Pub Date : 2020-12-16DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v23i1p65-78
R. Juliani, R. A. Scopinho
O artigo analisa as vivências de um grupo de trabalhadores LGBTs que visivelmente destoam dos padrões heteronormativos, para compreender as suas percepções sobre o mercado de trabalho, as formas definidas para lidar com as adversidades e os significados que atribuem ao trabalho. A sociedade contemporânea, hegemonicamente heteronormativa, conservadora e neoliberal, marginaliza as pessoas LGBTs nos diversos âmbitos da vida social, especialmente no trabalho. As identidades sexuais e de gênero são construções históricas, culturais e performativas que as transformações políticas e econômicas procuram negar ao reafirmarem a existência de uma matriz heterossexual que regula as sexualidades e a constituição dos sujeitos considerados aptos para o mundo do trabalho. Porém, para o grupo entrevistado, trabalhar, além de garantir a reprodução social, é tanto viver constrangimentos, sofrimentos e preconceitos quanto, por meio da luta cotidiana, aprender a superar barreiras, autoafirmar identidades e expressões de gênero, experimentar o reconhecimento e o exercício da cidadania, o que significa um esforço adicional pela sobrevivência.
{"title":"Os lugares do diferente no trabalho contemporâneo: trajetórias de pessoas LGBTs","authors":"R. Juliani, R. A. Scopinho","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v23i1p65-78","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i1p65-78","url":null,"abstract":"O artigo analisa as vivências de um grupo de trabalhadores LGBTs que visivelmente destoam dos padrões heteronormativos, para compreender as suas percepções sobre o mercado de trabalho, as formas definidas para lidar com as adversidades e os significados que atribuem ao trabalho. A sociedade contemporânea, hegemonicamente heteronormativa, conservadora e neoliberal, marginaliza as pessoas LGBTs nos diversos âmbitos da vida social, especialmente no trabalho. As identidades sexuais e de gênero são construções históricas, culturais e performativas que as transformações políticas e econômicas procuram negar ao reafirmarem a existência de uma matriz heterossexual que regula as sexualidades e a constituição dos sujeitos considerados aptos para o mundo do trabalho. Porém, para o grupo entrevistado, trabalhar, além de garantir a reprodução social, é tanto viver constrangimentos, sofrimentos e preconceitos quanto, por meio da luta cotidiana, aprender a superar barreiras, autoafirmar identidades e expressões de gênero, experimentar o reconhecimento e o exercício da cidadania, o que significa um esforço adicional pela sobrevivência.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49530757","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-16DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v23i1pi-iii
R. A. Scopinho, Leny Sato, Fábio de Oliveira
{"title":"Editorial","authors":"R. A. Scopinho, Leny Sato, Fábio de Oliveira","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v23i1pi-iii","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i1pi-iii","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42865948","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v21i1p33-43
Maria Elizabeth Antunes Lima, Indira Barreto Trindade
O artigo apresenta a trajetória de uma trabalhadora que encontrou na catação de material reciclável sua própria sobrevivência e a de seus familiares. Por meio de um estudo de caso baseado no Método Biográfico, conforme foi proposto por Louis Le Guillant (2006), buscou-se apreender o sentido que essa catadora atribui ao seu trabalho. Foram realizadas entrevistas em profundidade, além de uma pesquisa documental, visando conhecer a história da associação à qual ela está vinculada. Os resultados oferecem uma maior visibilidade ao catador e ao trabalho que realiza, concluindo que, apesar de ser pouco valorizado socialmente, para além da garantia da sobrevivência, esse trabalho pode ser fonte de reconhecimento e de identidade, permitindo a emergência de novas perspectivas de vida e a projeção de um futuro melhor. Os resultados apontam ainda que a atividade de catação, embora realizada sob condições adversas, não se reduz à luta contra o sofrimento, podendo ser percebida também como fonte permanente de recriação e de novas formas de viver.
这篇文章介绍了一名工人的轨迹,她在收集的可回收材料中发现了自己和家人的生存。通过Louis Le Guillant(2006)提出的基于传记方法的案例研究,我们试图理解这位拾荒者对她的作品的意义。进行了深入采访,并进行了一项文献研究,旨在了解与之相关的协会的历史。研究结果为拾荒者和他所做的工作提供了更大的可见性,得出的结论是,尽管在社会上很少受到重视,但除了确保生存外,这项工作还可以成为认可和认同的来源,从而产生新的生活视角,并预测更美好的未来。研究结果还表明,收集活动虽然是在不利条件下进行的,但并没有减少到与痛苦作斗争,也可以被视为娱乐和新生活方式的永久来源。
{"title":"O sentido do trabalho no contexto da atividade do catador da material reciclável","authors":"Maria Elizabeth Antunes Lima, Indira Barreto Trindade","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v21i1p33-43","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i1p33-43","url":null,"abstract":"O artigo apresenta a trajetória de uma trabalhadora que encontrou na catação de material reciclável sua própria sobrevivência e a de seus familiares. Por meio de um estudo de caso baseado no Método Biográfico, conforme foi proposto por Louis Le Guillant (2006), buscou-se apreender o sentido que essa catadora atribui ao seu trabalho. Foram realizadas entrevistas em profundidade, além de uma pesquisa documental, visando conhecer a história da associação à qual ela está vinculada. Os resultados oferecem uma maior visibilidade ao catador e ao trabalho que realiza, concluindo que, apesar de ser pouco valorizado socialmente, para além da garantia da sobrevivência, esse trabalho pode ser fonte de reconhecimento e de identidade, permitindo a emergência de novas perspectivas de vida e a projeção de um futuro melhor. Os resultados apontam ainda que a atividade de catação, embora realizada sob condições adversas, não se reduz à luta contra o sofrimento, podendo ser percebida também como fonte permanente de recriação e de novas formas de viver.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42459802","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v21i1p45-59
Kátia Barbosa Macêdo, Roberto Heloani
O objetivo do texto é apresentar dados que constituíram a arqueologia da Psicodinâmica do Trabalho no Brasil. Metodologia: foram realizadas 16 entrevistas individuais com Dejours e outros pesquisadores brasileiros que contribuíram para a introdução e disseminação dela no país e que adotam a abordagem em suas pesquisas. Para as entrevistas, considerou-se como critério o levantamento dos pesquisadores que estiveram no CNAM e os componentes do GT (Grupo de Trabalho em Psicodinâmica do Trabalho) da ANPEPP (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa no Brasil). Os resultados são apresentados considerando quatro aspectos: as raízes da Psicodinâmica do Trabalho no Brasil; a expansão da Psicodinâmica no Brasil; divergências e convergências entre contexto francês e brasileiro; e críticas e limitações em relação à Psicodinâmica do Trabalho. Seguem as considerações finais.
{"title":"A arqueologia da psicodinâmica do trabalho no Brasil","authors":"Kátia Barbosa Macêdo, Roberto Heloani","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v21i1p45-59","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i1p45-59","url":null,"abstract":"O objetivo do texto é apresentar dados que constituíram a arqueologia da Psicodinâmica do Trabalho no Brasil. Metodologia: foram realizadas 16 entrevistas individuais com Dejours e outros pesquisadores brasileiros que contribuíram para a introdução e disseminação dela no país e que adotam a abordagem em suas pesquisas. Para as entrevistas, considerou-se como critério o levantamento dos pesquisadores que estiveram no CNAM e os componentes do GT (Grupo de Trabalho em Psicodinâmica do Trabalho) da ANPEPP (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa no Brasil). Os resultados são apresentados considerando quatro aspectos: as raízes da Psicodinâmica do Trabalho no Brasil; a expansão da Psicodinâmica no Brasil; divergências e convergências entre contexto francês e brasileiro; e críticas e limitações em relação à Psicodinâmica do Trabalho. Seguem as considerações finais.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41633391","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P181-195
Arilson Silva da Silva, Carla Raniele de Carvalho Santos, Mônica Gurjão Carvalho
A pesquisa, fundamentada na articulação da psicologia sócio-histórica e da psicodinâmica do trabalho, buscou compreender aspectos da subjetividade de trabalhadoras sexuais na cidade de São Paulo. Trata-se de pesquisa qualitativa que utilizou, para obtenção de dados, entrevistas semidirigidas. Participaram quatro trabalhadoras sexuais e uma extrabalhadora sexual que lidera uma ONG de acolhimento a trabalhadoras sexuais. A análise do material se deu por meio da identificação de núcleos de significação. Buscou-se contextualizar os aspectos subjetivos obtidos pelas entrevistas com uma perspectiva histórica, social e cultural. A articulação entre significados e sentidos aponta para aspectos de prazer e sofrimento no trabalho sexual. Os resultados indicaram que as trabalhadoras sexuais são socialmente subalternizadas e alvo de diferentes preconceitos. Permanecem, assim, à margem da sociedade. As trabalhadoras apontaram que as vivências de prazer e sofrimento não se associam unicamente à prática sexual, mas, também, ao relacionamento com os colegas, ao ambiente em que a atividade é exercida e a diversas situações relacionadas à organização do trabalho sexual.
{"title":"Entre prazeres e sofrimentos","authors":"Arilson Silva da Silva, Carla Raniele de Carvalho Santos, Mônica Gurjão Carvalho","doi":"10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P181-195","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P181-195","url":null,"abstract":"A pesquisa, fundamentada na articulação da psicologia sócio-histórica e da psicodinâmica do trabalho, buscou compreender aspectos da subjetividade de trabalhadoras sexuais na cidade de São Paulo. Trata-se de pesquisa qualitativa que utilizou, para obtenção de dados, entrevistas semidirigidas. Participaram quatro trabalhadoras sexuais e uma extrabalhadora sexual que lidera uma ONG de acolhimento a trabalhadoras sexuais. A análise do material se deu por meio da identificação de núcleos de significação. Buscou-se contextualizar os aspectos subjetivos obtidos pelas entrevistas com uma perspectiva histórica, social e cultural. A articulação entre significados e sentidos aponta para aspectos de prazer e sofrimento no trabalho sexual. Os resultados indicaram que as trabalhadoras sexuais são socialmente subalternizadas e alvo de diferentes preconceitos. Permanecem, assim, à margem da sociedade. As trabalhadoras apontaram que as vivências de prazer e sofrimento não se associam unicamente à prática sexual, mas, também, ao relacionamento com os colegas, ao ambiente em que a atividade é exercida e a diversas situações relacionadas à organização do trabalho sexual.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49207850","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v21i1p87-101
Maria Chalfin Coutinho, Geruza Tavares D'´Avila, Tielly Rosado Maders, M. Morais
Em um contexto de mudanças na legislação, com ampliação de direitos no trabalho doméstico, foi desenvolvida uma pesquisa para investigar as práticas e os sentidos produzidos no cotidiano de trabalhadoras domésticas. A pesquisa foi realizada em duas regiões metropolitanas brasileiras: Grande Florianópolis e Baixada Fluminense. A partir dos chamados métodos biográficos, foram entrevistadas 27 trabalhadoras domésticas, mensalistas e diaristas, tendo como instrumentos complementares fotografias e agenda colorida. A análise resultou na identificação de três núcleos de significação: 1) trajetórias educacionais e laborais, 2) vivências no trabalho e 3) gestão da vida cotidiana e trabalho. As trajetórias revelam entrada precoce na vida laboral e baixa escolaridade como fatores que contribuíram para que exercessem o trabalho doméstico remunerado. As vivências foram permeadas por ambiguidades afetivas nas relações com contratantes e familiares, particularmente para as mensalistas. A gestão do cotidiano revela peculiaridades do trabalho de diaristas e mensalistas e capacidade de negociação com uso de astúcias e saberes tácitos. A análise evidencia a articulação entre ambiguidades afetivas e demandas imperativas num cotidiano de trabalho intenso, íntimo e com traços de herança escravagista.
{"title":"Trabalhadoras domésticas","authors":"Maria Chalfin Coutinho, Geruza Tavares D'´Avila, Tielly Rosado Maders, M. Morais","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v21i1p87-101","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i1p87-101","url":null,"abstract":"Em um contexto de mudanças na legislação, com ampliação de direitos no trabalho doméstico, foi desenvolvida uma pesquisa para investigar as práticas e os sentidos produzidos no cotidiano de trabalhadoras domésticas. A pesquisa foi realizada em duas regiões metropolitanas brasileiras: Grande Florianópolis e Baixada Fluminense. A partir dos chamados métodos biográficos, foram entrevistadas 27 trabalhadoras domésticas, mensalistas e diaristas, tendo como instrumentos complementares fotografias e agenda colorida. A análise resultou na identificação de três núcleos de significação: 1) trajetórias educacionais e laborais, 2) vivências no trabalho e 3) gestão da vida cotidiana e trabalho. As trajetórias revelam entrada precoce na vida laboral e baixa escolaridade como fatores que contribuíram para que exercessem o trabalho doméstico remunerado. As vivências foram permeadas por ambiguidades afetivas nas relações com contratantes e familiares, particularmente para as mensalistas. A gestão do cotidiano revela peculiaridades do trabalho de diaristas e mensalistas e capacidade de negociação com uso de astúcias e saberes tácitos. A análise evidencia a articulação entre ambiguidades afetivas e demandas imperativas num cotidiano de trabalho intenso, íntimo e com traços de herança escravagista.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46607254","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P197-208
Newton Claizoni Moreno Melo, D. P. Dourado, J. R. Mendonça
Neste ensaio argumentamos contra a tendência reificante de considerar a organização como uma coisa em si, nublando definitivamente as pessoas reais e as relações sociais que nela se estabelecem. Ao mesmo tempo, dada a necessidade do organizar e o crescente papel de mediação exercido pelas organizações na sociedade, reconhecemos que a compreensão dos fenômenos organizacionais é parte importante do esforço para compreender a própria sociedade. Nesse contexto de conhecimento e interesse, defendemos que a disciplina de Comportamento Organizacional está bem posicionada para essa tarefa e possui recursos para contrariar a tendência à reificação da organização. Mas isso não significa que essa disciplina esteja livre de armadilhas. Por isso, questionamos a centralidade da organização nesses mesmos estudos tanto em termos valorativos quanto em termos conceituais. No aspecto valorativo, discutimos a posição de vantagem que a organização goza frente aos indivíduos, particularmente frente aos trabalhadores. No aspecto conceitual, problematizamos a questão do ser da organização, ou pelo menos a ideia que dela se faz. Propomos, ao fim, a recuperação do trabalho como categoria central de análise dos fenômenos organizacionais como forma de superar a ameaça de uma teorização reificante.
{"title":"Comportamento organizacional e a armadilha da organização reificada","authors":"Newton Claizoni Moreno Melo, D. P. Dourado, J. R. Mendonça","doi":"10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P197-208","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P197-208","url":null,"abstract":"Neste ensaio argumentamos contra a tendência reificante de considerar a organização como uma coisa em si, nublando definitivamente as pessoas reais e as relações sociais que nela se estabelecem. Ao mesmo tempo, dada a necessidade do organizar e o crescente papel de mediação exercido pelas organizações na sociedade, reconhecemos que a compreensão dos fenômenos organizacionais é parte importante do esforço para compreender a própria sociedade. Nesse contexto de conhecimento e interesse, defendemos que a disciplina de Comportamento Organizacional está bem posicionada para essa tarefa e possui recursos para contrariar a tendência à reificação da organização. Mas isso não significa que essa disciplina esteja livre de armadilhas. Por isso, questionamos a centralidade da organização nesses mesmos estudos tanto em termos valorativos quanto em termos conceituais. No aspecto valorativo, discutimos a posição de vantagem que a organização goza frente aos indivíduos, particularmente frente aos trabalhadores. No aspecto conceitual, problematizamos a questão do ser da organização, ou pelo menos a ideia que dela se faz. Propomos, ao fim, a recuperação do trabalho como categoria central de análise dos fenômenos organizacionais como forma de superar a ameaça de uma teorização reificante.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43992458","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P149-164
Júlia Gonçalves, Suzana da Rosa Tolfo, L. M. C. Espinosa
O assédio moral no trabalho é entendido como um conjunto de atos hostis que ocorrem de forma processual e podem estar relacionados às prescrições da organização do trabalho. Os sindicatos e associações que defendem os interesses e direitos de categorias profissionais devem estar atentos a essa violência psicológica. Com o objetivo de identificar a percepção e a atuação de dirigentes sindicais frente a situações de assédio moral no trabalho, realizou-se uma pesquisa qualitativa com representantes sindicais dos trabalhadores de transporte coletivo urbano de uma capital do sul do país. O sindicato ao qual pertencem esses dirigentes é reconhecido por sua luta e enfrentamento, assim como pela obtenção de conquistas e melhorias nas condições de trabalho de seus representados. Com relação e esse tipo de assédio, os resultados obtidos neste estudo evidenciaram uma visão simplificada sobre o fenômeno – sem um entendimento processual e ampliado. Tal compreensão indicou a associação entre práticas de assédio moral e pessoas específicas (os agressores), o que tende a reforçar uma atuação sindical tímida acerca dessa violência presente nas relações de trabalho. Os sindicatos, com função política e social, são entidades de suporte e amparo aos trabalhadores e, quando possuem um arcabouço de informações que subsidie o entendimento, a orientação e a construção de ações de luta e busca de melhores condições trabalhistas, tornamse instrumentos de combate a condutas não aceitáveis no ambiente de trabalho.
{"title":"A (não) atuação frente ao assédio moral no trabalho","authors":"Júlia Gonçalves, Suzana da Rosa Tolfo, L. M. C. Espinosa","doi":"10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P149-164","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/ISSN.1981-0490.V21I2P149-164","url":null,"abstract":"O assédio moral no trabalho é entendido como um conjunto de atos hostis que ocorrem de forma processual e podem estar relacionados às prescrições da organização do trabalho. Os sindicatos e associações que defendem os interesses e direitos de categorias profissionais devem estar atentos a essa violência psicológica. Com o objetivo de identificar a percepção e a atuação de dirigentes sindicais frente a situações de assédio moral no trabalho, realizou-se uma pesquisa qualitativa com representantes sindicais dos trabalhadores de transporte coletivo urbano de uma capital do sul do país. O sindicato ao qual pertencem esses dirigentes é reconhecido por sua luta e enfrentamento, assim como pela obtenção de conquistas e melhorias nas condições de trabalho de seus representados. Com relação e esse tipo de assédio, os resultados obtidos neste estudo evidenciaram uma visão simplificada sobre o fenômeno – sem um entendimento processual e ampliado. Tal compreensão indicou a associação entre práticas de assédio moral e pessoas específicas (os agressores), o que tende a reforçar uma atuação sindical tímida acerca dessa violência presente nas relações de trabalho. Os sindicatos, com função política e social, são entidades de suporte e amparo aos trabalhadores e, quando possuem um arcabouço de informações que subsidie o entendimento, a orientação e a construção de ações de luta e busca de melhores condições trabalhistas, tornamse instrumentos de combate a condutas não aceitáveis no ambiente de trabalho.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42244552","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v21i1p1-15
Rosiane Dutra Martins, P. Cerutti, Elem Duarte Vaz, Shalimar Gallon
O trabalho comum é entendido como algo repetitivo, maçante, muitas vezes perigoso, penoso, sujo e fisicamente esgotante. Diante dessas características, ele passa despercebido pela sociedade frente à invisibilidade pública e ao desprestígio social que lhe é atrelado. Para tanto, este estudo busca analisar os sentidos do trabalho para aqueles que exercem esses trabalhos. Por meio de uma pesquisa qualitativa, foram realizadas 32 entrevistas com trabalhadores que exercem trabalhos comuns na região Norte do estado do Rio Grande do Sul. As entrevistas foram realizadas com base em um roteiro semiestruturado, gravadas, transcritas e analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, com o auxílio do software Max-Qda. O trabalho apresentou-se como central na vida dos pesquisados, estando relacionado à sobrevivência, inserção social e ao prazer em realizar as atividades que lhes são atribuídas. Para tanto, independentemente da função que ocupam e do nível de instrução que possuem, o trabalho que exercem tem uma finalidade e um valor para sociedade.
{"title":"Sentidos do trabalho na percepção de pessoas que exercem trabalho comum","authors":"Rosiane Dutra Martins, P. Cerutti, Elem Duarte Vaz, Shalimar Gallon","doi":"10.11606/issn.1981-0490.v21i1p1-15","DOIUrl":"https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i1p1-15","url":null,"abstract":"O trabalho comum é entendido como algo repetitivo, maçante, muitas vezes perigoso, penoso, sujo e fisicamente esgotante. Diante dessas características, ele passa despercebido pela sociedade frente à invisibilidade pública e ao desprestígio social que lhe é atrelado. Para tanto, este estudo busca analisar os sentidos do trabalho para aqueles que exercem esses trabalhos. Por meio de uma pesquisa qualitativa, foram realizadas 32 entrevistas com trabalhadores que exercem trabalhos comuns na região Norte do estado do Rio Grande do Sul. As entrevistas foram realizadas com base em um roteiro semiestruturado, gravadas, transcritas e analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, com o auxílio do software Max-Qda. O trabalho apresentou-se como central na vida dos pesquisados, estando relacionado à sobrevivência, inserção social e ao prazer em realizar as atividades que lhes são atribuídas. Para tanto, independentemente da função que ocupam e do nível de instrução que possuem, o trabalho que exercem tem uma finalidade e um valor para sociedade.","PeriodicalId":33882,"journal":{"name":"Cadernos de Psicologia Social do Trabalho","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46370552","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2018-09-12DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v21i1p17-31
Natasha Contro de Souza, M. Bernardo
Este artigo relata uma pesquisa que teve por objetivo analisar como procuradores do trabalho compreendem a relação entre o processo saúde-doença mental e o trabalho, bem como identificar suas práticas sobre tal tema. Foram realizadas entrevistas abertas em profundidade com quatro procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT). Os resultados indicam que os entrevistados apresentam uma análise conceitual muito crítica quanto à noção de precarização do trabalho e sua relação com os prejuízos à saúde mental. Todavia, apesar da familiaridade com as discussões teóricas, em suas práticas, tendem a restringir o foco de suas ações em saúde mental às situações de assédio moral, apoiados no argumento de que estas possibilitariam avaliações mais objetivas. Isso interfere no acolhimento do trabalhador e na possibilidade de propor ações preventivas focalizadas nas políticas de gestão empresarial que afetam a saúde mental dos trabalhadores. O MPT tem muito a contribuir com a luta pela garantia dos direitos à saúde mental do trabalhador, mas, para isso, é importante que se amplie sua atuação para além do assédio moral. Este artigo pretende oferecer uma discussão sobre esse tema, de modo a amparar as práticas desses atores sociais.
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