Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4298
J. P. Silva
Nos fragmentos supérstites de Heráclito é evidente a atenção dada pelo filósofo a questões acerca da possibilidade, origem e natureza do conhecimento humano. Ainda que não seja exato atribuir-lhe um corpo coerente de teses que se deva chamar, precisamente, de teoria do conhecimento ou epistemologia, é possível reconstituir sua visão do que era saber e como este é potencialmente obtido pelos seres humanos. O artigo apresenta as concepções heraclitianas do método e da natureza do conhecimento humano.
{"title":"O conhecimento em Heráclito de Éfeso","authors":"J. P. Silva","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4298","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4298","url":null,"abstract":"Nos fragmentos supérstites de Heráclito é evidente a atenção dada pelo filósofo a questões acerca da possibilidade, origem e natureza do conhecimento humano. Ainda que não seja exato atribuir-lhe um corpo coerente de teses que se deva chamar, precisamente, de teoria do conhecimento ou epistemologia, é possível reconstituir sua visão do que era saber e como este é potencialmente obtido pelos seres humanos. O artigo apresenta as concepções heraclitianas do método e da natureza do conhecimento humano.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"59 9","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114101440","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4300
Tobias Vilhena de Moraes, Márcio Luiz Moitinha
O presente artigo tem como principal objetivo apresentar o método de trabalho utilizado para a tradução para o português de uma nova edição da Primeira Bucólica, de Virgílio, parte dos dez poemas pastoris conhecidos como Bucólicas. Para tanto, destacaremos sobretudo às passagens que tratam da paisagem campestre, da exploração do trabalho e do uso das terras no mundo antigo, temas principais desta Bucólica.
{"title":"Primeira Bucólica, de Virgílio","authors":"Tobias Vilhena de Moraes, Márcio Luiz Moitinha","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4300","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4300","url":null,"abstract":"O presente artigo tem como principal objetivo apresentar o método de trabalho utilizado para a tradução para o português de uma nova edição da Primeira Bucólica, de Virgílio, parte dos dez poemas pastoris conhecidos como Bucólicas. Para tanto, destacaremos sobretudo às passagens que tratam da paisagem campestre, da exploração do trabalho e do uso das terras no mundo antigo, temas principais desta Bucólica.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124916523","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4302
R. Padial
O artigo visa a demonstrar como a crítica de Ludwig Feuerbach a Hegel é de matriz filosófica aristotélica. Para isso, analisaremos inicialmente o primeiro grande texto de Feuerbach contra seu velho mestre, "Para a Crítica da Filosofia de Hegel" (1839). Nele já aparecerão praticamente todos os temas que marcarão suas importantes obras do início da década de 1840. Como buscaremos desenvolver, a matriz aristotélica insere Feuerbach na longa tradição filosófica da lógica da identidade, da não-contradição, de uma filosofia essencialista (uma ousiologia). Seu projeto ontológico – e o de verniz socialista dele derivado – revela-se assim uma onto-teologia, resultando numa via completamente oposta à negativa e revolucionária (dialética) desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels após 1845.
{"title":"Sobre a crítica aristotélica de Feuerbach a Hegel","authors":"R. Padial","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4302","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4302","url":null,"abstract":"O artigo visa a demonstrar como a crítica de Ludwig Feuerbach a Hegel é de matriz filosófica aristotélica. Para isso, analisaremos inicialmente o primeiro grande texto de Feuerbach contra seu velho mestre, \"Para a Crítica da Filosofia de Hegel\" (1839). Nele já aparecerão praticamente todos os temas que marcarão suas importantes obras do início da década de 1840. Como buscaremos desenvolver, a matriz aristotélica insere Feuerbach na longa tradição filosófica da lógica da identidade, da não-contradição, de uma filosofia essencialista (uma ousiologia). Seu projeto ontológico – e o de verniz socialista dele derivado – revela-se assim uma onto-teologia, resultando numa via completamente oposta à negativa e revolucionária (dialética) desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels após 1845.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"14 4","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"113978412","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4303
Pedro Tarozzo Tinoco Cabral Lima
O presente trabalho procura destacar uma abordagem inusual da obra de Ferdinand de Saussure, perscrutando o quanto a teoria assente no seu Curso de Linguística Geral pode ter sido influenciada pelos Diálogos de Platão, notadamente, pela negatividade assente do diálogo Sofista.
{"title":"Elementos dialéticos em Saussure","authors":"Pedro Tarozzo Tinoco Cabral Lima","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4303","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4303","url":null,"abstract":"O presente trabalho procura destacar uma abordagem inusual da obra de Ferdinand de Saussure, perscrutando o quanto a teoria assente no seu Curso de Linguística Geral pode ter sido influenciada pelos Diálogos de Platão, notadamente, pela negatividade assente do diálogo Sofista.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124769954","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4297
L. B. Orlandi
Uma filosofia sempre suscita dificuldades porque, no mínimo, recria conceitos e modifica a maneira de articulá-los, afetando os regimes que tecem sua convivência; as dificuldades aumentam quando se percebe que também os seres podem estar implicados nessas reordenações.
{"title":"Simulacro na filosofia de Deleuze","authors":"L. B. Orlandi","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4297","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4297","url":null,"abstract":"Uma filosofia sempre suscita dificuldades porque, no mínimo, recria conceitos e modifica a maneira de articulá-los, afetando os regimes que tecem sua convivência; as dificuldades aumentam quando se percebe que também os seres podem estar implicados nessas reordenações.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"35 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129501136","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4296
C. Rodrigues
O objetivo deste artigo é apresentar a leitura crítica feita por Charles S. Peirce (1839-1914) do conceito de indução de Aristóteles, tal como apresentado nos Primeiros analíticos, livro II, capítulo 23. Segundo Peirce, Aristóteles chegou um correto entendimento da indução, dando um exemplo perfeito de raciocínio indutivo em forma silogística. No entanto, o estagirita teria cometido dois equívocos: primeiro, a limitaçãoda indução a um único modo e uma única figura; segundo, a justificação da indução a uma enumeração exaustiva de itens específicos. Na sua crítica, Peirce alega que é possível explicar a indução fazendo uso de outros modos e figuras silogísticas, de modo a justificar outras formas de inferências não dedutivas como Aristóteles não pensara. Além disso, ele rejeita a ideia de uma enumeração completa de itens como a únicaforma de indução, lançando com isso as bases de uma crítica mais ampla a alguns pressupostos da filosofia moderna.
{"title":"A leitura de Aristóteles por Peirce e a justificação da indução","authors":"C. Rodrigues","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4296","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4296","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é apresentar a leitura crítica feita por Charles S. Peirce (1839-1914) do conceito de indução de Aristóteles, tal como apresentado nos Primeiros analíticos, livro II, capítulo 23. Segundo Peirce, Aristóteles chegou um correto entendimento da indução, dando um exemplo perfeito de raciocínio indutivo em forma silogística. No entanto, o estagirita teria cometido dois equívocos: primeiro, a limitaçãoda indução a um único modo e uma única figura; segundo, a justificação da indução a uma enumeração exaustiva de itens específicos. Na sua crítica, Peirce alega que é possível explicar a indução fazendo uso de outros modos e figuras silogísticas, de modo a justificar outras formas de inferências não dedutivas como Aristóteles não pensara. Além disso, ele rejeita a ideia de uma enumeração completa de itens como a únicaforma de indução, lançando com isso as bases de uma crítica mais ampla a alguns pressupostos da filosofia moderna.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"172 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114680592","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4301
Tiago Oliveira
Este artigo pretende reconstruir a seção de aporias do ser do Sofista (243a-249d). Embora responsável por engendrar numerosas dificuldades, a referida seção, que investiga as doutrinas daqueles que perscrutaram o caminho do ser antes de Platão, também possui um caráter construtivo. A apreciação das teses dualistas e monistas, de um lado, e materialistas e idealistas, de outro, permite que o filósofo aprofunde a crítica à rígida ontologia aleata e estabeleça algumas das bases para a posterior demonstração das relações recíprocas entre os grandes gêneros. Tal propósito, no entanto, pressupõe a descoberta da alteridade que perpassa o real e a definição do ser como potência, conquistas teóricas geradas em meio ao confronto contra as ontologias tradicionais.
{"title":"As aporias do ser no sofista de Platão","authors":"Tiago Oliveira","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4301","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4301","url":null,"abstract":"Este artigo pretende reconstruir a seção de aporias do ser do Sofista (243a-249d). Embora responsável por engendrar numerosas dificuldades, a referida seção, que investiga as doutrinas daqueles que perscrutaram o caminho do ser antes de Platão, também possui um caráter construtivo. A apreciação das teses dualistas e monistas, de um lado, e materialistas e idealistas, de outro, permite que o filósofo aprofunde a crítica à rígida ontologia aleata e estabeleça algumas das bases para a posterior demonstração das relações recíprocas entre os grandes gêneros. Tal propósito, no entanto, pressupõe a descoberta da alteridade que perpassa o real e a definição do ser como potência, conquistas teóricas geradas em meio ao confronto contra as ontologias tradicionais.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"556 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133419006","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-18DOI: 10.53000/cpa.v25i35.4299
G. Filho, Jorge Hideo Yamamoto
Sugerimos em nossos estudos que Platão, em seu último diálogo, As Leis, nos oferece, por meio dos personagens ali presentes, um projeto de cidade amplamente revolucionário frente à realidade grega de seu tempo, e aplicável, em larga escala, para se abordar as cidades e a política na contemporaneidade. Sobretudo, dentre tudo o que desperta atenção no modo de se propor a organização da pólis nas Leis, há que se destacar o papel dos “Conselhos”, como organismos políticos fundamentais para a administração da cidade, compostos pelos cidadãos, de modo radicalmente democráticos, e direcionados para a gestão de praticamente todas as instâncias da vida social. Da educação aos ofícios militares, culminando com o “Conselho Noturno” em sua função de supervisão, a cidade das Leis, se torna referência para se repensar as possibilidades da democracia e os caminhos para a koinonia econômica e social.
{"title":"O papel dos conselhos e da representatividade política na cidade das Leis, em Platão.","authors":"G. Filho, Jorge Hideo Yamamoto","doi":"10.53000/cpa.v25i35.4299","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v25i35.4299","url":null,"abstract":"Sugerimos em nossos estudos que Platão, em seu último diálogo, As Leis, nos oferece, por meio dos personagens ali presentes, um projeto de cidade amplamente revolucionário frente à realidade grega de seu tempo, e aplicável, em larga escala, para se abordar as cidades e a política na contemporaneidade. Sobretudo, dentre tudo o que desperta atenção no modo de se propor a organização da pólis nas Leis, há que se destacar o papel dos “Conselhos”, como organismos políticos fundamentais para a administração da cidade, compostos pelos cidadãos, de modo radicalmente democráticos, e direcionados para a gestão de praticamente todas as instâncias da vida social. Da educação aos ofícios militares, culminando com o “Conselho Noturno” em sua função de supervisão, a cidade das Leis, se torna referência para se repensar as possibilidades da democracia e os caminhos para a koinonia econômica e social.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"105 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132828928","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-03-03DOI: 10.53000/cpa.v24i34.4048
José Silva
Neste artigo, procuro mostrar como a colocação do problema do um e do múltiplo e a hipótese da participação mútua das Formas para respondê-lo no Sofista significam um decisivo afastamento por parte de Platão da ontologia e lógica eleática. Rejeitando a noção do ser absoluto e o princípio de identidade intransigente de Parmênides, que não permitiam afirmar senão tautologias, o Estrangeiro trata do problema do um e do múltiplo no plano do inteligível para mostrar que a concomitância do um e do múltiplo que nossos discursos expressam se apoia no fato de que as próprias Formas, que na ontologia do Banquete, República e Fédon foram concebidas tal como o ser de Parmênides, mantêm relações mútuas que torna cada qual, ao mesmo tempo, una e múltipla. O reconhecimento do fenômeno da relação como inerente à constituição dos verdadeiros seres só foi possível mediante o rompimento com a lógica e a ontologia eleática e sua crença no ser absoluto que a tudo pretendia imobilizar na sua unidade e auto-identidade. O Estrangeiro libertou o ser das amarras que impossibilitavam o contato com o Outro. Reconhecendo o modo de ser em relação (pros allo), compatível com o modo de ser em si (kath auto), o diálogo Sofista não só superou as injunções parmenideana, mas também refinou a ontologia das Formas que Sócrates havia defendido.
{"title":"O problema do um e do múltiplo ou de como Platão se liberta das injunções Eleáticas no Sofista","authors":"José Silva","doi":"10.53000/cpa.v24i34.4048","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v24i34.4048","url":null,"abstract":"Neste artigo, procuro mostrar como a colocação do problema do um e do múltiplo e a hipótese da participação mútua das Formas para respondê-lo no Sofista significam um decisivo afastamento por parte de Platão da ontologia e lógica eleática. Rejeitando a noção do ser absoluto e o princípio de identidade intransigente de Parmênides, que não permitiam afirmar senão tautologias, o Estrangeiro trata do problema do um e do múltiplo no plano do inteligível para mostrar que a concomitância do um e do múltiplo que nossos discursos expressam se apoia no fato de que as próprias Formas, que na ontologia do Banquete, República e Fédon foram concebidas tal como o ser de Parmênides, mantêm relações mútuas que torna cada qual, ao mesmo tempo, una e múltipla. O reconhecimento do fenômeno da relação como inerente à constituição dos verdadeiros seres só foi possível mediante o rompimento com a lógica e a ontologia eleática e sua crença no ser absoluto que a tudo pretendia imobilizar na sua unidade e auto-identidade. O Estrangeiro libertou o ser das amarras que impossibilitavam o contato com o Outro. Reconhecendo o modo de ser em relação (pros allo), compatível com o modo de ser em si (kath auto), o diálogo Sofista não só superou as injunções parmenideana, mas também refinou a ontologia das Formas que Sócrates havia defendido.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"37 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-03-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125443437","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-09-24DOI: 10.53000/cpa.v24i33.3817
Hector Benoit
O artigo retoma uma longa pesquisa do autor a respeito de Platão e a tradição dialética, assim como avança algumas das suas possibilidades de desenvolvimento teórico para refletir sobre a irracionalidade do mundo tecnológico contemporâneo.
{"title":"Platão e as origens da tradição dialética","authors":"Hector Benoit","doi":"10.53000/cpa.v24i33.3817","DOIUrl":"https://doi.org/10.53000/cpa.v24i33.3817","url":null,"abstract":"O artigo retoma uma longa pesquisa do autor a respeito de Platão e a tradição dialética, assim como avança algumas das suas possibilidades de desenvolvimento teórico para refletir sobre a irracionalidade do mundo tecnológico contemporâneo.","PeriodicalId":127850,"journal":{"name":"Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade","volume":"42 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-09-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130846768","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}