Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.194197
C. E. Vieira
N o livro Sociedade do cansaço, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, professor de filosofia e estudos culturais na Universidade de Berlim, oferece ao leitor a oportunidade de mergulhar no século XXI e reconhecer traços característicos da sociedade ocidental contemporânea que nos permitiriam caracterizá-la como “sociedade do desempenho”, produtora do esgotamento, da exaustão e da depressão. O livro, publicado originalmente em alemão em 2010, e, em língua portuguesa, em 2015, com edição ampliada na sequência, traz um título instigante, que permite ao leitor apropriar-se de uma metáfora que espelha os tempos atuais e que pode conduzi-lo, dentro de certos limites, a nosso ver, a uma compreensão mais profunda da estrutura social. A temática da obra é, sem dúvida, atual. No início do século XXI, em um relatório que antecede a publicação em tela, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) destacava que os problemas de saúde mental respondiam por 12% do peso mundial de doenças. Em torno de 450 milhões de pessoas sofriam, àquela época, de perturbações mentais e do comportamento. Os transtornos mentais, desde então, têm feito uma escalada. A prevenção ao adoecimento psíquico e a promoção da saúde têm sido indicadas pela OMS (2020) como objetivos fundamentais a serem perseguidos pelos países-membros, quando da elaboração e estabelecimento de políticas públicas e programas de saúde. Segundo Han (2017), vivemos uma época na qual as enfermidades não podem mais ser compreendidas sob um paradigma imunológico. As patologias do século XXI não são mais bacteriológicas ou virais, mas neuronais, o que exigiria um novo paradigma habilitado a compreendê-las. A escalada das enfermidades psíquicas de nosso tempo, segundo o autor, está associada ao “excesso de positividade”, à “violência da positividade” ou, em outros termos, à “violência neuronal”, que resulta da lógica da superprodução, do superdesempenho e da supercomunicação. Na visão do filósofo sul-coreano, o paradigma imunológico se mostra insuficiente para a compreensão da violência neuronal, pois subentende um antagonismo entre “dentro e fora”, “amigo e inimigo”, “próprio e estranho” (Han, 2017, p. 16). Em outro paradigma, o da “sociedade do desempenho”, o excesso de positividade é concebido como “igual” para o sujeito, e não produz neste uma reação de defesa, à semelhança do que ocorre em uma infecção viral, que com frequência resulta em uma reação defensiva do indivíduo em face da identificação de um agente invasor, estranho ao corpo. A violência neuronal opera de outro modo. A violência neuronal se baseia na pressuposição de que o sujeito tudo pode (e deve) – evidente manifestação do “excesso de positividade” – e se expressa pela contínua provocação do agir, em um ciclo frenético e interminável. O sujeito não reconhece o excesso de positividade como agente externo que deva ser enfrentado e combatido, mas como possibilidade de ação e, finalmente, como liberdade. Tal liberdade, no entanto, destaca Byung-Chul H
{"title":"Sociedade do cansaço: reflexo da sociedade capitalista de razão neoliberal","authors":"C. E. Vieira","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.194197","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.194197","url":null,"abstract":"N o livro Sociedade do cansaço, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, professor de filosofia e estudos culturais na Universidade de Berlim, oferece ao leitor a oportunidade de mergulhar no século XXI e reconhecer traços característicos da sociedade ocidental contemporânea que nos permitiriam caracterizá-la como “sociedade do desempenho”, produtora do esgotamento, da exaustão e da depressão. O livro, publicado originalmente em alemão em 2010, e, em língua portuguesa, em 2015, com edição ampliada na sequência, traz um título instigante, que permite ao leitor apropriar-se de uma metáfora que espelha os tempos atuais e que pode conduzi-lo, dentro de certos limites, a nosso ver, a uma compreensão mais profunda da estrutura social. A temática da obra é, sem dúvida, atual. No início do século XXI, em um relatório que antecede a publicação em tela, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) destacava que os problemas de saúde mental respondiam por 12% do peso mundial de doenças. Em torno de 450 milhões de pessoas sofriam, àquela época, de perturbações mentais e do comportamento. Os transtornos mentais, desde então, têm feito uma escalada. A prevenção ao adoecimento psíquico e a promoção da saúde têm sido indicadas pela OMS (2020) como objetivos fundamentais a serem perseguidos pelos países-membros, quando da elaboração e estabelecimento de políticas públicas e programas de saúde. Segundo Han (2017), vivemos uma época na qual as enfermidades não podem mais ser compreendidas sob um paradigma imunológico. As patologias do século XXI não são mais bacteriológicas ou virais, mas neuronais, o que exigiria um novo paradigma habilitado a compreendê-las. A escalada das enfermidades psíquicas de nosso tempo, segundo o autor, está associada ao “excesso de positividade”, à “violência da positividade” ou, em outros termos, à “violência neuronal”, que resulta da lógica da superprodução, do superdesempenho e da supercomunicação. Na visão do filósofo sul-coreano, o paradigma imunológico se mostra insuficiente para a compreensão da violência neuronal, pois subentende um antagonismo entre “dentro e fora”, “amigo e inimigo”, “próprio e estranho” (Han, 2017, p. 16). Em outro paradigma, o da “sociedade do desempenho”, o excesso de positividade é concebido como “igual” para o sujeito, e não produz neste uma reação de defesa, à semelhança do que ocorre em uma infecção viral, que com frequência resulta em uma reação defensiva do indivíduo em face da identificação de um agente invasor, estranho ao corpo. A violência neuronal opera de outro modo. A violência neuronal se baseia na pressuposição de que o sujeito tudo pode (e deve) – evidente manifestação do “excesso de positividade” – e se expressa pela contínua provocação do agir, em um ciclo frenético e interminável. O sujeito não reconhece o excesso de positividade como agente externo que deva ser enfrentado e combatido, mas como possibilidade de ação e, finalmente, como liberdade. Tal liberdade, no entanto, destaca Byung-Chul H","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46355192","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.184320
J. C. Figueiredo
Este trabalho tem como objetivo realizar balanço avaliativo e leitura livre das principais questões presentes no texto “O papel do psicólogo na organização industrial (notas sobre o “Lobo Mau” em psicologia)” escrito por Wanderley Codo, publicado em 1984 no livro Psicologia social: O homem em movimento. A proposta assume outra dimensão diante da pandemia do coronavírus, que eclodiu no mundo em dezembro de 2019. Considerando o texto, ainda hoje, de extrema pertinência, propomos seu balanço crítico e uma atualização que aprimore sua influência na formação e atuação da(o) psicóloga(o) do trabalho e organizacional. Busca-se identificar as principais determinações do capital e seus representantes no ambiente de trabalho, sem negar as possibilidades de ajuda às(aos) trabalhadoras(es), em defesa do posto de trabalho, da saúde e da qualidade de vida. São apresentadas indicações de estratégias e táticas para a formação e atuação crítica das(os) profissionais da área. Na conclusão, faz-se uma indicação sucinta das prováveis consequências pós-pandemia para as(os) trabalhadoras(es), diante das quais as(os) psicólogas(os) da área precisarão responder aos desafios colocados.
{"title":"A pandemia e o “Lobo Mau” da Psicologia: sobre a formação e a prática da(o) psicóloga(o) do trabalho e organizacional","authors":"J. C. Figueiredo","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.184320","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.184320","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo realizar balanço avaliativo e leitura livre das principais questões presentes no texto “O papel do psicólogo na organização industrial (notas sobre o “Lobo Mau” em psicologia)” escrito por Wanderley Codo, publicado em 1984 no livro Psicologia social: O homem em movimento. A proposta assume outra dimensão diante da pandemia do coronavírus, que eclodiu no mundo em dezembro de 2019. Considerando o texto, ainda hoje, de extrema pertinência, propomos seu balanço crítico e uma atualização que aprimore sua influência na formação e atuação da(o) psicóloga(o) do trabalho e organizacional. Busca-se identificar as principais determinações do capital e seus representantes no ambiente de trabalho, sem negar as possibilidades de ajuda às(aos) trabalhadoras(es), em defesa do posto de trabalho, da saúde e da qualidade de vida. São apresentadas indicações de estratégias e táticas para a formação e atuação crítica das(os) profissionais da área. Na conclusão, faz-se uma indicação sucinta das prováveis consequências pós-pandemia para as(os) trabalhadoras(es), diante das quais as(os) psicólogas(os) da área precisarão responder aos desafios colocados.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43997063","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183302
João Areosa
O principal objetivo deste texto é apresentar uma perspectiva crítica aos efeitos das técnicas de gestão empresariais sobre a saúde dos trabalhadores. Sabemos que o trabalho é um elemento central na vida das pessoas, porque, entre outros aspetos, a subsistência humana depende maioritariamente do fator trabalho. Essa é uma dimensão ética que tende a ser ignorada no universo laboral contemporâneo. As modernas técnicas de gestão, nomeadamente, a intensificação do trabalho, a qualidade total, a avaliação individual de desempenho, o aumento da precarização, a gestão pelo estresse ou a terceirização estão a destruir as relações sociais de trabalho e, consequentemente, a saúde dos trabalhadores. O adoecimento por via do trabalho é um problema social grave e a sua resolução parece difícil de alcançar, pelo menos nos tempos mais próximos, caso não se alterem profundamente as atuais técnicas de gestão empresariais.
{"title":"Os efeitos iatrogénicos das técnicas de gestão","authors":"João Areosa","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183302","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183302","url":null,"abstract":"O principal objetivo deste texto é apresentar uma perspectiva crítica aos efeitos das técnicas de gestão empresariais sobre a saúde dos trabalhadores. Sabemos que o trabalho é um elemento central na vida das pessoas, porque, entre outros aspetos, a subsistência humana depende maioritariamente do fator trabalho. Essa é uma dimensão ética que tende a ser ignorada no universo laboral contemporâneo. As modernas técnicas de gestão, nomeadamente, a intensificação do trabalho, a qualidade total, a avaliação individual de desempenho, o aumento da precarização, a gestão pelo estresse ou a terceirização estão a destruir as relações sociais de trabalho e, consequentemente, a saúde dos trabalhadores. O adoecimento por via do trabalho é um problema social grave e a sua resolução parece difícil de alcançar, pelo menos nos tempos mais próximos, caso não se alterem profundamente as atuais técnicas de gestão empresariais.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43704311","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183090
Cristiane Barros Marcos, J. Monteiro, Marlon Freitas de Campos, Marina Guerin
As estratégias de mediação, para a psicodinâmica do trabalho, compreendem as estratégias de defesa e as de enfrentamento empregadas pelo trabalhador para mediar o sofrimento laboral. Este estudo visa compreender essas estratégias utilizadas por trabalhadores que executam as políticas públicas sobre drogas no eixo cuidado, em uma cidade do sul do Rio Grande do Sul. De abordagem qualitativa, é transversal e descritivo, e contou com duas etapas: entrevista individual e questionário sociodemográfico com 20 trabalhadores; e grupo focal com sete participantes no primeiro encontro e outros quatro no segundo. Utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin. A priori, foram definidas as categorias estratégias de defesa e estratégias de enfrentamento. Na primeira, as subcategorias encontradas foram: racionalização; negação; desinvestimento afetivo e cognitivo; e isolamento. Na segunda, destacaram-se a transgressão, revoluções moleculares, busca por capacitação e busca por diálogo. Identificou-se a necessidade de espaços de trocas entre o coletivo de trabalhadores. Espera-se subsidiar discussões sobre o funcionamento dos serviços e seu impacto na vida dos trabalhadores, visando promover a saúde mental.
{"title":"Estratégias de mediação utilizadas por trabalhadores da área de drogas","authors":"Cristiane Barros Marcos, J. Monteiro, Marlon Freitas de Campos, Marina Guerin","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183090","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.183090","url":null,"abstract":"As estratégias de mediação, para a psicodinâmica do trabalho, compreendem as estratégias de defesa e as de enfrentamento empregadas pelo trabalhador para mediar o sofrimento laboral. Este estudo visa compreender essas estratégias utilizadas por trabalhadores que executam as políticas públicas sobre drogas no eixo cuidado, em uma cidade do sul do Rio Grande do Sul. De abordagem qualitativa, é transversal e descritivo, e contou com duas etapas: entrevista individual e questionário sociodemográfico com 20 trabalhadores; e grupo focal com sete participantes no primeiro encontro e outros quatro no segundo. Utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin. A priori, foram definidas as categorias estratégias de defesa e estratégias de enfrentamento. Na primeira, as subcategorias encontradas foram: racionalização; negação; desinvestimento afetivo e cognitivo; e isolamento. Na segunda, destacaram-se a transgressão, revoluções moleculares, busca por capacitação e busca por diálogo. Identificou-se a necessidade de espaços de trocas entre o coletivo de trabalhadores. Espera-se subsidiar discussões sobre o funcionamento dos serviços e seu impacto na vida dos trabalhadores, visando promover a saúde mental.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48009752","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.179910
Alessandra Caroline Ortiz Zimmerman, A. Roso, Ana Flavia de Souza
O presente estudo teve como objetivo refletir acerca da experiência de trabalho no Exército Brasileiro e seus efeitos na subjetivação de militares- músicos, identificando suas estratégias de acomodação, resistência e singularização (invenção de vida) para lidarem com o modelo disciplinar e vigilante da instituição. Participaram deste estudo, de caráter qualitativo, descritivo e exploratório, sete sargentos músicos, pertencentes a uma banda de música do exército de uma cidade do Rio Grande do Sul, no Brasil. Para se aproximar das experiências dos participantes, utilizou-se a técnica de grupo focal. As análises foram construídas considerando a noção de poder, especialmente a partir do referencial foucaultiano, e autores do campo das representações sociais. Foi percebida uma distinção entre ser músico ou militar músico, além de um forte sentimento de desvalorização dos militares-músicos. Concluiu-se que a música é um dispositivo importante para a saúde mental dos trabalhadores no exército, propiciando processos de resistência e a permanência em contexto militar.
{"title":"Trabalhando como militar-músico: subjetividade, afetos e antinomias no Exército Brasileiro","authors":"Alessandra Caroline Ortiz Zimmerman, A. Roso, Ana Flavia de Souza","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.179910","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.179910","url":null,"abstract":"O presente estudo teve como objetivo refletir acerca da experiência de trabalho no Exército Brasileiro e seus efeitos na subjetivação de militares- músicos, identificando suas estratégias de acomodação, resistência e singularização (invenção de vida) para lidarem com o modelo disciplinar e vigilante da instituição. Participaram deste estudo, de caráter qualitativo, descritivo e exploratório, sete sargentos músicos, pertencentes a uma banda de música do exército de uma cidade do Rio Grande do Sul, no Brasil. Para se aproximar das experiências dos participantes, utilizou-se a técnica de grupo focal. As análises foram construídas considerando a noção de poder, especialmente a partir do referencial foucaultiano, e autores do campo das representações sociais. Foi percebida uma distinção entre ser músico ou militar músico, além de um forte sentimento de desvalorização dos militares-músicos. Concluiu-se que a música é um dispositivo importante para a saúde mental dos trabalhadores no exército, propiciando processos de resistência e a permanência em contexto militar.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44594525","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.186389
Luciana Mourão, Lucimar dos Santos Reis, Luara Carvalho, H. Sandall
O trabalho doméstico vem passando por mudanças, principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, as mudanças no trabalho doméstico têm sido impulsionadas pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013. Esta pesquisa objetivou discutir a identidade profissional e as relações de trabalho de empregadas domésticas brasileiras a partir dos discursos das próprias trabalhadoras. Assim, foram realizadas dez entrevistas em profundidade, sendo cinco com empregadas mensalistas e cinco com diaristas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas. Seguindo o método de análise dos núcleos de sentido, foram identificados dois núcleos centrais: ingresso na profissão e identidade profissional; e ambiguidade na relação empregada-empregadora ou empregador. Os discursos das trabalhadoras domésticas sinalizaram uma inserção precoce no mundo do trabalho e uma identidade profissional tênue, com relações dúbias entre patroas e empregadas e dúvidas quanto ao reconhecimento e valorização por parte dos empregadores. Os resultados são discutidos à luz da literatura da área e do contexto atual.
{"title":"“Patrão é patrão, empregado é empregado”: identidade profissional de domésticas","authors":"Luciana Mourão, Lucimar dos Santos Reis, Luara Carvalho, H. Sandall","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.186389","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.186389","url":null,"abstract":"O trabalho doméstico vem passando por mudanças, principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, as mudanças no trabalho doméstico têm sido impulsionadas pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013. Esta pesquisa objetivou discutir a identidade profissional e as relações de trabalho de empregadas domésticas brasileiras a partir dos discursos das próprias trabalhadoras. Assim, foram realizadas dez entrevistas em profundidade, sendo cinco com empregadas mensalistas e cinco com diaristas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas. Seguindo o método de análise dos núcleos de sentido, foram identificados dois núcleos centrais: ingresso na profissão e identidade profissional; e ambiguidade na relação empregada-empregadora ou empregador. Os discursos das trabalhadoras domésticas sinalizaram uma inserção precoce no mundo do trabalho e uma identidade profissional tênue, com relações dúbias entre patroas e empregadas e dúvidas quanto ao reconhecimento e valorização por parte dos empregadores. Os resultados são discutidos à luz da literatura da área e do contexto atual.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43975027","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este artigo tem por objetivo geral debater o que é trabalhar no Brasil de 2020, a partir do processo de precarização em sua versão mais atualizada: a uberização. Em específico, nosso objetivo é discutir as estratégias e reinvenções desenvolvidas por uma categoria de trabalhadores uberizados para minimizar ou conter o avanço da precarização. Seguindo a tradição teórico-metodológica da psicologia social do trabalho, conduzimos uma análise temática a partir do perfil oficial do movimento dos Entregadores Antifascistas na rede social Instagram. O material para análise compreende postagens, entrevistas e reportagens em formato escrito e audiovisual, de acesso público. Nossa análise é apresentada a partir de três temas que emergem como fundamentais para o debate proposto: a precarização e seu aprofundamento na pandemia; o empreendedorismo funcionando para a precarização do trabalho; e o encontro da política com o trabalho dos entregadores. Concluímos que acompanhar a emergência e o desenvolvimento de movimentos de trabalhadores no enfrentamento à uberização nos mundos do trabalho permite identificar e compreender as implicações psicossociais dessas novas modalidades de organização do trabalho.
{"title":"Uberização: precarização do trabalho e ação política dos trabalhadores no Brasil de 2020","authors":"Flávia Manuella Uchôa-de-Oliveira, Juliano Almeida Bastos","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.180691","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.180691","url":null,"abstract":"Este artigo tem por objetivo geral debater o que é trabalhar no Brasil de 2020, a partir do processo de precarização em sua versão mais atualizada: a uberização. Em específico, nosso objetivo é discutir as estratégias e reinvenções desenvolvidas por uma categoria de trabalhadores uberizados para minimizar ou conter o avanço da precarização. Seguindo a tradição teórico-metodológica da psicologia social do trabalho, conduzimos uma análise temática a partir do perfil oficial do movimento dos Entregadores Antifascistas na rede social Instagram. O material para análise compreende postagens, entrevistas e reportagens em formato escrito e audiovisual, de acesso público. Nossa análise é apresentada a partir de três temas que emergem como fundamentais para o debate proposto: a precarização e seu aprofundamento na pandemia; o empreendedorismo funcionando para a precarização do trabalho; e o encontro da política com o trabalho dos entregadores. Concluímos que acompanhar a emergência e o desenvolvimento de movimentos de trabalhadores no enfrentamento à uberização nos mundos do trabalho permite identificar e compreender as implicações psicossociais dessas novas modalidades de organização do trabalho.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46967636","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.178809
A. Garbin, Nancy Yasuda, Katia Cheli Kanasawa
Este artigo visa apresentar uma intervenção desenvolvida no âmbito de atuação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Diadema, SP. Os objetivos foram analisar os acidentes de trabalho com adolescentes notificados pela rede municipal de saúde de 2009 a 2019 e relatar as estratégias intersetoriais e as ações de vigilância e prevenção implementadas. Foram analisados os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, relatórios técnicos das vigilâncias e registros de reuniões e eventos da equipe. Dos 5.179 acidentes de trabalho graves notificados, 7,5% atingiram jovens entre 14 e 17 anos, sendo 72% do sexo masculino e 28% do feminino. A compreensão do fenômeno de modo ampliado foi favorecida pela discussão intersetorial e pelo matriciamento na saúde. Foram constatadas as dificuldades dos profissionais de saúde em identificar o acidente de trabalho e a negação dos pais sobre as condições adversas de trabalho. Espera-se superar a invisibilidade e subnotificação das situações de trabalho infantil e contribuir para aplicação dos princípios da precaução e da prevenção para construir paradigmas protetivos sobre as crianças e suas famílias no enfrentamento do trabalho infantil.
{"title":"Vigilância em Saúde do Trabalhador e articulações intersetoriais no enfrentamento do trabalho infantil em Diadema, SP, Brasil","authors":"A. Garbin, Nancy Yasuda, Katia Cheli Kanasawa","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.178809","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.178809","url":null,"abstract":"Este artigo visa apresentar uma intervenção desenvolvida no âmbito de atuação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Diadema, SP. Os objetivos foram analisar os acidentes de trabalho com adolescentes notificados pela rede municipal de saúde de 2009 a 2019 e relatar as estratégias intersetoriais e as ações de vigilância e prevenção implementadas. Foram analisados os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, relatórios técnicos das vigilâncias e registros de reuniões e eventos da equipe. Dos 5.179 acidentes de trabalho graves notificados, 7,5% atingiram jovens entre 14 e 17 anos, sendo 72% do sexo masculino e 28% do feminino. A compreensão do fenômeno de modo ampliado foi favorecida pela discussão intersetorial e pelo matriciamento na saúde. Foram constatadas as dificuldades dos profissionais de saúde em identificar o acidente de trabalho e a negação dos pais sobre as condições adversas de trabalho. Espera-se superar a invisibilidade e subnotificação das situações de trabalho infantil e contribuir para aplicação dos princípios da precaução e da prevenção para construir paradigmas protetivos sobre as crianças e suas famílias no enfrentamento do trabalho infantil.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48054830","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.181632
Vanessa Miranda, Odair Furtado
Este artigo discute a organização de movimentos populares no ABC Paulista e na Grande São Paulo e suas lutas pela democracia durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Concomitante a uma sistemática de trabalho de base e de busca de diálogo constante com a classe trabalhadora, encontramos nesse período significativa elaboração, confecção e distribuição de materiais de comunicação popular produzidos pelos próprios movimentos atuantes nas décadas de 1970 e 1980. Da análise desses registros, depreende-se processos de organização, cultura e solidariedade, evidenciando-os como dimensão subjetiva da realidade. A partir da psicologia sócio-histórica, identificamos nessas experiências criações de linguagem visual e escrita que desejam transformar e comunicar aspectos culturais da classe trabalhadora voltados à autonomia dos sujeitos, sua emancipação e práticas de solidariedade diante de adversidades socioeconômicas e da violência de Estado. Nesse percurso, buscamos empreender um diálogo interdisciplinar com a psicologia social e autores ligados às áreas de história, artes visuais e estudos histórico- culturais.
{"title":"Cultura de solidariedade e comunicação popular: análise sócio-histórica de publicações impressas de trabalhadores e trabalhadoras (ABC e Grande São Paulo, décadas de 1970 e 1980)","authors":"Vanessa Miranda, Odair Furtado","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.181632","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.181632","url":null,"abstract":"Este artigo discute a organização de movimentos populares no ABC Paulista e na Grande São Paulo e suas lutas pela democracia durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Concomitante a uma sistemática de trabalho de base e de busca de diálogo constante com a classe trabalhadora, encontramos nesse período significativa elaboração, confecção e distribuição de materiais de comunicação popular produzidos pelos próprios movimentos atuantes nas décadas de 1970 e 1980. Da análise desses registros, depreende-se processos de organização, cultura e solidariedade, evidenciando-os como dimensão subjetiva da realidade. A partir da psicologia sócio-histórica, identificamos nessas experiências criações de linguagem visual e escrita que desejam transformar e comunicar aspectos culturais da classe trabalhadora voltados à autonomia dos sujeitos, sua emancipação e práticas de solidariedade diante de adversidades socioeconômicas e da violência de Estado. Nesse percurso, buscamos empreender um diálogo interdisciplinar com a psicologia social e autores ligados às áreas de história, artes visuais e estudos histórico- culturais.\u0000 ","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47832002","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-13DOI: 10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.163364
Regina Clara de Aguiar
Este artigo apresenta aspectos de um estudo realizado com dez mulheres inseridas na luta pela terra no estado de Rondônia que foram eleitas a partir de três movimentos sociais do campo. Nesse sentido, relata a experiência com o método etnográfico, utilizando o recurso audiovisual em uma pesquisa no campo da Psicologia Social, e trata da elaboração e utilização do documentário etnográfico como ferramenta importante para a abordagem dessas dinâmicas envolvendo grupos sociais, com o firme objetivo de fazer frente a Homo sapiens sapiens determinados segmentos em benefício comum. A ideia que guiou o texto teve como fio condutor a cotidianidade e a educação não formal, além do conjunto de memórias relacionadas à participação feminina no trabalho, na luta e permanência na terra, assim como o papel da comunicação – com especificidade na produção e realização de um audiovisual editado no formato de um documentário etnográfico – com embasamento teórico na psicologia social e nas reflexões em torno das ruralidades e das lutas sociais na Amazônia. A proposta inicial que conduziu a imersão no campo etnográfico foi a realização do vídeo Camponesas na luta em defesa da terra e da vida, que conta a trajetória dessas militantes da luta pela terra no estado de Rondônia, tendo em vista que a produção e realização desse vídeo se encontra na perspectiva de se mostrar uma etapa importante, com o audiovisual enquanto metodologia para a pesquisa etnográfica na psicologia social. E, como o documentário pode ser utilizado de forma dinâmica, pode ser um importante suporte de abordagem em pesquisas dessa disciplina
{"title":"Camponesas na luta em defesa da terra e da vida","authors":"Regina Clara de Aguiar","doi":"10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.163364","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2022.163364","url":null,"abstract":"Este artigo apresenta aspectos de um estudo realizado com dez mulheres inseridas na luta pela terra no estado de Rondônia que foram eleitas a partir de três movimentos sociais do campo. Nesse sentido, relata a experiência com o método etnográfico, utilizando o recurso audiovisual em uma pesquisa no campo da Psicologia Social, e trata da elaboração e utilização do documentário etnográfico como ferramenta importante para a abordagem dessas dinâmicas envolvendo grupos sociais, com o firme objetivo de fazer frente a Homo sapiens sapiens determinados segmentos em benefício comum. A ideia que guiou o texto teve como fio condutor a cotidianidade e a educação não formal, além do conjunto de memórias relacionadas à participação feminina no trabalho, na luta e permanência na terra, assim como o papel da comunicação – com especificidade na produção e realização de um audiovisual editado no formato de um documentário etnográfico – com embasamento teórico na psicologia social e nas reflexões em torno das ruralidades e das lutas sociais na Amazônia. A proposta inicial que conduziu a imersão no campo etnográfico foi a realização do vídeo Camponesas na luta em defesa da terra e da vida, que conta a trajetória dessas militantes da luta pela terra no estado de Rondônia, tendo em vista que a produção e realização desse vídeo se encontra na perspectiva de se mostrar uma etapa importante, com o audiovisual enquanto metodologia para a pesquisa etnográfica na psicologia social. E, como o documentário pode ser utilizado de forma dinâmica, pode ser um importante suporte de abordagem em pesquisas dessa disciplina","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48339542","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}