Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.112736
Bernard Guedes Dariva, Cláudia Battestin
O presente artigo busca mostrar os desafios e avanços ocorridos durante o processo de formação na licenciatura intercultural indígena no curso de Matemática e Ciências da Natureza em uma universidade comunitária no sul do Brasil com ênfase para a formação em Ciências e Biologia. A metodologia perpassou pela pesquisa bibliográfica, análise documental e realização de entrevistas. A necessidade de compreender a trajetória dos povos indígenas no processo histórico social foi balizadora para compreender a história contemporânea que levou a necessidade de uma educação diferenciada indígena no Brasil. A Licenciatura Intercultural Indígena da Unochapecó, vem ao encontro desta necessidade histórica e para compreendermos melhor como ocorreu esse percurso, entrevistamos três professores(as) que trabalharam durante o processo de formação nesta modalidade, a fim de dar visibilidade as nuances de se trabalhar com a formação de professores em terras indígenas. Durante as entrevistas ficou evidente o grande esforço dos entrevistados em promover práticas interculturais, contudo, a falta de capacitação inicial se refletiu no discurso que ainda carrega alguns aspectos coloniais. No decorrer do processo formativo, a sensibilização com a temática foi fundamental para o letramento intercultural dos(as) docentes e aproximação com a causa indígena.
{"title":"LICENCIATURA INTERCULTURAL INDÍGENA: UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE EM TERRAS KAINGANG","authors":"Bernard Guedes Dariva, Cláudia Battestin","doi":"10.22456/1982-6524.112736","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.112736","url":null,"abstract":"O presente artigo busca mostrar os desafios e avanços ocorridos durante o processo de formação na licenciatura intercultural indígena no curso de Matemática e Ciências da Natureza em uma universidade comunitária no sul do Brasil com ênfase para a formação em Ciências e Biologia. A metodologia perpassou pela pesquisa bibliográfica, análise documental e realização de entrevistas. A necessidade de compreender a trajetória dos povos indígenas no processo histórico social foi balizadora para compreender a história contemporânea que levou a necessidade de uma educação diferenciada indígena no Brasil. A Licenciatura Intercultural Indígena da Unochapecó, vem ao encontro desta necessidade histórica e para compreendermos melhor como ocorreu esse percurso, entrevistamos três professores(as) que trabalharam durante o processo de formação nesta modalidade, a fim de dar visibilidade as nuances de se trabalhar com a formação de professores em terras indígenas. Durante as entrevistas ficou evidente o grande esforço dos entrevistados em promover práticas interculturais, contudo, a falta de capacitação inicial se refletiu no discurso que ainda carrega alguns aspectos coloniais. No decorrer do processo formativo, a sensibilização com a temática foi fundamental para o letramento intercultural dos(as) docentes e aproximação com a causa indígena.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"81 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128608697","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.117769
Vanessa de Castro Rosa, Marina Dias Maschio
O Brasil violou o direito à propriedade indígena coletiva dos povos Xucurus e foi condenado internacionalmente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. O presente trabalho analisa a natureza jurídica da propriedade comunal a partir do Caso do Povo Indígena Xucuru após a condenação do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por violação desse direito, bem como verifica a interpretação do conceito de propriedade comunal pelo direito interno e examina a compatibilidade desse com o direito internacional. Para tanto, utilizou-se como metodologia o estudo de caso da sentença da Corte com fito de investigar minuciosamente os fundamentos e pressupostos estabelecidos para fixação desse conceito e, ainda, o método comparativo entre as normas de direito internacional e o ordenamento jurídico pátrio. Dessa maneira, verificou-se o aspecto coletivo da propriedade indígena, no entanto, esse aspecto não tem sido exercido no direito brasileiro, apesar de possuir compatibilidade no tocante à teoria do indigenato, baseada no direito originário e congênito de suas terras. A não aplicabilidade do conceito de propriedade indígena como coletiva acarretou a esses povos uma grande dificuldade de pleno acesso, uso e gozo de seus direitos às terras, diante da desvalorização dos aspectos especiais da propriedade comunal, fundamentados na ancestralidade.
{"title":"A PROPRIEDADE COMUNAL A PARTIR DO CASO XUCURU DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS","authors":"Vanessa de Castro Rosa, Marina Dias Maschio","doi":"10.22456/1982-6524.117769","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.117769","url":null,"abstract":"O Brasil violou o direito à propriedade indígena coletiva dos povos Xucurus e foi condenado internacionalmente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. O presente trabalho analisa a natureza jurídica da propriedade comunal a partir do Caso do Povo Indígena Xucuru após a condenação do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por violação desse direito, bem como verifica a interpretação do conceito de propriedade comunal pelo direito interno e examina a compatibilidade desse com o direito internacional. Para tanto, utilizou-se como metodologia o estudo de caso da sentença da Corte com fito de investigar minuciosamente os fundamentos e pressupostos estabelecidos para fixação desse conceito e, ainda, o método comparativo entre as normas de direito internacional e o ordenamento jurídico pátrio. Dessa maneira, verificou-se o aspecto coletivo da propriedade indígena, no entanto, esse aspecto não tem sido exercido no direito brasileiro, apesar de possuir compatibilidade no tocante à teoria do indigenato, baseada no direito originário e congênito de suas terras. A não aplicabilidade do conceito de propriedade indígena como coletiva acarretou a esses povos uma grande dificuldade de pleno acesso, uso e gozo de seus direitos às terras, diante da desvalorização dos aspectos especiais da propriedade comunal, fundamentados na ancestralidade.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"328 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124628913","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.121054
Elis Alberta Ribeiro dos Santos, Pablo Quintero
A partir dos trabalhos etnográficos colaborativos efetuados na Cidade de Manaus/AM em diversos períodos de 2019 e2020, o presente artigo discorre sobre as dinâmicas de reprodução social das mulheres do grupo étnico Warao residente na capital amazonense, com o objetivo de caracterizar tais dinâmicas socioeconômicas o trabalho as conceitualiza como formas de reprodução social coletiva e não somente como praticas econômicas, afirmando assim que as estratégias de sobrevivência dos grupos Warao no Brasil tem como núcleo estruturante as mulheres da etnia, o que não implica necessariamente uma simetria de gênero no controle do trabalho e dos seus recursos e produtos. Finalmente o trabalho propõe algumas perguntas para pesquisas futuras junto à população Warao.
从民族志的工作奋斗的城市玛瑙斯/ AM 2019年各个时期e2020,本文阐述了女性的社会生育动态的族群Warao亚马逊在首都居民社会经济动态,为了将这些工作之间的形式的集体社会再生产和经济不仅是练习因此,巴西瓦劳群体的生存战略以该种族的妇女为核心结构,这并不一定意味着在控制工作及其资源和产品方面存在性别对称。最后,本文提出了一些问题,以进一步研究瓦劳种群。
{"title":"DINÂMICAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL DAS MULHERES WARAO EM MANAUS/AM","authors":"Elis Alberta Ribeiro dos Santos, Pablo Quintero","doi":"10.22456/1982-6524.121054","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.121054","url":null,"abstract":"A partir dos trabalhos etnográficos colaborativos efetuados na Cidade de Manaus/AM em diversos períodos de 2019 e2020, o presente artigo discorre sobre as dinâmicas de reprodução social das mulheres do grupo étnico Warao residente na capital amazonense, com o objetivo de caracterizar tais dinâmicas socioeconômicas o trabalho as conceitualiza como formas de reprodução social coletiva e não somente como praticas econômicas, afirmando assim que as estratégias de sobrevivência dos grupos Warao no Brasil tem como núcleo estruturante as mulheres da etnia, o que não implica necessariamente uma simetria de gênero no controle do trabalho e dos seus recursos e produtos. Finalmente o trabalho propõe algumas perguntas para pesquisas futuras junto à população Warao.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129371046","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.101496
Carlos Eduardo Bao, Elizabeth Farias da Silva, Betânia De Oliveira Laterza Ribeiro
O objetivo do trabalho é refletir sobre a educação indígena em âmbito escolar e superior no Brasil e, mais detidamente, na região sul, relacionando-as às distintas perspectivas de interculturalidade (funcional e crítica) para compreender os caminhos da educação formal indígena no país. Para isso, apropriamo-nos de referenciais de pesquisadores e pesquisadoras pertencentes a povos originários no Brasil que se debruçam sobre a problemática em questão. A maior parte do referencial concentra-se nos Trabalhos de Conclusão de Curso dos/das estudantes guarani, laklaño/xokleng e kaingang formados na Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica (LIISMA) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2015. Por meio dessa abordagem, argumentamos, ao fim, como a educação escolar indígena brasileira aproxima-se mais de uma interculturalidade funcional, isto é, está mais alinhada ao uma prática pedagógica emancipadora do que propriamente libertadora; ao passo que o ensino superior intercultural indígena indica uma postura educacional e política mais alinhada a uma interculturalidade crítica, orientado para a prática libertária.
{"title":"MATIZES DA INTERCULTURALIDADE: CONTRIBUIÇÃO A UMA REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE EDUCAÇÃO ESCOLAR E ENSINO SUPERIOR PARA POVOS ORIGINÁRIOS NO BRASIL","authors":"Carlos Eduardo Bao, Elizabeth Farias da Silva, Betânia De Oliveira Laterza Ribeiro","doi":"10.22456/1982-6524.101496","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.101496","url":null,"abstract":"O objetivo do trabalho é refletir sobre a educação indígena em âmbito escolar e superior no Brasil e, mais detidamente, na região sul, relacionando-as às distintas perspectivas de interculturalidade (funcional e crítica) para compreender os caminhos da educação formal indígena no país. Para isso, apropriamo-nos de referenciais de pesquisadores e pesquisadoras pertencentes a povos originários no Brasil que se debruçam sobre a problemática em questão. A maior parte do referencial concentra-se nos Trabalhos de Conclusão de Curso dos/das estudantes guarani, laklaño/xokleng e kaingang formados na Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica (LIISMA) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2015. Por meio dessa abordagem, argumentamos, ao fim, como a educação escolar indígena brasileira aproxima-se mais de uma interculturalidade funcional, isto é, está mais alinhada ao uma prática pedagógica emancipadora do que propriamente libertadora; ao passo que o ensino superior intercultural indígena indica uma postura educacional e política mais alinhada a uma interculturalidade crítica, orientado para a prática libertária.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"65 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122297924","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.117798
Jan Schubert
Neste artigo discutimos as cosmovisões dos povos indígenas das etnias Kichwas e Waoranis com relação à proposta da Iniciativa Yasuni-ITT no Equador. Adotamos uma metodologia de cunho qualitativo para esta pesquisa, a qual foi realizada na Região Amazônica Equatoriana (RAE), em 2017. Nosso percurso empírico-analítico visou mapear e compreender a(s) perspectiva(s) dos povos indígenas sobre a proposta da Iniciativa Yasuni-ITT e da exploração de petróleo nos territórios de possessão ancestral. Como também, discutimos o turismo comunitário como uma das alternativas de desenvolvimento voltado ao Sumak Kawsay/Buen Vivir e ecoamos alguns processos de resistência contra o extrativismo desde as comunidades indígenas. O campo nos propiciou perceber como se manifestam no mundo vivido as cosmovisões destes povos, sobretudo no que tange à forma de se relacionar com o território e com outras formas de vida. Recordemos que para estas cosmovisões um aspecto importante é o relacional, sendo assim não existe a ideia de indivíduo, porque somos família, somos comunidade, não existe um eu separado dos outros, por isso intersomos: eu sou porque tu és; que também é a filosofia Ubuntu na África.
{"title":"AS COSMOVISÕES DOS POVOS INDIGENAS KICHWAS E WAORANIS, BUEN VIVIR E A INICIATIVA YASUNI-ITT","authors":"Jan Schubert","doi":"10.22456/1982-6524.117798","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.117798","url":null,"abstract":"Neste artigo discutimos as cosmovisões dos povos indígenas das etnias Kichwas e Waoranis com relação à proposta da Iniciativa Yasuni-ITT no Equador. Adotamos uma metodologia de cunho qualitativo para esta pesquisa, a qual foi realizada na Região Amazônica Equatoriana (RAE), em 2017. Nosso percurso empírico-analítico visou mapear e compreender a(s) perspectiva(s) dos povos indígenas sobre a proposta da Iniciativa Yasuni-ITT e da exploração de petróleo nos territórios de possessão ancestral. Como também, discutimos o turismo comunitário como uma das alternativas de desenvolvimento voltado ao Sumak Kawsay/Buen Vivir e ecoamos alguns processos de resistência contra o extrativismo desde as comunidades indígenas. O campo nos propiciou perceber como se manifestam no mundo vivido as cosmovisões destes povos, sobretudo no que tange à forma de se relacionar com o território e com outras formas de vida. Recordemos que para estas cosmovisões um aspecto importante é o relacional, sendo assim não existe a ideia de indivíduo, porque somos família, somos comunidade, não existe um eu separado dos outros, por isso intersomos: eu sou porque tu és; que também é a filosofia Ubuntu na África.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114067274","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.116641
L. Danner, Julie Dorrico, Fernando Danner
Neste artigo, argumentaremos que os povos indígenas brasileiros, com suas lideranças e com seus/as intelectuais, assumiram e estilizaram a educação escolar formal, seus valores político-culturais, seus instrumentos epistemológicos e suas ferramentas midiático-digitais, como o caminho e a prática por excelência para a constituição de uma perspectiva ativista, militante e engajada tanto em termos de Movimento Indígena quanto no que se refere à constituição e à publicização da literatura indígena. No caso, portanto, os povos indígenas perceberam que somente afirmando sua cidadania política poderiam enfrentar de modo consistente os processos de exclusão, de marginalização e de violência ainda vigentes no Brasil contemporâneo, o que colocou essa mesma educação escolar formal como a base da socialização cultural e da formação epistemológico-política das comunidades indígenas, como o caminho para sua modernização político-cultural, para sua integração e participação na sociedade nacional. Ora, do Movimento Indígena origina-se, como sua base normativa, a crescente produção estético-cultural realizada por intelectuais indígenas, tendo como mote exatamente a crítica da cultura, a descatequização da mente e a reorientação do olhar relativamente aos povos indígenas brasileiros e, de um modo mais geral, acerca de nossa própria história. A partir da revisão bibliográfica de produções indígenas ligadas ao tema, buscar-se-á argumentar em torno à constituição correlata do Movimento Indígena e da literatura indígena como ativismo político-cultural direto, como práxis pedagógica democrática constituída e dinamizada pelos/as próprios/as indígenas, desde si mesmos/as e por si mesmos/as, a partir de sua inserção na cultura nacional por meio da educação escolar.
{"title":"EDUCAÇÃO, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA NA LITERATURA INDÍGENA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA","authors":"L. Danner, Julie Dorrico, Fernando Danner","doi":"10.22456/1982-6524.116641","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.116641","url":null,"abstract":"Neste artigo, argumentaremos que os povos indígenas brasileiros, com suas lideranças e com seus/as intelectuais, assumiram e estilizaram a educação escolar formal, seus valores político-culturais, seus instrumentos epistemológicos e suas ferramentas midiático-digitais, como o caminho e a prática por excelência para a constituição de uma perspectiva ativista, militante e engajada tanto em termos de Movimento Indígena quanto no que se refere à constituição e à publicização da literatura indígena. No caso, portanto, os povos indígenas perceberam que somente afirmando sua cidadania política poderiam enfrentar de modo consistente os processos de exclusão, de marginalização e de violência ainda vigentes no Brasil contemporâneo, o que colocou essa mesma educação escolar formal como a base da socialização cultural e da formação epistemológico-política das comunidades indígenas, como o caminho para sua modernização político-cultural, para sua integração e participação na sociedade nacional. Ora, do Movimento Indígena origina-se, como sua base normativa, a crescente produção estético-cultural realizada por intelectuais indígenas, tendo como mote exatamente a crítica da cultura, a descatequização da mente e a reorientação do olhar relativamente aos povos indígenas brasileiros e, de um modo mais geral, acerca de nossa própria história. A partir da revisão bibliográfica de produções indígenas ligadas ao tema, buscar-se-á argumentar em torno à constituição correlata do Movimento Indígena e da literatura indígena como ativismo político-cultural direto, como práxis pedagógica democrática constituída e dinamizada pelos/as próprios/as indígenas, desde si mesmos/as e por si mesmos/as, a partir de sua inserção na cultura nacional por meio da educação escolar.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125749222","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A literatura infantil indígena faz parte do patrimônio cultural do país e pode/deve ser oferecida às crianças de todas as culturas. O caminho das histórias é trilhado desde a criação do mundo e lhes chegam quando contadas pelos mais velhos O presente artigo é um recorte de uma pesquisa mais ampla e tem como objetivo destacar e analisar, de maneira sintética, o que vem sendo produzido em literatura infantil indígena, culminando na elaboração de uma história infantil indígena com tradução para o Guarani. O referencial teórico sustenta-se por meio dos estudos de Munduruku, com a contribuição no campo da Literatura Infantil Indígena e, também, conta com as pesquisas de Dorrico e Kambeba por intermédio de suas obras teóricas e de Literatura Indígena. A metodologia tem caráter qualitativo, com lentes que a aproximam da etnografia. A partir da aproximação da cultura Kubeo, fez-se possível produzir uma história: “Kubai, o Encantado”, com traduções para o Guarani.
{"title":"LITERATURA INFANTIL INDÍGENA: KUBAI, O ENCANTADO","authors":"Raquel Ramos, Claudia Rodrigues de Freitas, Mauren Lucia Tezzari, Jeruza Santos Nobre","doi":"10.22456/1982-6524.111423","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.111423","url":null,"abstract":"A literatura infantil indígena faz parte do patrimônio cultural do país e pode/deve ser oferecida às crianças de todas as culturas. O caminho das histórias é trilhado desde a criação do mundo e lhes chegam quando contadas pelos mais velhos O presente artigo é um recorte de uma pesquisa mais ampla e tem como objetivo destacar e analisar, de maneira sintética, o que vem sendo produzido em literatura infantil indígena, culminando na elaboração de uma história infantil indígena com tradução para o Guarani. O referencial teórico sustenta-se por meio dos estudos de Munduruku, com a contribuição no campo da Literatura Infantil Indígena e, também, conta com as pesquisas de Dorrico e Kambeba por intermédio de suas obras teóricas e de Literatura Indígena. A metodologia tem caráter qualitativo, com lentes que a aproximam da etnografia. A partir da aproximação da cultura Kubeo, fez-se possível produzir uma história: “Kubai, o Encantado”, com traduções para o Guarani.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"75 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116619522","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.120444
Jéssica Nunes Da Silva
Resenha do livro "O ecossocialismo de Karl Marx: capitalismo, natureza e a crítica inacabada à economia política", de Kohei Saito.
《卡尔·马克思的生态社会主义:资本主义、自然与未完成的政治经济学批判》,作者齐藤浩平。
{"title":"A NATUREZA E O CAPITAL EM CONTRADIÇÃO: ECOLOGIA E CRÍTICA AO CAPITALISMO EM “O ECOSSOCIALISMO DE KARL MARX”","authors":"Jéssica Nunes Da Silva","doi":"10.22456/1982-6524.120444","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.120444","url":null,"abstract":"Resenha do livro \"O ecossocialismo de Karl Marx: capitalismo, natureza e a crítica inacabada à economia política\", de Kohei Saito.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"540 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"128382662","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.115507
Giovana Goretti Feijó de Almeida, Edson Modesto de Araújo Júnior
As invasões em terras indígenas continuam mesmo durante a pandemia Covid-19. O objetivo é compreender as estratégias de apropriação territorial em terras de culturas tradicionais, como a dos índios Suruí, em Rondônia, Brasil. A metodologia da pesquisa utilizou o método de estudo de caso com abordagem qualitativa, valendo-se de um protocolo de pesquisa com três variáveis. Os resultados apontaram para um conjunto de diferentes tipos de invasores de terras indígenas, que não mais se resumem apenas aos latifundiários, podendo a pandemia do coronavírus ter contribuído para o aumento das invasões. A conclusão reitera que as estratégias de apropriação territorial em terras indígenas foram ampliadas, dando indícios da existência de um processo de apagamento da identidade territorial dos índios na América Latina.
{"title":"ESTRATÉGIAS DE APROPRIAÇÃO TERRITORIAL NA CULTURA TRADICIONAL DOS ÍNDIOS SURUÍ EM RONDÔNIA-BRASIL EM TEMPOS DE COVID-19","authors":"Giovana Goretti Feijó de Almeida, Edson Modesto de Araújo Júnior","doi":"10.22456/1982-6524.115507","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.115507","url":null,"abstract":"As invasões em terras indígenas continuam mesmo durante a pandemia Covid-19. O objetivo é compreender as estratégias de apropriação territorial em terras de culturas tradicionais, como a dos índios Suruí, em Rondônia, Brasil. A metodologia da pesquisa utilizou o método de estudo de caso com abordagem qualitativa, valendo-se de um protocolo de pesquisa com três variáveis. Os resultados apontaram para um conjunto de diferentes tipos de invasores de terras indígenas, que não mais se resumem apenas aos latifundiários, podendo a pandemia do coronavírus ter contribuído para o aumento das invasões. A conclusão reitera que as estratégias de apropriação territorial em terras indígenas foram ampliadas, dando indícios da existência de um processo de apagamento da identidade territorial dos índios na América Latina.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"13 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134320889","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.22456/1982-6524.120835
Clémentine Maréchal, Augusto Leal de Britto Velho, Milena Weber Rodrigues
Nesse artigo, analisamos uma situação etnográfica - a remoção forçada de indígenas migrantes warao de um espaço público onde estavam acampados e sua consequente condução para abrigos - desde uma perspectiva crítica das políticas de assistência social e da rede que ela compõe. Buscamos explorar como tais políticas, que iniciam com descaso e omissão, se transformam em verdadeiros instrumentos de controle social e coerção enraizadas na lógica do poder tutelar, quando os serviços dessa rede se encontram diante de uma situação limite.
{"title":"ENTRE O ABANDONO E A TUTELA: OS WARAO E A REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM PORTO ALEGRE","authors":"Clémentine Maréchal, Augusto Leal de Britto Velho, Milena Weber Rodrigues","doi":"10.22456/1982-6524.120835","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/1982-6524.120835","url":null,"abstract":"Nesse artigo, analisamos uma situação etnográfica - a remoção forçada de indígenas migrantes warao de um espaço público onde estavam acampados e sua consequente condução para abrigos - desde uma perspectiva crítica das políticas de assistência social e da rede que ela compõe. Buscamos explorar como tais políticas, que iniciam com descaso e omissão, se transformam em verdadeiros instrumentos de controle social e coerção enraizadas na lógica do poder tutelar, quando os serviços dessa rede se encontram diante de uma situação limite.","PeriodicalId":423979,"journal":{"name":"Espaço Ameríndio","volume":"125 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124512631","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}