Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68305.303-326
Kátia Alexsandra dos Santos, Maria Eduarda Roberti
Esta pesquisa teve como objetivo investigar, por meio de uma leitura decolonial, os sentidos das práticas artísticas/artesanais de mulheres do campo, a fim de compreender se podem se constituir como modos de resistência frente às diferentes formas de opressão. As participantes foram convidadas a partir de uma página de artesanato em uma rede social e utilizamos como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas e diário de campo. Os resultados demonstraram a importância do artesanato como estratégia de resistência para estas mulheres e as questões de gênero e ligadas ao capitalismo que atravessam essa prática no contexto rural. As participantes trouxeram pautas que colocam em questão o modo como produzimos conhecimento, possibilitando pensar sobre o nosso lugar enquanto pesquisadoras.
{"title":"Artesanato e resistência","authors":"Kátia Alexsandra dos Santos, Maria Eduarda Roberti","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68305.303-326","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68305.303-326","url":null,"abstract":"Esta pesquisa teve como objetivo investigar, por meio de uma leitura decolonial, os sentidos das práticas artísticas/artesanais de mulheres do campo, a fim de compreender se podem se constituir como modos de resistência frente às diferentes formas de opressão. As participantes foram convidadas a partir de uma página de artesanato em uma rede social e utilizamos como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas e diário de campo. Os resultados demonstraram a importância do artesanato como estratégia de resistência para estas mulheres e as questões de gênero e ligadas ao capitalismo que atravessam essa prática no contexto rural. As participantes trouxeram pautas que colocam em questão o modo como produzimos conhecimento, possibilitando pensar sobre o nosso lugar enquanto pesquisadoras.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779602","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68397.116-135
C. Costa
O artigo tem como foco abordar as relações entre a Teoria crítica dos Direitos e a questão ambiental a partir da contribuição do filósofo Enrique Dussel. Para esse objetivo, o texto está organizado em dois grandes eixos, que se seguem à introdução, onde reiteramos a necessidade de refletir criticamente os Direitos Humanos reconhecendo os sujeitos vivos e negados do processo de libertação na AL. No primeiro, abordaremos a relevância de Dussel como um pensador que tematiza de forma radical a AL a partir da relação entre sua Filosofia da Libertação e os Direitos Humanos. No segundo, indicaremos alguns elementos da crítica-política do filósofo de Mendoza para o debate da TCDH e as implicações diante a questão ambiental na América Latina mediante a violenta subjugação colonial e histórica imposta pelo modelo civilizatório capitalista.
{"title":"Questão Ambiental e Teoria Crítica Direitos Humanos","authors":"C. Costa","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68397.116-135","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68397.116-135","url":null,"abstract":"O artigo tem como foco abordar as relações entre a Teoria crítica dos Direitos e a questão ambiental a partir da contribuição do filósofo Enrique Dussel. Para esse objetivo, o texto está organizado em dois grandes eixos, que se seguem à introdução, onde reiteramos a necessidade de refletir criticamente os Direitos Humanos reconhecendo os sujeitos vivos e negados do processo de libertação na AL. No primeiro, abordaremos a relevância de Dussel como um pensador que tematiza de forma radical a AL a partir da relação entre sua Filosofia da Libertação e os Direitos Humanos. No segundo, indicaremos alguns elementos da crítica-política do filósofo de Mendoza para o debate da TCDH e as implicações diante a questão ambiental na América Latina mediante a violenta subjugação colonial e histórica imposta pelo modelo civilizatório capitalista.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49571208","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68331.887-899
Jacqueline Lopes Pereira, Christian Douglas da Silva Costa
A presente análise da sentença do caso contencioso Brítez Arce y otros vs. Argentina, proferida pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e publicada em 18 de janeiro de 2023, objetiva desvelar a violência obstétrica, termo adotado expressamente pela primeira vez na jurisprudência da Corte. Diante da responsabilização do Estado argentino, buscou-se explorar a violência obstétrica, sua institucionalização e sua relação com outras categorias como violência de gênero e interseccionalidade, em defesa de um feminismo interamericano.
美洲人权法院于2023年1月18日公布的britez Arce y otros诉阿根廷一案的判决分析旨在揭示产科暴力,这是法院判例法中首次明确采用的术语。面对阿根廷国家的责任,我们试图探索产科暴力、其制度化及其与性别暴力和交叉等其他类别的关系,以捍卫美洲女权主义。
{"title":"Por um feminismo interamericano","authors":"Jacqueline Lopes Pereira, Christian Douglas da Silva Costa","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68331.887-899","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68331.887-899","url":null,"abstract":"A presente análise da sentença do caso contencioso Brítez Arce y otros vs. Argentina, proferida pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e publicada em 18 de janeiro de 2023, objetiva desvelar a violência obstétrica, termo adotado expressamente pela primeira vez na jurisprudência da Corte. Diante da responsabilização do Estado argentino, buscou-se explorar a violência obstétrica, sua institucionalização e sua relação com outras categorias como violência de gênero e interseccionalidade, em defesa de um feminismo interamericano.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779528","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68407.803-839
Mary Lúcia Souto Galvão, Ticiana Osvald Ramos, Tainá Santana de Deus Oliveira
Neste artigo pretendemos refletir sobre possíveis caminhos para que a formação em enfermagem seja qualificada a partir da pedagogia decolonial, defendida por Catherine Walsh (2007) como uma práxis baseada na insurgência educativa propositiva, representando a criação e a construção de novas condições sociais, políticas e culturais, para atender as demandas da complexa situação de saúde das populações que requer profissionais com capacidade crítico-reflexiva para atuarem na perspectiva de cuidado integral respeitando os princípios da equidade, autonomia, emancipação e satisfação. O artigo é fruto de uma investigação de doutorado em torno dos saberes de Parteiras Tradicionais do território do antigo quilombo do Cabula (Salvador) e teve como objetivo discutir como esses saberes podem contribuir para a formação de enfermeiras, refletindo sobre a importância da Educação Popular em Saúde e de ações extensionistas, desenvolvidas no curso de enfermagem da Universidade do Estado da Bahia. A metodologia da pesquisa foi qualitativa, incluindo: análise de documentos relacionados a ações de extensão na atenção à saúde do curso de Enfermagem, rodas de conversa e entrevistas-narrativas com mulheres mais velhas do bairro do Cabula, guardiãs de saberes, para resgatar memórias das parteiras tradicionais que atuaram naquele território até meados do século XX, quando o parto passou a ser institucionalizado. Nesta perspectiva, apresentamos uma primeira sessão na qual são trabalhados aspectos conceituais e teóricos que constroem a reflexão sobre a relação entre a colonialidade, a medicalização do parto e a atuação de parteiras e uma segunda sessão na qual são apresentadas duas possíveis dimensões da pedagogia decolonial em enfermagem, enquanto resultados: a extensão universitária e a aproximação de memórias de parteiras.
{"title":"Cuidado decolonial na formação em enfermagem","authors":"Mary Lúcia Souto Galvão, Ticiana Osvald Ramos, Tainá Santana de Deus Oliveira","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68407.803-839","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68407.803-839","url":null,"abstract":"Neste artigo pretendemos refletir sobre possíveis caminhos para que a formação em enfermagem seja qualificada a partir da pedagogia decolonial, defendida por Catherine Walsh (2007) como uma práxis baseada na insurgência educativa propositiva, representando a criação e a construção de novas condições sociais, políticas e culturais, para atender as demandas da complexa situação de saúde das populações que requer profissionais com capacidade crítico-reflexiva para atuarem na perspectiva de cuidado integral respeitando os princípios da equidade, autonomia, emancipação e satisfação. O artigo é fruto de uma investigação de doutorado em torno dos saberes de Parteiras Tradicionais do território do antigo quilombo do Cabula (Salvador) e teve como objetivo discutir como esses saberes podem contribuir para a formação de enfermeiras, refletindo sobre a importância da Educação Popular em Saúde e de ações extensionistas, desenvolvidas no curso de enfermagem da Universidade do Estado da Bahia. A metodologia da pesquisa foi qualitativa, incluindo: análise de documentos relacionados a ações de extensão na atenção à saúde do curso de Enfermagem, rodas de conversa e entrevistas-narrativas com mulheres mais velhas do bairro do Cabula, guardiãs de saberes, para resgatar memórias das parteiras tradicionais que atuaram naquele território até meados do século XX, quando o parto passou a ser institucionalizado. Nesta perspectiva, apresentamos uma primeira sessão na qual são trabalhados aspectos conceituais e teóricos que constroem a reflexão sobre a relação entre a colonialidade, a medicalização do parto e a atuação de parteiras e uma segunda sessão na qual são apresentadas duas possíveis dimensões da pedagogia decolonial em enfermagem, enquanto resultados: a extensão universitária e a aproximação de memórias de parteiras.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779635","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68410.750-770
Fernanda Priscila Alves Silva
O artigo pretende des-velar cenas e imagens acerca dos modos como trabalhadoras sexuais, em batalha tecem e constroem uma pedagogia própria, aqui denominada de pedagogia da batalha. Esta pedagogia da batalha carrega consigo elementos do que temos denominado de decolonialidade. Proponho uma discussão acerca da decolonialidade a partir das narrativas e experiências de trabalhadoras sexuais e do Movimento Social de Trabalhadoras Sexuais no Brasil. Trata-se de um estudo empírico, de cunho exploratório, realizado entre os anos de 2017-2021. O referencial teórico se circunscreve ao campo de estudos em educação e dialoga com referenciais teóricos da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia. O grupo pesquisado é composto de mulheres de baixa renda, em exercício de prostituição, prevalecendo idade a partir dos 35 anos, além de um conjunto mais amplo de pessoas que consiste do grupo que compõe os familiares e rede de apoio e cuidado das crianças e socialização e educação dos filhos e filhas. As narrativas das Trabalhadoras Sexuais apontam na problematização e discussão deste artigo que o Movimento de Trabalhadoras Sexuais tem se configurado como um importante lócus de transformação da sociedade e visibilização de sujeitas subalternas que historicamente foram silenciadas. Estes corpos apontam a construção de uma pedagogia da batalha e decolonial onde os saberes tecidos na rua reivindicam, resistem e emancipam.
{"title":"Movimento social de prostitutas no Brasil e a luta contra a Putafobia","authors":"Fernanda Priscila Alves Silva","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68410.750-770","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68410.750-770","url":null,"abstract":"O artigo pretende des-velar cenas e imagens acerca dos modos como trabalhadoras sexuais, em batalha tecem e constroem uma pedagogia própria, aqui denominada de pedagogia da batalha. Esta pedagogia da batalha carrega consigo elementos do que temos denominado de decolonialidade. Proponho uma discussão acerca da decolonialidade a partir das narrativas e experiências de trabalhadoras sexuais e do Movimento Social de Trabalhadoras Sexuais no Brasil. Trata-se de um estudo empírico, de cunho exploratório, realizado entre os anos de 2017-2021. O referencial teórico se circunscreve ao campo de estudos em educação e dialoga com referenciais teóricos da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia. O grupo pesquisado é composto de mulheres de baixa renda, em exercício de prostituição, prevalecendo idade a partir dos 35 anos, além de um conjunto mais amplo de pessoas que consiste do grupo que compõe os familiares e rede de apoio e cuidado das crianças e socialização e educação dos filhos e filhas. As narrativas das Trabalhadoras Sexuais apontam na problematização e discussão deste artigo que o Movimento de Trabalhadoras Sexuais tem se configurado como um importante lócus de transformação da sociedade e visibilização de sujeitas subalternas que historicamente foram silenciadas. Estes corpos apontam a construção de uma pedagogia da batalha e decolonial onde os saberes tecidos na rua reivindicam, resistem e emancipam.\u0000 ","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49564954","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A violência apenas sensibiliza quando causa comoção social ou quando a mídia promove essa sensibilização, caso contrário, a dor de determinados grupos, em especial, do corpo negro brasileiro, não causa nenhum impacto social. Nos estudos críticos da vitimologia, é apresentado quais os requisitos que o sujeito precisa ostentar para ser considerado vítima. Quando esse estudo é confrontado principalmente com o contexto histórico vivido no Brasil durante o período da escravidão, onde corpos negros foram tratados como objeto e animalizados, mesmo passados mais de 130 anos desde a abolição da escravidão (1888), a dor negra não sensibiliza a sociedade. Diante de tais premissas, questiona-se: qual(is) a(s) dificuldade(s) do corpo negro ser considerado vítima no Brasil? A resposta a esse problema de pesquisa, se dará pelo método dedutivo, partindo-se de premissas pré-estabelecidas, buscando verificar suas conexões, como por exemplo, analisando o conceito de vítima para a vitimologia em especial dando ênfase no que se refere ao corpo negro enquanto vítima. Utilizando-se da técnica de pesquisa bibliográfica, será analisada a teoria da vítima ideal em confronto com a perspectiva de(s)colonial e vitimologia crítica. Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar as dificuldades de o corpo negro ser considerado vítima no Brasil e como objetivos específicos, descrever o conceito de vítima ideal e analisar essa relação com o viés de(s)colonial. Tem-se como resultados, que mesmo após a abolição da escravidão no Brasil, a dor negra não sensibiliza socialmente, isso se dá pelo fato de que os corpos racializados ainda sofrem com os reflexos da objetificação até os dias atuais, dificultando que sejam considerados vítimas, seja socialmente como também pelo sistema de justiça criminal.
{"title":"dificuldades do corpo negro brasileiro ser “vítima”","authors":"Francisco Quintanilha Veras Neto, Antônio Leonardo Amorim, Hélen Rejane Silva Maciel Diogo","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68324.603-627","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68324.603-627","url":null,"abstract":"A violência apenas sensibiliza quando causa comoção social ou quando a mídia promove essa sensibilização, caso contrário, a dor de determinados grupos, em especial, do corpo negro brasileiro, não causa nenhum impacto social. Nos estudos críticos da vitimologia, é apresentado quais os requisitos que o sujeito precisa ostentar para ser considerado vítima. Quando esse estudo é confrontado principalmente com o contexto histórico vivido no Brasil durante o período da escravidão, onde corpos negros foram tratados como objeto e animalizados, mesmo passados mais de 130 anos desde a abolição da escravidão (1888), a dor negra não sensibiliza a sociedade. Diante de tais premissas, questiona-se: qual(is) a(s) dificuldade(s) do corpo negro ser considerado vítima no Brasil? A resposta a esse problema de pesquisa, se dará pelo método dedutivo, partindo-se de premissas pré-estabelecidas, buscando verificar suas conexões, como por exemplo, analisando o conceito de vítima para a vitimologia em especial dando ênfase no que se refere ao corpo negro enquanto vítima. Utilizando-se da técnica de pesquisa bibliográfica, será analisada a teoria da vítima ideal em confronto com a perspectiva de(s)colonial e vitimologia crítica. Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar as dificuldades de o corpo negro ser considerado vítima no Brasil e como objetivos específicos, descrever o conceito de vítima ideal e analisar essa relação com o viés de(s)colonial. Tem-se como resultados, que mesmo após a abolição da escravidão no Brasil, a dor negra não sensibiliza socialmente, isso se dá pelo fato de que os corpos racializados ainda sofrem com os reflexos da objetificação até os dias atuais, dificultando que sejam considerados vítimas, seja socialmente como também pelo sistema de justiça criminal.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779244","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68413.537-580
Rhuann Fernandes
O objetivo deste artigo é discutir como o projeto de identidade nacional brasileiro, pautado pela mestiçagem/branqueamento foram preponderantes para aquilo que é nomeado de “colonialidade das emoções”, que afetou historicamente as subjetividades das pessoas negras no Brasil, sobretudo em relação ao sentimento amoroso. Além disso, procura-se entender como uma série de enunciados e estratégias políticas produzidas no interior do movimento negro brasileiro contribuíram para formulação de uma “consciência negra do negro”, que tensiona com essa colonialidade.
{"title":"Identidade negra, descolonização e amor","authors":"Rhuann Fernandes","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68413.537-580","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68413.537-580","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é discutir como o projeto de identidade nacional brasileiro, pautado pela mestiçagem/branqueamento foram preponderantes para aquilo que é nomeado de “colonialidade das emoções”, que afetou historicamente as subjetividades das pessoas negras no Brasil, sobretudo em relação ao sentimento amoroso. Além disso, procura-se entender como uma série de enunciados e estratégias políticas produzidas no interior do movimento negro brasileiro contribuíram para formulação de uma “consciência negra do negro”, que tensiona com essa colonialidade.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779317","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-07DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68321.673-702
Thiago Dos Santos Alves, Cristian da Cruz Chiabotto, Faylon Lima
O presente estudo apresenta perspectivas teóricas que visam tecer um encontro epistemológico entre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, as políticas de saúde mental álcool e outras drogas e o pensamento decolonial. Tal incursão se deve pela presença dos autores no campo de pesquisa e estudos acadêmicos sobre guerra às drogas, desde uma compreensão que passa pelo pensamento afrodiaspórico e compreende como problema, os efeitos da colonialidade nos modos de subjetivação e efetivação de políticas públicas no Estado moderno-colonial. O objetivo deste artigo é compor uma ação-reflexão da questão das drogas no Brasil, denunciando a continuidade do genocídio da população negra, fruto da lógica colonial. Para isto, foram realizadas revisões de literatura, a fim de propor uma virada epistêmica no campo das políticas de drogas, entendendo a indissociabilidade entre as violências coloniais e seus efeitos na vida dos sujeitos que acessam serviços de saúde mental em decorrência do uso abusivo de substâncias.
{"title":"Política de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas","authors":"Thiago Dos Santos Alves, Cristian da Cruz Chiabotto, Faylon Lima","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68321.673-702","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68321.673-702","url":null,"abstract":"O presente estudo apresenta perspectivas teóricas que visam tecer um encontro epistemológico entre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, as políticas de saúde mental álcool e outras drogas e o pensamento decolonial. Tal incursão se deve pela presença dos autores no campo de pesquisa e estudos acadêmicos sobre guerra às drogas, desde uma compreensão que passa pelo pensamento afrodiaspórico e compreende como problema, os efeitos da colonialidade nos modos de subjetivação e efetivação de políticas públicas no Estado moderno-colonial. O objetivo deste artigo é compor uma ação-reflexão da questão das drogas no Brasil, denunciando a continuidade do genocídio da população negra, fruto da lógica colonial. Para isto, foram realizadas revisões de literatura, a fim de propor uma virada epistêmica no campo das políticas de drogas, entendendo a indissociabilidade entre as violências coloniais e seus efeitos na vida dos sujeitos que acessam serviços de saúde mental em decorrência do uso abusivo de substâncias.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"66779662","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-03DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68795.136-166
A. Costa, Henrique Weil Afonso, José Luiz Quadros de Magalhães
O Século XX, mais do que todos os outros, dentre outras façanhas, apresentou como essência basilar um forte paradoxo. Não seria possível servir a Economia e ao Meio Ambiente ao mesmo tempo. Com a agitação do Capital, os recursos naturais serviram de combustível para o desenvolvimento. Nada obstante o enriquecimento de uns poucos frente a miséria da imensa maioria de tantos outros, assistiu a humanidade uma célere destruição de sua morada, da sua casa. Também a figura do Estado Moderno, rigorosamente excludente, unívoco e padronizador, passou a exibir notáveis rachaduras em sua estrutura. Para fazer frente a tal ímpeto, o conhecimento outrora silenciado dos povos originários latino-americanos passaram a ocupar o interesse de estudiosos (as) de matriz decolonial, colocando no papel o que se entende por Estado Plurinacional. Conceitualmente aberto e decididamente plural, a plurinacionalidade apresenta como um de seus principais fundamentos a filosofia do Bem Viver. O presente artigo, sem a menor pretensão de esgotar o tema, buscará desnudar as premissas fundamentais que circundam tal proposta, expondo a crise ambiental causada pela predatória lógica desenvolvimentista e alarmando a necessidade de pensar a Natureza, casa comum de todos os povos, como verdadeiro sujeito de direitos. Sob a égide de pensadores como Alberto Acosta, Ailton Krenak, Vanessa Hasson, Anibal Quijano, dentre outros(as), buscar-se-á visualizar a ideia de um Estado em necessária e definitiva harmonia com a Natureza.
{"title":"Buen Vivir","authors":"A. Costa, Henrique Weil Afonso, José Luiz Quadros de Magalhães","doi":"10.14393/rfadir-51.1.2023.68795.136-166","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/rfadir-51.1.2023.68795.136-166","url":null,"abstract":"O Século XX, mais do que todos os outros, dentre outras façanhas, apresentou como essência basilar um forte paradoxo. Não seria possível servir a Economia e ao Meio Ambiente ao mesmo tempo. Com a agitação do Capital, os recursos naturais serviram de combustível para o desenvolvimento. Nada obstante o enriquecimento de uns poucos frente a miséria da imensa maioria de tantos outros, assistiu a humanidade uma célere destruição de sua morada, da sua casa. Também a figura do Estado Moderno, rigorosamente excludente, unívoco e padronizador, passou a exibir notáveis rachaduras em sua estrutura. Para fazer frente a tal ímpeto, o conhecimento outrora silenciado dos povos originários latino-americanos passaram a ocupar o interesse de estudiosos (as) de matriz decolonial, colocando no papel o que se entende por Estado Plurinacional. Conceitualmente aberto e decididamente plural, a plurinacionalidade apresenta como um de seus principais fundamentos a filosofia do Bem Viver. O presente artigo, sem a menor pretensão de esgotar o tema, buscará desnudar as premissas fundamentais que circundam tal proposta, expondo a crise ambiental causada pela predatória lógica desenvolvimentista e alarmando a necessidade de pensar a Natureza, casa comum de todos os povos, como verdadeiro sujeito de direitos. Sob a égide de pensadores como Alberto Acosta, Ailton Krenak, Vanessa Hasson, Anibal Quijano, dentre outros(as), buscar-se-á visualizar a ideia de um Estado em necessária e definitiva harmonia com a Natureza.","PeriodicalId":52774,"journal":{"name":"Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlandia","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-08-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47824163","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-08-03DOI: 10.14393/rfadir-51.1.2023.68416.628-648
Paula Campos Andrade, Gustavo Da Silva Machado
O artigo traz reflexões sobre migração e racismo e seus efeitos subjetivos a partir da inquietação que a literatura produz, em particular dos poemas “Tudo aqui é um exílio” de Lubi Prates e “Canção do exílio” do Gonçalves Dias. É discutido o sentimento de exílio produzido em pessoas que são racializadas e também em contexto migratório. O objetivo do ensaio é compreender de que Brasil que os poemas retratam e como isso pode afetar esta população. Defende-se o direito à literatura como uma das saídas decoloniais para o sentimento de não pertencimento que é passível na experiência de ser um corpo negro no Brasil seja ele daqui ou não.
本文从文学的不安,特别是Lubi Prates的《Tudo aqui e um exilio》和goncalves Dias的《cancion do exilio》两首诗中,对移民和种族主义及其主观影响进行了反思。它讨论了在种族化的人和在移民背景下产生的流亡情绪。这篇文章的目的是了解这些诗歌所描绘的巴西,以及它如何影响这个人口。文学权利被辩护为一种非殖民化的方式,以摆脱在巴西作为一个黑人身体的经历,无论他是否来自这里。
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