Pub Date : 2023-05-15DOI: 10.18542/ethnoscientia.v8i1.12724
Guiomar Almeida Sousa, Katiuscia Shirota Imada, Uiara Mendes Ferraz De Pinho, L. Ming, A. Siviero
A Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre é formada por diversos seringais, (áreas povoadas por seringueiras existentes principalmente na Floresta Amazônica), sendo uma área protegida com a finalidade de harmonizar o modo de vida das comunidades locais com o desenvolvimento sustentável. Nesse aspecto, o objetivo dessa pesquisa foi realizar um relato de experiência sobre a segurança alimentar nos Seringais Sibéria e Albrácia, destacando os componentes básicos da produção agrícola, bem como os principais hábitos alimentares dos moradores. O estudo de campo foi conduzido em expedição científica, sendo realizadas 20 entrevistas, com pessoas na faixa etária entre 20 e 65 anos. Nesses seringais, a agricultura se desenvolve basicamente para a subsistência, sendo as culturas da mandioca (Manihot esculenta Crantz), arroz (Oryza sativa L.) e feijão (Phaseolus vulgaris L.), a base da alimentação. Pouco é vendido, sendo armazenado para o autoconsumo durante o ano. Verifica-se que os habitantes dos seringais Sibéria e Albrácia produzem os principais insumos da sua alimentação por meio da agricultura e da pecuária. Também se observa o extrativismo da floresta nas suas diversas formas (látex, castanha, caça e frutos). As famílias apresentam baixo consumo de frutas, verduras e legumes, sendo um fator negativo para a saúde da comunidade, podendo contribuir para o desenvolvimento de algumas doenças causadas pela deficiência de nutrientes na dieta. A partir desta pesquisa sugere-se maior vigilância por parte da execução dos programas sociais implementados, principalmente os relacionados à melhoria da segurança alimentar, para que haja diversidade dos itens produzidos, principalmente os de autoconsumo.
{"title":"RESERVA EXTRATIVISTA CHICO MENDES, ACRE, BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE HÁBITOS E SEGURANÇA ALIMENTAR NOS SERINGAIS SIBÉRIA E ALBRÁCIA","authors":"Guiomar Almeida Sousa, Katiuscia Shirota Imada, Uiara Mendes Ferraz De Pinho, L. Ming, A. Siviero","doi":"10.18542/ethnoscientia.v8i1.12724","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v8i1.12724","url":null,"abstract":"A Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre é formada por diversos seringais, (áreas povoadas por seringueiras existentes principalmente na Floresta Amazônica), sendo uma área protegida com a finalidade de harmonizar o modo de vida das comunidades locais com o desenvolvimento sustentável. Nesse aspecto, o objetivo dessa pesquisa foi realizar um relato de experiência sobre a segurança alimentar nos Seringais Sibéria e Albrácia, destacando os componentes básicos da produção agrícola, bem como os principais hábitos alimentares dos moradores. O estudo de campo foi conduzido em expedição científica, sendo realizadas 20 entrevistas, com pessoas na faixa etária entre 20 e 65 anos. Nesses seringais, a agricultura se desenvolve basicamente para a subsistência, sendo as culturas da mandioca (Manihot esculenta Crantz), arroz (Oryza sativa L.) e feijão (Phaseolus vulgaris L.), a base da alimentação. Pouco é vendido, sendo armazenado para o autoconsumo durante o ano. Verifica-se que os habitantes dos seringais Sibéria e Albrácia produzem os principais insumos da sua alimentação por meio da agricultura e da pecuária. Também se observa o extrativismo da floresta nas suas diversas formas (látex, castanha, caça e frutos). As famílias apresentam baixo consumo de frutas, verduras e legumes, sendo um fator negativo para a saúde da comunidade, podendo contribuir para o desenvolvimento de algumas doenças causadas pela deficiência de nutrientes na dieta. A partir desta pesquisa sugere-se maior vigilância por parte da execução dos programas sociais implementados, principalmente os relacionados à melhoria da segurança alimentar, para que haja diversidade dos itens produzidos, principalmente os de autoconsumo.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-05-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123864152","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-04-19DOI: 10.18542/ethnoscientia.v8i1.12014
Camila Alvez Islas, Greici Maia Bheling, S. Schnorr
O Pampa, considerado uma das áreas de campo mais biodiversas e importantes do planeta é uma das regiões biogeográficas mais negligenciadas em estudos realizados no Brasil. Apenas nas últimas décadas o Pampa ganhou maior atenção da comunidade científica, que passou a realizar mais pesquisas sobre sua biodiversidade e benefícios da natureza para as pessoas. Os mamíferos são fundamentais na dinâmica dos ecossistemas pampeanos e, ainda assim, muitas espécies da mastofauna de médio e grande porte estão ameaçadas de extinção devido, dentre outros fatores, à fragmentação e destruição dos habitats e à caça. A expansão urbana é um importante causador desses fatores, refletindo em interações negativas entre a fauna silvestre e a população humana. Nesse contexto, a compreensão sobre a visão e os valores das pessoas sobre os animais é fundamental para subsidiar o planejamento de ações conservacionistas nessas áreas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho consistiu em identificar os mamíferos silvestres de médio e grande porte e suas relações com moradores de uma comunidade semirrural no município do Capão do Leão-RS, localizado na região sul do Pampa. Para a pesquisa etnozoológica, realizaram-se entrevistas semiestruturadas, as quais foram gravadas e posteriormente analisadas por meio do método quali-quantitativo Discurso do Sujeito Coletivo. Como resultados se apresentam os Discursos do Sujeito Coletivo para oito Instrumentos de Análise. Conclui-se a necessidade de conservação de um remanescente local e das áreas em seu entorno por demonstrarem abrigar quantidade significativa de animais silvestres, bem como espécies ameaçadas de extinção.
潘帕草原被认为是地球上生物多样性最丰富和最重要的领域之一,也是巴西研究中最被忽视的生物地理区域之一。只是在过去的几十年里,潘帕得到了科学界更多的关注,他们开始对其生物多样性和自然对人类的好处进行更多的研究。哺乳动物是潘帕斯生态系统动态的基础,然而,由于栖息地的破碎化、破坏和狩猎等因素,许多大中型哺乳动物物种面临灭绝的威胁。城市扩张是这些因素的一个重要原因,反映了野生动物和人类之间的负面相互作用。在这种情况下,了解人们对动物的看法和价值观对于支持这些地区的保护行动规划至关重要。因此,本研究的目的是确定大中型野生哺乳动物及其与位于潘帕南部的capao do leao -RS半农村社区居民的关系。在民族动物学研究中,采用半结构化访谈法进行记录,然后采用定性和定量的集体主体话语法进行分析。结果提出了八种分析工具的集体主体话语。我们的结论是,有必要保护当地的遗迹及其周围地区,因为它们是大量野生动物和濒危物种的家园。
{"title":"O DISCURSO COLETIVO DE UMA COMUNIDADE SEMIRRURAL SOBRE OS ANIMAIS SILVESTRES NO SUL DO PAMPA","authors":"Camila Alvez Islas, Greici Maia Bheling, S. Schnorr","doi":"10.18542/ethnoscientia.v8i1.12014","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v8i1.12014","url":null,"abstract":"O Pampa, considerado uma das áreas de campo mais biodiversas e importantes do planeta é uma das regiões biogeográficas mais negligenciadas em estudos realizados no Brasil. Apenas nas últimas décadas o Pampa ganhou maior atenção da comunidade científica, que passou a realizar mais pesquisas sobre sua biodiversidade e benefícios da natureza para as pessoas. Os mamíferos são fundamentais na dinâmica dos ecossistemas pampeanos e, ainda assim, muitas espécies da mastofauna de médio e grande porte estão ameaçadas de extinção devido, dentre outros fatores, à fragmentação e destruição dos habitats e à caça. A expansão urbana é um importante causador desses fatores, refletindo em interações negativas entre a fauna silvestre e a população humana. Nesse contexto, a compreensão sobre a visão e os valores das pessoas sobre os animais é fundamental para subsidiar o planejamento de ações conservacionistas nessas áreas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho consistiu em identificar os mamíferos silvestres de médio e grande porte e suas relações com moradores de uma comunidade semirrural no município do Capão do Leão-RS, localizado na região sul do Pampa. Para a pesquisa etnozoológica, realizaram-se entrevistas semiestruturadas, as quais foram gravadas e posteriormente analisadas por meio do método quali-quantitativo Discurso do Sujeito Coletivo. Como resultados se apresentam os Discursos do Sujeito Coletivo para oito Instrumentos de Análise. Conclui-se a necessidade de conservação de um remanescente local e das áreas em seu entorno por demonstrarem abrigar quantidade significativa de animais silvestres, bem como espécies ameaçadas de extinção.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-04-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115188918","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-03-04DOI: 10.18542/ethnoscientia.v8i1.11575
Bianca Pinto De Morais, M. Gonçalves, Natalia Hanazaki
O objetivo deste trabalho foi apresentar os principais aspectos da pesquisa etnobotânica em quilombos da Mata Atlântica a partir de uma perspectiva étnico-racial. O desenvolvimento de pesquisas etnobotânicas brasileiras tem apresentado importantes avanços nas últimas décadas tanto em relação à diversidade de publicações como também em relação às questões éticas; neste sentido, o questionamento sobre o racismo institucional na pesquisa etnobotânica busca discutir questões sociais latentes em nossa sociedade que refletem também nas relações entre pesquisadores e colaboradores durante o desenvolvimento da pesquisa e que se apoiam no mito da identidade coletiva nacional e da neutralidade científica. A partir de uma revisão sistemática em bases indexadas (Scopus e Web of Science), foram padronizados dados oriundos de 89 estudos publicados entre 1988 e 2020, compreendendo mais de 1000 entradas de informações que, após filtragens por repetições e inconsistências, resultaram numa compilação de 15 artigos publicados sobre usos de 380 espécies de plantas. As principais categorias citadas foram medicinais e alimentícias. Nove pessoas autoras responderam a um questionário online, com perguntas sobre seu perfil pessoal e sobre as motivações para o desenvolvimento do estudo em comunidades remanescentes de quilombos. Os estudos confirmam a enorme diversidade de espécies e de usos pelas comunidades quilombolas, contudo também indicam hegemonia das pessoas que produzem o conhecimento científico, realizado por mulheres em sua maioria branca demonstrando a importância das discussões sobre gênero e branquitude nas pesquisas etnobotânicas.
{"title":"QUEM FAZ E ONDE ESTÁ A PRODUÇÃO ACADÊMICA ETNOBOTÂNICA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA MATA ATLÂNTICA?","authors":"Bianca Pinto De Morais, M. Gonçalves, Natalia Hanazaki","doi":"10.18542/ethnoscientia.v8i1.11575","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v8i1.11575","url":null,"abstract":"O objetivo deste trabalho foi apresentar os principais aspectos da pesquisa etnobotânica em quilombos da Mata Atlântica a partir de uma perspectiva étnico-racial. O desenvolvimento de pesquisas etnobotânicas brasileiras tem apresentado importantes avanços nas últimas décadas tanto em relação à diversidade de publicações como também em relação às questões éticas; neste sentido, o questionamento sobre o racismo institucional na pesquisa etnobotânica busca discutir questões sociais latentes em nossa sociedade que refletem também nas relações entre pesquisadores e colaboradores durante o desenvolvimento da pesquisa e que se apoiam no mito da identidade coletiva nacional e da neutralidade científica. A partir de uma revisão sistemática em bases indexadas (Scopus e Web of Science), foram padronizados dados oriundos de 89 estudos publicados entre 1988 e 2020, compreendendo mais de 1000 entradas de informações que, após filtragens por repetições e inconsistências, resultaram numa compilação de 15 artigos publicados sobre usos de 380 espécies de plantas. As principais categorias citadas foram medicinais e alimentícias. Nove pessoas autoras responderam a um questionário online, com perguntas sobre seu perfil pessoal e sobre as motivações para o desenvolvimento do estudo em comunidades remanescentes de quilombos. Os estudos confirmam a enorme diversidade de espécies e de usos pelas comunidades quilombolas, contudo também indicam hegemonia das pessoas que produzem o conhecimento científico, realizado por mulheres em sua maioria branca demonstrando a importância das discussões sobre gênero e branquitude nas pesquisas etnobotânicas.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"75 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-03-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121089797","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-02-03DOI: 10.18542/ethnoscientia.v8i1.13086
Alexandre Tyson Ferreira de Souza, Marnisson Luiz De Araújo Bahia, Fabiano Gazzi Taddei
O objetivo deste estudo foi diagnosticar o conhecimento da etnia sateré-mawé do Andirá - Barreirinha/Am sobre os crustáceos decápodos, identificando usos e costumes e as terminologias utilizadas para os animais. A região amazônica, devido a diversidade de etnias presentes, é um polo riquíssimo e pouco explorado desse tipo de conhecimento. Os Sateré-Mawé fazem parte de uma etnia indígena que habita a floresta tropical, principalmente, entre os estados do Amazonas e Pará. Integra a família linguística tupi-guarani e, atualmente, nota-se a perda do intercâmbio dos saberes tradicionais por parte das novas gerações. A etnia possui cerca de 8.373 indígenas, 5.510 dos quais falam a língua Sateré-Mawé, 2.992 que leem e 2.980 que a leem e escrevem. Para a obtenção dos dados de interesse, foram realizadas entrevistas com perguntas que tratavam da nomenclatura utilizada para a identificação de camarões e caranguejos, sobre o conhecimento das regiões corporais, do uso dessas espécies como alimento, sobre predação, importância ecológica e sobre os conhecimentos populares relacionados a esses animais. Foram entrevistados 10 indígenas entre adolescentes e adultos. Os resultados obtidos comprovam a existência de um considerável conhecimento dos sateré-mawés sobre os crustáceos decápodos, desde as regiões corporais até aspectos da sua bio-ecologia. Em seu dialeto, são chamados de Pohiã (camarão) e Akát’a (caranguejo). Nota-se, principalmente, nas entrevistas das pessoas com mais idade, que esses crustáceos apresentam crenças relacionadas com curas de enfermidades, sorte e comportamento dos humanos, o que não foi encontrado nas entrevistas dos mais jovens da etnia, nos quais percebe-se uma perda considerável do conhecimento tradicional, desde o dialeto até os usos e costumes. Fato que, provavelmente, está relacionado a inserção das ferramentas tecnológicas dentro da aldeia, muitos não tem mais o habito de pescar e estão perdendo ou já perderam a fluência no dialeto Sateré-Mawé.
{"title":"ETNOCONHECIMENTO SOBRE OS CRUSTÁCEOS DECAPODOS DOS SATERÉ- MAWÉ DO ANDIRÁ - BARREIRINHA/AM","authors":"Alexandre Tyson Ferreira de Souza, Marnisson Luiz De Araújo Bahia, Fabiano Gazzi Taddei","doi":"10.18542/ethnoscientia.v8i1.13086","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v8i1.13086","url":null,"abstract":"O objetivo deste estudo foi diagnosticar o conhecimento da etnia sateré-mawé do Andirá - Barreirinha/Am sobre os crustáceos decápodos, identificando usos e costumes e as terminologias utilizadas para os animais. A região amazônica, devido a diversidade de etnias presentes, é um polo riquíssimo e pouco explorado desse tipo de conhecimento. Os Sateré-Mawé fazem parte de uma etnia indígena que habita a floresta tropical, principalmente, entre os estados do Amazonas e Pará. Integra a família linguística tupi-guarani e, atualmente, nota-se a perda do intercâmbio dos saberes tradicionais por parte das novas gerações. A etnia possui cerca de 8.373 indígenas, 5.510 dos quais falam a língua Sateré-Mawé, 2.992 que leem e 2.980 que a leem e escrevem. Para a obtenção dos dados de interesse, foram realizadas entrevistas com perguntas que tratavam da nomenclatura utilizada para a identificação de camarões e caranguejos, sobre o conhecimento das regiões corporais, do uso dessas espécies como alimento, sobre predação, importância ecológica e sobre os conhecimentos populares relacionados a esses animais. Foram entrevistados 10 indígenas entre adolescentes e adultos. Os resultados obtidos comprovam a existência de um considerável conhecimento dos sateré-mawés sobre os crustáceos decápodos, desde as regiões corporais até aspectos da sua bio-ecologia. Em seu dialeto, são chamados de Pohiã (camarão) e Akát’a (caranguejo). Nota-se, principalmente, nas entrevistas das pessoas com mais idade, que esses crustáceos apresentam crenças relacionadas com curas de enfermidades, sorte e comportamento dos humanos, o que não foi encontrado nas entrevistas dos mais jovens da etnia, nos quais percebe-se uma perda considerável do conhecimento tradicional, desde o dialeto até os usos e costumes. Fato que, provavelmente, está relacionado a inserção das ferramentas tecnológicas dentro da aldeia, muitos não tem mais o habito de pescar e estão perdendo ou já perderam a fluência no dialeto Sateré-Mawé.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-02-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133370705","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-30DOI: 10.18542/ethnoscientia.v7i2.13413
C. Foppa, F. Félix, L. M. Góes
O Projeto Ecologia de Saberes com Povos e Comunidades Tradicionais, da Universidade Federal do Paraná, desenvolve ações que integram ensino, pesquisa e extensão num processo dialógico de co-construção com povos indígenas de diferentes etnias dos territórios indígenas paranaenses e de etnias de estudantes indígenas de outras regiões do Brasil que ingressaram nesta universidade. Conduzido por um grupo de pesquisa e extensão transdisciplinar, desde 2018, é operacionalizado com apoio da Pró-reitoria de Extensão, de Graduação e da Superintendência de Diversidade e Inclusão, por meio da concessão de bolsas para estudantes e recursos financeiros. O projeto articula o acesso, a permanência, a pesquisa-ação e o ensino básico dos povos indígenas ao valorizar a oralidade, as língua(gen)s, cosmologias e temporalidades, num processo de escuta profunda dos conhecimentos tradicionais marginalizados pela Ciência Moderna. O aprender-fazendo com os povos indígenas envolveu estabelecer o papel da universidade no registro do que compõe a educação indígena e suas pedagogias e um trabalho de articulação das práticas linguísticas, em processos contínuos. Tecer caminhos em direção à pluriversidade, entremeados pela desestabilização do reducionismo da ciência moderna, seus códigos racistas e mobilização de metodologias descolonizadoras é desafiador. Os elementos reunidos apontam profundas lacunas e potenciais a serem enfrentados no que diz respeito à efetivação da política afirmativa, aos sentidos do fazer pesquisa e extensão e às dimensões curriculares, em diferentes níveis, na Universidade.
{"title":"EXPERIÊNCIAS DO PROJETO ECOLOGIA DE SABERES COM POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PARANÁ","authors":"C. Foppa, F. Félix, L. M. Góes","doi":"10.18542/ethnoscientia.v7i2.13413","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i2.13413","url":null,"abstract":"O Projeto Ecologia de Saberes com Povos e Comunidades Tradicionais, da Universidade Federal do Paraná, desenvolve ações que integram ensino, pesquisa e extensão num processo dialógico de co-construção com povos indígenas de diferentes etnias dos territórios indígenas paranaenses e de etnias de estudantes indígenas de outras regiões do Brasil que ingressaram nesta universidade. Conduzido por um grupo de pesquisa e extensão transdisciplinar, desde 2018, é operacionalizado com apoio da Pró-reitoria de Extensão, de Graduação e da Superintendência de Diversidade e Inclusão, por meio da concessão de bolsas para estudantes e recursos financeiros. O projeto articula o acesso, a permanência, a pesquisa-ação e o ensino básico dos povos indígenas ao valorizar a oralidade, as língua(gen)s, cosmologias e temporalidades, num processo de escuta profunda dos conhecimentos tradicionais marginalizados pela Ciência Moderna. O aprender-fazendo com os povos indígenas envolveu estabelecer o papel da universidade no registro do que compõe a educação indígena e suas pedagogias e um trabalho de articulação das práticas linguísticas, em processos contínuos. Tecer caminhos em direção à pluriversidade, entremeados pela desestabilização do reducionismo da ciência moderna, seus códigos racistas e mobilização de metodologias descolonizadoras é desafiador. Os elementos reunidos apontam profundas lacunas e potenciais a serem enfrentados no que diz respeito à efetivação da política afirmativa, aos sentidos do fazer pesquisa e extensão e às dimensões curriculares, em diferentes níveis, na Universidade.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"14 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129834326","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-11DOI: 10.18542/ethnoscientia.v7i3.12902
Melissa Reyes-Carcaño, C. Chávez-Mejía, Sergio Moctezuma Pérez, Juan Luis Ramírez-Torres
{"title":"ESPACIOS FAMILIARES Y COMUNITARIOS DE LA HERBOLARIA MAZAHUA EN DOS COMUNIDADES DEL ESTADO DE MÉXICO","authors":"Melissa Reyes-Carcaño, C. Chávez-Mejía, Sergio Moctezuma Pérez, Juan Luis Ramírez-Torres","doi":"10.18542/ethnoscientia.v7i3.12902","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i3.12902","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"99 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114699965","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-20DOI: 10.18542/ethnoscientia.v7i2.13431
Raquel Lopes, M. P. Dias
O texto reflete sobre um exercício colaborativo na proposição, condução e avaliação de uma experiência de formação docente no Curso de Licenciatura em Educação do Campo, por meio do qual se buscou envolver os estudantes em uma ambiência de cocriação de processos formativos que superassem, ao menos em parte, a separação estanque entre ‘teoria’ e ‘prática’ em dois componentes curriculares, trabalhados de forma integrada, a saber: Metodologias do Ensino de Linguagem e Estágio Supervisionado, assim como certos limites impostos pelo modelo de ensino remoto emergencial durante a pandemia de Covid-19. Os resultados preliminares dessa experiência apontam acertos e avanços nas escolhas teórico-metodológicas concernentes ao campo de estudos da linguagem aliados ao uso adequado e diferenciado de dispositivos EaD; mas indicam, na mesma intensidade, a necessidade de se olhar mais atentamente os riscos implicados na operacionalização de atividades relacionadas à prática docente quando estas acontecem em ambientes virtuais.
{"title":"VALÊNCIAS EPISTÊMICO-PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM TEMPOS DE PANDEMIA: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO REMOTO EM UMA TURMA DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NA AMAZÔNIA PARAENSE","authors":"Raquel Lopes, M. P. Dias","doi":"10.18542/ethnoscientia.v7i2.13431","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i2.13431","url":null,"abstract":"O texto reflete sobre um exercício colaborativo na proposição, condução e avaliação de uma experiência de formação docente no Curso de Licenciatura em Educação do Campo, por meio do qual se buscou envolver os estudantes em uma ambiência de cocriação de processos formativos que superassem, ao menos em parte, a separação estanque entre ‘teoria’ e ‘prática’ em dois componentes curriculares, trabalhados de forma integrada, a saber: Metodologias do Ensino de Linguagem e Estágio Supervisionado, assim como certos limites impostos pelo modelo de ensino remoto emergencial durante a pandemia de Covid-19. Os resultados preliminares dessa experiência apontam acertos e avanços nas escolhas teórico-metodológicas concernentes ao campo de estudos da linguagem aliados ao uso adequado e diferenciado de dispositivos EaD; mas indicam, na mesma intensidade, a necessidade de se olhar mais atentamente os riscos implicados na operacionalização de atividades relacionadas à prática docente quando estas acontecem em ambientes virtuais.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132371438","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-10-10DOI: 10.18542/ethnoscientia.v7i3.13114
Nemer E Narchi
{"title":"BOOK REVIEW: “GUERRA NOS MARES DO SUL. O PAPEL DA OCEANOGRAFIA NA DESTRUIÇÃO DE TERRITÓRIOS TRADICIONAIS DA PESCA”","authors":"Nemer E Narchi","doi":"10.18542/ethnoscientia.v7i3.13114","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i3.13114","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-10-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122171258","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-09-30DOI: 10.18542/ethnoscientia.v7i3.12059
Richelly De Nazaré Lima da Costa, Aline Souza Terra Nascimento, Katiane Silva
A busca pela autonomia tem levado povos e comunidades tradicionais a desenvolverem dina?micas para acesso igualita?rio ao mercado e manutenc?a?o dos seus meios de vida. No Para?, esta movimentac?a?o tem contribui?do para o fortalecimento dos conhecimentos e viabilizado a reproduc?a?o social dos indi?genas Parakana?, situados nas fronteiras entre os munici?pios de Novo Repartimento e Itupiranga. No presente artigo analisamos a forma estrate?gica como eles te?m usado os conhecimentos dos na?o indi?genas como forma de otimizar e manter a resilie?ncia dentro de um processo de extermi?nio, por meio da mobilizac?a?o para criac?a?o do curso Te?cnico em Agroecologia. O artigo se estrutura a partir do trabalho etnogra?fico junto aos Parakana?, oportunidade que tem nos possibilitado observar suas constantes movimentac?o?es e as estrate?gias de integrac?a?o para manutenc?a?o do seu bem viver.
{"title":"A TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO E O REINVENTAR DOS PARAKANÃ DO TOCANTINS","authors":"Richelly De Nazaré Lima da Costa, Aline Souza Terra Nascimento, Katiane Silva","doi":"10.18542/ethnoscientia.v7i3.12059","DOIUrl":"https://doi.org/10.18542/ethnoscientia.v7i3.12059","url":null,"abstract":"A busca pela autonomia tem levado povos e comunidades tradicionais a desenvolverem dina?micas para acesso igualita?rio ao mercado e manutenc?a?o dos seus meios de vida. No Para?, esta movimentac?a?o tem contribui?do para o fortalecimento dos conhecimentos e viabilizado a reproduc?a?o social dos indi?genas Parakana?, situados nas fronteiras entre os munici?pios de Novo Repartimento e Itupiranga. No presente artigo analisamos a forma estrate?gica como eles te?m usado os conhecimentos dos na?o indi?genas como forma de otimizar e manter a resilie?ncia dentro de um processo de extermi?nio, por meio da mobilizac?a?o para criac?a?o do curso Te?cnico em Agroecologia. O artigo se estrutura a partir do trabalho etnogra?fico junto aos Parakana?, oportunidade que tem nos possibilitado observar suas constantes movimentac?o?es e as estrate?gias de integrac?a?o para manutenc?a?o do seu bem viver.","PeriodicalId":154983,"journal":{"name":"Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology","volume":"434 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122874646","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}