Pub Date : 2023-04-28DOI: 10.12957/soletras.2023.73443
Leyla Ely, Maria Maura Cezario
Neste artigo, analisamos a relação entre os usos da construção vai que no português escrito brasileiro e a categoria de modalidade. A partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Gramática de Construção Baseada no Uso e da análise de dados do Corpus do Português, aba Web, e do Twitter, verificamos que vai que está vinculado à modalidade epistêmica quase-asseverativa e é usado, normalmente, como estratégia de flexibilização e como forma de projetar uma possibilidade sobre o que foi dito e, assim, aumentar o poder de argumentação. O falante, ao empregar vai que, lança mão de uma hipótese pautada na crença e expectativa do que diz. Além disso, a construção atua como estratégia de preservação de face, em que há menor comprometimento acerca da proposição por parte do falante.
{"title":"[Vai que] e a modalidade: uma análise baseada no uso sobre o domínio condicional.","authors":"Leyla Ely, Maria Maura Cezario","doi":"10.12957/soletras.2023.73443","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2023.73443","url":null,"abstract":"Neste artigo, analisamos a relação entre os usos da construção vai que no português escrito brasileiro e a categoria de modalidade. A partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Gramática de Construção Baseada no Uso e da análise de dados do Corpus do Português, aba Web, e do Twitter, verificamos que vai que está vinculado à modalidade epistêmica quase-asseverativa e é usado, normalmente, como estratégia de flexibilização e como forma de projetar uma possibilidade sobre o que foi dito e, assim, aumentar o poder de argumentação. O falante, ao empregar vai que, lança mão de uma hipótese pautada na crença e expectativa do que diz. Além disso, a construção atua como estratégia de preservação de face, em que há menor comprometimento acerca da proposição por parte do falante.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"200 ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"72435139","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-28DOI: 10.12957/soletras.2023.72368
Danilo Da Silva Santos Brito
Neste artigo investigamos as propriedades informacionais de elementos que instanciam a posição de foco em três construções QU do português brasileiro: a “Clivada Canônica” [SER X QUE Y], a “Construção Que” [X QUE Y] e a “Construção SerQue” [X ÉQUE Y], nas quais X corresponde ao constituinte focalizado e Y ao segmento não focalizado. A pesquisa é orientada pelo pressuposto teórico da Gramática de Construções Baseadas no Uso (GCBU) e para o estudo do status informacional de referentes do discurso adaptamos propostas de Prince (1989, 1992). Objetivo é verificar se há alguma restrição a configurações/contextos variáveis que justifiquem a defesa da não sinonímia (GOLDBERG, 1995) entre as construções em pauta, já que, mesmo de formalmente distintas, elas se mostram intercambiáveis em muitas situações de uso. As ocorrências foram coletadas dos registros de fala dos 64 informantes que integram a amostra de fala carioca Censo-1980 (PEUL/UFRJ) e analisadas com a utilização de ferramentas de processamento estatístico. Os dados mostram que ao mesmo tempo que esses esquemas compartilham parte substancial de sua semântica de construção, os mesmos parecem diferir em termos de uma série de variantes diretamente relacionados ao tipo de informação codificada no slot de foco.
本文研究信息属性的元素,instanciam关注三个建筑的位置被裂解的巴西葡萄牙语的想法:“规范”(X, Y),“建造”(X, Y)和建筑“她们”的(X, Y) X Y组件集中和一致的部分不集中。本研究以基于使用的语法结构(GCBU)的理论假设为指导,采用Prince(1989,1992)的建议来研究话语中被指代的信息状态。目的是验证在不同的配置/上下文中是否有任何限制来证明非同义词的辩护(GOLDBERG, 1995),因为即使在形式上不同,它们在许多使用情况下是可以互换的。从里约热内卢Censo-1980 (PEUL/UFRJ)的64名受访者的语音记录中收集事件,并使用统计处理工具进行分析。数据表明,虽然这些方案共享其结构语义的很大一部分,但它们似乎在与焦点槽中编码的信息类型直接相关的一系列变体上有所不同。
{"title":"O status informacional dos referentes de elementos focalizados em construções de foco alternantes","authors":"Danilo Da Silva Santos Brito","doi":"10.12957/soletras.2023.72368","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2023.72368","url":null,"abstract":"Neste artigo investigamos as propriedades informacionais de elementos que instanciam a posição de foco em três construções QU do português brasileiro: a “Clivada Canônica” [SER X QUE Y], a “Construção Que” [X QUE Y] e a “Construção SerQue” [X ÉQUE Y], nas quais X corresponde ao constituinte focalizado e Y ao segmento não focalizado. A pesquisa é orientada pelo pressuposto teórico da Gramática de Construções Baseadas no Uso (GCBU) e para o estudo do status informacional de referentes do discurso adaptamos propostas de Prince (1989, 1992). Objetivo é verificar se há alguma restrição a configurações/contextos variáveis que justifiquem a defesa da não sinonímia (GOLDBERG, 1995) entre as construções em pauta, já que, mesmo de formalmente distintas, elas se mostram intercambiáveis em muitas situações de uso. As ocorrências foram coletadas dos registros de fala dos 64 informantes que integram a amostra de fala carioca Censo-1980 (PEUL/UFRJ) e analisadas com a utilização de ferramentas de processamento estatístico. Os dados mostram que ao mesmo tempo que esses esquemas compartilham parte substancial de sua semântica de construção, os mesmos parecem diferir em termos de uma série de variantes diretamente relacionados ao tipo de informação codificada no slot de foco.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75104471","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-28DOI: 10.12957/soletras.2023.75349
Diogo Pinheiro, A. Silva, Roberto de Freitas Junior
A Gramática de Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 2006; HILPERT, 2014; PEREK, 2015; BYBEE, 2008, 2010), doravante GCBU, é um quadroteórico definido tanto por uma posição relativaàarquiteturada gramática quanto por uma visão acerca darelação entre conhecimento e uso. Para a GCBU, a gramática consiste em uma rede de pareamentos de forma/sentido (isto é, construções) organizados entre si por diferentes tipos de links,os quais refletemmúltiplas motivaçõesformais e/ou funcionais. Ademais, a GCBU defende quea emergência da gramática resulta da experiência do falante com o uso da língua e da atuação de Processos Cognitivos de Domínio Geral (BYBEE, 2010).Nesse sentido, a gramática é concebida como um sistema intrinsecamente emergentee sujeito a modificações estruturais e funcionais ao longo de todo o desenvolvimento ontogenético do falante. O objetivo deste dossiê é reunir estudos que, à luz do quadro teórico da GCBU, propiciem discussões sobre a natureza da representação gramatical. Em particular, acolhem-se tantoestudos descritivossobre construções (ou famílias de construções) particulares, quanto artigos voltados para um amplo leque de problemas teóricos e aplicados, como, por exemplo, aquisição de L1 ou de L2, tradução e ensino de línguas.
{"title":"Gramática de Construções Baseada no Uso","authors":"Diogo Pinheiro, A. Silva, Roberto de Freitas Junior","doi":"10.12957/soletras.2023.75349","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2023.75349","url":null,"abstract":"A Gramática de Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 2006; HILPERT, 2014; PEREK, 2015; BYBEE, 2008, 2010), doravante GCBU, é um quadroteórico definido tanto por uma posição relativaàarquiteturada gramática quanto por uma visão acerca darelação entre conhecimento e uso. Para a GCBU, a gramática consiste em uma rede de pareamentos de forma/sentido (isto é, construções) organizados entre si por diferentes tipos de links,os quais refletemmúltiplas motivaçõesformais e/ou funcionais. Ademais, a GCBU defende quea emergência da gramática resulta da experiência do falante com o uso da língua e da atuação de Processos Cognitivos de Domínio Geral (BYBEE, 2010).Nesse sentido, a gramática é concebida como um sistema intrinsecamente emergentee sujeito a modificações estruturais e funcionais ao longo de todo o desenvolvimento ontogenético do falante. O objetivo deste dossiê é reunir estudos que, à luz do quadro teórico da GCBU, propiciem discussões sobre a natureza da representação gramatical. Em particular, acolhem-se tantoestudos descritivossobre construções (ou famílias de construções) particulares, quanto artigos voltados para um amplo leque de problemas teóricos e aplicados, como, por exemplo, aquisição de L1 ou de L2, tradução e ensino de línguas.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"49 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83243213","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-28DOI: 10.12957/soletras.2023.73614
Diego Leite de Oliveira
Este artigo explora o potencial expressivo da construção [ATÉ X] em português, em uma perspectiva construcionista baseada no uso (GOLDBERG, 1995, 2006, 2019; CROFT 2001; DIESSEL, 2019). Para isso, vale-se de dois procedimentos metodológicos: a análise qualitativa de instâncias reais de uso da língua e a análise introspectiva. Como hipóteses centrais de análise figuram: 1) atécomo elemento léxico-gramatical pode evocar pressuposições interpretáveis à luz do co-texto e do contexto comunicativo; 2) o padrão construcional [ATÉ X] com semântica de inclusão tende a ser recrutado para o domínio focal da sentença dados os aspectos apresentados na hipótese 1. Resultados da análise indicam que, dada a semântica escalar de até e a apresentação do elemento que figura em X no limite de uma escala, o padrão construcional em pauta permite a evocar uma pressuposição de que o participante em X seria o menos provável a ocupar o slot X, gerando uma quebra de expectativa e, com isso permitindo a interpretação de X sob o escopo da asserção e, portanto, como elemento focal.
{"title":"Desvendando a estrutura informacional de [até x] em português, em uma perspectiva baseada no uso","authors":"Diego Leite de Oliveira","doi":"10.12957/soletras.2023.73614","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2023.73614","url":null,"abstract":"Este artigo explora o potencial expressivo da construção [ATÉ X] em português, em uma perspectiva construcionista baseada no uso (GOLDBERG, 1995, 2006, 2019; CROFT 2001; DIESSEL, 2019). Para isso, vale-se de dois procedimentos metodológicos: a análise qualitativa de instâncias reais de uso da língua e a análise introspectiva. Como hipóteses centrais de análise figuram: 1) atécomo elemento léxico-gramatical pode evocar pressuposições interpretáveis à luz do co-texto e do contexto comunicativo; 2) o padrão construcional [ATÉ X] com semântica de inclusão tende a ser recrutado para o domínio focal da sentença dados os aspectos apresentados na hipótese 1. Resultados da análise indicam que, dada a semântica escalar de até e a apresentação do elemento que figura em X no limite de uma escala, o padrão construcional em pauta permite a evocar uma pressuposição de que o participante em X seria o menos provável a ocupar o slot X, gerando uma quebra de expectativa e, com isso permitindo a interpretação de X sob o escopo da asserção e, portanto, como elemento focal. ","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"27 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86462929","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-28DOI: 10.12957/soletras.2023.73491
Luisa Godoy, Diogo Pinheiro
Este trabalho objetiva desenvolver um estudo sobre o sincretismo do clítico se em português brasileiro, propondo uma categorização em tipos e uma representação da sua gramática. Elegemos a Gramática de Construções Baseada no Uso como aporte teórico e a concepção cognitiva da gramática como rede. Também, propomos que o sincretismo ocorre por polissemia, pois assumimos que as formas são motivadas funcionalmente. Um pequeno corpus de dados escritos de notícias foi montado, a partir do qual foram observadas seis categorias semânticas nos usos do se: recíproca, reflexiva, média dinâmica, média cognitiva, incoativa e impessoal. Essas categorias foram tratadas como construções de estrutura argumental, contendo sujeito, verbo e se em posição proclítica, e distribuídas em três grandes domínios abstratos: reflexivo-recíproco, médio e impessoal. Finalmente, elaboramos um desenho da rede de construções com se, representando o conhecimento gramatical sobre o fenômeno, no qual a classificação proposta é acomodada na rede de links taxonômicos que organizam as construções em diferentes níveis de abstração.
{"title":"A rede gramatical das construções com se no português brasileiro","authors":"Luisa Godoy, Diogo Pinheiro","doi":"10.12957/soletras.2023.73491","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2023.73491","url":null,"abstract":"Este trabalho objetiva desenvolver um estudo sobre o sincretismo do clítico se em português brasileiro, propondo uma categorização em tipos e uma representação da sua gramática. Elegemos a Gramática de Construções Baseada no Uso como aporte teórico e a concepção cognitiva da gramática como rede. Também, propomos que o sincretismo ocorre por polissemia, pois assumimos que as formas são motivadas funcionalmente. Um pequeno corpus de dados escritos de notícias foi montado, a partir do qual foram observadas seis categorias semânticas nos usos do se: recíproca, reflexiva, média dinâmica, média cognitiva, incoativa e impessoal. Essas categorias foram tratadas como construções de estrutura argumental, contendo sujeito, verbo e se em posição proclítica, e distribuídas em três grandes domínios abstratos: reflexivo-recíproco, médio e impessoal. Finalmente, elaboramos um desenho da rede de construções com se, representando o conhecimento gramatical sobre o fenômeno, no qual a classificação proposta é acomodada na rede de links taxonômicos que organizam as construções em diferentes níveis de abstração.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"5 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82787786","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-15DOI: 10.12957/soletras.2022.68473
Dionísio Vila Maior, Madalena Vaz Pinto, D. Laks
{"title":"Modernismos hoje – Entrevista com Dionísio Vila Maior","authors":"Dionísio Vila Maior, Madalena Vaz Pinto, D. Laks","doi":"10.12957/soletras.2022.68473","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2022.68473","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"4 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88106366","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-15DOI: 10.12957/soletras.2022.66848
Pedro Henrique Varoni de Carvalho
A proposta do artigo é construir uma breve análise arqueológica da noção da antropofagia modernista brasileira, baseada na metodologia de Michel Foucault. Parte-se da publicação do manifesto de Oswald de Andrade, em 1928, considerando sua ressignificação no tropicalismo no final dos anos 1960 até chegar ao contemporâneo. O percurso arqueológico do pensamento antropofágico no campo cultural brasileiro demonstra diferentes apropriações, por vezes servindo aos interesses do capital, na forma de uma subjetividade flexível acrítica, tal como apontada por Suely Rolnik. A crise contemporânea do antropoceno, agravada pela pandemia da covid 19, criou, entretanto, novas condições de escuta e visibilidade para o discurso indígena, fazendo ressignificar a figura do bárbaro tecnizado aludida por Oswald em seu manifesto. O espaço para as ontologias de matriz indígena ressoa uma brasilidade popular mestiça dos núcleos quilombolas, de formas de existência não domesticadas, que se colocam como resistência política, ainda que isso se dê sobre o recrudescimento da violência contra essas populações. Procuramos pensar a presença interdiscursiva da antropofagia nessas práticas e discursos de resistência, inclusive a partir dos erros passados.
{"title":"Antropofagia como cosmotécnica, uma abordagem arqueológica","authors":"Pedro Henrique Varoni de Carvalho","doi":"10.12957/soletras.2022.66848","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2022.66848","url":null,"abstract":"A proposta do artigo é construir uma breve análise arqueológica da noção da antropofagia modernista brasileira, baseada na metodologia de Michel Foucault. Parte-se da publicação do manifesto de Oswald de Andrade, em 1928, considerando sua ressignificação no tropicalismo no final dos anos 1960 até chegar ao contemporâneo. O percurso arqueológico do pensamento antropofágico no campo cultural brasileiro demonstra diferentes apropriações, por vezes servindo aos interesses do capital, na forma de uma subjetividade flexível acrítica, tal como apontada por Suely Rolnik. A crise contemporânea do antropoceno, agravada pela pandemia da covid 19, criou, entretanto, novas condições de escuta e visibilidade para o discurso indígena, fazendo ressignificar a figura do bárbaro tecnizado aludida por Oswald em seu manifesto. O espaço para as ontologias de matriz indígena ressoa uma brasilidade popular mestiça dos núcleos quilombolas, de formas de existência não domesticadas, que se colocam como resistência política, ainda que isso se dê sobre o recrudescimento da violência contra essas populações. Procuramos pensar a presença interdiscursiva da antropofagia nessas práticas e discursos de resistência, inclusive a partir dos erros passados.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"58 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83429220","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-15DOI: 10.12957/soletras.2022.68474
Eduardo Sterzi, Madalena Vaz Pinto, D. Laks
{"title":"Modernismos hoje – Entrevista com Eduardo Sterzi","authors":"Eduardo Sterzi, Madalena Vaz Pinto, D. Laks","doi":"10.12957/soletras.2022.68474","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2022.68474","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"9 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85361911","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-15DOI: 10.12957/soletras.2022.67735
Rodrigo Xavier
O presente texto tem por objetivo apresentar em linhas gerais Alma Portugueza (1913), periódico que teve pequena repercussão no contexto de produção do que denominamos primeiro momento do Modernismo português, mas que foi decisivo por revelar um núcleo substantivo de certa intelectualidade portuguesa comprometida com o ideário monárquico e católico em plena florescência da primeira República. Considerado oficialmente pelos seus colaboradores um órgão do Integralismo Lusitano, a revista publicada em apenas dois números, pode ser considerada o primeiro suporte oficial para divulgação das ideias integralistas em Portugal, uma espécie de protótipo de outras publicações mais celebradas, divulgadas e investigadas no meio acadêmico: Nação Portugueza(1913-1938) e o diário A Monarquia (1917-1925).
{"title":"Alma Portugueza – “célula mater” do Integralismo Lusitano","authors":"Rodrigo Xavier","doi":"10.12957/soletras.2022.67735","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2022.67735","url":null,"abstract":" O presente texto tem por objetivo apresentar em linhas gerais Alma Portugueza (1913), periódico que teve pequena repercussão no contexto de produção do que denominamos primeiro momento do Modernismo português, mas que foi decisivo por revelar um núcleo substantivo de certa intelectualidade portuguesa comprometida com o ideário monárquico e católico em plena florescência da primeira República. Considerado oficialmente pelos seus colaboradores um órgão do Integralismo Lusitano, a revista publicada em apenas dois números, pode ser considerada o primeiro suporte oficial para divulgação das ideias integralistas em Portugal, uma espécie de protótipo de outras publicações mais celebradas, divulgadas e investigadas no meio acadêmico: Nação Portugueza(1913-1938) e o diário A Monarquia (1917-1925). ","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"35 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74800615","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-15DOI: 10.12957/soletras.2022.67279
Tarso Do Amaral de Souza Cruz
Tendo como tema a relação existente entre a noção de ‘auto-invenção’ desenvolvida por Declan Kiberd, a obra do romancista irlândes James Joyce e o contexto modernista, o artigo tem como objetivo principal analisar criticamente o ensaio Retrato do artista, escrito por Joyce em 1904. Para tanto, o artigo discute o conceito de ‘auto-invenção’, as linhas mestras que compõem Retrato do artista, assim como a imbricação entre os preceitos e práticas experimentais que marcam o modernismo e o contexto colonial irlandês, tendo como pressupostos teóricos ideias de autores como Terry Eagleton, Richard Ellmann, James Fairhall, Declan Kiberd além do próprio Joyce. Um dos resultados obtidos com a investigação desenvolvida ao longo do artigo é evidenciar como o contexto colonial irlandês em que se deu a escrita de Retrato do artista contribuiu fundamentalmente para o caráter experimental do projeto de auto-invenção que viria a integrar parte considerável da obra de Joyce como um todo.
{"title":"Modernismo e auto-invenção – uma leitura crítica de Retrato do artista, de James Joyce","authors":"Tarso Do Amaral de Souza Cruz","doi":"10.12957/soletras.2022.67279","DOIUrl":"https://doi.org/10.12957/soletras.2022.67279","url":null,"abstract":"Tendo como tema a relação existente entre a noção de ‘auto-invenção’ desenvolvida por Declan Kiberd, a obra do romancista irlândes James Joyce e o contexto modernista, o artigo tem como objetivo principal analisar criticamente o ensaio Retrato do artista, escrito por Joyce em 1904. Para tanto, o artigo discute o conceito de ‘auto-invenção’, as linhas mestras que compõem Retrato do artista, assim como a imbricação entre os preceitos e práticas experimentais que marcam o modernismo e o contexto colonial irlandês, tendo como pressupostos teóricos ideias de autores como Terry Eagleton, Richard Ellmann, James Fairhall, Declan Kiberd além do próprio Joyce. Um dos resultados obtidos com a investigação desenvolvida ao longo do artigo é evidenciar como o contexto colonial irlandês em que se deu a escrita de Retrato do artista contribuiu fundamentalmente para o caráter experimental do projeto de auto-invenção que viria a integrar parte considerável da obra de Joyce como um todo.","PeriodicalId":41535,"journal":{"name":"SOLETRAS","volume":"39 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74836148","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}