Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549mrsr
M. Ribeiro
Resumo: Com base em uma incursão crítica por debates sobre literatura e cinema mundial, em que busco interrogar o conceito de mundo, este artigo elabora um argumento duplo, no qual está em jogo a questão da mundação, isto é, da configuração de mundos como partilhas do comum. Por um lado, trata-se de um argumento fundamentalmente teórico. Literatura e cinema operam como dispositivos cosmotécnicos sempre que trabalham no sentido de unificar ordem cósmica e ordem moral, inscrevendo o comum (que se define pela contingência e indeterminação) na ordem pretensamente necessária de um arquivo e determinando-o como comunidade. Quando perturbam a unificação de cosmos e moral, insinuando outras partilhas, literatura e cinema operam como aparelhos cosmopoéticos, que restituem ao comum a abertura inquietante de sua contingência e indeterminação. Por outro lado, trata-se de um argumento metodológico. O atlas, entendido como conjunto de mapas, tem sido reivindicado como ferramenta analítica em estudos de literatura mundial e cinema mundial, definindo um programa de pesquisa. Nessas abordagens, literatura e cinema tendem a ser identificados à sua operação como dispositivos cosmotécnicos. Para interrogar sua operação como aparelhos cosmopoéticos, é preciso suplementar o atlas como forma de arquivamento do mundo, experimentando com as possibilidades de uma linhagem associada ao atlas de imagens. Esse argumento duplo conduz à proposição de uma deriva de pesquisa (em vez de um programa): um atlas de cosmopoéticas.
{"title":"Em busca do mundo: literatura e cinema como dispositivos cosmotécnicos e aparelhos cosmopoéticos","authors":"M. Ribeiro","doi":"10.1590/2596-304x20232549mrsr","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549mrsr","url":null,"abstract":"Resumo: Com base em uma incursão crítica por debates sobre literatura e cinema mundial, em que busco interrogar o conceito de mundo, este artigo elabora um argumento duplo, no qual está em jogo a questão da mundação, isto é, da configuração de mundos como partilhas do comum. Por um lado, trata-se de um argumento fundamentalmente teórico. Literatura e cinema operam como dispositivos cosmotécnicos sempre que trabalham no sentido de unificar ordem cósmica e ordem moral, inscrevendo o comum (que se define pela contingência e indeterminação) na ordem pretensamente necessária de um arquivo e determinando-o como comunidade. Quando perturbam a unificação de cosmos e moral, insinuando outras partilhas, literatura e cinema operam como aparelhos cosmopoéticos, que restituem ao comum a abertura inquietante de sua contingência e indeterminação. Por outro lado, trata-se de um argumento metodológico. O atlas, entendido como conjunto de mapas, tem sido reivindicado como ferramenta analítica em estudos de literatura mundial e cinema mundial, definindo um programa de pesquisa. Nessas abordagens, literatura e cinema tendem a ser identificados à sua operação como dispositivos cosmotécnicos. Para interrogar sua operação como aparelhos cosmopoéticos, é preciso suplementar o atlas como forma de arquivamento do mundo, experimentando com as possibilidades de uma linhagem associada ao atlas de imagens. Esse argumento duplo conduz à proposição de uma deriva de pesquisa (em vez de um programa): um atlas de cosmopoéticas.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"370 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352445","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549abmvcl
Anderson Bastos Martins, V. Lage
{"title":"Introdução ao Dossiê Literatura, cultura e (des)globalização","authors":"Anderson Bastos Martins, V. Lage","doi":"10.1590/2596-304x20232549abmvcl","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549abmvcl","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352484","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549ss
Sylvano Santini
Résumé Cet article présente, dans une première partie, le concept de cinéfiction qui caractérise le rapport performatif de la littérature au cinéma. Il réalise, dans une deuxième partie, une analyse cinéfictionnelle dePoint Oméga (2010) de Don DeLillo dont la visée consiste à montrer comment le roman prolonge le ralenti des images de24 Hour Psycho de Douglas Gordon (1993). Cette analyse reprend la notion de « remake » que Sébastien Rongier a développée dans son ouvrageCinématière(2015) pour l’appliquer aux arts et à la littérature qui entretiennent un dialogue avec le cinéma. Je concevrai en ce sensPoint Oméga comme le remake d’un remake. Or, au lieu de caractériser l’aspect poétique de la lenteur dans le récit de DeLillo à partir d’une conception littéraire de la poésie (disposition des mots sur la page, lyrisme, etc.) comme le font certains de ses commentateurs, je propose de l’envisager à partir des conceptions poétiques du cinéma de Jean Epstein et de Pier Paolo Pasolini.
{"title":"Le cinéma, un vieux média ? Ralenti des images et lenteur du récit dans Point Omega de Don DeLillo","authors":"Sylvano Santini","doi":"10.1590/2596-304x20232549ss","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549ss","url":null,"abstract":"Résumé Cet article présente, dans une première partie, le concept de cinéfiction qui caractérise le rapport performatif de la littérature au cinéma. Il réalise, dans une deuxième partie, une analyse cinéfictionnelle dePoint Oméga (2010) de Don DeLillo dont la visée consiste à montrer comment le roman prolonge le ralenti des images de24 Hour Psycho de Douglas Gordon (1993). Cette analyse reprend la notion de « remake » que Sébastien Rongier a développée dans son ouvrageCinématière(2015) pour l’appliquer aux arts et à la littérature qui entretiennent un dialogue avec le cinéma. Je concevrai en ce sensPoint Oméga comme le remake d’un remake. Or, au lieu de caractériser l’aspect poétique de la lenteur dans le récit de DeLillo à partir d’une conception littéraire de la poésie (disposition des mots sur la page, lyrisme, etc.) comme le font certains de ses commentateurs, je propose de l’envisager à partir des conceptions poétiques du cinéma de Jean Epstein et de Pier Paolo Pasolini.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"74 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352581","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549otascgrn
Ottmar Ette, Andrei dos Santos Cunha, Gerson Roberto Neumann
{"title":"Interview mit Prof. Dr. Ottmar Ette","authors":"Ottmar Ette, Andrei dos Santos Cunha, Gerson Roberto Neumann","doi":"10.1590/2596-304x20232549otascgrn","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549otascgrn","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"87 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352373","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549glva
Gabriela Lopes Vasconcellos de Andrade
RESUMO O presente texto versa sobre uma análise do livro Babel, de Antonia Torreão Herrera (2020), e do filme Sinônimos, de Nadav Lapid (2019), no intuito de repensar a língua e a globalização a partir do mito de Babel. Nesse sentido, baseado no pensamento sobre língua e tradução de Jacques Derrida, no conceito de linguajamento de Water Mignolo e na discussão de Michel Foucault sobre Dom Quixote (2012) em diálogo com o filme, busca-se esboçar a problemática da concepção de globalização em uma perspectiva decolonial que critica a lógica binária capital-colonial. Assim, o objetivo é pensar como a poesia de Antonia Torreão Herrera e a narrativa cinematográfica de Nadav Lapid tencionam a tirania da língua e a produção de marginalizações em um contexto global. Para isso, discute-se o conceito de desbabelizar, presente no texto mítico-filosófico-poético de Antonia Torreão Herrera, relacionado à ideia de desglobalização, baseado no pensamento de Pablo Solón, no intuito de repensar os binômios globalizar-babelizar e desglobalizar-desbabelizar. Dessa forma, a partir da interpretação do poema e do filme, foi possível delinear o potencial plástico e ambivalente da língua e da linguagem artística, que rompe com o binarismo tirânico da globalização.
{"title":"Desbabelizar o mito: a língua em Babel, de Antonia Torreão Herrera, e o estrangeiro em Sinônimos, de Nadav Lapid","authors":"Gabriela Lopes Vasconcellos de Andrade","doi":"10.1590/2596-304x20232549glva","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549glva","url":null,"abstract":"RESUMO O presente texto versa sobre uma análise do livro Babel, de Antonia Torreão Herrera (2020), e do filme Sinônimos, de Nadav Lapid (2019), no intuito de repensar a língua e a globalização a partir do mito de Babel. Nesse sentido, baseado no pensamento sobre língua e tradução de Jacques Derrida, no conceito de linguajamento de Water Mignolo e na discussão de Michel Foucault sobre Dom Quixote (2012) em diálogo com o filme, busca-se esboçar a problemática da concepção de globalização em uma perspectiva decolonial que critica a lógica binária capital-colonial. Assim, o objetivo é pensar como a poesia de Antonia Torreão Herrera e a narrativa cinematográfica de Nadav Lapid tencionam a tirania da língua e a produção de marginalizações em um contexto global. Para isso, discute-se o conceito de desbabelizar, presente no texto mítico-filosófico-poético de Antonia Torreão Herrera, relacionado à ideia de desglobalização, baseado no pensamento de Pablo Solón, no intuito de repensar os binômios globalizar-babelizar e desglobalizar-desbabelizar. Dessa forma, a partir da interpretação do poema e do filme, foi possível delinear o potencial plástico e ambivalente da língua e da linguagem artística, que rompe com o binarismo tirânico da globalização.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"26 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352795","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-01DOI: 10.1590/2596-304x20232549ibr
Ingrid Brioso Rieumont
ABSTRACT The Antilles have been described as a bridge between the Global North and South. However, the global study of the Caribbean societies has often been hindered by the very elements used to describe them. Thus, in response, several concepts have been proposed from anthropology, linguistics, and literature to make sense of Caribbean societies’ experiences as a result of the colonial encounter. This study compares two “bridge-concepts,” creolization and transculturation, based on the works of Fernando Ortiz, Édouard Glissant, Jean Bernabé, Patrick Chamoiseau, and Raphael Confiant. Consequently, it sheds light on the concepts’ definitions, and how they address the aspects of temporality, cultural interactions, particularization versus generalization, and the violence of the colonial encounter. By clarifying these concepts and terms like acculturation, Americanization, and Antillanité, the article makes a significant contribution to literary studies as it contextualizes the explanatory potential and limitations of these critical terms for understanding complex phenomena that unfolded in the Caribbean.
{"title":"The Power of Comparison in the Caribbean: Creolization and Transculturation in Perspective","authors":"Ingrid Brioso Rieumont","doi":"10.1590/2596-304x20232549ibr","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232549ibr","url":null,"abstract":"ABSTRACT The Antilles have been described as a bridge between the Global North and South. However, the global study of the Caribbean societies has often been hindered by the very elements used to describe them. Thus, in response, several concepts have been proposed from anthropology, linguistics, and literature to make sense of Caribbean societies’ experiences as a result of the colonial encounter. This study compares two “bridge-concepts,” creolization and transculturation, based on the works of Fernando Ortiz, Édouard Glissant, Jean Bernabé, Patrick Chamoiseau, and Raphael Confiant. Consequently, it sheds light on the concepts’ definitions, and how they address the aspects of temporality, cultural interactions, particularization versus generalization, and the violence of the colonial encounter. By clarifying these concepts and terms like acculturation, Americanization, and Antillanité, the article makes a significant contribution to literary studies as it contextualizes the explanatory potential and limitations of these critical terms for understanding complex phenomena that unfolded in the Caribbean.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"49 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139352841","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.1590/2596-304x20232548gsdo
Danielle Naves de Oliveira, G. C. Silva
RESUMO Este artigo investiga a personagem Vupes, o alemão, do Grande sertão: veredas (1956). Para isso são considerados, a partir da narração de Riobaldo, aspectos históricos, poetológicos e sonoros que possam trazer informações tanto sobre a personagem como sobre a escuta de Riobaldo. Com ênfase na dimensão comunicacional da alteridade, da escuta e da condição de estrangeiro, fizemos um levantamento do estado da arte da relação de Guimarães Rosa com a Alemanha, analisamos cartas, diários, cadernetas, mapas, a biblioteca pessoal e papéis burocráticos do escritor no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).
摘要本文研究了大sertao: veredas(1956)中的人物Vupes, o german。为此,我们从里奥巴多的叙述中考虑历史、诗歌和声音方面,这些方面可以带来关于人物和里奥巴多倾听的信息。强调在沟通方面的差异性,听着和条件的外国人,我们做了一个调查报告的粉红色的吉马良斯和德国的关系,分析书信、日记、日志、地图、图书馆工作人员和作家的官僚文件在巴西圣保罗大学(研究所IEB -USP)。
{"title":"Clave de Vupes ou lições de comunicação e escuta em Grande Sertão: Veredas","authors":"Danielle Naves de Oliveira, G. C. Silva","doi":"10.1590/2596-304x20232548gsdo","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232548gsdo","url":null,"abstract":"RESUMO Este artigo investiga a personagem Vupes, o alemão, do Grande sertão: veredas (1956). Para isso são considerados, a partir da narração de Riobaldo, aspectos históricos, poetológicos e sonoros que possam trazer informações tanto sobre a personagem como sobre a escuta de Riobaldo. Com ênfase na dimensão comunicacional da alteridade, da escuta e da condição de estrangeiro, fizemos um levantamento do estado da arte da relação de Guimarães Rosa com a Alemanha, analisamos cartas, diários, cadernetas, mapas, a biblioteca pessoal e papéis burocráticos do escritor no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"2 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78604957","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.1590/2596-304x20232548dm
Dionei Mathias
RESUMO As diferentes modalidades da literatura de trânsito (literatura de viagem, literatura pós-colonial, literatura de fluxos migratórios nacionais ou internacionais ou literaturas transnacionais) encenam contatos com alteridade. Esses encontros podem ocorrer com outras configurações culturais, mas também podem ser experiências dentro do próprio contexto de socialização. Em ambos os casos, há um deslocamento que propicia encontros, nos quais as redes de sentido interagem. Nessa interação, destaca-se a forma da condução do olhar para o mundo. O indivíduo pode buscar a manutenção de suas redes primárias de sentido, sua revisão ou mesmo uma confluência, em que os sentidos alheios são reciprocamente absorvidos. Implícita às diferentes formas de trânsito, portanto, encontra-se sempre uma atitude diante da diferença com a qual o indivíduo se depara. Essa atitude remete a estratégias de administração do sentido que se diferenciam conforme a narrativa pessoal e a visão de mundo dos sujeitos que participam da interação. Nessa esteira, este artigo deseja discutir a emergência de percursos da percepção na literatura de trânsito e, na sequência, analisar sua representação nos romances Europastraße 5 ( Rodovia Europa 5), de Güney Dal, e Die juristische Unschärfe einer Ehe ( A indeterminação jurídica de um matrimônio), de Olga Grjasnowa.
摘要交通文学的不同形式(旅行文学、后殖民文学、国内或国际移民流动文学或跨国文学)呈现出与他者的接触。这些遭遇可能发生在其他文化背景下,但也可能是社会化背景下的经历。在这两种情况下,都有一种位移,提供了意义网络相互作用的会议。在这种互动中,我们突出了我们看待世界的方式。个人可以寻求维持他的主要感觉网络,它的修正,甚至是一个汇合,在其中其他感觉是相互吸收的。因此,在不同的交通形式中隐含着一种对个体所面临的差异的态度。这种态度指的是根据参与互动的主体的个人叙述和世界观而不同的意义管理策略。在此基础上,本文旨在探讨交通文学中感知路径的出现,并分析其在guney Dal的小说Europastraße 5(欧洲5号公路)和Olga Grjasnowa的小说Die juristische unscharfe einer Ehe(婚姻的法律不确定性)中的表现。
{"title":"Literatura de trânsito e transformações da percepção","authors":"Dionei Mathias","doi":"10.1590/2596-304x20232548dm","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232548dm","url":null,"abstract":"RESUMO As diferentes modalidades da literatura de trânsito (literatura de viagem, literatura pós-colonial, literatura de fluxos migratórios nacionais ou internacionais ou literaturas transnacionais) encenam contatos com alteridade. Esses encontros podem ocorrer com outras configurações culturais, mas também podem ser experiências dentro do próprio contexto de socialização. Em ambos os casos, há um deslocamento que propicia encontros, nos quais as redes de sentido interagem. Nessa interação, destaca-se a forma da condução do olhar para o mundo. O indivíduo pode buscar a manutenção de suas redes primárias de sentido, sua revisão ou mesmo uma confluência, em que os sentidos alheios são reciprocamente absorvidos. Implícita às diferentes formas de trânsito, portanto, encontra-se sempre uma atitude diante da diferença com a qual o indivíduo se depara. Essa atitude remete a estratégias de administração do sentido que se diferenciam conforme a narrativa pessoal e a visão de mundo dos sujeitos que participam da interação. Nessa esteira, este artigo deseja discutir a emergência de percursos da percepção na literatura de trânsito e, na sequência, analisar sua representação nos romances Europastraße 5 ( Rodovia Europa 5), de Güney Dal, e Die juristische Unschärfe einer Ehe ( A indeterminação jurídica de um matrimônio), de Olga Grjasnowa.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"53 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90753948","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.1590/2596-304x20232548vh
Victor Hermann
Resumo Como contar a violência? Em 2019, membros das Forças Armadas desferiram mais de 80 tiros contra uma família da Zona Oeste do Rio de Janeiro, assassinando Evaldo Rosa e Luciano Macedo. Para dar conta de mais outro episódio de violência policial, muitos intérpretes buscaram na crônica “Mineirinho”, de Clarice Lispector, uma maneira de se fazer da “contagem” dos disparos uma “contação” da história da necropolítica brasileira. No presente artigo, seguiremos nesse esteio, propondo uma leitura “jusliterária” do caso. O texto de Clarice servirá como ponto de partida de uma breve análise das mudanças na dinâmica da violência policial no Rio de Janeiro, desde o caso Mineirinho até a morte de Evaldo. Vamos enfatizar a perspectiva clariciana de justiça, isto é, o modo como a autora contradisse a emergente “sensibilidade jurídica” da sociedade brasileira, que passava a ser demarcada pela dicotomia “eu” versus “outro”, pela oposição “trabalhador” versus “bandido”. Buscando aprofundar essa perspectiva alternativa de justiça, nos aprofundaremos na questão do primeiro disparo pois, se o bandido Mineirinho morreu, de acordo com Clarice, com “treze balas quando uma só bastava”, Evaldo não merecia ser alvejado com uma bala sequer.
{"title":"Como contar 80 tiros? A questão do primeiro disparo, segundo Clarice Lispector","authors":"Victor Hermann","doi":"10.1590/2596-304x20232548vh","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232548vh","url":null,"abstract":"Resumo Como contar a violência? Em 2019, membros das Forças Armadas desferiram mais de 80 tiros contra uma família da Zona Oeste do Rio de Janeiro, assassinando Evaldo Rosa e Luciano Macedo. Para dar conta de mais outro episódio de violência policial, muitos intérpretes buscaram na crônica “Mineirinho”, de Clarice Lispector, uma maneira de se fazer da “contagem” dos disparos uma “contação” da história da necropolítica brasileira. No presente artigo, seguiremos nesse esteio, propondo uma leitura “jusliterária” do caso. O texto de Clarice servirá como ponto de partida de uma breve análise das mudanças na dinâmica da violência policial no Rio de Janeiro, desde o caso Mineirinho até a morte de Evaldo. Vamos enfatizar a perspectiva clariciana de justiça, isto é, o modo como a autora contradisse a emergente “sensibilidade jurídica” da sociedade brasileira, que passava a ser demarcada pela dicotomia “eu” versus “outro”, pela oposição “trabalhador” versus “bandido”. Buscando aprofundar essa perspectiva alternativa de justiça, nos aprofundaremos na questão do primeiro disparo pois, se o bandido Mineirinho morreu, de acordo com Clarice, com “treze balas quando uma só bastava”, Evaldo não merecia ser alvejado com uma bala sequer.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"2 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75578736","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-01DOI: 10.1590/2596-304x20232548aca
A. Alves
RESUMO O presente artigo propõe a discussão, a partir do pensamento de tatiana nascimento, da chave de leitura dor/resistência/denúncia, enquanto solução modelar a nossa comunidade científica, no tratamento científico a textos literários amefricanos. O exame do problema requer um diálogo entre o ensaio de tatiana nascimento e um corpus de obras literárias amefricanas, com destaque ao conto “El espíritu africano en Parque Capurro”, de Mónica dos Santos. Por fim, o artigo esboça o silenciamento como categoria de análise às obras literárias. Como uma de suas hipóteses, se ressalta o quanto interpretações a partir da referida chave de leitura correm o risco de implicar um gesto de violência epistêmica, no bojo de nosso fazer-ciência, quando lemos literaturas amefricanas [quiçá naturalmente] como literaturas de nossos Outros.
摘要本文从塔蒂亚娜·纳波托的思想出发,提出了在非洲文学文本的科学处理中,将阅读关键痛苦/抵抗/谴责作为我们科学界的模型解决方案的讨论。对这个问题的研究需要塔蒂亚娜·纳波托的文章和一系列非洲文学作品之间的对话,特别是monica dos Santos的短篇小说《El espirito africano en Parque Capurro》。最后,本文将沉默作为文学作品的一个分析范畴。作为它的假设之一,它强调了在我们的科学实践中,当我们像阅读他人的文学作品一样阅读amefrican文学作品时,对上述阅读钥匙的解释有多少风险意味着一种认知暴力的姿态。
{"title":"tatiana nascimento, pensamento amefricano no presente","authors":"A. Alves","doi":"10.1590/2596-304x20232548aca","DOIUrl":"https://doi.org/10.1590/2596-304x20232548aca","url":null,"abstract":"RESUMO O presente artigo propõe a discussão, a partir do pensamento de tatiana nascimento, da chave de leitura dor/resistência/denúncia, enquanto solução modelar a nossa comunidade científica, no tratamento científico a textos literários amefricanos. O exame do problema requer um diálogo entre o ensaio de tatiana nascimento e um corpus de obras literárias amefricanas, com destaque ao conto “El espíritu africano en Parque Capurro”, de Mónica dos Santos. Por fim, o artigo esboça o silenciamento como categoria de análise às obras literárias. Como uma de suas hipóteses, se ressalta o quanto interpretações a partir da referida chave de leitura correm o risco de implicar um gesto de violência epistêmica, no bojo de nosso fazer-ciência, quando lemos literaturas amefricanas [quiçá naturalmente] como literaturas de nossos Outros.","PeriodicalId":33855,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Literatura Comparada","volume":"70 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81011229","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}