Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.80319
Everton Mitherhofer Bernardes
Este artigo tem como objetivo analisar a passagem dos modelos de ciência da linguagem propostos pelos primeiros comparativistas, em especial Franz Bopp (1791-1867) e August Schleicher (1821-1868), para o proposto pelos jovens gramáticos (ou neogramáticos) a partir da década de 1870. A partir do modelo de programas de pesquisas científicas proposto por Lakatos (1970), serão analisados tanto os aspectos sociais quanto os valores cognitivos e as bases filosóficas dos dois grupos mencionados. O intuito é apresentar as vantagens que a filosofia da ciência lakatosiana pode apresentar com relação à terminologia kuhniana de paradigma e revolução científica, defendida por autores como Koerner (1989), no estudo da linguística realizada entre as décadas de 1860 e 1880.
{"title":"Entre os primeiros comparativistas e os jovens gramáticos: paradigmas ou programas de pesquisa?","authors":"Everton Mitherhofer Bernardes","doi":"10.5380/rel.v104i1.80319","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.80319","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo analisar a passagem dos modelos de ciência da linguagem propostos pelos primeiros comparativistas, em especial Franz Bopp (1791-1867) e August Schleicher (1821-1868), para o proposto pelos jovens gramáticos (ou neogramáticos) a partir da década de 1870. A partir do modelo de programas de pesquisas científicas proposto por Lakatos (1970), serão analisados tanto os aspectos sociais quanto os valores cognitivos e as bases filosóficas dos dois grupos mencionados. O intuito é apresentar as vantagens que a filosofia da ciência lakatosiana pode apresentar com relação à terminologia kuhniana de paradigma e revolução científica, defendida por autores como Koerner (1989), no estudo da linguística realizada entre as décadas de 1860 e 1880.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43401290","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84133
Gissele Chapanski
Inventariar itens é prática recorrente na história do conhecimento. Ao viabilizar raciocínios indutivos, ilustrar processos dedutivos, salvaguardar ou disponibilizar saberes, as listas constituem instrumento metodológico e filosófico do pensar. Tanto é, que a coleta ordenada de exemplos, espécimes, dados de toda ordem consiste em procedimento comum a ponto de soar naturalizado. Longe, porém, de ser mero instrumental neutro, o inventário revela chaves epistêmicas capazes de traduzir as concepções operacionalizadas por determinado autor, disciplina ou escola de pensamento (AMSTERDAMSKA, 1987). Embora como objeto ou resultado a lista se repita, suas natureza e funções não permanecem uniformes. O enciclopedismo de Plínio não é o de Diderot. No caso específico dos estudos linguísticos, é possível flagrar inventários constituindo tabelas de analogias nos antigos gramáticos, exemplificando classes de palavras, motivando ou ilustrando teses diversas. Individualizadas, essas listagens se amparam sobre noções lógicas fundamentais, como as de categoria e paradigma, mas as articulam de modo particular. No cenário que antecedeu a linguística comparativa de Bopp, compilações como o Dicionário Universal de Pallas (1786), o Catálogo de Hervás (1800) e o Mithridates de Adelung (1806-17) atuaram como repositórios de diversidade linguística. Essas obras manifestam, ainda que concebidas sob distintas finalidades e critérios, uma guinada epistemológica na direção do dado que refletirá diretamente na linguística posterior (MORPURGODAVIES, 1998). Abordando mais pontualmente o exemplo de Adelung, o presente trabalho fará uma breve análise do papel desses inventários, entre estudo tipológico e fonte para uma genealogia das línguas, e sua transição da polimatia à especialização nos estudos linguísticos do século XIX.
{"title":"O inventário poliglota como instrumento epistemológico da formação metodológico-conceitual da linguística comparativa do século XIX","authors":"Gissele Chapanski","doi":"10.5380/rel.v104i1.84133","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84133","url":null,"abstract":"Inventariar itens é prática recorrente na história do conhecimento. Ao viabilizar raciocínios indutivos, ilustrar processos dedutivos, salvaguardar ou disponibilizar saberes, as listas constituem instrumento metodológico e filosófico do pensar. Tanto é, que a coleta ordenada de exemplos, espécimes, dados de toda ordem consiste em procedimento comum a ponto de soar naturalizado. Longe, porém, de ser mero instrumental neutro, o inventário revela chaves epistêmicas capazes de traduzir as concepções operacionalizadas por determinado autor, disciplina ou escola de pensamento (AMSTERDAMSKA, 1987). Embora como objeto ou resultado a lista se repita, suas natureza e funções não permanecem uniformes. O enciclopedismo de Plínio não é o de Diderot. No caso específico dos estudos linguísticos, é possível flagrar inventários constituindo tabelas de analogias nos antigos gramáticos, exemplificando classes de palavras, motivando ou ilustrando teses diversas. Individualizadas, essas listagens se amparam sobre noções lógicas fundamentais, como as de categoria e paradigma, mas as articulam de modo particular. No cenário que antecedeu a linguística comparativa de Bopp, compilações como o Dicionário Universal de Pallas (1786), o Catálogo de Hervás (1800) e o Mithridates de Adelung (1806-17) atuaram como repositórios de diversidade linguística. Essas obras manifestam, ainda que concebidas sob distintas finalidades e critérios, uma guinada epistemológica na direção do dado que refletirá diretamente na linguística posterior (MORPURGODAVIES, 1998). Abordando mais pontualmente o exemplo de Adelung, o presente trabalho fará uma breve análise do papel desses inventários, entre estudo tipológico e fonte para uma genealogia das línguas, e sua transição da polimatia à especialização nos estudos linguísticos do século XIX. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46808805","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.80604
José Borges Neto
Neste texto, faz-se uma rápida apresentação do autor (James Harris), de sua obra principal (Hermes, a philosophical inquiry concerning universal grammar), de alguns aspectos da recepção que teve de seus contemporâneos e, finalmente, de algumas características centrais do Hermes, que o singularizam no contexto do pensamento gramatical setecentista.
{"title":"James Harris e o Hermes","authors":"José Borges Neto","doi":"10.5380/rel.v104i1.80604","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.80604","url":null,"abstract":"Neste texto, faz-se uma rápida apresentação do autor (James Harris), de sua obra principal (Hermes, a philosophical inquiry concerning universal grammar), de alguns aspectos da recepção que teve de seus contemporâneos e, finalmente, de algumas características centrais do Hermes, que o singularizam no contexto do pensamento gramatical setecentista.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41341862","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84134
Roberta Pires de Oliveira
Seguindo metodologicamente Partee (2005) e Ilari (2018), o artigo conta uma história dos nominais nus de dentro da Semântica Formal das Línguas Naturais. Esse programa de pesquisa em semântica das línguas naturais inicia na década de 70 no contexto do programa gerativo e em conversa estreita com a filosofia da linguagem ordinária (Partee 2005, 2014, Kratzer 2020, 2021). A história dos nominais nus Dogs bark começa com Carlson (1977). De lá para cá houve uma explosão de conhecimento sobre os sistemas nominais através das línguas, impulsionado em grande parte pelos Parâmetros Semânticos: o parâmetro do nome (Chierchia 1998), o parâmetro do número (Chierchia 2010, 2015) e o parâmetro dos numerais (Chierchia 2021). As pesquisas sobre os nominais nus no PB, em especial sobre o Singular Nu como em Cachorro late (Ferreira no prelo), foco deste artigo, e mais ainda sobre as línguas indígenas brasileiras são fundamentais nessa história (Lima 2014; Lima e Rothstein 2020) que desemboca em questões sobre cognição e gramática, na década de 20 no século 21 (Rothstein 2021, Chierchia 2021). O artigo mostra a importância da pesquisa nacional para a semântica contemporânea.
根据Partee(2005)和Ilari(2018)的研究方法,本文告诉了自然语言形式语义中裸名词的故事。这项自然语言语义研究计划始于20世纪70年代,在生成程序的背景下,与普通语言哲学密切对话(Partee 20052014,Kratzer 202021)。关于狗叫的裸体故事始于卡尔森(1977)。从那时起,在语义参数的推动下,语言中关于命名系统的知识激增:名称参数(Chiercia 1998)、数字参数(Chierchia 20102015)和数字参数(chiercia 2021)。对BP中名词的研究,特别是对Cachorro晚期(Ferreira no prelo)中单数Nu的研究,这篇文章的重点,甚至更多地对巴西土著语言的研究,都是这段历史的基础(利马2014;利马和罗斯坦2020),这导致了20世纪20年代和21世纪关于认知和语法的问题(罗斯坦2021,Chiercia 2021)。本文表明了民族研究对当代语义学的重要性。
{"title":"Uma história dos nominais nus: o português brasileiro e as línguas indígenas brasileiras","authors":"Roberta Pires de Oliveira","doi":"10.5380/rel.v104i1.84134","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84134","url":null,"abstract":"Seguindo metodologicamente Partee (2005) e Ilari (2018), o artigo conta uma história dos nominais nus de dentro da Semântica Formal das Línguas Naturais. Esse programa de pesquisa em semântica das línguas naturais inicia na década de 70 no contexto do programa gerativo e em conversa estreita com a filosofia da linguagem ordinária (Partee 2005, 2014, Kratzer 2020, 2021). A história dos nominais nus Dogs bark começa com Carlson (1977). De lá para cá houve uma explosão de conhecimento sobre os sistemas nominais através das línguas, impulsionado em grande parte pelos Parâmetros Semânticos: o parâmetro do nome (Chierchia 1998), o parâmetro do número (Chierchia 2010, 2015) e o parâmetro dos numerais (Chierchia 2021). As pesquisas sobre os nominais nus no PB, em especial sobre o Singular Nu como em Cachorro late (Ferreira no prelo), foco deste artigo, e mais ainda sobre as línguas indígenas brasileiras são fundamentais nessa história (Lima 2014; Lima e Rothstein 2020) que desemboca em questões sobre cognição e gramática, na década de 20 no século 21 (Rothstein 2021, Chierchia 2021). O artigo mostra a importância da pesquisa nacional para a semântica contemporânea. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49231227","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.80236
A. Beccari
O principal objetivo deste artigo é apresentar um breve delineamento da biografia do latinista, historiador e lusitanista holandês José van den Besselaar (Josephus Jacobus van den Besselaar (1916-1991)) e alguns aspectos de sua contribuição como autor do Propylaeum Latinum: sintaxe latina superior (1960), em que o gramático holandês empreende análises baseadas em uma vertente germânica da gramática tradicional e utiliza noções e procedimentos oriundos da linguística histórico-comparativa. Ademais, neste artigo, objetiva-se efetuar uma primeira discussão das ideias e procedimentos contidos no Propylaeum Latinum tendo em conta sua relevância para uma historiografia do ensino dos conteúdos avançados de sintaxe latina para falantes do português do Brasil. O trabalho de Besselaar é aqui comparado com o de outros gramáticos que lhe foram contemporâneos ou são por ele citados, principalmente Rubio (1966), Ernout e Thomas (1953), Tovar (1946) e Palmer (1954), com o intuito de identificar em que medida haveria continuidades e/ou possíveis inovações na abordagem de Besselaar em contraste com esses gramáticos. Na análise historiográfica, têm-se em mente as seguintes noções da Historiografia Linguística ou da História e Filosofia da Ciência: a relatividade das teorias científicas (KUHN, 2009 [1963]), a pesquisa científica como atividade não autônoma e retoricamente controlada (MURRAY, 1989), as continuidades e descontinuidades previstas nos modelos e princípios de Koerner (1989), os programas de investigação propostos por Swiggers (2004).
本文的主要目的是简要介绍荷兰拉丁主义者、历史学家和卢西塔尼亚人Josévan den Besselar(Josephus Jacobus van den Beselaar(1916-1991))的传记,以及他作为《拉丁语:高级拉丁句法》一书的作者所作贡献的一些方面荷兰语法基于传统语法的德语方面进行分析,并使用源自历史比较语言学的概念和程序。此外,本文旨在首次讨论拉丁语Propylaeum Latinum中包含的思想和程序,考虑到它与为巴西葡萄牙语使用者教授拉丁语法高级内容的史学的相关性。贝塞拉尔的工作在这里与其他同时代或被他引用的语法学家进行了比较,特别是卢比奥(1966年)、埃尔诺特和托马斯(1953年)、托瓦尔(1946年)和帕尔默(1954年),以确定与这些语法学家相比,贝塞拉尔方法在多大程度上会有连续性和/或可能的创新。在历史学分析中,要牢记以下语言史学或科学史与哲学的概念:科学理论的相对性(KUHN,2009[1963]),科学研究是一种非自主和修辞控制的活动(MURRAY,1989),科尔纳模型和原理中预见的连续性和不连续性(1989),Swiggers提出的研究方案(2004年)。
{"title":"JOSÉ VAN DEN BESSELAAR (1916-1991) E SEU PROPYLAEUM LATINUM","authors":"A. Beccari","doi":"10.5380/rel.v104i1.80236","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.80236","url":null,"abstract":"O principal objetivo deste artigo é apresentar um breve delineamento da biografia do latinista, historiador e lusitanista holandês José van den Besselaar (Josephus Jacobus van den Besselaar (1916-1991)) e alguns aspectos de sua contribuição como autor do Propylaeum Latinum: sintaxe latina superior (1960), em que o gramático holandês empreende análises baseadas em uma vertente germânica da gramática tradicional e utiliza noções e procedimentos oriundos da linguística histórico-comparativa. Ademais, neste artigo, objetiva-se efetuar uma primeira discussão das ideias e procedimentos contidos no Propylaeum Latinum tendo em conta sua relevância para uma historiografia do ensino dos conteúdos avançados de sintaxe latina para falantes do português do Brasil. O trabalho de Besselaar é aqui comparado com o de outros gramáticos que lhe foram contemporâneos ou são por ele citados, principalmente Rubio (1966), Ernout e Thomas (1953), Tovar (1946) e Palmer (1954), com o intuito de identificar em que medida haveria continuidades e/ou possíveis inovações na abordagem de Besselaar em contraste com esses gramáticos. Na análise historiográfica, têm-se em mente as seguintes noções da Historiografia Linguística ou da História e Filosofia da Ciência: a relatividade das teorias científicas (KUHN, 2009 [1963]), a pesquisa científica como atividade não autônoma e retoricamente controlada (MURRAY, 1989), as continuidades e descontinuidades previstas nos modelos e princípios de Koerner (1989), os programas de investigação propostos por Swiggers (2004). ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44760247","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84141
Francivaldo Lourenço
Camara Jr. (1986, p. 34) afirma que, em matéria de linguagem, o que os gregos e os romanos disseram passou por um crivo crítico em face do que sugeria a leitura do sânscrito. Malberg (1974, p. 25) afirma que foi somente pela comparação do sânscrito que a teoria sobre o parentesco e a unidade de origem das línguas indo-europeias recebeu bases sólidas e foi, enfim, considerada definitivamente estabelecida. Pouca atenção foi dada aos documentos deste processo histórico, ou seja, às primeiras gramáticas europeias do sânscrito, bem como às redes de pesquisadores a elas associadas, o que justifica nossa incursão nesses textos na consideração do horizonte de retrospecção da Linguística do século XIX. Apoiamo-nos no externalismo de Sylvain Auroux, entendido como uma filosofia que defende o caráter originalmente artificial e externo da inteligência humana, sobretudo em sua proposta de que o conhecimento é um processo ao mesmo tempo material, social e coletivo, nunca limitado, encerrado, preservado ou produzido por competências individuais que dizem respeito apenas a momentos e fragmentos (AUROUX, 1998). Para conhecer, o indivíduo precisa ter acesso à maquinaria da inteligência; em ciências da linguagem temos, assim, as gramáticas e dicionários. Entendemos igualmente que a História das Ciências é parte da epistemologia, sua parte descritiva, por oposição a sua parte normativa (AUROUX, 1986). Adotamos a perspectiva da História das Ideias Linguísticas (COLOMBAT, FOURNIER, PUECH, 2017; LEITE, 2019) para analisar a representação da linguística hindu em alguns dos primeiros tratamentos do sânscrito por estudiosos europeus.
小卡马拉(1986,第34页)指出,在语言方面,希腊人和罗马人所说的话与梵语的阅读相比,经过了批判性的筛选。Malberg (1974, p. 25)指出,只有通过梵语的比较,印欧语言的亲属关系和起源统一理论才有了坚实的基础,并最终被认为是明确确立的。很少关注这一历史过程的文献,即第一批欧洲梵语语法,以及与之相关的研究人员网络,这证明了我们在考虑19世纪语言学的回顾视野时对这些文本的入侵是合理的。支持我们的externalismo布鲁瓦Auroux视为哲学的坚的性格原本人工和外部,尤其是在人类智慧的知识是一个提议,同时材料的过程,社会和集体有限,从不关闭,保留或由有关的个人技能和碎片(Auroux很快,1998)。要知道,个人需要接触到智能机器;在语言科学中,我们有语法和字典。我们也理解科学史是认识论的一部分,它的描述性部分,而不是它的规范性部分(AUROUX, 1986)。我们采用了语言思想史的视角(COLOMBAT, FOURNIER, PUECH, 2017;LEITE, 2019),分析印度语言在欧洲学者早期梵语处理中的表现。
{"title":"O encontro com a gramática do sânscrito: fatores predisponentes e emergentes","authors":"Francivaldo Lourenço","doi":"10.5380/rel.v104i1.84141","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84141","url":null,"abstract":"Camara Jr. (1986, p. 34) afirma que, em matéria de linguagem, o que os gregos e os romanos disseram passou por um crivo crítico em face do que sugeria a leitura do sânscrito. Malberg (1974, p. 25) afirma que foi somente pela comparação do sânscrito que a teoria sobre o parentesco e a unidade de origem das línguas indo-europeias recebeu bases sólidas e foi, enfim, considerada definitivamente estabelecida. Pouca atenção foi dada aos documentos deste processo histórico, ou seja, às primeiras gramáticas europeias do sânscrito, bem como às redes de pesquisadores a elas associadas, o que justifica nossa incursão nesses textos na consideração do horizonte de retrospecção da Linguística do século XIX. Apoiamo-nos no externalismo de Sylvain Auroux, entendido como uma filosofia que defende o caráter originalmente artificial e externo da inteligência humana, sobretudo em sua proposta de que o conhecimento é um processo ao mesmo tempo material, social e coletivo, nunca limitado, encerrado, preservado ou produzido por competências individuais que dizem respeito apenas a momentos e fragmentos (AUROUX, 1998). Para conhecer, o indivíduo precisa ter acesso à maquinaria da inteligência; em ciências da linguagem temos, assim, as gramáticas e dicionários. Entendemos igualmente que a História das Ciências é parte da epistemologia, sua parte descritiva, por oposição a sua parte normativa (AUROUX, 1986). Adotamos a perspectiva da História das Ideias Linguísticas (COLOMBAT, FOURNIER, PUECH, 2017; LEITE, 2019) para analisar a representação da linguística hindu em alguns dos primeiros tratamentos do sânscrito por estudiosos europeus. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43463972","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84128
Gissele Chapanski, Guimarães Márcio Renato
O Workshop em Filosofia e Historiografia da Linguística foi proposto como terreno comum para interlocução no interior de diferentes filiações teóricas dentro do que Altman (ver texto na presente antologia) chama de "metadisciplinas" dos estudos da linguagem, sem limite com relação a um período histórico da(s) disciplina(s) de estudo da linguagem.
{"title":"Apresentação do dossiê I WFHL","authors":"Gissele Chapanski, Guimarães Márcio Renato","doi":"10.5380/rel.v104i1.84128","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84128","url":null,"abstract":"O Workshop em Filosofia e Historiografia da Linguística foi proposto como terreno comum para interlocução no interior de diferentes filiações teóricas dentro do que Altman (ver texto na presente antologia) chama de \"metadisciplinas\" dos estudos da linguagem, sem limite com relação a um período histórico da(s) disciplina(s) de estudo da linguagem.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42692867","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84140
E. D. S. Leal
A complexidade linguística foi um truísmo nos estudos sobre a linguagem durante décadas; no entanto, mais recentemente, a hipótese da equicomplexidade entre as línguas vem sendo contestada (McWhorter 2001, Dahl 2004, Culicover 2012, dentre outros). A partir de ferramentas teóricas da linguística, cada vez mais refinadas, acreditamos estar, hoje em dia, de posse de um conhecimento mais acertado para afirmarmos que há diferenças, ainda que mínimas, de complexidade entre as línguas. Neste trabalho, fazemos um breve percurso histórico do assunto, baseado na Historiografia da Linguística (Koerner 2014) e na Filosofia da Linguística (Borges Neto 2004) para tentar mostrar que as discussões em torno da complexidade linguística se mostraram diversas e, às vezes, contraditórias. Nosso recorte temporal privilegia três períodos em que o assunto foi objeto de estudo ao longo da história da linguística.
{"title":"Historiografia da noção de Complexidade Linguística em Três Momentos da História da Linguística","authors":"E. D. S. Leal","doi":"10.5380/rel.v104i1.84140","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84140","url":null,"abstract":"A complexidade linguística foi um truísmo nos estudos sobre a linguagem durante décadas; no entanto, mais recentemente, a hipótese da equicomplexidade entre as línguas vem sendo contestada (McWhorter 2001, Dahl 2004, Culicover 2012, dentre outros). A partir de ferramentas teóricas da linguística, cada vez mais refinadas, acreditamos estar, hoje em dia, de posse de um conhecimento mais acertado para afirmarmos que há diferenças, ainda que mínimas, de complexidade entre as línguas. Neste trabalho, fazemos um breve percurso histórico do assunto, baseado na Historiografia da Linguística (Koerner 2014) e na Filosofia da Linguística (Borges Neto 2004) para tentar mostrar que as discussões em torno da complexidade linguística se mostraram diversas e, às vezes, contraditórias. Nosso recorte temporal privilegia três períodos em que o assunto foi objeto de estudo ao longo da história da linguística. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42331956","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.80499
Cristina Altman
Desde sua institucionalização nos anos 1970, um dos primeiros desafios que a disciplina Historiografia Linguística (HL) teve que enfrentar foi distinguir-se dos outros modelos de história da linguística então em circulação. O primeiro ponto a resolver era a definição de um método próprio, explícito e tão rigoroso quanto aqueles utilizados pela(s) ciência(s) que tomou por objeto. Com este propósito, era inevitável que a jovem HL se perguntasse quais outras metadisciplinas, mais amadurecidas na reflexão dos seus métodos e epistemologia poderiam servir de guia para o historiógrafo no encalço da sua especificidade. De fato, sem esperar que um framework pronto caísse em nossos colos, muitos de nós, então aspirantes à prática historiográfica, trouxemos para nossas historiografias (e ainda o fazemos) parte do instrumental proposto pela História e pela Filosofia da Ciência, entre outras. O presente texto, tendo como pano de fundo os tipos de historiografias da Linguística e da Filosofia, discutidos por Koerner (1974), Simone (1975), e Rorty (1998 [1984]), defende o ponto de vista de que a HL deva se integrar ao campo que lhe serve de objeto, i.e., à teoria linguística, e não constituir um domínio à parte. Para isso, é desejável que, na reflexão sobre a evolução do conhecimento linguístico, continue a fazer parte do diálogo com as metadisciplinas científicas que compartilham de parte do seu interesse, notadamente, a História da Ciência e a Filosofia da Linguística.
{"title":"LINGUÍSTICA, FILOSOFIA, E SUAS HISTORIOGRAFIAS","authors":"Cristina Altman","doi":"10.5380/rel.v104i1.80499","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.80499","url":null,"abstract":"Desde sua institucionalização nos anos 1970, um dos primeiros desafios que a disciplina Historiografia Linguística (HL) teve que enfrentar foi distinguir-se dos outros modelos de história da linguística então em circulação. O primeiro ponto a resolver era a definição de um método próprio, explícito e tão rigoroso quanto aqueles utilizados pela(s) ciência(s) que tomou por objeto. Com este propósito, era inevitável que a jovem HL se perguntasse quais outras metadisciplinas, mais amadurecidas na reflexão dos seus métodos e epistemologia poderiam servir de guia para o historiógrafo no encalço da sua especificidade. De fato, sem esperar que um framework pronto caísse em nossos colos, muitos de nós, então aspirantes à prática historiográfica, trouxemos para nossas historiografias (e ainda o fazemos) parte do instrumental proposto pela História e pela Filosofia da Ciência, entre outras. O presente texto, tendo como pano de fundo os tipos de historiografias da Linguística e da Filosofia, discutidos por Koerner (1974), Simone (1975), e Rorty (1998 [1984]), defende o ponto de vista de que a HL deva se integrar ao campo que lhe serve de objeto, i.e., à teoria linguística, e não constituir um domínio à parte. Para isso, é desejável que, na reflexão sobre a evolução do conhecimento linguístico, continue a fazer parte do diálogo com as metadisciplinas científicas que compartilham de parte do seu interesse, notadamente, a História da Ciência e a Filosofia da Linguística.","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"71019824","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.5380/rel.v104i1.84132
O. Coelho, Karina Gonçalves de Oliveira, Felipe Prais
Acompanhamos parte da história recente da Fonética no Brasil, ressaltando a percepção que foneticistas têm tido a respeito do papel das técnicas e tecnologias para o desenvolvimento de conhecimentos na área e a respeito da relação do campo de estudos com outros, em especial o de estudos fonológicos. O exame de revisões históricas, depoimentos pessoais e informações reunidas em bancos de dados historiográficos nos levou a interpretar que a Fonética tem um espaço “tradicional” nos cursos de Letras, em teses e dissertações, assim como nas associações científicas brasileiras. Pesquisadores da área veem as técnicas e tecnologias como fundamentais para a pesquisa e o ensino, buscam reatar laços entre a Fonética e a Fonologia, além de lidar com novas interfaces. A partir das noções de purificação e mediação formuladas em Latour (2013[1991]), revemos compromissos científicos atuais e anteriores dessa especialidade no Brasil, e propomos que seu crescente interesse inter- e transdisciplinar corresponde a uma estratégia para lidar com objetos ofuscados por modelos mais purificadores da Linguística da primeira metade do século XX.
{"title":"Notas sobre a história recente da Fonética no Brasil","authors":"O. Coelho, Karina Gonçalves de Oliveira, Felipe Prais","doi":"10.5380/rel.v104i1.84132","DOIUrl":"https://doi.org/10.5380/rel.v104i1.84132","url":null,"abstract":"Acompanhamos parte da história recente da Fonética no Brasil, ressaltando a percepção que foneticistas têm tido a respeito do papel das técnicas e tecnologias para o desenvolvimento de conhecimentos na área e a respeito da relação do campo de estudos com outros, em especial o de estudos fonológicos. O exame de revisões históricas, depoimentos pessoais e informações reunidas em bancos de dados historiográficos nos levou a interpretar que a Fonética tem um espaço “tradicional” nos cursos de Letras, em teses e dissertações, assim como nas associações científicas brasileiras. Pesquisadores da área veem as técnicas e tecnologias como fundamentais para a pesquisa e o ensino, buscam reatar laços entre a Fonética e a Fonologia, além de lidar com novas interfaces. A partir das noções de purificação e mediação formuladas em Latour (2013[1991]), revemos compromissos científicos atuais e anteriores dessa especialidade no Brasil, e propomos que seu crescente interesse inter- e transdisciplinar corresponde a uma estratégia para lidar com objetos ofuscados por modelos mais purificadores da Linguística da primeira metade do século XX. ","PeriodicalId":42461,"journal":{"name":"Revista Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49272679","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}