Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.102967
Igor Francisco Chagas dos Santos, Matheus Marchesotti Dutra Ferraz, Maria das Graças Braga
Em 2017, o dolutegravir (DTG) passou a ser recomendado com associação com lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) em dose fixa combinada como esquema inicial preferencial em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) iniciando a terapia antirretroviral (TARV). Considerando a crescente utilização do DTG, avaliar adesão à TARV é fundamental para alcançar a supressão viral e minimizar o surgimento de falha virológica (FV). O presente estudo objetiva-se avaliar a adesão em indivíduos iniciando a TARV com DTG e apresentaram FV confirmada pelo teste de genotipagem. Estudo de coorte retrospectiva utilizando informações obtidas pelo linkage entre bancos nacionais de dispensação de antirretrovirais e exames laboratoriais. Foram incluídos os indivíduos que iniciaram a TARV com esquemas contendo DTG e em algum momento do tratamento realizaram troca da TARV entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, no Brasil. Dados sociodemográficos, clínicos e relacionados ao tratamento foram obtidos com base nos registros de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde ao Grupo de pesquisa GEADIC. A adesão foi mensurada pela proporção de dias cobertos (PDC >80%) utilizando o cálculo CMA6 que permite mensurar o intervalo de dispensação de antirretrovirais pelo Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) em diferentes intervalos. Os dados laboratoriais de CD4+ e carga viral (CV) foram obtidos pelo Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e a FV confirmada pelo teste de genotipagem no Sistema de Controle de Exames de Genotipagem (Sisgeno). Foi utilizado o pareamento probabilístico entre os três bancos e a biblioteca Python FuzzyWuzzy para a deduplicação dos dados. As análises foram realizadas utilizando o software SPSS v.22. A amostra foi de 12.071 indivíduos, sendo 59,9% do sexo masculino, com idade ≥ a 40 anos (36,1%) da cor parda (38,0%) com média de 8 a 11 anos de estudo (22,7%), sem cônjuge (42,78%), CV-HIV detectável (34,0%), CD4+ > 500 cópias/mL (4,4%). Houve registro de FV em 0,8%. A adesão à TARV foi 68%. O grupo com registro com FV apresentou mais chance de ser não aderente (OR = 1,32), mas não houve significância estatística na associação (IC95%0,93-1,86; p = 0,111). Os resultados encontrados reforçam a necessidade de reconhecer precocemente a falha virológica e demonstram a importância de investigar os fatores associados a não adesão a TARV e ao surgimento de FV no início da TARV.
{"title":"ADESÃO EM INDIVÍDUOS COM FALHA VIROLÓGICA INICIAL EM PESSOAS VIVENDO COM HIV QUE INICIARAM A TERAPIA ANTIRRETROVIRAL – COORTE RETROSPECTIVA, BRASIL 2017-2019 (DADOS PRELIMINARES)","authors":"Igor Francisco Chagas dos Santos, Matheus Marchesotti Dutra Ferraz, Maria das Graças Braga","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102967","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102967","url":null,"abstract":"Em 2017, o dolutegravir (DTG) passou a ser recomendado com associação com lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) em dose fixa combinada como esquema inicial preferencial em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) iniciando a terapia antirretroviral (TARV). Considerando a crescente utilização do DTG, avaliar adesão à TARV é fundamental para alcançar a supressão viral e minimizar o surgimento de falha virológica (FV). O presente estudo objetiva-se avaliar a adesão em indivíduos iniciando a TARV com DTG e apresentaram FV confirmada pelo teste de genotipagem. Estudo de coorte retrospectiva utilizando informações obtidas pelo linkage entre bancos nacionais de dispensação de antirretrovirais e exames laboratoriais. Foram incluídos os indivíduos que iniciaram a TARV com esquemas contendo DTG e em algum momento do tratamento realizaram troca da TARV entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, no Brasil. Dados sociodemográficos, clínicos e relacionados ao tratamento foram obtidos com base nos registros de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde ao Grupo de pesquisa GEADIC. A adesão foi mensurada pela proporção de dias cobertos (PDC >80%) utilizando o cálculo CMA6 que permite mensurar o intervalo de dispensação de antirretrovirais pelo Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) em diferentes intervalos. Os dados laboratoriais de CD4+ e carga viral (CV) foram obtidos pelo Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e a FV confirmada pelo teste de genotipagem no Sistema de Controle de Exames de Genotipagem (Sisgeno). Foi utilizado o pareamento probabilístico entre os três bancos e a biblioteca Python FuzzyWuzzy para a deduplicação dos dados. As análises foram realizadas utilizando o software SPSS v.22. A amostra foi de 12.071 indivíduos, sendo 59,9% do sexo masculino, com idade ≥ a 40 anos (36,1%) da cor parda (38,0%) com média de 8 a 11 anos de estudo (22,7%), sem cônjuge (42,78%), CV-HIV detectável (34,0%), CD4+ > 500 cópias/mL (4,4%). Houve registro de FV em 0,8%. A adesão à TARV foi 68%. O grupo com registro com FV apresentou mais chance de ser não aderente (OR = 1,32), mas não houve significância estatística na associação (IC95%0,93-1,86; p = 0,111). Os resultados encontrados reforçam a necessidade de reconhecer precocemente a falha virológica e demonstram a importância de investigar os fatores associados a não adesão a TARV e ao surgimento de FV no início da TARV.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"49 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247596","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103315
Martha Maria Romeiro Figueiroa Ferreira Fonseca, Amanda de Almeida Fernandes, Dannilo Rafael Bezerra do Carmo, Adriana Resende Gomes, Maria Cecília Ferraz Tiné Ramos, Bruno Fonseca Brandao Lopes, Danielly Christine Gomes Caldas
A anfotericina B lipossomal é um medicamento de alto custo e representa a maior despesa entre todos os antimicrobianos utilizados. A falta de um protocolo institucional para antifúngicos resulta em um uso inadequado e desperdício. Avaliar a racionalização do uso da anfotericina B lipossomal em um hospital terciário em Recife, identificando oportunidades de melhoria. Os dados foram coletados no sistema MV, utilizando a abordagem do Lean Six Sigma, que visa eliminar desperdícios e solucionar problemas. O complexo hospitalar possui 405 leitos, incluindo 60 leitos de UTI. Em 2021, a taxa média de ocupação foi de 77%. Utilizamos uma matriz de causa e efeito para identificar os principais pontos a serem abordados. Com base nas informações levantadas, decidimos testar a micafungina, agilizar os resultados das culturas e desenvolver um protocolo próprio, ainda em desenvolvimento, para infecções fúngicas. Além disso, foi identificada a necessidade de aumentar a adesão ao descalonamento conforme orientações da Comissão de Controle de Infecção Relacionadas à Saúde (CCIRAS). Após a divulgação das dificuldades e a implementação das sugestões mencionadas, observou-se uma redução de 61% no consumo médio de anfotericina B lipossomal em 2022. Essa redução representa uma economia de R$ 194.975,00 por mês. No entanto, houve um aumento no uso de micafungina, resultando em um custo adicional de R$ 11.917,07 por mês. A racionalização do uso de anfotericina B Lipossomal no hospital terciário em Recife mostrou-se eficaz na redução de custos, sem comprometer a qualidade do tratamento de infecções fúngicas. A implementação de um protocolo próprio, ainda em desenvolvimento, juntamente com a utilização de micafungina e a melhoria dos processos laboratoriais, resultou em uma significativa economia financeira com a anfotericina B lipossomal. Recomendamos a adoção dessas estratégias por outros hospitais em busca de otimização de recursos e melhoria na qualidade assistencial.
{"title":"RACIONALIZAÇÃO DO USO DE ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO EM RECIFE","authors":"Martha Maria Romeiro Figueiroa Ferreira Fonseca, Amanda de Almeida Fernandes, Dannilo Rafael Bezerra do Carmo, Adriana Resende Gomes, Maria Cecília Ferraz Tiné Ramos, Bruno Fonseca Brandao Lopes, Danielly Christine Gomes Caldas","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103315","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103315","url":null,"abstract":"A anfotericina B lipossomal é um medicamento de alto custo e representa a maior despesa entre todos os antimicrobianos utilizados. A falta de um protocolo institucional para antifúngicos resulta em um uso inadequado e desperdício. Avaliar a racionalização do uso da anfotericina B lipossomal em um hospital terciário em Recife, identificando oportunidades de melhoria. Os dados foram coletados no sistema MV, utilizando a abordagem do Lean Six Sigma, que visa eliminar desperdícios e solucionar problemas. O complexo hospitalar possui 405 leitos, incluindo 60 leitos de UTI. Em 2021, a taxa média de ocupação foi de 77%. Utilizamos uma matriz de causa e efeito para identificar os principais pontos a serem abordados. Com base nas informações levantadas, decidimos testar a micafungina, agilizar os resultados das culturas e desenvolver um protocolo próprio, ainda em desenvolvimento, para infecções fúngicas. Além disso, foi identificada a necessidade de aumentar a adesão ao descalonamento conforme orientações da Comissão de Controle de Infecção Relacionadas à Saúde (CCIRAS). Após a divulgação das dificuldades e a implementação das sugestões mencionadas, observou-se uma redução de 61% no consumo médio de anfotericina B lipossomal em 2022. Essa redução representa uma economia de R$ 194.975,00 por mês. No entanto, houve um aumento no uso de micafungina, resultando em um custo adicional de R$ 11.917,07 por mês. A racionalização do uso de anfotericina B Lipossomal no hospital terciário em Recife mostrou-se eficaz na redução de custos, sem comprometer a qualidade do tratamento de infecções fúngicas. A implementação de um protocolo próprio, ainda em desenvolvimento, juntamente com a utilização de micafungina e a melhoria dos processos laboratoriais, resultou em uma significativa economia financeira com a anfotericina B lipossomal. Recomendamos a adoção dessas estratégias por outros hospitais em busca de otimização de recursos e melhoria na qualidade assistencial.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"39 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247655","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.102972
Thiago Pinho Cordeiro Araújo, Monaliza Cardozo Rebouças, Maria Fernanda Bahia Bacellar Souza, Priscila Alkmim de Oliveira Magnavita de Sousa, Ana Juliado Nascimento Araújo, Maria Alice Magalhães Marques, Janli Kelly Pereira Fontes dos Santos, Leonardo Bandeira Cerqueira Zollinger, Rafaella Tambone Barral, José Adriano Goes Silva, Fabianna Márcia Maranhão Bahia
A terapia dupla 3TC/DTG em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) mostrou-se efetiva a longo prazo. No entanto, o ganho de peso e as alterações da composição corporal associados ao uso do DTG tem sido relatado em estudos recentes. Objetivamos avaliar, em um período de dois anos, as alterações no peso e no IMC, entre PHVIV, após a simplificação da terapia antirretroviral (ARV) para 3TC/DTG. Estudo longitudinal prospectivo da utilização na prática clínica de esquema ARV simplificado com 3TC/DTG em maiores de 18 anos, em acompanhamento no CEDAP, entre 2019 e 2022, com avaliação do peso e do IMC antes e após 96 semanas da simplificação. Foi definido o estado nutricional segundo o IMC: baixo peso (<18,5), peso saudável (18,5-24,9), sobrepeso (25,0-29,9) e obesidade (>30). O “sucesso virológico” foi considerado para carga viral (CV) <50 cópias/mL e a “adesão suficiente” foi definida por retiradas dos ARV superiores a 80%. O cálculo amostral considerou o poder estatístico de 80% e erro de 5%, com amostragem aleatória simples. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sesab. Um total de 178 PVHIV que fizeram simplificação para a terapia dupla com 3TC/DTG foram incluídos na análise. Prevaleceram o sexo masculino (61,8%), com média de idade de 50,4 ± 12,6 anos, autodeclarados negros ou pardos (84,3%) e residentes em Salvador (83,7%). A média de tempo de diagnóstico de infecção pelo HIV foi de 11,4 (±5,8) anos e 9,5 (±6,1) anos sob terapia ARV. A CV-HIV manteve-se indetectável após 2 anos da simplificação em 98,9% dos casos. Observamos uma diferença média de 1,3 ± 4,5 kg no peso (p < 0,01) e de 1,1 ± 3,9 kg/m² no IMC (p < 0,01), após a simplificação. Em 73 (41,0%) pacientes com ganho de ao menos 2 kg de peso absoluto (média de 4,7 ± 2,3 kg). Não houve diferença na avaliação do peso ou estado nutricional considerando o sexo ou faixa etária. Verificamos que os indivíduos que simplificaram a TARV com 3TC/DTG apresentaram aumento no peso e no IMC, apesar do sucesso virológico. Esses resultados evidenciam a importância da orientação no atendimento às pessoas vivendo com HIV relacionados às possíveis alterações na massa corporal e riscos no desenvolvimento de outras comorbidades, principalmente a obesidade. Futuras análises com controle de indicadores clínicos e bioquímicos, bem como a alimentação e a realização de atividades físicas podem minimizar possíveis interferências desses fatores nos resultados de alteração do IMC com uso do DTG.
{"title":"ALTERAÇÃO NO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) APÓS SIMPLIFICAÇÃO TERAPÊUTICA COM LAMIVUDINA (3TC) E DOLUTEGRAVIR (DTG) EM PESSOAS VIVENDO COM HIV ATENDIDOS EM UM SERVIÇO ESPECIALIZADO DE SALVADOR, BAHIA","authors":"Thiago Pinho Cordeiro Araújo, Monaliza Cardozo Rebouças, Maria Fernanda Bahia Bacellar Souza, Priscila Alkmim de Oliveira Magnavita de Sousa, Ana Juliado Nascimento Araújo, Maria Alice Magalhães Marques, Janli Kelly Pereira Fontes dos Santos, Leonardo Bandeira Cerqueira Zollinger, Rafaella Tambone Barral, José Adriano Goes Silva, Fabianna Márcia Maranhão Bahia","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102972","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102972","url":null,"abstract":"A terapia dupla 3TC/DTG em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) mostrou-se efetiva a longo prazo. No entanto, o ganho de peso e as alterações da composição corporal associados ao uso do DTG tem sido relatado em estudos recentes. Objetivamos avaliar, em um período de dois anos, as alterações no peso e no IMC, entre PHVIV, após a simplificação da terapia antirretroviral (ARV) para 3TC/DTG. Estudo longitudinal prospectivo da utilização na prática clínica de esquema ARV simplificado com 3TC/DTG em maiores de 18 anos, em acompanhamento no CEDAP, entre 2019 e 2022, com avaliação do peso e do IMC antes e após 96 semanas da simplificação. Foi definido o estado nutricional segundo o IMC: baixo peso (<18,5), peso saudável (18,5-24,9), sobrepeso (25,0-29,9) e obesidade (>30). O “sucesso virológico” foi considerado para carga viral (CV) <50 cópias/mL e a “adesão suficiente” foi definida por retiradas dos ARV superiores a 80%. O cálculo amostral considerou o poder estatístico de 80% e erro de 5%, com amostragem aleatória simples. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sesab. Um total de 178 PVHIV que fizeram simplificação para a terapia dupla com 3TC/DTG foram incluídos na análise. Prevaleceram o sexo masculino (61,8%), com média de idade de 50,4 ± 12,6 anos, autodeclarados negros ou pardos (84,3%) e residentes em Salvador (83,7%). A média de tempo de diagnóstico de infecção pelo HIV foi de 11,4 (±5,8) anos e 9,5 (±6,1) anos sob terapia ARV. A CV-HIV manteve-se indetectável após 2 anos da simplificação em 98,9% dos casos. Observamos uma diferença média de 1,3 ± 4,5 kg no peso (p < 0,01) e de 1,1 ± 3,9 kg/m² no IMC (p < 0,01), após a simplificação. Em 73 (41,0%) pacientes com ganho de ao menos 2 kg de peso absoluto (média de 4,7 ± 2,3 kg). Não houve diferença na avaliação do peso ou estado nutricional considerando o sexo ou faixa etária. Verificamos que os indivíduos que simplificaram a TARV com 3TC/DTG apresentaram aumento no peso e no IMC, apesar do sucesso virológico. Esses resultados evidenciam a importância da orientação no atendimento às pessoas vivendo com HIV relacionados às possíveis alterações na massa corporal e riscos no desenvolvimento de outras comorbidades, principalmente a obesidade. Futuras análises com controle de indicadores clínicos e bioquímicos, bem como a alimentação e a realização de atividades físicas podem minimizar possíveis interferências desses fatores nos resultados de alteração do IMC com uso do DTG.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247719","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.102940
Eliene Maria Soares Monteiro Yano, Jessica Ferreira Romero, Mariana Prado do Amaral, Simone Dantas Soares
A infecção respiratória aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, Coronavírus 2019 (covid-19) é potencialmente grave e de elevada transmissibilidade. No Ceará, até o dia 26/07/2022 foram registrados 1.358.106 casos confirmados de covid-19. A população idosa, aquela com idade a partir de 60 anos, normalmente possuem comorbidades associadas ao declínio fisiológico da idade, sendo um grupo de risco para a covid-19. Descrever o perfil epidemiológico dos idosos afetados por covid-19 no Estado do Ceará, além de um comparativo entre os sexos. Trata-se de um estudo transversal descritivo. A população estudada foi composta por idosos a partir de 60 anos. Os dados utilizados são públicos secundários da plataforma IntegraSUS, um portal de transparência da gestão de saúde do Estado do Ceará. Foram analisados os números de casos acumulados e de óbitos por covid-19, as taxas de incidência, mortalidade e letalidade, no período de janeiro de 2020 a 26 de julho de 2022. A análise descritiva dos dados foi feita em categorias de faixas etárias e sexo, a partir do Software Excel 2016. Dos casos confirmados de covid-19 do Estado do Ceará, cerca de 15% corresponde a população acima de 60 anos e a maioria são do sexo feminino (55,5%), na faixa etária de 60 a 64 anos (28,5%). Os idosos com 80 anos ou mais apresentaram a maior taxa de mortalidade (4.035,26/100 mil habitantes) enquanto que os de 60 a 64 anos, a menor (661,26/100 mil habitantes). O mesmo aumento ocorreu com a taxa de letalidade, enquanto aqueles entre 60 a 64 anos apresentaram a menor taxa (4,2%), os de 80 anos ou mais apresentaram a mais elevada (20,6%). Quanto ao sexo, o destaque dessa população foi para o masculino, com taxa de mortalidade de 1.997,28/100 mil habitantes e letalidade de 11,9%, enquanto que no feminino a mortalidade foi 1.320,95/100 mil habitantes e letalidade 8,2%. A maior incidência foi do sexo masculino com idade a partir de 80 anos (22.942,33/100 mil habitantes). Apesar da população idosa não ser a de maior proporção de casos de covid-19 confirmados no Ceará, ela foi a mais impactada, principalmente entre os idosos a partir de 80 anos, ou seja, os mais vulneráveis. Por fim, a análise corrobora com o fato do idoso ser um dos principais grupos de risco para o covid-19, porém como se trata apenas da população cearense, é interessante um estudo ampliado para a população brasileira.
{"title":"PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS IDOSOS COM COVID-19 NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2020 ATÉ JULHO DE 2022","authors":"Eliene Maria Soares Monteiro Yano, Jessica Ferreira Romero, Mariana Prado do Amaral, Simone Dantas Soares","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102940","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102940","url":null,"abstract":"A infecção respiratória aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, Coronavírus 2019 (covid-19) é potencialmente grave e de elevada transmissibilidade. No Ceará, até o dia 26/07/2022 foram registrados 1.358.106 casos confirmados de covid-19. A população idosa, aquela com idade a partir de 60 anos, normalmente possuem comorbidades associadas ao declínio fisiológico da idade, sendo um grupo de risco para a covid-19. Descrever o perfil epidemiológico dos idosos afetados por covid-19 no Estado do Ceará, além de um comparativo entre os sexos. Trata-se de um estudo transversal descritivo. A população estudada foi composta por idosos a partir de 60 anos. Os dados utilizados são públicos secundários da plataforma IntegraSUS, um portal de transparência da gestão de saúde do Estado do Ceará. Foram analisados os números de casos acumulados e de óbitos por covid-19, as taxas de incidência, mortalidade e letalidade, no período de janeiro de 2020 a 26 de julho de 2022. A análise descritiva dos dados foi feita em categorias de faixas etárias e sexo, a partir do Software Excel 2016. Dos casos confirmados de covid-19 do Estado do Ceará, cerca de 15% corresponde a população acima de 60 anos e a maioria são do sexo feminino (55,5%), na faixa etária de 60 a 64 anos (28,5%). Os idosos com 80 anos ou mais apresentaram a maior taxa de mortalidade (4.035,26/100 mil habitantes) enquanto que os de 60 a 64 anos, a menor (661,26/100 mil habitantes). O mesmo aumento ocorreu com a taxa de letalidade, enquanto aqueles entre 60 a 64 anos apresentaram a menor taxa (4,2%), os de 80 anos ou mais apresentaram a mais elevada (20,6%). Quanto ao sexo, o destaque dessa população foi para o masculino, com taxa de mortalidade de 1.997,28/100 mil habitantes e letalidade de 11,9%, enquanto que no feminino a mortalidade foi 1.320,95/100 mil habitantes e letalidade 8,2%. A maior incidência foi do sexo masculino com idade a partir de 80 anos (22.942,33/100 mil habitantes). Apesar da população idosa não ser a de maior proporção de casos de covid-19 confirmados no Ceará, ela foi a mais impactada, principalmente entre os idosos a partir de 80 anos, ou seja, os mais vulneráveis. Por fim, a análise corrobora com o fato do idoso ser um dos principais grupos de risco para o covid-19, porém como se trata apenas da população cearense, é interessante um estudo ampliado para a população brasileira.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247724","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103358
Gustavo Campos Monteiro de Castro, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Francisca Pereira Ribeiro, Angela Maria Rodrigues Dantas, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Cristiane da Cruz Lamas
Endocardite Infecciosa (EI) por Estafilococos Coagulase Negativos (ECN) está associada a alta taxa de mortalidade, principalmente em pacientes hospitalizados, sendo seu estudo de grande relevância. Nosso objetivo foi descrever casos de EI por ECN (EIECN) num centro cardiológico e compará-lo com outros casos de EI na coorte. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva pelos critérios de Duke modificados foram incluídos, prospectiva e consecutivamente, de 2006 a 2021. EIECN foi comparada aos demais pacientes com EI da coorte por teste de proporções. Análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. ECN foi responsável por 39/435(9%) episódios de EI. A EIECN foi encontrada com maior frequência em pacientes mais velhos (mediana 55 vs. 47, p<0,001), e entre homens (64.1% vs. 65.2%, pNS). Dentre as comorbidades, foram mais frequentes entre as EIECN, em relação ao restante da coorte, doença arterial coronariana (28,9% vs. 12,6%, p<0,001) e insuficiência renal crônica (38,5% vs. 19,3%, p=0,005). Cirurgia cardíaca pregressa foi mais frequente entre EIECN (64,1% vs. 36,8%, p<0,001). A aquisição foi mais frequentemente hospitalar na EIECN (43,6% vs. 24,1%, p=0,008) e em pacientes com EI precoce de prótese (27,7% vs. 6,7%, p<0,001). Febre, sopros, embolização, esplenomegalia, níveis de PCR e VHS não foram diferentes entre os grupos. As complicações mais frequentemente encontradas na EIECN foram problemas de condução (25% vs. 12,6%, p=0,040), insuficiência renal aguda (50% vs. 32,2%, p=0,028); dentre os achados do ecocardiograma, o abcesso paravalvar foi mais frequente na EIECN (28,2% vs. 14,2%, p<0,001), não havendo diferença para fístula ou perfuração valvar. A cirurgia foi indicada para 92,3% dos pacientes com EIECN, no entanto foi realizada em 73,3% dos casos. Por fim, a taxa de mortalidade foi consideravelmente maior na EIECN (48,7% vs. 23,3%, p<0,001) quando comparada ao outro grupo. ECN foi o 4° agente etiológico mais comum em nossa série, e foi principalmente associado à aquisição nosocomial, especialmente na EI precoce de prótese; e, possivelmente por este motivo, houve maior frequência de abcesso paravalvar. As taxas de indicação cirúrgica foram altas, por viés de referenciamento, mas a cirurgia não foi realizada em 1/5 destes, possivelmente pela maior gravidade clínica dos pacientes. A mortalidade foi mais que duas vezes maior que o restante da coorte, o que reflete a aquisição nosocomial e contexto de cirurgia recente.
由凝固酶阴性葡萄球菌(ncs)引起的感染性心内膜炎与高死亡率有关,特别是在住院患者中,这是一项非常重要的研究。我们的目的是描述心脏中心通过nec (nec)的EI病例,并将其与队列中的其他EI病例进行比较。方法:前瞻性和连续纳入2006年至2021年根据改良杜克标准确定的成人EI患者。采用比例检验与队列中其他EI患者进行比较。使用Jamovi软件进行统计分析,R. ECN负责39/435(9%)的EI事件。nec在老年患者中更常见(中位55 vs. 47, p< 0.001),在男性中更常见(64.1% vs. 65.2%, pNS)。在合并症中,与队列中其他患者相比,冠状动脉疾病(28.9% vs. 12.6%, p< 0.001)和慢性肾衰竭(38.5% vs. 19.3%, p= 0.005)更常见。既往心脏手术在ecn中更常见(64.1% vs. 36.8%, p< 0.001)。在ecn患者(43.6% vs. 24.1%, p= 0.008)和早期假体EI患者(27.7% vs. 6.7%, p< 0.001)中获得更多。发热、呼吸、栓塞、脾肿大、PCR和VHS水平在各组间无差异。EIECN最常见的并发症是传导问题(25% vs. 12.6%, p= 0.040),急性肾衰竭(50% vs. 32.2%, p= 0.028);在超声心动图中,吞咽旁脓肿在ecn中更为常见(28.2% vs. 14.2%, p< 0.001),瘘管或瓣膜穿孔无差异。92.3%的nec患者需要手术,但73.3%的病例进行了手术。最后,与其他组相比,EIECN组的死亡率明显更高(48.7% vs. 23.3%, p< 0.001)。nec是我们系列中第4种最常见的病原,主要与医院获取有关,特别是在早期假体EI中;可能由于这个原因,吞咽旁脓肿的发生率更高。由于参考偏倚,手术指征率很高,但其中1/5的患者没有进行手术,可能是由于患者的临床严重程度较高。死亡率是队列中其他人群的两倍多,这反映了医院收购和最近手术的背景。
{"title":"ENDOCARDITE INFECCIOSA POR ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS: SÉRIE DE CASOS E COMPARAÇÃO COM OUTROS AGENTES ETIOLÓGICOS","authors":"Gustavo Campos Monteiro de Castro, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Francisca Pereira Ribeiro, Angela Maria Rodrigues Dantas, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Cristiane da Cruz Lamas","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103358","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103358","url":null,"abstract":"Endocardite Infecciosa (EI) por Estafilococos Coagulase Negativos (ECN) está associada a alta taxa de mortalidade, principalmente em pacientes hospitalizados, sendo seu estudo de grande relevância. Nosso objetivo foi descrever casos de EI por ECN (EIECN) num centro cardiológico e compará-lo com outros casos de EI na coorte. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva pelos critérios de Duke modificados foram incluídos, prospectiva e consecutivamente, de 2006 a 2021. EIECN foi comparada aos demais pacientes com EI da coorte por teste de proporções. Análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. ECN foi responsável por 39/435(9%) episódios de EI. A EIECN foi encontrada com maior frequência em pacientes mais velhos (mediana 55 vs. 47, p<0,001), e entre homens (64.1% vs. 65.2%, pNS). Dentre as comorbidades, foram mais frequentes entre as EIECN, em relação ao restante da coorte, doença arterial coronariana (28,9% vs. 12,6%, p<0,001) e insuficiência renal crônica (38,5% vs. 19,3%, p=0,005). Cirurgia cardíaca pregressa foi mais frequente entre EIECN (64,1% vs. 36,8%, p<0,001). A aquisição foi mais frequentemente hospitalar na EIECN (43,6% vs. 24,1%, p=0,008) e em pacientes com EI precoce de prótese (27,7% vs. 6,7%, p<0,001). Febre, sopros, embolização, esplenomegalia, níveis de PCR e VHS não foram diferentes entre os grupos. As complicações mais frequentemente encontradas na EIECN foram problemas de condução (25% vs. 12,6%, p=0,040), insuficiência renal aguda (50% vs. 32,2%, p=0,028); dentre os achados do ecocardiograma, o abcesso paravalvar foi mais frequente na EIECN (28,2% vs. 14,2%, p<0,001), não havendo diferença para fístula ou perfuração valvar. A cirurgia foi indicada para 92,3% dos pacientes com EIECN, no entanto foi realizada em 73,3% dos casos. Por fim, a taxa de mortalidade foi consideravelmente maior na EIECN (48,7% vs. 23,3%, p<0,001) quando comparada ao outro grupo. ECN foi o 4° agente etiológico mais comum em nossa série, e foi principalmente associado à aquisição nosocomial, especialmente na EI precoce de prótese; e, possivelmente por este motivo, houve maior frequência de abcesso paravalvar. As taxas de indicação cirúrgica foram altas, por viés de referenciamento, mas a cirurgia não foi realizada em 1/5 destes, possivelmente pela maior gravidade clínica dos pacientes. A mortalidade foi mais que duas vezes maior que o restante da coorte, o que reflete a aquisição nosocomial e contexto de cirurgia recente.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"68 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247757","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103150
Gabriele da Silva, Gabriel Bordignon, Rafaela Wagner, Amanda Stinghen Correia, Nubia Leilane Barth Schierling
Paciente masculino, quatro meses de idade, hígido e com calendário vacinal atualizado, deu entrada no pronto atendimento por sintomas respiratórios, sendo orientados sintomáticos. Retornou três dias após com persistência dos sintomas, febre e alteração do nível de consciência. Ao exame físico apresentando-se febril, irritado e com abaulamento de fontanela anterior. Após punção lombar iniciado Ceftriaxona 100 mg/kg/dia 12/12h e Vancomicina 60 mg/kg/dia contínua pela suspeita de meningite. Líquor evidenciou 215 leucócitos, com predomínio de polimorfonucleares, 140 proteínas, lactato de 9, glicorraquia inferior a 20 e cultura positiva para Streptococcus pneumoniae sensível à Vancomicina e com MIC de 0,5 para Ceftriaxona. Tomografia de crânio (TC) da admissão sem alterações. Nos dias subsequentes, evoluiu com estado de mal convulsivo, sendo admitido em UTI. Realizada ressonância magnética (RM) de crânio que mostrou extensa leptomeningite associada a efusões subdurais bilaterais com septações, além de pequenos infartos isquêmicos no corpo caloso e tálamo. Realizada drenagem por meio de cateter subdural, com a saída de inicial de 137 mL de empiema. O cateter foi mantido por 2 semanas até drenagem completa e a antibioticoterapia inicial foi mantida por 21 dias. Paciente evoluiu com estrabismo convergente e manteve crises convulsivas tônico-clônicas, em atual seguimento com neuropediatra. Crianças são um dos grupos de maior risco para doença pneumocócica invasiva (DPI), sendo a meningite pneumocócica associada à maior morbimortalidade. O empiema subdural é uma das possíveis complicações agudas, especialmente em lactentes, apresentando TC normal em até 50% dos casos, tendo a RM maior sensibilidade. A introdução de vacinas conjugadas teve grande impacto na incidência de DPI e nos sorotipos circulantes causadores da doença, sendo o 19A o mais comumente associado. A emergente resistência do pneumococo à ceftriaxona é de grande preocupação para saúde pública, com taxas variando globalmente, sendo a razão pela qual recomenda-se o uso empírico de vancomicina no esquema inicial. Se o antibiograma confirmar susceptibilidade do pneumococo, o glicopeptídeo poderá ser descontinuado, mas se intermediário ou resistente, deve-se manter a terapia combinada. O uso da vancomicina deve ser evitado em monoterapia, visto alcançar níveis séricos inadequados no líquor. A drenagem do abscesso é necessária na maior parte dos casos, sendo a craniotomia o melhor método indicado.
{"title":"DOENÇA PNEUMOCÓCICA INVASIVA EM LACTENTE COMPLICADA: ABSCESSO SUBDURAL SECUNDÁRIO A MENINGITE","authors":"Gabriele da Silva, Gabriel Bordignon, Rafaela Wagner, Amanda Stinghen Correia, Nubia Leilane Barth Schierling","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103150","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103150","url":null,"abstract":"Paciente masculino, quatro meses de idade, hígido e com calendário vacinal atualizado, deu entrada no pronto atendimento por sintomas respiratórios, sendo orientados sintomáticos. Retornou três dias após com persistência dos sintomas, febre e alteração do nível de consciência. Ao exame físico apresentando-se febril, irritado e com abaulamento de fontanela anterior. Após punção lombar iniciado Ceftriaxona 100 mg/kg/dia 12/12h e Vancomicina 60 mg/kg/dia contínua pela suspeita de meningite. Líquor evidenciou 215 leucócitos, com predomínio de polimorfonucleares, 140 proteínas, lactato de 9, glicorraquia inferior a 20 e cultura positiva para Streptococcus pneumoniae sensível à Vancomicina e com MIC de 0,5 para Ceftriaxona. Tomografia de crânio (TC) da admissão sem alterações. Nos dias subsequentes, evoluiu com estado de mal convulsivo, sendo admitido em UTI. Realizada ressonância magnética (RM) de crânio que mostrou extensa leptomeningite associada a efusões subdurais bilaterais com septações, além de pequenos infartos isquêmicos no corpo caloso e tálamo. Realizada drenagem por meio de cateter subdural, com a saída de inicial de 137 mL de empiema. O cateter foi mantido por 2 semanas até drenagem completa e a antibioticoterapia inicial foi mantida por 21 dias. Paciente evoluiu com estrabismo convergente e manteve crises convulsivas tônico-clônicas, em atual seguimento com neuropediatra. Crianças são um dos grupos de maior risco para doença pneumocócica invasiva (DPI), sendo a meningite pneumocócica associada à maior morbimortalidade. O empiema subdural é uma das possíveis complicações agudas, especialmente em lactentes, apresentando TC normal em até 50% dos casos, tendo a RM maior sensibilidade. A introdução de vacinas conjugadas teve grande impacto na incidência de DPI e nos sorotipos circulantes causadores da doença, sendo o 19A o mais comumente associado. A emergente resistência do pneumococo à ceftriaxona é de grande preocupação para saúde pública, com taxas variando globalmente, sendo a razão pela qual recomenda-se o uso empírico de vancomicina no esquema inicial. Se o antibiograma confirmar susceptibilidade do pneumococo, o glicopeptídeo poderá ser descontinuado, mas se intermediário ou resistente, deve-se manter a terapia combinada. O uso da vancomicina deve ser evitado em monoterapia, visto alcançar níveis séricos inadequados no líquor. A drenagem do abscesso é necessária na maior parte dos casos, sendo a craniotomia o melhor método indicado.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"214 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247786","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A vivência da sexualidade saudável, com autonomia reprodutiva, perpassa pelo conhecimento tanto do próprio corpo, quanto dos métodos contraceptivos. Ter acesso a informações adequadas pode contribuir para melhor qualidade de vida, de modo especial, dentre aquelas mulheres que vivem com HIV (MVHIV). Analisar, a partir narrativa de MVHIV, o conhecimento sobre métodos contraceptivos. Análise temática qualitativa de entrevistas narrativas, realizado no software Iramuteq, a partir da aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. A amostra foi composta por 10 mulheres vivendo com HIV, entrevistadas entre 1/11/2020 e 1/11/2022, assistidas em um SAE, em São Paulo. CEP 3.139.029 – SMS/SP e 3.081.173 – EE-USP/SP. A partir da análise, destacou-se a categoria prevenção da gravidez. Dentre as palavras que se destacaram nesta categoria, identificamos feminino (chi2 = 44,84), método (chi2 = 24,98), contraceptivo (chi2 = 20,63), fácil (chi2 = 14,67), injeção (chi2 = 8,11) e preservativo (chi2 = 5,77), que deram origem a subcategoria Autonomia reprodutiva. Ao analisar o contexto, foi possível o resgate dos seguintes relatos: “O psicólogo me ensinou a usar o preservativo feminino, nunca tive acesso e nem conhecimento, mas ele me mostrou como usar (N8)”; “O preservativo feminino nunca usei por aflição, de ter que introduzir, vi uma vez na TV. Sempre escolhi o mais fácil, que é a pílula ou a injeção, mas para não ficar naquela coisa de horário, de faltar tomar, mudei para injeção justamente porque, vai lá na farmácia, toma e depois esquece, mente tranquila (N1)”; quando era mais nova, em escolas mesmo, sempre ensinavam, porque a camisinha feminina existe já há muito tempo. Até cheguei a usar algumas vezes. Às vezes vai para balada, já vai com ela, porque vai que você está bêbada e acontece alguma coisa, já está com ela, já está protegida (N7).” Embora se observe conhecimento sobre métodos contraceptivos que fortalecem autonomia das MVHIV, chama a atenção a forma como este foi acessado, sendo a origem das informações diversas, não tendo menção nos discursos os serviços de saúde ou profissionais da assistência. É necessário compromisso dos profissionais de saúde que realizam o seguimento clínico do HIV com a disponibilidade de informações qualificadas sobre contracepção e saúde sexual como componente fundamental na prática da assistência à saúde das mulheres.
{"title":"AUTONOMIA REPRODUTIVA E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS: NARRATIVAS DE MULHERES VIVENDO COM HIV","authors":"Cindy Ferreira Lima, Adriana Rafaela Mendes Belizoti, Cleo Chinaia, Nádia Zanon Narchi, Silvia dos Santos","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102979","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102979","url":null,"abstract":"A vivência da sexualidade saudável, com autonomia reprodutiva, perpassa pelo conhecimento tanto do próprio corpo, quanto dos métodos contraceptivos. Ter acesso a informações adequadas pode contribuir para melhor qualidade de vida, de modo especial, dentre aquelas mulheres que vivem com HIV (MVHIV). Analisar, a partir narrativa de MVHIV, o conhecimento sobre métodos contraceptivos. Análise temática qualitativa de entrevistas narrativas, realizado no software Iramuteq, a partir da aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. A amostra foi composta por 10 mulheres vivendo com HIV, entrevistadas entre 1/11/2020 e 1/11/2022, assistidas em um SAE, em São Paulo. CEP 3.139.029 – SMS/SP e 3.081.173 – EE-USP/SP. A partir da análise, destacou-se a categoria prevenção da gravidez. Dentre as palavras que se destacaram nesta categoria, identificamos feminino (chi2 = 44,84), método (chi2 = 24,98), contraceptivo (chi2 = 20,63), fácil (chi2 = 14,67), injeção (chi2 = 8,11) e preservativo (chi2 = 5,77), que deram origem a subcategoria Autonomia reprodutiva. Ao analisar o contexto, foi possível o resgate dos seguintes relatos: “O psicólogo me ensinou a usar o preservativo feminino, nunca tive acesso e nem conhecimento, mas ele me mostrou como usar (N8)”; “O preservativo feminino nunca usei por aflição, de ter que introduzir, vi uma vez na TV. Sempre escolhi o mais fácil, que é a pílula ou a injeção, mas para não ficar naquela coisa de horário, de faltar tomar, mudei para injeção justamente porque, vai lá na farmácia, toma e depois esquece, mente tranquila (N1)”; quando era mais nova, em escolas mesmo, sempre ensinavam, porque a camisinha feminina existe já há muito tempo. Até cheguei a usar algumas vezes. Às vezes vai para balada, já vai com ela, porque vai que você está bêbada e acontece alguma coisa, já está com ela, já está protegida (N7).” Embora se observe conhecimento sobre métodos contraceptivos que fortalecem autonomia das MVHIV, chama a atenção a forma como este foi acessado, sendo a origem das informações diversas, não tendo menção nos discursos os serviços de saúde ou profissionais da assistência. É necessário compromisso dos profissionais de saúde que realizam o seguimento clínico do HIV com a disponibilidade de informações qualificadas sobre contracepção e saúde sexual como componente fundamental na prática da assistência à saúde das mulheres.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247806","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103074
Ricardo Andrade Carmo, Victor Tanure Lino
Portadores de hemofilia (PH) foram muito expostos ao vírus da hepatite C (VHC) até início dos anos 90. No Hemocentro de Belo Horizonte, maior serviço de referência em Minas Gerais, foi implementada estratégia de micro eliminação da hepatite C seguindo práticas modernas de combate à doença. Os objetivos do estudo foram descrever o cenário epidemiológico local do VHC, as ações de micro eliminação e resultados alcançados. Realizada revisão de prontuários de todos PH cadastrados no serviço (janeiro/1985 a março/2021), análise do status vital (31/03/2021), testagem anti-HCV, carga viral (HCV-RNA), tratamentos antivirais e registro de cura virológica. Após identificação daqueles sem registro de cura virológica, realizou-se capacitação da equipe multiprofissional para identificação dos pacientes no serviço, convite para avaliação com infectologista, fixação de cartazes informativos, busca ativa daqueles ausentes do serviço e divulgação de vídeo médico informativo em rede social local. Dos 881 PH cadastrados, 258 (29,3%) apresentavam anti-HCV reagente, sendo 133 (51,6%) com viremia detectável e 104 (78,2%) do genótipo 1. Entre os 258 PH expostos ao HCV, 90 (34,9%) haviam recebido tratamento antiviral e 87 (33,7%) tinham evoluído para óbito. Dos 171 PH (66,3%) sobreviventes em março/2021, cura virológica foi registrada em 122 (71,3%): 47 (38,5%) de forma espontânea e 75 (61,5%) pós-tratamento. Portanto, em março/2021 restavam 49 PH (19,0%) sem registro de eliminação do HCV. Iniciaram-se, então, os esforços de busca ativa: sete (14,3%) haviam mudado de Estado, um (2,0%) evoluiu para óbito (relacionado à hepatite C). Quinze PH (30,6%) completaram o tratamento antiviral: 09 (18,3%) com cura virológica e 06 (12,2%) aguardando resultado. Mais 03 (6,1%) pacientes receberam a prescrição do tratamento antiviral, porém ainda sem avaliação sobre adesão e/ou cura. Os 23 PH restantes (8,9%) que precisam ser abordados são caracterizados por baixa assiduidade ao serviço e baixa adesão às orientações da equipe multiprofissional. A estratégia de micro eliminação do HCV entre os PH obteve redução de mais de 90% em sua prevalência. A abordagem descentralizada e adaptável, com metas específicas e intervenções personalizadas, tem mostrado resultados promissores. A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da reinfecção é crucial para alcançar resultados sustentáveis a longo prazo.
{"title":"MICRO ELIMINAÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C EM PORTADORES DE HEMOFILIA NO HEMOCENTRO DE BELO HORIZONTE-MG","authors":"Ricardo Andrade Carmo, Victor Tanure Lino","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103074","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103074","url":null,"abstract":"Portadores de hemofilia (PH) foram muito expostos ao vírus da hepatite C (VHC) até início dos anos 90. No Hemocentro de Belo Horizonte, maior serviço de referência em Minas Gerais, foi implementada estratégia de micro eliminação da hepatite C seguindo práticas modernas de combate à doença. Os objetivos do estudo foram descrever o cenário epidemiológico local do VHC, as ações de micro eliminação e resultados alcançados. Realizada revisão de prontuários de todos PH cadastrados no serviço (janeiro/1985 a março/2021), análise do status vital (31/03/2021), testagem anti-HCV, carga viral (HCV-RNA), tratamentos antivirais e registro de cura virológica. Após identificação daqueles sem registro de cura virológica, realizou-se capacitação da equipe multiprofissional para identificação dos pacientes no serviço, convite para avaliação com infectologista, fixação de cartazes informativos, busca ativa daqueles ausentes do serviço e divulgação de vídeo médico informativo em rede social local. Dos 881 PH cadastrados, 258 (29,3%) apresentavam anti-HCV reagente, sendo 133 (51,6%) com viremia detectável e 104 (78,2%) do genótipo 1. Entre os 258 PH expostos ao HCV, 90 (34,9%) haviam recebido tratamento antiviral e 87 (33,7%) tinham evoluído para óbito. Dos 171 PH (66,3%) sobreviventes em março/2021, cura virológica foi registrada em 122 (71,3%): 47 (38,5%) de forma espontânea e 75 (61,5%) pós-tratamento. Portanto, em março/2021 restavam 49 PH (19,0%) sem registro de eliminação do HCV. Iniciaram-se, então, os esforços de busca ativa: sete (14,3%) haviam mudado de Estado, um (2,0%) evoluiu para óbito (relacionado à hepatite C). Quinze PH (30,6%) completaram o tratamento antiviral: 09 (18,3%) com cura virológica e 06 (12,2%) aguardando resultado. Mais 03 (6,1%) pacientes receberam a prescrição do tratamento antiviral, porém ainda sem avaliação sobre adesão e/ou cura. Os 23 PH restantes (8,9%) que precisam ser abordados são caracterizados por baixa assiduidade ao serviço e baixa adesão às orientações da equipe multiprofissional. A estratégia de micro eliminação do HCV entre os PH obteve redução de mais de 90% em sua prevalência. A abordagem descentralizada e adaptável, com metas específicas e intervenções personalizadas, tem mostrado resultados promissores. A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da reinfecção é crucial para alcançar resultados sustentáveis a longo prazo.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247816","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103245
Luiza Arcas Gonçalves, Alice Tung Wan Song, Viviane Mazo Favero Gimenes, Marcello Mihailenko Chaves Magri, Edson Abdala
A esporotricose é uma micose subcutânea negligenciada, geralmente adquirida por inoculação traumática de material contaminado, podendo também ser transmitida por arranhões ou mordidas de gatos infectados. Nas últimas décadas, a transmissão zoonótica do Sporothrix brasiliensis tornou-se a principal forma de infecção no Brasil e está associada a apresentações incomuns da doença. Embora a maioria dos casos de esporotricose afete a pele e o tecido subcutâneo, formas disseminadas e extracutâneas são descritas em imunodeprimidos. Raros casos foram descritos em receptores de transplante de órgãos sólidos, a maioria de rim. O presente trabalho relata um caso de esporotricose em um receptor de transplante de fígado. Paciente, sexo feminino, 57 anos com antecedente de transplante de fígado em 2017 por cirrose alcoólica, em uso de everolimo (nível sérico 5,2 ng/mL) e e tacrolimo (nível sérico 3,2 ng/mL), busca serviço por queixa de lesões eritematosas dolorosas difusas com evolução de duas semanas. Paciente morava em uma fazenda no interior de São Paulo com sua família e animais de estimação, incluindo gatos saudáveis, quando evoluiu com placas eritematosas infiltradas, com centro descamativo, em locais não contíguos, especialmente em membros inferiores e dorso. Em investigação, foi realizada biópsia de pele que identificou infiltrado histiocitário difuso com leveduras na coloração Grocott, com posterior crescimento em cultura de Sporothrix brasiliensis, identificado por PCR. Foi iniciado itraconazol oral, porém paciente apresentou resposta insatisfatória após um mês de tratamento, com disseminação das lesões para face. Foi internada para receber anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/dia e após 4 semanas foi de alta com isavuconazol oral. Poucos dias após, paciente necessitou de reinternação, tendo sido mantida com anfotericina B lipossomal pela indisponibilidade de isavuconazol para internados. Paciente apresentou recorrência das lesões, optada pela associação de terbinafina, com evolução satisfatória após. Na alta, a paciente permaneceu com terapia combinada de isavuconazol e terbinafina, com melhora clínica e sem toxicidade nos 6 meses posteriores. No contexto de pacientes imunodeprimidos, a esporotricose é uma condição rara associada a formas mais graves de apresentação e desafios diagnósticos e terapêuticos. Relatamos o caso de uma esporotricose cutânea disseminada em receptor de transplante hepático tardio, com resposta insatisfatória à monoterapia com itraconazol.
{"title":"ESPOROTRICOSE CUTÂNEA DISSEMINADA EM RECEPTOR DE TRANSPLANTE DE FÍGADO: UMA INFECÇÃO RARA E DESAFIADORA","authors":"Luiza Arcas Gonçalves, Alice Tung Wan Song, Viviane Mazo Favero Gimenes, Marcello Mihailenko Chaves Magri, Edson Abdala","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103245","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103245","url":null,"abstract":"A esporotricose é uma micose subcutânea negligenciada, geralmente adquirida por inoculação traumática de material contaminado, podendo também ser transmitida por arranhões ou mordidas de gatos infectados. Nas últimas décadas, a transmissão zoonótica do Sporothrix brasiliensis tornou-se a principal forma de infecção no Brasil e está associada a apresentações incomuns da doença. Embora a maioria dos casos de esporotricose afete a pele e o tecido subcutâneo, formas disseminadas e extracutâneas são descritas em imunodeprimidos. Raros casos foram descritos em receptores de transplante de órgãos sólidos, a maioria de rim. O presente trabalho relata um caso de esporotricose em um receptor de transplante de fígado. Paciente, sexo feminino, 57 anos com antecedente de transplante de fígado em 2017 por cirrose alcoólica, em uso de everolimo (nível sérico 5,2 ng/mL) e e tacrolimo (nível sérico 3,2 ng/mL), busca serviço por queixa de lesões eritematosas dolorosas difusas com evolução de duas semanas. Paciente morava em uma fazenda no interior de São Paulo com sua família e animais de estimação, incluindo gatos saudáveis, quando evoluiu com placas eritematosas infiltradas, com centro descamativo, em locais não contíguos, especialmente em membros inferiores e dorso. Em investigação, foi realizada biópsia de pele que identificou infiltrado histiocitário difuso com leveduras na coloração Grocott, com posterior crescimento em cultura de Sporothrix brasiliensis, identificado por PCR. Foi iniciado itraconazol oral, porém paciente apresentou resposta insatisfatória após um mês de tratamento, com disseminação das lesões para face. Foi internada para receber anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/dia e após 4 semanas foi de alta com isavuconazol oral. Poucos dias após, paciente necessitou de reinternação, tendo sido mantida com anfotericina B lipossomal pela indisponibilidade de isavuconazol para internados. Paciente apresentou recorrência das lesões, optada pela associação de terbinafina, com evolução satisfatória após. Na alta, a paciente permaneceu com terapia combinada de isavuconazol e terbinafina, com melhora clínica e sem toxicidade nos 6 meses posteriores. No contexto de pacientes imunodeprimidos, a esporotricose é uma condição rara associada a formas mais graves de apresentação e desafios diagnósticos e terapêuticos. Relatamos o caso de uma esporotricose cutânea disseminada em receptor de transplante hepático tardio, com resposta insatisfatória à monoterapia com itraconazol.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247818","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103124
Eclésio Batista de Oliveira Neto, Esther Mendonça dos Santos, Jaim Simões de Oliveira
A leptospirose é uma doença endêmica no Brasil de notificação compulsória, sendo uma doença sistêmica causada por bactérias do gênero Leptospira sp., é transmitida ao homem por meio do contato indireto com coleções de água ou solo contaminado, ou, por contato direto com animais infectados e por via transplacentária. O objetivo deste estudo é analisar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes diagnosticados com leptospirose no estado de Alagoas (AL), levando em consideração os fatores de risco associados à doença. Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo com dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) via DATASUS, avaliando o perfil demográfico dos pacientes com leptospirose no estado de Alagoas entre 2018 e 2022. Utilizando-se das seguintes variáveis: UF de residência, Idade, Casos Confirmados, Critério de confirmação, Ano de notificação, Doença relacionada ao trabalho e Escolaridade. Além disso, realizou-se uma pesquisa na base de dados MEDLINE/PubMed nos últimos 5 anos, com a estratégia de busca: “Leptospirosis AND Brazil”. Dessa forma, sendo excluídos os artigos que focam em animais. Mantendo-se os artigos 8 condizentes com os objetivos e critérios do trabalho. Observou-se que a incidência no estado de AL é de 258 casos durante esse período: 2018 (53 casos); 2019 (58 casos); 2020 (31 casos); 2021 (28 casos), tendo o número de casos aumentado em 2022 (86 casos). Desses casos, 118 foram confirmados através de critérios clínicos-laboratoriais e 136 foram confirmados por critério clínico-epidemiológico. Os principais municípios de residência acometidos foram: Maceió (146) e União dos Palmares (20). A faixa etária mais acometida é de 20-39 anos com 116 casos, seguido de 40-59 anos com 76 casos. O número de casos se apresentou maior no meio urbano com 196 casos em comparação com a zona rural (27 casos). Os meses de maior notificação corresponderam aos de junho (61 casos), julho (39 casos) e agosto (39 casos). Ademais, 37 casos estão relacionados às condições ocupacionais e apenas 24 dos acometidos tinham o ensino médio completo. Em suma, os principais grupos de risco identificados para a leptospirose em AL são os que residem em áreas urbanas, pertencem à faixa etária de 20-39 anos, possuem ocupações que aumentam a exposição à doença e têm um nível educacional mais baixo.
钩端螺旋体病是一种流行在巴西的付款通知,由细菌引起的一种全身性疾病,传播,钩端螺旋体属的高层的人通过间接接触水或污染土壤的集合,或者直接接触受感染动物,通过胎盘。本研究的目的是分析阿拉格斯州钩端螺旋体病患者的人口统计学和流行病学特征,同时考虑到与该疾病相关的危险因素。通过DATASUS对法定疾病信息系统(思南)的数据进行了描述性和回顾性流行病学研究,评估了2018年至2022年阿拉格斯州钩端螺旋体病患者的人口统计学特征。使用以下变量:居住UF、年龄、确诊病例、确诊标准、报告年份、与工作有关的疾病和教育程度。此外,我们在MEDLINE/PubMed数据库中进行了5年的搜索,搜索策略为:“钩端螺旋体病与巴西”。因此,以动物为重点的文章被排除在外。保持第8条符合工作的目标和标准。据观察,在此期间,AL州的发病率为258例:2018年(53例);2019年(58例);2020年(31例);2021年(28例),2022年(86例)病例增加。其中118例经临床实验室标准确诊,136例经临床流行病学标准确诊。受影响的主要居住城市有:maceio(146个)和uniao dos Palmares(20个)。受影响最严重的年龄组为20-39岁,116例,其次是40-59岁,76例。城市地区的病例数最高,为196例,而农村地区为27例。报告最多的月份为6月(61例)、7月(39例)和8月(39例)。此外,37例病例与职业条件有关,只有24例患者完成了高中学业。简而言之,在AL中确定的钩端螺旋体病的主要危险群体是居住在城市地区的人,年龄在20-39岁之间,从事增加疾病暴露的职业和教育水平较低的人。
{"title":"ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS PACIENTES COM LEPTOSPIROSE NO ESTADO DE ALAGOAS DE 2018 A 2022","authors":"Eclésio Batista de Oliveira Neto, Esther Mendonça dos Santos, Jaim Simões de Oliveira","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103124","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103124","url":null,"abstract":"A leptospirose é uma doença endêmica no Brasil de notificação compulsória, sendo uma doença sistêmica causada por bactérias do gênero Leptospira sp., é transmitida ao homem por meio do contato indireto com coleções de água ou solo contaminado, ou, por contato direto com animais infectados e por via transplacentária. O objetivo deste estudo é analisar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes diagnosticados com leptospirose no estado de Alagoas (AL), levando em consideração os fatores de risco associados à doença. Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo com dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) via DATASUS, avaliando o perfil demográfico dos pacientes com leptospirose no estado de Alagoas entre 2018 e 2022. Utilizando-se das seguintes variáveis: UF de residência, Idade, Casos Confirmados, Critério de confirmação, Ano de notificação, Doença relacionada ao trabalho e Escolaridade. Além disso, realizou-se uma pesquisa na base de dados MEDLINE/PubMed nos últimos 5 anos, com a estratégia de busca: “Leptospirosis AND Brazil”. Dessa forma, sendo excluídos os artigos que focam em animais. Mantendo-se os artigos 8 condizentes com os objetivos e critérios do trabalho. Observou-se que a incidência no estado de AL é de 258 casos durante esse período: 2018 (53 casos); 2019 (58 casos); 2020 (31 casos); 2021 (28 casos), tendo o número de casos aumentado em 2022 (86 casos). Desses casos, 118 foram confirmados através de critérios clínicos-laboratoriais e 136 foram confirmados por critério clínico-epidemiológico. Os principais municípios de residência acometidos foram: Maceió (146) e União dos Palmares (20). A faixa etária mais acometida é de 20-39 anos com 116 casos, seguido de 40-59 anos com 76 casos. O número de casos se apresentou maior no meio urbano com 196 casos em comparação com a zona rural (27 casos). Os meses de maior notificação corresponderam aos de junho (61 casos), julho (39 casos) e agosto (39 casos). Ademais, 37 casos estão relacionados às condições ocupacionais e apenas 24 dos acometidos tinham o ensino médio completo. Em suma, os principais grupos de risco identificados para a leptospirose em AL são os que residem em áreas urbanas, pertencem à faixa etária de 20-39 anos, possuem ocupações que aumentam a exposição à doença e têm um nível educacional mais baixo.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"41 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136247828","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}