No debate sobre os processos de governacao em Africa, a juventude se tem mostrado como ator social fundamental, engajado em questionar e contestar, atraves das artes e da cultura, as avenidas de governacao que os altos representantes do Estado tomam. Se, por um lado, os musicos comecam a abordar diretamente aos lideres politicos, protestando contra a falta de prestacao de contas e exigindo um dialogo justo sobre a representacao dos seus interesses, por outro lado, os lideres politicos buscam exercer um controlo social da arte dos musicos, fazendo com que estes facam a mobilizacao popular nas suas expressoes de critica e protesto social, enaltecendo questoes “nacionalistas” e “patrioticas”. O presente artigo explora a forma como as musicas de critica e protesto social sao um ponto de partida para a compreensao da forma como as identidades politico-partidarias sao forjadas discursivamente por parte dos musicos, em particular do musico Azagaia e seu publico em Mocambique.
{"title":"Para Além de uma Escolha: Da música de crítica e protesto social às identidades político-partidárias em Moçambique","authors":"T. Sitoe","doi":"10.4000/CEA.2753","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2753","url":null,"abstract":"No debate sobre os processos de governacao em Africa, a juventude se tem mostrado como ator social fundamental, engajado em questionar e contestar, atraves das artes e da cultura, as avenidas de governacao que os altos representantes do Estado tomam. Se, por um lado, os musicos comecam a abordar diretamente aos lideres politicos, protestando contra a falta de prestacao de contas e exigindo um dialogo justo sobre a representacao dos seus interesses, por outro lado, os lideres politicos buscam exercer um controlo social da arte dos musicos, fazendo com que estes facam a mobilizacao popular nas suas expressoes de critica e protesto social, enaltecendo questoes “nacionalistas” e “patrioticas”. O presente artigo explora a forma como as musicas de critica e protesto social sao um ponto de partida para a compreensao da forma como as identidades politico-partidarias sao forjadas discursivamente por parte dos musicos, em particular do musico Azagaia e seu publico em Mocambique.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47210264","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
José Norberto Muniz, I. T. Nhancale, J. C. R. Soub, Otávia Travençolo Muniz Sala
O artigo analisa a reorganizacao institucional e metodologica da extensao rural constantes dos planos e programas introduzidos pela Direcao Nacional de Extensao Agraria no Ministerio da Agricultura e Seguranca Alimentar. Nesta analise identifica-se o hiato entre as proposicoes e as suas implementacoes, consequencia das pressuposicoes assumidas sobre as capacitacoes institucionais e dos tecnicos na apreensao e na implementacao daquelas proposicoes. Desta forma, propoe-se formas de intervencao e de conteudos de capacitacoes visando a superacao do hiato existente, sugerindo que a reorganizacao da extensao rural pode ocorrer sob os principios de um sistema nacional de extensao rural. Para tanto, novas funcoes ocupacionais e papeis organizacionais sao sugeridos, alem das intervencoes estruturadas visando o alcance das mudancas socioeconomicas integradas aos programas de desenvolvimento agrario.
{"title":"Planos e Programas e os Serviços de Extensão Rural em Moçambique: Solução ao hiato existente entre os eixos orientadores e a prestação dos serviços públicos","authors":"José Norberto Muniz, I. T. Nhancale, J. C. R. Soub, Otávia Travençolo Muniz Sala","doi":"10.4000/CEA.2853","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2853","url":null,"abstract":"O artigo analisa a reorganizacao institucional e metodologica da extensao rural constantes dos planos e programas introduzidos pela Direcao Nacional de Extensao Agraria no Ministerio da Agricultura e Seguranca Alimentar. Nesta analise identifica-se o hiato entre as proposicoes e as suas implementacoes, consequencia das pressuposicoes assumidas sobre as capacitacoes institucionais e dos tecnicos na apreensao e na implementacao daquelas proposicoes. Desta forma, propoe-se formas de intervencao e de conteudos de capacitacoes visando a superacao do hiato existente, sugerindo que a reorganizacao da extensao rural pode ocorrer sob os principios de um sistema nacional de extensao rural. Para tanto, novas funcoes ocupacionais e papeis organizacionais sao sugeridos, alem das intervencoes estruturadas visando o alcance das mudancas socioeconomicas integradas aos programas de desenvolvimento agrario.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44238681","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A educacao em Mocambique carrega, ainda nos dias atuais, as marcas de um periodo historico e das inumeras questoes sociopoliticas e economicas vinculadas aos processos de colonizacao europeia. A partir de um trabalho etnografico numa escola primaria (1a a 7a classes) do bairro da Matola A, em Mocambique, foi possivel estabelecer lacos com as criancas, os professores e a comunidade, vivenciando o cotidiano escolar de cinco criancas entre os 7 e 13 anos de idade. Atraves da producao de relatos e passagens das experiencias ao longo dos cinco meses em que a pesquisa ocorreu, as autoras trazem um panorama politico da situacao do pais e do sistema de ensino, refletindo nas praticas escolares, e a interpretacao das criancas, pais e professores sobre os processos formativos. Discute-se, tambem, a possibilidade de ampliacao dos saberes envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem, englobando multiplos olhares e trocas de saberes para que a escola, enquanto lugar da infância, possa ser um lugar em que conhecimentos, culturas e fazeres sejam agregados e compartilhados por todos os atores sociais, com enfase nas criancas, permitindo uma educacao que as prepare para serem protagonistas dos seus mundos, num exercicio de transformacao de realidades.
{"title":"Vivências e Percepções acerca da Educação em Moçambique: Olhares etnográficos em uma escola primária no bairro da Matola A","authors":"M. Pastore, Denise Dias Barros","doi":"10.4000/CEA.2794","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2794","url":null,"abstract":"A educacao em Mocambique carrega, ainda nos dias atuais, as marcas de um periodo historico e das inumeras questoes sociopoliticas e economicas vinculadas aos processos de colonizacao europeia. A partir de um trabalho etnografico numa escola primaria (1a a 7a classes) do bairro da Matola A, em Mocambique, foi possivel estabelecer lacos com as criancas, os professores e a comunidade, vivenciando o cotidiano escolar de cinco criancas entre os 7 e 13 anos de idade. Atraves da producao de relatos e passagens das experiencias ao longo dos cinco meses em que a pesquisa ocorreu, as autoras trazem um panorama politico da situacao do pais e do sistema de ensino, refletindo nas praticas escolares, e a interpretacao das criancas, pais e professores sobre os processos formativos. Discute-se, tambem, a possibilidade de ampliacao dos saberes envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem, englobando multiplos olhares e trocas de saberes para que a escola, enquanto lugar da infância, possa ser um lugar em que conhecimentos, culturas e fazeres sejam agregados e compartilhados por todos os atores sociais, com enfase nas criancas, permitindo uma educacao que as prepare para serem protagonistas dos seus mundos, num exercicio de transformacao de realidades.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48831322","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este texto pretende abordar o relacionamento entre a Organizacao das Nacoes Unidas e o governo portugues no periodo entre 1961 e 1975, particularmente os debates sobre a questao colonial portuguesa. A autodeterminacao foi inscrita na Carta das Nacoes Unidas de forma generica e indeterminada, e desapegada das determinacoes dos territorios dependentes. Num longo processo de institucionalizacao, a autodeterminacao passou gradualmente a significar o direito de os povos colonizados determinarem livremente o seu destino. As Nacoes Unidas pretendiam que Portugal implementasse o conceito “onusiano” de autodeterminacao nos seus territorios colonizados. A analise continuada da questao colonial portuguesa influenciou o debate sobre a autodeterminacao, obrigando a Organizacao das Nacoes Unidas a introduzir precisoes no conceito, que nunca perdeu o seu caracter controverso.
{"title":"Os Debates da Organização das Nações Unidas sobre a Questão Colonial Portuguesa e o Desenvolvimento da Ideia de Autodeterminação (1961-1975)","authors":"A. Santos","doi":"10.4000/CEA.2505","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2505","url":null,"abstract":"Este texto pretende abordar o relacionamento entre a Organizacao das Nacoes Unidas e o governo portugues no periodo entre 1961 e 1975, particularmente os debates sobre a questao colonial portuguesa. A autodeterminacao foi inscrita na Carta das Nacoes Unidas de forma generica e indeterminada, e desapegada das determinacoes dos territorios dependentes. Num longo processo de institucionalizacao, a autodeterminacao passou gradualmente a significar o direito de os povos colonizados determinarem livremente o seu destino. As Nacoes Unidas pretendiam que Portugal implementasse o conceito “onusiano” de autodeterminacao nos seus territorios colonizados. A analise continuada da questao colonial portuguesa influenciou o debate sobre a autodeterminacao, obrigando a Organizacao das Nacoes Unidas a introduzir precisoes no conceito, que nunca perdeu o seu caracter controverso.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48406122","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este texto reve as quatro decadas de independencia de Sao Tome e Principe, ensaiando realcar as continuidades sob a aparente mudanca politica e as mudancas impensadas que tornaram o pais assaz diverso, quando nao antagonico, as idealizacoes da independencia, em 1975, e da democracia, em 1990. Cita-se a crescente deliquescencia institucional e o esvaziamento de ideologias em razao da crescente personalizacao do poder e da competicao politica, por ora contida no quadro institucional e com suporte dos partidos que, todavia, ganham caracteristicas clientelares. A polarizacao de tais identificacoes politicas revela-se avessa a coesao social, prejudicando o desenvolvimento economico. Este clima politico mina a confianca social e rarefaz o nacionalismo sedimentado por quatro decadas de institucionalizacao do sentimento de apego a terra.
{"title":"Quatro décadas de independência, das “mudanças” à indeterminação das vidas em São Tomé e Príncipe","authors":"A. Nascimento","doi":"10.4000/CEA.2605","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2605","url":null,"abstract":"Este texto reve as quatro decadas de independencia de Sao Tome e Principe, ensaiando realcar as continuidades sob a aparente mudanca politica e as mudancas impensadas que tornaram o pais assaz diverso, quando nao antagonico, as idealizacoes da independencia, em 1975, e da democracia, em 1990. Cita-se a crescente deliquescencia institucional e o esvaziamento de ideologias em razao da crescente personalizacao do poder e da competicao politica, por ora contida no quadro institucional e com suporte dos partidos que, todavia, ganham caracteristicas clientelares. A polarizacao de tais identificacoes politicas revela-se avessa a coesao social, prejudicando o desenvolvimento economico. Este clima politico mina a confianca social e rarefaz o nacionalismo sedimentado por quatro decadas de institucionalizacao do sentimento de apego a terra.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47517515","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este estudo pretende ser um contributo exploratorio sobre os fluxos de refugiados e os regimes de asilo estabelecidos nos Paises Africanos de Lingua Oficial Portuguesa (PALOP) entre os anos de 1975 e 2013. O objetivo e analisar os fluxos de refugiados nestes paises, procurando examinar o contexto historico em que os mesmos ocorreram e a sua influencia nos regimes de asilo implementados no contexto das politicas africanas de refugiados, nomeadamente a passagem de um modelo de “porta aberta”, liberal, solidario e recetivo, para um mais restritivo que vigora na atualidade.
{"title":"40 Anos de Independências: Migrações forçadas e regimes de asilo nos PALOP (1975-2013)","authors":"P. Costa, Lúcio Sousa","doi":"10.4000/CEA.2630","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2630","url":null,"abstract":"Este estudo pretende ser um contributo exploratorio sobre os fluxos de refugiados e os regimes de asilo estabelecidos nos Paises Africanos de Lingua Oficial Portuguesa (PALOP) entre os anos de 1975 e 2013. O objetivo e analisar os fluxos de refugiados nestes paises, procurando examinar o contexto historico em que os mesmos ocorreram e a sua influencia nos regimes de asilo implementados no contexto das politicas africanas de refugiados, nomeadamente a passagem de um modelo de “porta aberta”, liberal, solidario e recetivo, para um mais restritivo que vigora na atualidade.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48869157","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Nos Paises Africanos de Lingua Oficial Portuguesa, face a intensa expansao urbana despoletada no pos-independencia e a dificuldade em produzir respostas estruturais, as cidades tornaram-se espacos de refraccao social, crescentemente vincadas pelo imparavel crescimento e consequente reproducao da precariedade social. Esta reflexao procura mapear desafios e estrategias adoptadas na luta pelo “direito a cidade” nas capitais dos PALOP, assim como o seu impacto na reducao da pobreza, nomeadamente atraves do enfoque em questoes como a dificuldade no planeamento face a instabilidade politica, os grandes investimentos publicos e a (des)centralizacao do poder, a dependencia de financiamento externo, a posse da terra e a regularizacao de construcoes ilegais. Neste texto, a partir de exemplos das capitais africanas lusofonas, discutem-se os desafios urbanos e a diversidade de politicas e de accoes para os superar ou contornar, assim como os papeis dos diferentes intervenientes nesses processos, procurando dessa forma discutir mecanismos para um efectivo “direito a cidade”.
{"title":"O “Direito à Cidade” nos PALOP: Quatro décadas de expansão urbana, de políticas e de mutações sociais. Notas para uma investigação","authors":"A. S. Fernandes, A. Nascimento","doi":"10.4000/CEA.2679","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2679","url":null,"abstract":"Nos Paises Africanos de Lingua Oficial Portuguesa, face a intensa expansao urbana despoletada no pos-independencia e a dificuldade em produzir respostas estruturais, as cidades tornaram-se espacos de refraccao social, crescentemente vincadas pelo imparavel crescimento e consequente reproducao da precariedade social. Esta reflexao procura mapear desafios e estrategias adoptadas na luta pelo “direito a cidade” nas capitais dos PALOP, assim como o seu impacto na reducao da pobreza, nomeadamente atraves do enfoque em questoes como a dificuldade no planeamento face a instabilidade politica, os grandes investimentos publicos e a (des)centralizacao do poder, a dependencia de financiamento externo, a posse da terra e a regularizacao de construcoes ilegais. Neste texto, a partir de exemplos das capitais africanas lusofonas, discutem-se os desafios urbanos e a diversidade de politicas e de accoes para os superar ou contornar, assim como os papeis dos diferentes intervenientes nesses processos, procurando dessa forma discutir mecanismos para um efectivo “direito a cidade”.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42080169","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O objetivo deste texto e determinar as razoes que levaram a Africa do Sul a ansiar por apressar a formalizacao do Exercicio ALCORA em outubro de 1970, depois de apresentarem o plano de defesa para a Africa Austral em marco desse ano. Nao obstante as dinâmicas globais da Guerra Fria, consideramos que o Exercicio ALCORA resultou da desconfianca sul-africana na capacidade de Portugal conseguir derrotar os movimentos de libertacao em Angola e Mocambique. O nosso argumento considera o ano de 1968-69 como charneira entre os relacionamentos informais e a necessidade de um relacionamento formal, que permitisse a Pretoria o controlo da estrategia global para a Africa Austral, dado o valor estrategico que Angola e Mocambique tinham para Pretoria. Embora inicialmente focalizado na dimensao militar, e de admitir tambem que o Exercicio ALCORA pudesse ser um primeiro passo para uma maior integracao politica na Africa Austral, envolvendo as dimensoes economicas, sociais e politicas. Atendendo que o Exercicio ALCORA se focava na contrainsurgencia, um acordo militar foi um passo logico, apesar dos problemas decorrentes das politicas raciais.
{"title":"Marcelo Caetano e a Origem do Exercício ALCORA","authors":"Luís Barroso","doi":"10.4000/CEA.2561","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2561","url":null,"abstract":"O objetivo deste texto e determinar as razoes que levaram a Africa do Sul a ansiar por apressar a formalizacao do Exercicio ALCORA em outubro de 1970, depois de apresentarem o plano de defesa para a Africa Austral em marco desse ano. Nao obstante as dinâmicas globais da Guerra Fria, consideramos que o Exercicio ALCORA resultou da desconfianca sul-africana na capacidade de Portugal conseguir derrotar os movimentos de libertacao em Angola e Mocambique. O nosso argumento considera o ano de 1968-69 como charneira entre os relacionamentos informais e a necessidade de um relacionamento formal, que permitisse a Pretoria o controlo da estrategia global para a Africa Austral, dado o valor estrategico que Angola e Mocambique tinham para Pretoria. Embora inicialmente focalizado na dimensao militar, e de admitir tambem que o Exercicio ALCORA pudesse ser um primeiro passo para uma maior integracao politica na Africa Austral, envolvendo as dimensoes economicas, sociais e politicas. Atendendo que o Exercicio ALCORA se focava na contrainsurgencia, um acordo militar foi um passo logico, apesar dos problemas decorrentes das politicas raciais.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2018-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47000593","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pretende-se, neste artigo, contribuir para o debate e a reflexao sobre o sentido, a pertinencia e a actualidade do conceito de desenvolvimento, tendo como provocacao as criticas que lhe tem sido dirigidas pelos autores da corrente do “pos-desenvolvimento”. E ainda util e pertinente falar e utilizar o conceito de desenvolvimento? Ou e uma palavra e um conceito definitivamente pervertido, desqualificado e irrecuperavel, como defendem os “pos-desenvolvimentistas”? Assume-se neste artigo que a atitude mais interessante e enriquecedora e a que coloca alguns destes conceitos em dialogo e em interaccao uns com os outros. Por isso, e simbolicamente, se termina propondo um dialogo inovador e desafiante entre o “des-envolvimento” (redescoberta semântica do sentido original dessa palavra) e o “noflay” (palavra que, em lingua wolof, do Senegal, quer dizer “bem-estar” ou “estar bem”), como uma das propostas mais recentes para este debate a partir de um continente normalmente esquecido – a Africa.
{"title":"Desenvolvimento ou Pós-Desenvolvimento? Des-Envolvimento e... Noflay!","authors":"R. Amaro","doi":"10.4000/CEA.2335","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2335","url":null,"abstract":"Pretende-se, neste artigo, contribuir para o debate e a reflexao sobre o sentido, a pertinencia e a actualidade do conceito de desenvolvimento, tendo como provocacao as criticas que lhe tem sido dirigidas pelos autores da corrente do “pos-desenvolvimento”. E ainda util e pertinente falar e utilizar o conceito de desenvolvimento? Ou e uma palavra e um conceito definitivamente pervertido, desqualificado e irrecuperavel, como defendem os “pos-desenvolvimentistas”? Assume-se neste artigo que a atitude mais interessante e enriquecedora e a que coloca alguns destes conceitos em dialogo e em interaccao uns com os outros. Por isso, e simbolicamente, se termina propondo um dialogo inovador e desafiante entre o “des-envolvimento” (redescoberta semântica do sentido original dessa palavra) e o “noflay” (palavra que, em lingua wolof, do Senegal, quer dizer “bem-estar” ou “estar bem”), como uma das propostas mais recentes para este debate a partir de um continente normalmente esquecido – a Africa.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":"1 1","pages":"75-111"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2017-12-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42859176","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O artigo pretende avaliar de que forma Mia Couto, autor de literaturas africanas de lingua portuguesa, pode ser abordado na Lei n.o 10.639/2003, ou seja, no estudo da historia da Africa e dos africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e na constatacao da importância do negro na formacao da sociedade nacional, resgatando a contribuicao do povo negro nas areas social, economica e politicas pertinentes a historia do Brasil. Neste artigo procedeu-se a analise literaria da escrita miacoutiana em consonância com as recomendacoes da Lei n.o 10.639/2003, mostrando a sua importante contribuicao literaria e pedagogica para a aplicabilidade da referida lei.
{"title":"Mia Couto e as Possibilidades Literário-Pedagógicas para a Lei n.º 10.639/03","authors":"Eni Alves Rodrigues","doi":"10.4000/CEA.2309","DOIUrl":"https://doi.org/10.4000/CEA.2309","url":null,"abstract":"O artigo pretende avaliar de que forma Mia Couto, autor de literaturas africanas de lingua portuguesa, pode ser abordado na Lei n.o 10.639/2003, ou seja, no estudo da historia da Africa e dos africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e na constatacao da importância do negro na formacao da sociedade nacional, resgatando a contribuicao do povo negro nas areas social, economica e politicas pertinentes a historia do Brasil. Neste artigo procedeu-se a analise literaria da escrita miacoutiana em consonância com as recomendacoes da Lei n.o 10.639/2003, mostrando a sua importante contribuicao literaria e pedagogica para a aplicabilidade da referida lei.","PeriodicalId":37917,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Africanos","volume":"1 1","pages":"131-196"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2017-12-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48228518","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}