Pub Date : 2022-11-08DOI: 10.34019/2318-101x.2022.v17.38229
Rhuann Fernandes
Este artigo tem o propósito de apresentar a noção de afetos, em especial o amor de conjugalidade e família moderna, a partir da ótica do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). A contar de seus conceitos basilares, defendo que, para pensarmos as emoções em sua obra, temos que levar em consideração sua definição de moralidade. Constato que as interpretações acerca do casamento e da família moderna, instituições ideológicas por excelência — realizadas em suas formulações paradigmáticas sobre a “ciência da sociedade” — contribuíram decisivamente para que o debate sobre os sentimentos se desprendesse das observações hegemônicas da psicologia.
{"title":"imperativo da moralidade e a socialização dos afetos:","authors":"Rhuann Fernandes","doi":"10.34019/2318-101x.2022.v17.38229","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2022.v17.38229","url":null,"abstract":"Este artigo tem o propósito de apresentar a noção de afetos, em especial o amor de conjugalidade e família moderna, a partir da ótica do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). A contar de seus conceitos basilares, defendo que, para pensarmos as emoções em sua obra, temos que levar em consideração sua definição de moralidade. Constato que as interpretações acerca do casamento e da família moderna, instituições ideológicas por excelência — realizadas em suas formulações paradigmáticas sobre a “ciência da sociedade” — contribuíram decisivamente para que o debate sobre os sentimentos se desprendesse das observações hegemônicas da psicologia.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46888193","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.34430
I. Goncalves
Em 18 de maio de 2021, dois dias após a morte do cantor MC Kevin, a Dra. emEducação, Marília Moschkovich, compartilhou pelo Twitter uma notícia do jornal “O Fórum”com as últimas apurações sobre o caso e atribuiu ao sistema monogâmico parte da culpa pelo ocorrido. Seu comentário foi alvo de deboche nas mais diversas plataformas de redes sociais e evidenciou um “desentendimento” (RANCIÈRE, 1996) acerca do assunto. Este artigo parte das críticas feitas à Marília para apresentar os modos como a definição de “monogamia” tem sido pensada pelos integrantes dos próprios movimentos não-monogâmicos no Brasil. Na primeira parte do texto, discorro sobre a minha vinculação enquanto pessoa poliamorista às comunidades não-monogâmicas presentes na plataforma do Facebook. Em seguida, apresento a ideia de “monogamia compulsória” para pensar o debate trazido por Marília e também para apresentar as divergências existentes entre os participantes desses movimentos. Por fim, analiso alguns dados iniciais derivados da minha pesquisa atual de mestrado que versa sobre a busca de um novo amor por casais não-monogâmicos através do Facebook e do Scruff a fim de discutir o então chamado “poliamor neoliberal”.
{"title":"Matemática dos afetos, dissensos e sentidos sociais acerca das noções de \"monogamia\" e \"não-monogamia\"","authors":"I. Goncalves","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.34430","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.34430","url":null,"abstract":"Em 18 de maio de 2021, dois dias após a morte do cantor MC Kevin, a Dra. emEducação, Marília Moschkovich, compartilhou pelo Twitter uma notícia do jornal “O Fórum”com as últimas apurações sobre o caso e atribuiu ao sistema monogâmico parte da culpa pelo ocorrido. Seu comentário foi alvo de deboche nas mais diversas plataformas de redes sociais e evidenciou um “desentendimento” (RANCIÈRE, 1996) acerca do assunto. Este artigo parte das críticas feitas à Marília para apresentar os modos como a definição de “monogamia” tem sido pensada pelos integrantes dos próprios movimentos não-monogâmicos no Brasil. Na primeira parte do texto, discorro sobre a minha vinculação enquanto pessoa poliamorista às comunidades não-monogâmicas presentes na plataforma do Facebook. Em seguida, apresento a ideia de “monogamia compulsória” para pensar o debate trazido por Marília e também para apresentar as divergências existentes entre os participantes desses movimentos. Por fim, analiso alguns dados iniciais derivados da minha pesquisa atual de mestrado que versa sobre a busca de um novo amor por casais não-monogâmicos através do Facebook e do Scruff a fim de discutir o então chamado “poliamor neoliberal”.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49556288","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.34431
Tarcília Fernandes Nascimento
Este artigo busca analisar os discursos de membros de grupos de whatsapp com temáticas sobre poliamor e swing a luz do conceito de círculo encantado da antropóloga Gayle Rubin. Este conceito foi desenvolvido em seu texto Pensando o sexo: notas para uma teoria radical das políticas da sexualidade de 1984, o qual se tornou um marco dos estudos de sexualidade para as ciências sociais. Círculo encantado é o sistema pelo qual as sociedades ocidentais modernas avaliam os atos sexuais de acordo com um sistema hierárquico de valores. Estando algumas poucas práticas dominantes circunscritas pelo círculo, bom sexo, e outras fora deste, mau sexo. As recompensas de se pertencer ao centro do círculo são desde saúde mental, respeitabilidade, legalidade, mobilidade social e física, suporte institucional até benefícios materiais. A proposta deste trabalho é abordar a relação entre dois grupos de sexualidade não-dominante, localizados fora do círculo restritivo do bom sexo apresentado por Rubin. O objetivo é perceber como o círculo encantado se aplica na relação entre estes dois grupos e em relação a ideia de bom e mau sexo.
{"title":"Considerações sobre swing e poliamor a luz do conceito de “círculo encantado” de Gayle Rubin","authors":"Tarcília Fernandes Nascimento","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.34431","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.34431","url":null,"abstract":"Este artigo busca analisar os discursos de membros de grupos de whatsapp com temáticas sobre poliamor e swing a luz do conceito de círculo encantado da antropóloga Gayle Rubin. Este conceito foi desenvolvido em seu texto Pensando o sexo: notas para uma teoria radical das políticas da sexualidade de 1984, o qual se tornou um marco dos estudos de sexualidade para as ciências sociais. Círculo encantado é o sistema pelo qual as sociedades ocidentais modernas avaliam os atos sexuais de acordo com um sistema hierárquico de valores. Estando algumas poucas práticas dominantes circunscritas pelo círculo, bom sexo, e outras fora deste, mau sexo. As recompensas de se pertencer ao centro do círculo são desde saúde mental, respeitabilidade, legalidade, mobilidade social e física, suporte institucional até benefícios materiais. A proposta deste trabalho é abordar a relação entre dois grupos de sexualidade não-dominante, localizados fora do círculo restritivo do bom sexo apresentado por Rubin. O objetivo é perceber como o círculo encantado se aplica na relação entre estes dois grupos e em relação a ideia de bom e mau sexo.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43953400","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.36398
A. Pilão
A partir de 2012, com o registro da primeira escritura pública de união poliafetiva do Brasil, em Tupã (São Paulo), instaurou-se um intenso debate no meio jurídico e na mídia a respeito da legalidade e moralidade do poliamor. Tomando esse caso como referência, o presente trabalho analisa controvérsias relacionadas ao reconhecimento de formas de conjugalidade e família que se diferenciam do modelo baseado no casamento monogâmico e heterossexual. O objetivo é investigar como a monogamia, assim como os arranjos não-monogâmicos, têm sido tratados em diferentes contextos históricos no sistema jurídico brasileiro, destacando o impacto do conceito de “poliafetividade” nesse debate. Argumenta-se que a mononormatividade não é uma realidade fixa, homogênea e ahistórica, pois não se trata de um princípio absoluto e intransponível, mas contextual, performativo e incerto, sendo objeto de agenciamentos e disputas. Nesse sentido, a emergência do debate jurídico sobre poliamor contribuiu, paradoxalmente, para reproduzir e atualizar a norma monogâmica, recolocando-a em discurso, de modo a reforçá-la, mas também deslocá-la, evidenciando a controvérsia existente em torno da ideia de que só há família em uma relação conjugal diádica e exclusiva.
{"title":"Normas em movimento:","authors":"A. Pilão","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.36398","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.36398","url":null,"abstract":"A partir de 2012, com o registro da primeira escritura pública de união poliafetiva do Brasil, em Tupã (São Paulo), instaurou-se um intenso debate no meio jurídico e na mídia a respeito da legalidade e moralidade do poliamor. Tomando esse caso como referência, o presente trabalho analisa controvérsias relacionadas ao reconhecimento de formas de conjugalidade e família que se diferenciam do modelo baseado no casamento monogâmico e heterossexual. O objetivo é investigar como a monogamia, assim como os arranjos não-monogâmicos, têm sido tratados em diferentes contextos históricos no sistema jurídico brasileiro, destacando o impacto do conceito de “poliafetividade” nesse debate. Argumenta-se que a mononormatividade não é uma realidade fixa, homogênea e ahistórica, pois não se trata de um princípio absoluto e intransponível, mas contextual, performativo e incerto, sendo objeto de agenciamentos e disputas. Nesse sentido, a emergência do debate jurídico sobre poliamor contribuiu, paradoxalmente, para reproduzir e atualizar a norma monogâmica, recolocando-a em discurso, de modo a reforçá-la, mas também deslocá-la, evidenciando a controvérsia existente em torno da ideia de que só há família em uma relação conjugal diádica e exclusiva.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41736202","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2022.v17.34572
Jéssica Nunes Silva
Diante da pandemia de Covid-19, a esfera da educação foi reconfigurada profunda e consideravelmente, suscitando dúvidas e produzindo diferentes afetações. O presente artigo dedica-se a mapear e refletir criticamente sobre os efeitos deste evento pandêmico para a educação básica, mais especificamente na esfera do ensino público. Para tal, ampara-se em notas etnográficas tecidas a partir de: i- relatos, impressões e problemáticas captadas por meio de etnografia online em grupos de Whatsapp e Facebook voltados à educação na rede pública; ii- notícias, reportagens midiáticas; e por fim, iii- a interlocução com professoras, familiares e estudantes da rede pública de ensino em Porto Alegre/RS e região metropolitana. Por meio de tais reflexões, são elencadas as problemáticas mais recentes em torno do tema, desde o “ensino remoto”, com suas demandas e fatores complicadores na viabilização em termos de acesso; até as sobrecargas de trabalho e demandas cotidianas vivenciada por professores e estudantes; além dos riscos decorrentes das propostas de retorno às aulas presenciais e ensino híbrido. Conclui-se pela necessidade de engajar-se crítica e ativamente à análise cuidadosa das práticas e políticas excludentes que endossam e reafirmam a tomada da educação enquanto mais um instrumento de aprofundamento e produção de desigualdades.
{"title":"“Voltar para qual escola?”:","authors":"Jéssica Nunes Silva","doi":"10.34019/2318-101x.2022.v17.34572","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2022.v17.34572","url":null,"abstract":"Diante da pandemia de Covid-19, a esfera da educação foi reconfigurada profunda e consideravelmente, suscitando dúvidas e produzindo diferentes afetações. O presente artigo dedica-se a mapear e refletir criticamente sobre os efeitos deste evento pandêmico para a educação básica, mais especificamente na esfera do ensino público. Para tal, ampara-se em notas etnográficas tecidas a partir de: i- relatos, impressões e problemáticas captadas por meio de etnografia online em grupos de Whatsapp e Facebook voltados à educação na rede pública; ii- notícias, reportagens midiáticas; e por fim, iii- a interlocução com professoras, familiares e estudantes da rede pública de ensino em Porto Alegre/RS e região metropolitana. Por meio de tais reflexões, são elencadas as problemáticas mais recentes em torno do tema, desde o “ensino remoto”, com suas demandas e fatores complicadores na viabilização em termos de acesso; até as sobrecargas de trabalho e demandas cotidianas vivenciada por professores e estudantes; além dos riscos decorrentes das propostas de retorno às aulas presenciais e ensino híbrido. Conclui-se pela necessidade de engajar-se crítica e ativamente à análise cuidadosa das práticas e políticas excludentes que endossam e reafirmam a tomada da educação enquanto mais um instrumento de aprofundamento e produção de desigualdades.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42066525","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.36382
Dardo Lorenzo Bornia Junior
Neste artigo, reflito acerca dos agenciamentos não-monogâmicos através da história de Viviane, ativista da Rede de Relações Livres (RLi) de Porto Alegre. Viviane é uma das minhas principais interlocutoras de pesquisa e se define como puta, tendo a vida marcada por episódios intensos de paixão, tesão e sexo. Sua trajetória não-monogâmica tem início na adolescência e conforma momentos distintos de sua vida, como a “pegação” e a “putaria”, a militância nas relações livres e a experiência da maternidade. A partir do olhar cartográfico na antropologia, percorro trilhas em busca de seus agenciamentos, com o objetivo de ir além de perspectivas teóricas que identificam apenas assujeitamento nas experiências do gênero e da sexualidade. Defendo a ideia de que Viviane teve agenciamentos que consolidaram uma trajetória afetiva e sexual orgulhosamente impositiva, na qual manteve a condução de sua vida, apesar das adversidades, convivendo com as dores e as delícias de ser uma mulher puta.
{"title":"Para além do assujeitamento:","authors":"Dardo Lorenzo Bornia Junior","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.36382","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.36382","url":null,"abstract":"Neste artigo, reflito acerca dos agenciamentos não-monogâmicos através da história de Viviane, ativista da Rede de Relações Livres (RLi) de Porto Alegre. Viviane é uma das minhas principais interlocutoras de pesquisa e se define como puta, tendo a vida marcada por episódios intensos de paixão, tesão e sexo. Sua trajetória não-monogâmica tem início na adolescência e conforma momentos distintos de sua vida, como a “pegação” e a “putaria”, a militância nas relações livres e a experiência da maternidade. A partir do olhar cartográfico na antropologia, percorro trilhas em busca de seus agenciamentos, com o objetivo de ir além de perspectivas teóricas que identificam apenas assujeitamento nas experiências do gênero e da sexualidade. Defendo a ideia de que Viviane teve agenciamentos que consolidaram uma trajetória afetiva e sexual orgulhosamente impositiva, na qual manteve a condução de sua vida, apesar das adversidades, convivendo com as dores e as delícias de ser uma mulher puta.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43037378","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.36409
Mônica Barbosa
Partindo de uma perspectiva spinozista, tratada por Gilles Deleuze (1925-1995) como uma etologia, na qual o corpo é definido pelos limiares mínimo e máximo de sua potência, buscamos entender como se fabricam corpos não-monogâmicos, em seu modo singular, o agenciamento indivíduo, e plural, o agenciamento ao qual chamamos de constelações íntimas. Por meio da cartografia, procedimento que traça um mapa dos afetos, analisamos a história de vida de Leci, mulher negra que devém não-monogâmica. Na presente análise destacam-se a resistência ao controle do próprio corpo, os embates com discursos raciais essencialistas e as dificuldades presentes nos processos de desterritorialização da monogamia. Salientam-se também as reterritorializações de sua constelação sob as práticas monogâmicas, sejam pelos conflitos que este modo de vida enfrenta no campo social, sejam pelos sentimentos que suscitam nos indivíduos que os praticam. Palavras-chave: Corpo. Identidade. Não-monogamia. Raça. Constelações íntimas.
{"title":"Fabricando um corpo não-mono:","authors":"Mônica Barbosa","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.36409","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.36409","url":null,"abstract":"Partindo de uma perspectiva spinozista, tratada por Gilles Deleuze (1925-1995) como uma etologia, na qual o corpo é definido pelos limiares mínimo e máximo de sua potência, buscamos entender como se fabricam corpos não-monogâmicos, em seu modo singular, o agenciamento indivíduo, e plural, o agenciamento ao qual chamamos de constelações íntimas. Por meio da cartografia, procedimento que traça um mapa dos afetos, analisamos a história de vida de Leci, mulher negra que devém não-monogâmica. Na presente análise destacam-se a resistência ao controle do próprio corpo, os embates com discursos raciais essencialistas e as dificuldades presentes nos processos de desterritorialização da monogamia. Salientam-se também as reterritorializações de sua constelação sob as práticas monogâmicas, sejam pelos conflitos que este modo de vida enfrenta no campo social, sejam pelos sentimentos que suscitam nos indivíduos que os praticam. \u0000Palavras-chave: Corpo. Identidade. Não-monogamia. Raça. Constelações íntimas.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42806586","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.34439
Geni Daniela Núñez, João Manuel De Oliveira, Mara Coelho De Souza Lago
Neste trabalho buscou-se apresentar perspectivas indígenas às noções de monogamia e não monogamia, tendo o conceito de colonialidade como principal chave de análise. Como inspiração cosmogônica, foi utilizado o conceito de “artesania narrativa guarani”, através do qual foram avaliados os efeitos e reverberações da cristianização na construção da monogamia em Abya Ayla. O trançado teórico-temporal do artigo foi realizado em três fios: no primeiro, foram investigadas as relações entre monogamia e cristianização; no segundo, os efeitos contemporâneos dos discursos presentes nas cartas jesuíticas e no terceiro apresentaram-se as perspectivas filosóficas guarani sobre não monogamia. O referencial teórico foi construído de modo interdisciplinar, contando com as contribuições de historiografias, estudos descoloniais, anticoloniais e relatos orais. Salientou-se que a monogamia insere-se em uma conjuntura dos sistemas coloniais de monocultura (monoteísmo, monogamia, monossexismo) os quais têm em comum os princípios da exclusividade, não concomitância e não convivência. Por outro lado, a não monogamia indígena teria como princípio a floresta como signo de diversidade e concomitância. Como resultado, pontuou-se a importância das vozes indígenas na articulação de perspectivas não monogâmicas e de lutas anticoloniais, rumo a um reflorestamento emocional das relações não só inter humanos, mas com o planeta. Palavras-chave: não monogamia indígena; artesania afetiva; colonialidade.
{"title":"Monogamia e (anti)colonialidades:","authors":"Geni Daniela Núñez, João Manuel De Oliveira, Mara Coelho De Souza Lago","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.34439","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.34439","url":null,"abstract":"Neste trabalho buscou-se apresentar perspectivas indígenas às noções de monogamia e não monogamia, tendo o conceito de colonialidade como principal chave de análise. Como inspiração cosmogônica, foi utilizado o conceito de “artesania narrativa guarani”, através do qual foram avaliados os efeitos e reverberações da cristianização na construção da monogamia em Abya Ayla. O trançado teórico-temporal do artigo foi realizado em três fios: no primeiro, foram investigadas as relações entre monogamia e cristianização; no segundo, os efeitos contemporâneos dos discursos presentes nas cartas jesuíticas e no terceiro apresentaram-se as perspectivas filosóficas guarani sobre não monogamia. O referencial teórico foi construído de modo interdisciplinar, contando com as contribuições de historiografias, estudos descoloniais, anticoloniais e relatos orais. Salientou-se que a monogamia insere-se em uma conjuntura dos sistemas coloniais de monocultura (monoteísmo, monogamia, monossexismo) os quais têm em comum os princípios da exclusividade, não concomitância e não convivência. Por outro lado, a não monogamia indígena teria como princípio a floresta como signo de diversidade e concomitância. Como resultado, pontuou-se a importância das vozes indígenas na articulação de perspectivas não monogâmicas e de lutas anticoloniais, rumo a um reflorestamento emocional das relações não só inter humanos, mas com o planeta. \u0000Palavras-chave: não monogamia indígena; artesania afetiva; colonialidade.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45848086","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.36686
Maria Silvério
Este artigo tem por objetivo analisar como pessoas que mantêm relações poliamorosas heterossexuais lidamcom sua sexualidade em termos de orientação e identidade, além de perceber transformações, ressignificações e convergências entre a sexualidade hegemônica e outras marginalizadas. As análises são baseadas ementrevistas em profundidade realizadas em Belo Horizonte com oito mulheres e seis homens cisgênero. Opoliamor se fundamenta na possibilidade de estabelecer múltiplos relacionamentos afetivo-sexuais ao mesmo tempo com o consentimento de todas as pessoas envolvidas. Observa-se que as pessoas entrevistadasquestionam e recusam noções fixas, incorporando em seus debates a crítica queer de que tais atributos sãomutáveis, fluidos e dinâmicos. No caso das mulheres, uma simples curiosidade em se envolver com outra mulher pode ser suficiente para elas subverterem ou renegarem a heterossexualidade, apesar da predominânciade relacionamentos com homens. Já entre eles, a possibilidade da não-heterossexualidade causa muito maisresistência e conflitos para a construção da própria identidade, orientação e desejos sexuais.
{"title":"Sexualidades múltiplas:","authors":"Maria Silvério","doi":"10.34019/2318-101x.2021.v16.36686","DOIUrl":"https://doi.org/10.34019/2318-101x.2021.v16.36686","url":null,"abstract":"Este artigo tem por objetivo analisar como pessoas que mantêm relações poliamorosas heterossexuais lidamcom sua sexualidade em termos de orientação e identidade, além de perceber transformações, ressignificações e convergências entre a sexualidade hegemônica e outras marginalizadas. As análises são baseadas ementrevistas em profundidade realizadas em Belo Horizonte com oito mulheres e seis homens cisgênero. Opoliamor se fundamenta na possibilidade de estabelecer múltiplos relacionamentos afetivo-sexuais ao mesmo tempo com o consentimento de todas as pessoas envolvidas. Observa-se que as pessoas entrevistadasquestionam e recusam noções fixas, incorporando em seus debates a crítica queer de que tais atributos sãomutáveis, fluidos e dinâmicos. No caso das mulheres, uma simples curiosidade em se envolver com outra mulher pode ser suficiente para elas subverterem ou renegarem a heterossexualidade, apesar da predominânciade relacionamentos com homens. Já entre eles, a possibilidade da não-heterossexualidade causa muito maisresistência e conflitos para a construção da própria identidade, orientação e desejos sexuais.","PeriodicalId":33386,"journal":{"name":"Teoria e Cultura","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41897362","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-02DOI: 10.34019/2318-101x.2021.v16.34852
V. Silva
A possibilidade de vivenciar em público a escolha pelo poliamor é um tema que merece atenção da Ciência Política, pois o Estado pode efetivamente limitar ou possibilitar, via legislação e poder coercitivo, a amplitude da liberdade e autonomia afetiva. As leis são ineficazes para impedir que qualquer tipo de vivência amorosa aconteça no âmbito privado, porém, podem restringir a exposição pública das escolhas afetivas que não são compatíveis com a posição hegemônica. Quem tem direito de tornar pública sua forma de amar ou o modo como vivencia sua afetividade? Atualmente apenas os casais heterossexuais, cisgêneros e supostamente monogâmicos possuem plena aceitação de sua forma de amar, por isso encontram reconhecimento e aceitação no espaço público e na legislação. Todas as outras formas de ser, amar e constituir "família" ainda são consideradas “desviantes” e sua vivência em público encontra barreiras e gera constrangimentos. A proposta deste ensaio é mostrar que a escolha pelo poliamor exige certo engajamento político por parte das pessoas que decidem vivenciar publicamente seus amores múltiplos, simultâneos e mutuamente consentidos. Isso acontece porque quem opta pelo poliamor desafia várias “normas” tratadas como “princípios” ou como o modo “correto” de ser e amar – que combina heteronormatividade, cisnormatividade e mononormatividade.
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