2318-101x.2020.v15.33007
Gustavo Soranz
Ensaio sobre o filme Ex-pajé, a partir da ideia de que este se constrói nos limiares da ficção e do documentário. Não se trata de discutir o estatuto ontológico da ficção ou do documentário nos domínios do cinema, mas sim de identificar como são usadas determinadas estratégias que podem ser identificadas de modo mais recorrente ao cinema de ficção e que, quando adotadas aqui, no caso enfocado, permitem ver como o documentário logra um tipo de resultado final que advém desse lugar limítrofe onde se operam essas passagens entre o ficcional e o documental, que são moduladas conscientemente pelo diretor do filme, sua equipe e seu personagem. Trata-se, portanto, de pensar como o documentário lança mão de estratégias narrativas e estéticas que dissimulam o caráter de representação do cinema, ao mesmo tempo em que elaboram uma narrativa histórica possível, a partir da reconstituição pelos meios do cinema da memória de um personagem particular, a partir de um encontro entre diretor e personagem, articulando evidências visíveis do passado e fabulações subjetivas no presente. Um cinema que narra uma história ao mesmo tempo em que elabora uma possível etnografia visual partindo da sensorialidade do mundo, entre o visível e o não visível.
{"title":"Ex-pajé e as modulações entre ficção e documentário","authors":"Gustavo Soranz","doi":"10.34019/2318-101x.2020.v15.33007","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2020.v15.33007","url":null,"abstract":"\u0000 \u0000 \u0000 \u0000Ensaio sobre o filme Ex-pajé, a partir da ideia de que este se constrói nos limiares da ficção e do documentário. Não se trata de discutir o estatuto ontológico da ficção ou do documentário nos domínios do cinema, mas sim de identificar como são usadas determinadas estratégias que podem ser identificadas de modo mais recorrente ao cinema de ficção e que, quando adotadas aqui, no caso enfocado, permitem ver como o documentário logra um tipo de resultado final que advém desse lugar limítrofe onde se operam essas passagens entre o ficcional e o documental, que são moduladas conscientemente pelo diretor do filme, sua equipe e seu personagem. Trata-se, portanto, de pensar como o documentário lança mão de estratégias narrativas e estéticas que dissimulam o caráter de representação do cinema, ao mesmo tempo em que elaboram uma narrativa histórica possível, a partir da reconstituição pelos meios do cinema da memória de um personagem particular, a partir de um encontro entre diretor e personagem, articulando evidências visíveis do passado e fabulações subjetivas no presente. Um cinema que narra uma história ao mesmo tempo em que elabora uma possível etnografia visual partindo da sensorialidade do mundo, entre o visível e o não visível. \u0000 \u0000 \u0000 \u0000","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47485021","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}