Pedro Ipiranga, A. Zalewski, Gissele Chapanski, S. Kalil, Pedro Dolabela
Introdução ao número temático Retórica e Alteridade
主题修辞与差异性论导论
{"title":"Introdução ao número temático Retórica e Alteridade","authors":"Pedro Ipiranga, A. Zalewski, Gissele Chapanski, S. Kalil, Pedro Dolabela","doi":"10.5380/REL.V97I0.60601","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.60601","url":null,"abstract":"Introdução ao número temático Retórica e Alteridade","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45196033","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Defendemos, nesse artigo, que a literatura indígena brasileira contemporânea possui como núcleo epistemológico-político e como estilo estético-literário o ativismo e a militância público-políticos diretos e pungentes, em sua ligação umbilical e em sua dependência profunda relativamente ao Movimento Indígena. Nesse sentido, a literatura indígena brasileira apresenta três marcas distintivas e constitutivas que lhe dinamizam nessa sua vinculação seja ao Movimento Indígena, seja em termos de esfera público-política e como práxis estética, política e normativa, a saber: (a) parte da afirmação da memória ancestral e comunitária, da autoexpressão desde a singularidade antropológica do próprio indígena; (b) com base nisso, explicita, denuncia e enfrenta pública e politicamente a condição de exclusão, de marginalização e de violência vividas e sofridas; e (c), como síntese de tudo isso, assume um sentido político-politizante, carnal e vinculado que se expressa por meio de uma voz-práxis estético-literária que funda o eu-nós lírico-político ativista, militante e engajado, comprometido diretamente com a causa indígena. Assim, argumentamos que o núcleo normativo da literatura indígena brasileira contemporânea consiste na intersecção de comunidade e indivíduo, no mútuo sustento de afirmação e atualização da memória ancestral-comunitária como singularidade antropológica, de denúncia da violência sofrida como minoria e de crítica do presente do e por parte do eu-nós lírico-político indígena. Essa é a linguagem, o estilo e a práxis da literatura indígena brasileira hodierna que marca, dinamiza e define as produções estético-literárias indígenas e a postura de seus/as intelectuais, bem como do próprio Movimento Indígena de um modo mais geral.
{"title":"A estilística da literatura indígena brasileira: a alteridade como crítica do presente – sobre a noção de eu-nós lírico-político","authors":"L. Danner, Julie Dorrico, Fernando Danner","doi":"10.5380/REL.V97I0.56721","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.56721","url":null,"abstract":"Defendemos, nesse artigo, que a literatura indígena brasileira contemporânea possui como núcleo epistemológico-político e como estilo estético-literário o ativismo e a militância público-políticos diretos e pungentes, em sua ligação umbilical e em sua dependência profunda relativamente ao Movimento Indígena. Nesse sentido, a literatura indígena brasileira apresenta três marcas distintivas e constitutivas que lhe dinamizam nessa sua vinculação seja ao Movimento Indígena, seja em termos de esfera público-política e como práxis estética, política e normativa, a saber: (a) parte da afirmação da memória ancestral e comunitária, da autoexpressão desde a singularidade antropológica do próprio indígena; (b) com base nisso, explicita, denuncia e enfrenta pública e politicamente a condição de exclusão, de marginalização e de violência vividas e sofridas; e (c), como síntese de tudo isso, assume um sentido político-politizante, carnal e vinculado que se expressa por meio de uma voz-práxis estético-literária que funda o eu-nós lírico-político ativista, militante e engajado, comprometido diretamente com a causa indígena. Assim, argumentamos que o núcleo normativo da literatura indígena brasileira contemporânea consiste na intersecção de comunidade e indivíduo, no mútuo sustento de afirmação e atualização da memória ancestral-comunitária como singularidade antropológica, de denúncia da violência sofrida como minoria e de crítica do presente do e por parte do eu-nós lírico-político indígena. Essa é a linguagem, o estilo e a práxis da literatura indígena brasileira hodierna que marca, dinamiza e define as produções estético-literárias indígenas e a postura de seus/as intelectuais, bem como do próprio Movimento Indígena de um modo mais geral. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45643156","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Em tempos pautados pela valorização do discurso científico, que autoriza pensamentos e consolida verdades, da academia à grande mídia, os ambientes de ensino de Português Brasileiro como Língua materna ainda se valem de diversas concepções opacas a análises de acordo com a metodologia de qualquer ciência propriamente dita. Em manuais de ensino de Português como língua materna, na prática escolar e mesmo no vasto aparato metalinguístico que corre paralelo ao circuito oficial da educação (como blogs e demais instrumentos midiáticos), é possível flagrar mecanismos de observação dos fatos da língua apoiados exclusivamente na reprodução de posições calcificadas dentro do que se poderia chamar aqui de uma retórica metalinguística no Ocidente. Para algumas dessas "explicações gramaticais" o valor de verdade emana de uma permanência diacrônica capaz de remontar ao circuito gramatical da Antiguidade. Para outras tantas, trata-se apenas do surgimento de um valor de autoridade plasmado tão somente pela repetição de conteúdos dentro de um circuito mais atual chancelado socioculturalmente. O presente artigo tem por intuito propor uma análise das razões e do funcionamento de tal contraste, representado pela permanência, nos diversos ambientes de ensino de Português como língua materna, de discursos já esvaziados, ou, ao menos, questionados pelas Ciências da linguagem. Para isso, discutiremos aspectos relacionados à terminologia gramatical e linguística, bem como a noção de sujeito e de subordinação.
{"title":"A didática contemporânea de língua portuguesa entre expediente retórico e produto científico: pressupostos histórico e teórico e estudo de casos","authors":"C. M. Gavioli-Prestes, Gissele Chapanski","doi":"10.5380/REL.V97I0.59162","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.59162","url":null,"abstract":"Em tempos pautados pela valorização do discurso científico, que autoriza pensamentos e consolida verdades, da academia à grande mídia, os ambientes de ensino de Português Brasileiro como Língua materna ainda se valem de diversas concepções opacas a análises de acordo com a metodologia de qualquer ciência propriamente dita. Em manuais de ensino de Português como língua materna, na prática escolar e mesmo no vasto aparato metalinguístico que corre paralelo ao circuito oficial da educação (como blogs e demais instrumentos midiáticos), é possível flagrar mecanismos de observação dos fatos da língua apoiados exclusivamente na reprodução de posições calcificadas dentro do que se poderia chamar aqui de uma retórica metalinguística no Ocidente. Para algumas dessas \"explicações gramaticais\" o valor de verdade emana de uma permanência diacrônica capaz de remontar ao circuito gramatical da Antiguidade. Para outras tantas, trata-se apenas do surgimento de um valor de autoridade plasmado tão somente pela repetição de conteúdos dentro de um circuito mais atual chancelado socioculturalmente. O presente artigo tem por intuito propor uma análise das razões e do funcionamento de tal contraste, representado pela permanência, nos diversos ambientes de ensino de Português como língua materna, de discursos já esvaziados, ou, ao menos, questionados pelas Ciências da linguagem. Para isso, discutiremos aspectos relacionados à terminologia gramatical e linguística, bem como a noção de sujeito e de subordinação.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47249042","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O discurso assumido por alguns poemas de Bocage faz, no final do século XVIII, uma representação bastante marcada de africanos, o que permite indagar qual o sentido que essa representação pode assumir nos contextos literário e social em que se inseria. Com algumas diferenças, tanto os ataques satíricos ao poeta brasileiro Domingos Caldas Barbosa quanto os personagens criados para os poemas pornográficos constroem uma mesma tópica: redução do sujeito a seu corpo e apagamento dos traços de humanidade. O que se testemunha é o estabelecimento de um lugar decoroso para os africanos e afro-descendentes que estão gradativamente ocupando lugares de destaque na sociedade portuguesa.
{"title":"A NOJENTA PROLE DA RAINHA GINGA, EM PARTE AOS HOMENS SEMELHANTE: BOCAGE E A REPRESENTAÇÃO DE NEGROS E AFRO-DESCENDENTES NO NEOCLASSICISMO PORTUGUÊS","authors":"Fernando Morato","doi":"10.5380/REL.V97I0.56253","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.56253","url":null,"abstract":"O discurso assumido por alguns poemas de Bocage faz, no final do século XVIII, uma representação bastante marcada de africanos, o que permite indagar qual o sentido que essa representação pode assumir nos contextos literário e social em que se inseria. Com algumas diferenças, tanto os ataques satíricos ao poeta brasileiro Domingos Caldas Barbosa quanto os personagens criados para os poemas pornográficos constroem uma mesma tópica: redução do sujeito a seu corpo e apagamento dos traços de humanidade. O que se testemunha é o estabelecimento de um lugar decoroso para os africanos e afro-descendentes que estão gradativamente ocupando lugares de destaque na sociedade portuguesa.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71019914","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Resumo: O presente texto tem por finalidade mostrar que Pero de Magalhães de Gandavo, autor de “História da Província de Santa Cruz” emula – emulatio - Plínio, o velho, autor de “História Natural” para a feitura de suas écfrases – descrições – dos bestiários proporcionando, desse modo, ao seu destinatário uma visão quinhentista, eurocêntrica e contrarreformada da tópica dos “mirabilis”, ou seja, do” fantástico”, “admirável” e” maravilhoso” naquele que foi considerado o primeiro tratado histórico sobre o Brasil escrito provavelmente entre 1573 e 1576 denominado” História da província de Sancta Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil”. Tomamos Plínio, o Velho como autoridades (auctoritas) para o texto de Gandavo, pois, no século XVI os tratados de descrição da fauna e da flora tinham no autor de História Natural a auctoritas mais recorrente. Defendemos a hipótese que o tratado de Gandavo, dentre todos os autores luso-brasileiros do período é o que mais se aproxima de o autor de História Natural de Plínio, o velho.
{"title":"GANDAVO & PLINIO, O VELHO: UMA CONSTRUÇÃO RETÓRICA DOS MIRABILIS","authors":"Alexandre Jose Barboza da Costa","doi":"10.5380/REL.V97I0.59286","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.59286","url":null,"abstract":"Resumo: O presente texto tem por finalidade mostrar que Pero de Magalhães de Gandavo, autor de “História da Província de Santa Cruz” emula – emulatio - Plínio, o velho, autor de “História Natural” para a feitura de suas écfrases – descrições – dos bestiários proporcionando, desse modo, ao seu destinatário uma visão quinhentista, eurocêntrica e contrarreformada da tópica dos “mirabilis”, ou seja, do” fantástico”, “admirável” e” maravilhoso” naquele que foi considerado o primeiro tratado histórico sobre o Brasil escrito provavelmente entre 1573 e 1576 denominado” História da província de Sancta Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil”. Tomamos Plínio, o Velho como autoridades (auctoritas) para o texto de Gandavo, pois, no século XVI os tratados de descrição da fauna e da flora tinham no autor de História Natural a auctoritas mais recorrente. Defendemos a hipótese que o tratado de Gandavo, dentre todos os autores luso-brasileiros do período é o que mais se aproxima de o autor de História Natural de Plínio, o velho.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47207152","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A literatura e as artes visuais sempre estabeleceram um diálogo. Na Grécia antiga, poetas e filósofos já discutiam a proximidade entre a poesia e a pintura; a écfrase era utilizada como procedimento retórico. Na contemporaneidade, os entrelaçamentos intermidiais configuram um fértil campo de estudos comparatistas. Esta pesquisa investiga as relações entre a palavra e a imagem no romance O livro das provas (1989), do autor irlandês John Banville, texto com o qual conquistou o Guinness Peat Aviation Award. Em tom confessional, o protagonista do romance rememora o passado utilizando uma narrativa não-linear, condizente com o tom memorialístico adotado. Suas referências à pintura acentuam o caráter pictural do texto, que discute a relação entre a vida e a arte e também a permeabilidade das fronteiras entre a realidade e a representação. Com base em estudos a respeito da écfrase, esta pesquisa pretende analisar a arquitetura textual de John Banville e destacar os marcadores picturais presentes no romance.
{"title":"John Banville: narrativa ecfrástica e picturalidade","authors":"S. V. Padilha","doi":"10.5380/REL.V97I0.58234","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.58234","url":null,"abstract":"A literatura e as artes visuais sempre estabeleceram um diálogo. Na Grécia antiga, poetas e filósofos já discutiam a proximidade entre a poesia e a pintura; a écfrase era utilizada como procedimento retórico. Na contemporaneidade, os entrelaçamentos intermidiais configuram um fértil campo de estudos comparatistas. Esta pesquisa investiga as relações entre a palavra e a imagem no romance O livro das provas (1989), do autor irlandês John Banville, texto com o qual conquistou o Guinness Peat Aviation Award. Em tom confessional, o protagonista do romance rememora o passado utilizando uma narrativa não-linear, condizente com o tom memorialístico adotado. Suas referências à pintura acentuam o caráter pictural do texto, que discute a relação entre a vida e a arte e também a permeabilidade das fronteiras entre a realidade e a representação. Com base em estudos a respeito da écfrase, esta pesquisa pretende analisar a arquitetura textual de John Banville e destacar os marcadores picturais presentes no romance.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41329885","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Eleonoura Enoque da Silva, Martha Solange Perrusi, A. H. A. D. Moraes
Sófocles escreveu a tragédia Antígona – peça representada pela primeira vez em 441 a.C, em Atenas –, que tem como tema central um problema prático de conduta, envolvendo aspectos morais e políticos. Nessa obra, o tragediógrafo colocou questões fundamentais para discussão e reflexão, principalmente a do limite da autoridade do Estado sobre a consciência individual e o conflito entre a lei não escrita e a lei escrita. Nosso propósito, neste trabalho será analisar como Aristóteles, em sua obra Retórica, discute o tema e as questões fundamentais de Antígona, a partir dos conceitos de lei, justiça e equidade. Continuaremos nossa análise com um pensador contemporâneo, Cornelius Castoriadis, que considera ser a tragédia, um dos mecanismos de instituição da democracia grega, isto é, do exercício político na polis. Com base nas ideias desses autores, pretendemos primeiro discutir o conflito, entre as leis, à luz da retórica aristotélica e num segundo momento discutir o bom senso x descomedimento, a partir de considerações trazidas por Castoriadis.
{"title":"ANÁLISE RETÓRICA E MORAL DE ANTÍGONA","authors":"Eleonoura Enoque da Silva, Martha Solange Perrusi, A. H. A. D. Moraes","doi":"10.5380/REL.V97I0.56569","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.56569","url":null,"abstract":"Sófocles escreveu a tragédia Antígona – peça representada pela primeira vez em 441 a.C, em Atenas –, que tem como tema central um problema prático de conduta, envolvendo aspectos morais e políticos. Nessa obra, o tragediógrafo colocou questões fundamentais para discussão e reflexão, principalmente a do limite da autoridade do Estado sobre a consciência individual e o conflito entre a lei não escrita e a lei escrita. Nosso propósito, neste trabalho será analisar como Aristóteles, em sua obra Retórica, discute o tema e as questões fundamentais de Antígona, a partir dos conceitos de lei, justiça e equidade. Continuaremos nossa análise com um pensador contemporâneo, Cornelius Castoriadis, que considera ser a tragédia, um dos mecanismos de instituição da democracia grega, isto é, do exercício político na polis. Com base nas ideias desses autores, pretendemos primeiro discutir o conflito, entre as leis, à luz da retórica aristotélica e num segundo momento discutir o bom senso x descomedimento, a partir de considerações trazidas por Castoriadis.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46239400","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A escrita da História no século XVII, na Península Ibérica, tem como base o esquema bíblico cristão, logo, a verdade dos fatos dificilmente pode ser comprovada. Essa é uma das razões de a narração histórica se apoiar na repetição dos lugares-comuns da memória cristã para que os eventos narrados sejam considerados verdadeiros porque repetidos de acordo com o propósito divino. As edições ornadas com gravuras estabelecem uma tensão entre a verdade que se narra e o que se vê pintado, instituindo uma competição entre o discurso histórico e a arte pictórica. As gravuras imitam os lugares-comuns empenhados pelo cronista, amplificando-os para superar o discurso histórico e, assim, persuadir e comover o leitor e espectador a partir dos afetos com a visão de uma imagem que apenas se formava a partir da leitura e da memória cristã. O presente trabalho propõe uma leitura da competição entre o discurso histórico e a arte pictórica na edição ornada com gravuras da Historia de la conquista de México de Dom Antonio de Solís, publicada em Bruxelas no ano de 1704, em língua castelhana. A partir de duas imagens do Livro III – o templo de Viztzilipuztli e a prática do sacrifício –, analisamos como se estabelece o procedimento retórico de imitação e emulação entre o discurso e a gravura e como as artes competem entre si.
17世纪伊比利亚半岛的历史书写是基于基督教圣经的计划,因此事实的真实性很难被证明。这就是为什么历史叙述依赖于重复基督教记忆的共同点,从而使所叙述的事件被认为是真实的,因为它们是根据神圣目的重复的。用版画装饰的版本在叙述的真相和绘画的真相之间建立了张力,在历史话语和绘画艺术之间建立了竞争。版画模仿了编年史家所做的共同点,放大了这些共同点,以克服历史话语,从而说服读者和观众,使他们摆脱只有阅读和基督教记忆才能形成的图像的影响。本文建议阅读1704年在布鲁塞尔出版的Dom Antonio de Solís的《墨西哥历史》(Historia de la Conquista de México)雕刻版中历史话语和绘画艺术之间的竞争。从第三卷中的两个图像——维兹兹兹利普兹利神庙和祭祀实践——我们分析了言语和雕刻之间模仿和模仿的修辞程序是如何建立的,以及艺术是如何相互竞争的。
{"title":"A competição entre o discurso histórico e a arte pictórica na representação da prática dos sacrifícios no templo de Viztzilipuztli","authors":"Deolinda de Jesus Freire","doi":"10.5380/rel.v97i0.56673","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v97i0.56673","url":null,"abstract":"A escrita da História no século XVII, na Península Ibérica, tem como base o esquema bíblico cristão, logo, a verdade dos fatos dificilmente pode ser comprovada. Essa é uma das razões de a narração histórica se apoiar na repetição dos lugares-comuns da memória cristã para que os eventos narrados sejam considerados verdadeiros porque repetidos de acordo com o propósito divino. As edições ornadas com gravuras estabelecem uma tensão entre a verdade que se narra e o que se vê pintado, instituindo uma competição entre o discurso histórico e a arte pictórica. As gravuras imitam os lugares-comuns empenhados pelo cronista, amplificando-os para superar o discurso histórico e, assim, persuadir e comover o leitor e espectador a partir dos afetos com a visão de uma imagem que apenas se formava a partir da leitura e da memória cristã. O presente trabalho propõe uma leitura da competição entre o discurso histórico e a arte pictórica na edição ornada com gravuras da Historia de la conquista de México de Dom Antonio de Solís, publicada em Bruxelas no ano de 1704, em língua castelhana. A partir de duas imagens do Livro III – o templo de Viztzilipuztli e a prática do sacrifício –, analisamos como se estabelece o procedimento retórico de imitação e emulação entre o discurso e a gravura e como as artes competem entre si.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44682646","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Seggundo a Retórica Clássica, as figuras de estilo, tais como a antítese, a hipérbole e a metáfora, dentre outras, na medida em que contribuem para o movere - ao suscitar uma emoção, o docere - ao transmitir um conhecimento, e o delectare - ao proporcionar prazer, são também retóricas, por exprimirem argumentos, condensando-os e tornando-os mais expressivos. Desse modo, o presente artigo incursiona pela utilização da metáfora nos sermões de Antonio Vieira, como criadora de sentido, com o objetivo de identificar sua natureza e função. Desse modo, visualiza a metáfora não apenas como elemento estético, mas também discursivo, se bem que a análise dessa figura se subordine a uma análise prévia dos argumentos. Pressupõe, portanto, a utilização de tal recurso como, inicialmente, argumentativa, de acordo com o que preceitua a Retórica Antiga, mas estende sua percepção para sua possível autonomização, por conta das derivações em que incorre ao integrar campos semânticos diferenciados. Para isso, a pesquisa recorreu aos estudiosos dessa questão, como Araújo (2013), Cantel (1959), Curtius (1979), Gontijo, Massimi (2014), Muraro (2003), Oliveira (2008), Saraiva (1980), dentre outros.
{"title":"A metáfora nos sermões de Antonio Vieira: do argumentativo ao sacro-literário","authors":"M. C. Alves","doi":"10.5380/REL.V97I0.56718","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/REL.V97I0.56718","url":null,"abstract":"Seggundo a Retórica Clássica, as figuras de estilo, tais como a antítese, a hipérbole e a metáfora, dentre outras, na medida em que contribuem para o movere - ao suscitar uma emoção, o docere - ao transmitir um conhecimento, e o delectare - ao proporcionar prazer, são também retóricas, por exprimirem argumentos, condensando-os e tornando-os mais expressivos. Desse modo, o presente artigo incursiona pela utilização da metáfora nos sermões de Antonio Vieira, como criadora de sentido, com o objetivo de identificar sua natureza e função. Desse modo, visualiza a metáfora não apenas como elemento estético, mas também discursivo, se bem que a análise dessa figura se subordine a uma análise prévia dos argumentos. Pressupõe, portanto, a utilização de tal recurso como, inicialmente, argumentativa, de acordo com o que preceitua a Retórica Antiga, mas estende sua percepção para sua possível autonomização, por conta das derivações em que incorre ao integrar campos semânticos diferenciados. Para isso, a pesquisa recorreu aos estudiosos dessa questão, como Araújo (2013), Cantel (1959), Curtius (1979), Gontijo, Massimi (2014), Muraro (2003), Oliveira (2008), Saraiva (1980), dentre outros.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2018-07-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42111774","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}