Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9376
Roxanne Pucci de Mesquita Ibiapina, João Denys Araújo Leite, Anna Karynne Melo
A adolescência é considerada como uma fase de descobertas, marcada por inúmeras mudanças, e a literatura a apresenta como uma passagem da infância para a vida adulta. Os adolescentes com transtornos de aprendizagem vivenciam essa fase com medos e angústias devido aos limites que são impostos pelo transtorno. Neste estudo, objetivou-se compreender a experiência vivida de ser adolescente com diagnóstico de transtorno de aprendizagem sob a ótica da fenomenologia de Merleau-Ponty. Foi utilizado o método fenomenológico crítico para acessar a experiência vivida de adolescentes de 11 a 17 anos que participam de grupos de psicopedagogia num núcleo de atendimento integrado localizado na cidade de Fortaleza. A partir das falas dos adolescentes, foram elencadas cinco categorias: a relação do adolescente com o transtorno e suas limitações; a relação do adolescente com seu meio social; a dificuldade do adolescente em lidar com seu processo de adolescer; os sentimentos do adolescente diante de sua diferença; e a relação dos adolescentes com as exigências do cotidiano. Compreendeu-se que a experiência de ser adolescente com o transtorno é perpassada por sofrimento, uma vez que há diversos significados atribuídos como a vergonha e o sentimento de inutilidade. Considera-se que os adolescentes se encontram em um contexto no qual são destituídos e desresponsabilizados de sua própria experiência, sendo ela sempre considerada a partir de um discurso alheio por conta de uma infantilização exacerbada que, muitas vezes, é atribuída ao transtorno pelos pais e cuidadores.
{"title":"Ser Adolescente com Transtorno de Aprendizagem: Um Olhar da Fenomenologia de Merleau-Ponty","authors":"Roxanne Pucci de Mesquita Ibiapina, João Denys Araújo Leite, Anna Karynne Melo","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9376","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9376","url":null,"abstract":"A adolescência é considerada como uma fase de descobertas, marcada por inúmeras mudanças, e a literatura a apresenta como uma passagem da infância para a vida adulta. Os adolescentes com transtornos de aprendizagem vivenciam essa fase com medos e angústias devido aos limites que são impostos pelo transtorno. Neste estudo, objetivou-se compreender a experiência vivida de ser adolescente com diagnóstico de transtorno de aprendizagem sob a ótica da fenomenologia de Merleau-Ponty. Foi utilizado o método fenomenológico crítico para acessar a experiência vivida de adolescentes de 11 a 17 anos que participam de grupos de psicopedagogia num núcleo de atendimento integrado localizado na cidade de Fortaleza. A partir das falas dos adolescentes, foram elencadas cinco categorias: a relação do adolescente com o transtorno e suas limitações; a relação do adolescente com seu meio social; a dificuldade do adolescente em lidar com seu processo de adolescer; os sentimentos do adolescente diante de sua diferença; e a relação dos adolescentes com as exigências do cotidiano. Compreendeu-se que a experiência de ser adolescente com o transtorno é perpassada por sofrimento, uma vez que há diversos significados atribuídos como a vergonha e o sentimento de inutilidade. Considera-se que os adolescentes se encontram em um contexto no qual são destituídos e desresponsabilizados de sua própria experiência, sendo ela sempre considerada a partir de um discurso alheio por conta de uma infantilização exacerbada que, muitas vezes, é atribuída ao transtorno pelos pais e cuidadores.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"13 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"126827962","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e10664
Anderson Barbosa Araújo, Jéssyca Alana Oliveira Pereira, Polyana Luz de Lucena
A literatura parece um caminho fecundo para as investigações teóricas da psicologia fenomenológico-existencial. Sendo assim, este estudo se propôs à compreensão de A redoma de vidro, único romance publicado da autora Sylvia Plath, que é descrita como uma das poetisas americanas mais importantes do século XX, e grande nome do movimento literário do confessionalismo. O romance, que é tido como a extensão em prosa de sua poesia, se desenvolve em torno de Esther Greenwood, uma jovem prodigiosa e bastante ambiciosa que aos 17 anos sai de sua cidade natal para um estágio em Nova York, e segue-se ao longo da história por uma profunda caminhada por dentro dos pensamentos e sentimentos conflitantes da personagem diante dos rumos de sua vida, um caminho cheio de perdas e encontros, da necessidade do suicídio e da internação psiquiátrica. Diante desse contexto e da defesa teórica de uma metodologia fenomenológica de estudo, foi realizada uma compreensão da obra, que possibilitou o desvelamento de uma série de sentidos, que, à luz de uma analítica existencial, tomando como ponto central a personagem Esther, revelou temas de interesse, sendo eles: a experiência de inautenticidade; a problemática do sentido da existência; a escolha e a náusea; e a atualização da existência frente ao movimento da consciência, temas esses que puderam ser discutidos a partir dos fenômenos de interesse presentes no romance e das reflexões teóricas existencialistas. Foi possível perceber, com isso, a relevância dessa obra de Plath para a discussão de temas relevantes no âmbito da psicologia fenomenológico-existencial, além da necessidade de novos estudos que se inclinem sobre outras temáticas pertinentes na obra e não trabalhadas neste estudo.
{"title":"Uma Compreensão Fenomenológico-Existencial em A redoma de vidro de Sylvia Plath","authors":"Anderson Barbosa Araújo, Jéssyca Alana Oliveira Pereira, Polyana Luz de Lucena","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e10664","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e10664","url":null,"abstract":"A literatura parece um caminho fecundo para as investigações teóricas da psicologia fenomenológico-existencial. Sendo assim, este estudo se propôs à compreensão de A redoma de vidro, único romance publicado da autora Sylvia Plath, que é descrita como uma das poetisas americanas mais importantes do século XX, e grande nome do movimento literário do confessionalismo. O romance, que é tido como a extensão em prosa de sua poesia, se desenvolve em torno de Esther Greenwood, uma jovem prodigiosa e bastante ambiciosa que aos 17 anos sai de sua cidade natal para um estágio em Nova York, e segue-se ao longo da história por uma profunda caminhada por dentro dos pensamentos e sentimentos conflitantes da personagem diante dos rumos de sua vida, um caminho cheio de perdas e encontros, da necessidade do suicídio e da internação psiquiátrica. Diante desse contexto e da defesa teórica de uma metodologia fenomenológica de estudo, foi realizada uma compreensão da obra, que possibilitou o desvelamento de uma série de sentidos, que, à luz de uma analítica existencial, tomando como ponto central a personagem Esther, revelou temas de interesse, sendo eles: a experiência de inautenticidade; a problemática do sentido da existência; a escolha e a náusea; e a atualização da existência frente ao movimento da consciência, temas esses que puderam ser discutidos a partir dos fenômenos de interesse presentes no romance e das reflexões teóricas existencialistas. Foi possível perceber, com isso, a relevância dessa obra de Plath para a discussão de temas relevantes no âmbito da psicologia fenomenológico-existencial, além da necessidade de novos estudos que se inclinem sobre outras temáticas pertinentes na obra e não trabalhadas neste estudo.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115161786","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9459
Alice Vignoli Reis, Mônica Botelho Alvim
O presente trabalho apresenta uma articulação teórica, com um referencial interdisciplinar, que põe em diálogo os campos da arte, da clínica e da política. Tal articulação foi desenvolvida ao longo de uma pesquisa-ação com jovens em favelas cariocas que tinha como mote central a indagação sobre as possibilidades de reinvenção de um espaço urbano fortemente fragmentado e estratificado, demarcado pela segregação socioespacial. A constatação de que a fragmentação urbana característica das grandes cidades no contexto do capitalismo produz diferentes modos de vida e formas de subjetivação, estabelecendo fronteiras de convívio e afetando o estabelecimento de relações de alteridade, nos conduziu a pensar as possibilidades de reconfiguração sensível do mundo comum. Nesse sentido, nossas explorações teórico-práticas deram-se nessa articulação interdisciplinar em torno das temáticas do corpo, da experiência sensível e intercorporal, da alteridade e da criação como invenção e reinvenção da vida, apontando para o entrelaçamento de suas dimensões ética, estética e política. O artigo apresenta, em primeiro plano, o recorte teórico da pesquisa, discutindo uma perspectiva fenomenológica da subjetividade como corporeidade, ancorada no pensamento de Merleau-Ponty, assim como o trabalho clínico inspirado nessa perspectiva, em suas interfaces com o campo da arte e seu caráter de ação política. A partir de um breve olhar para a experiência com os jovens nessa pesquisa-ação, conclui-se considerando que o diálogo da psicologia com a arte tem a potência de ativar a dimensão lúdica, propiciar a criação de uma linguagem comum, permitindo a criação de dispositivos clínico-artísticos que possibilitam a recriação de si e das relações de alteridade na vivência do espaço urbano, atualizando possibilidades de reconfiguração sensível. O corpo teórico de ideias, inseparável de uma ação prática de pesquisar com os jovens, possibilitou criar uma metodologia lúdica de pesquisa e intervenção no espaço urbano.
{"title":"Pequenos Exercícios Experimentais da Liberdade: Articulações entre Arte, Clínica e Política","authors":"Alice Vignoli Reis, Mônica Botelho Alvim","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9459","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9459","url":null,"abstract":"O presente trabalho apresenta uma articulação teórica, com um referencial interdisciplinar, que põe em diálogo os campos da arte, da clínica e da política. Tal articulação foi desenvolvida ao longo de uma pesquisa-ação com jovens em favelas cariocas que tinha como mote central a indagação sobre as possibilidades de reinvenção de um espaço urbano fortemente fragmentado e estratificado, demarcado pela segregação socioespacial. A constatação de que a fragmentação urbana característica das grandes cidades no contexto do capitalismo produz diferentes modos de vida e formas de subjetivação, estabelecendo fronteiras de convívio e afetando o estabelecimento de relações de alteridade, nos conduziu a pensar as possibilidades de reconfiguração sensível do mundo comum. Nesse sentido, nossas explorações teórico-práticas deram-se nessa articulação interdisciplinar em torno das temáticas do corpo, da experiência sensível e intercorporal, da alteridade e da criação como invenção e reinvenção da vida, apontando para o entrelaçamento de suas dimensões ética, estética e política. O artigo apresenta, em primeiro plano, o recorte teórico da pesquisa, discutindo uma perspectiva fenomenológica da subjetividade como corporeidade, ancorada no pensamento de Merleau-Ponty, assim como o trabalho clínico inspirado nessa perspectiva, em suas interfaces com o campo da arte e seu caráter de ação política. A partir de um breve olhar para a experiência com os jovens nessa pesquisa-ação, conclui-se considerando que o diálogo da psicologia com a arte tem a potência de ativar a dimensão lúdica, propiciar a criação de uma linguagem comum, permitindo a criação de dispositivos clínico-artísticos que possibilitam a recriação de si e das relações de alteridade na vivência do espaço urbano, atualizando possibilidades de reconfiguração sensível. O corpo teórico de ideias, inseparável de uma ação prática de pesquisar com os jovens, possibilitou criar uma metodologia lúdica de pesquisa e intervenção no espaço urbano.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"64 38","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"134195869","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9909
Lívia Grijó Halfeld, Cristine Monteiro Mattar
Neste artigo buscamos refletir sobre o cuidado clínico com crianças baseado na analítica do Da-sein de Martin Heidegger e na psicologia fenomenológico-existencial. Iniciamos com uma breve retomada histórica do surgimento da noção de infância. Em seguida, analisamos existencialmente o sercriança do ponto de vista filosófico, tomando como referência a fenomenologia hermenêutica empreendida em Ser e Tempo. A criança, tal como todo ente humano, possui o modo de ser do Da-sein, ser-aí. Sendo-no-mundo, está desde sempre e de início na disposição e compreensão das orientações e interpretações já dadas e sedimentadas pela tradição. Em nosso tempo, a doação de sentido que já nos dispõe como ente utilizável é desvelada como a técnica moderna. No horizonte da técnica, a criança, assim como todos nós, é convocada desde sempre a render, a produzir resultados que já estão definidos a priori. Ao corresponder ou não a este apelo, podem surgir os chamados problemas de adaptação ou desenvolvimento, considerados falhas neste horizonte epocal. Frente a esses problemas, o psicólogo clínico é chamado a ajustar o que “não vai bem”, ocupando um lugar que poderá ser o de adaptador ao modo técnico calculante ou o da meditação serena sobre ele. Nossa aposta é nessa segunda opção, em uma prática de cuidado antepositivo-libertador que, com a criança e sua família, busque ampliar as compreensões ali em jogo, permitindo que novos sentidos e possibilidades de lida com o existente nessa fase da vida possam vir à luz sem a rigidez dos enquadres identitários que vigoram em nosso tempo. Iniciamos o artigo com uma seção que procura ir além do registro historiográfico do fenômeno infância; introduzimos uma análise ontológico-fundamental do fenômeno; propomos modos possíveis de cuidado com a criança, destacando-se a lida na clínica psicológica, que não estejam cegamente entregues ao uso técnico; e, por fim, narramos uma situação clínica.
{"title":"O Cuidado com a Criança na Clínica Fenomenológico-Existencial","authors":"Lívia Grijó Halfeld, Cristine Monteiro Mattar","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9909","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9909","url":null,"abstract":"Neste artigo buscamos refletir sobre o cuidado clínico com crianças baseado na analítica do Da-sein de Martin Heidegger e na psicologia fenomenológico-existencial. Iniciamos com uma breve retomada histórica do surgimento da noção de infância. Em seguida, analisamos existencialmente o sercriança do ponto de vista filosófico, tomando como referência a fenomenologia hermenêutica empreendida em Ser e Tempo. A criança, tal como todo ente humano, possui o modo de ser do Da-sein, ser-aí. Sendo-no-mundo, está desde sempre e de início na disposição e compreensão das orientações e interpretações já dadas e sedimentadas pela tradição. Em nosso tempo, a doação de sentido que já nos dispõe como ente utilizável é desvelada como a técnica moderna. No horizonte da técnica, a criança, assim como todos nós, é convocada desde sempre a render, a produzir resultados que já estão definidos a priori. Ao corresponder ou não a este apelo, podem surgir os chamados problemas de adaptação ou desenvolvimento, considerados falhas neste horizonte epocal. Frente a esses problemas, o psicólogo clínico é chamado a ajustar o que “não vai bem”, ocupando um lugar que poderá ser o de adaptador ao modo técnico calculante ou o da meditação serena sobre ele. Nossa aposta é nessa segunda opção, em uma prática de cuidado antepositivo-libertador que, com a criança e sua família, busque ampliar as compreensões ali em jogo, permitindo que novos sentidos e possibilidades de lida com o existente nessa fase da vida possam vir à luz sem a rigidez dos enquadres identitários que vigoram em nosso tempo. Iniciamos o artigo com uma seção que procura ir além do registro historiográfico do fenômeno infância; introduzimos uma análise ontológico-fundamental do fenômeno; propomos modos possíveis de cuidado com a criança, destacando-se a lida na clínica psicológica, que não estejam cegamente entregues ao uso técnico; e, por fim, narramos uma situação clínica.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"230 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115804823","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537
Fabiano Chagas Rabêlo, Reginaldo Rodrigues Dias, Karla Patrícia Holanda Martins
Partindo da assertiva de que a realização do feminino não se limita à identificação às insígnias fálicas, comenta-se o livro Beira rio beira vida de Assis Brasil. Reconhece-se que cada uma das personagens da história – avó, mãe e filha – confronta-se com o desafio de desenvolver uma forma própria de se tornar mulher, valendo-se, para tanto, dos significantes e semblantes que lhes chegam da linhagem familiar. Defende-se que a sobredeterminação dos enunciados de Luíza e as respostas lacônicas, opacas e evasivas de Mundoca incitam uma tomada de posição ética e política do leitor diante do enigma do feminino e da transmissão intergeracional da maldição familiar, tal como é designada a prostituição no livro. Conclui-se que a prostituição não é um destino inexorável para as personagens e que Mundoca, a terceira geração, não transparece uma posição subjetiva nítida, o que dá margens para se conjecturar diferentes possibilidades de realização do legado familiar. Identifica-se, por sua vez, do lado de Luíza e Cremilda, a invenção de alguns semblantes que podem ter servido de barreira à devastação e ao agravamento de algumas situações de vulnerabilidade psíquica. Ao final, destaca-se a importância de determinados arranjos em torno do feminino que acompanham algumas experiências de sofrimento em mulheres, considerando os possíveis destinos da transmissão familiar. Cita-se, como exemplo disso, o trabalho de perlaboração por Luíza de seu devir feminino e de seu lugar na linhagem de mulheres que acompanha a costura das roupas da boneca Ceci. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, não sistemática, que interroga as vicissitudes do feminino e da transmissão a partir do diálogo da psicanálise com a literatura, em interlocução com estudos de gênero, culturais e literários.
{"title":"Feminino e Transmissão Geracional em Beira rio beira vida, de Assis Brasil","authors":"Fabiano Chagas Rabêlo, Reginaldo Rodrigues Dias, Karla Patrícia Holanda Martins","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537","url":null,"abstract":"Partindo da assertiva de que a realização do feminino não se limita à identificação às insígnias fálicas, comenta-se o livro Beira rio beira vida de Assis Brasil. Reconhece-se que cada uma das personagens da história – avó, mãe e filha – confronta-se com o desafio de desenvolver uma forma própria de se tornar mulher, valendo-se, para tanto, dos significantes e semblantes que lhes chegam da linhagem familiar. Defende-se que a sobredeterminação dos enunciados de Luíza e as respostas lacônicas, opacas e evasivas de Mundoca incitam uma tomada de posição ética e política do leitor diante do enigma do feminino e da transmissão intergeracional da maldição familiar, tal como é designada a prostituição no livro. Conclui-se que a prostituição não é um destino inexorável para as personagens e que Mundoca, a terceira geração, não transparece uma posição subjetiva nítida, o que dá margens para se conjecturar diferentes possibilidades de realização do legado familiar. Identifica-se, por sua vez, do lado de Luíza e Cremilda, a invenção de alguns semblantes que podem ter servido de barreira à devastação e ao agravamento de algumas situações de vulnerabilidade psíquica. Ao final, destaca-se a importância de determinados arranjos em torno do feminino que acompanham algumas experiências de sofrimento em mulheres, considerando os possíveis destinos da transmissão familiar. Cita-se, como exemplo disso, o trabalho de perlaboração por Luíza de seu devir feminino e de seu lugar na linhagem de mulheres que acompanha a costura das roupas da boneca Ceci. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, não sistemática, que interroga as vicissitudes do feminino e da transmissão a partir do diálogo da psicanálise com a literatura, em interlocução com estudos de gênero, culturais e literários.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"123531034","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E10750
Flávia Fernandes de Carvalhaes, R. Silva, Alexandre Bonetti Lima
A sociedade brasileira é atravessada por violências, preconceitos e autoritarismos, materializados em índices de morte e desigualdades sociais que se assemelham a um país em guerra. Os componentes capitais desses índices, invariavelmente, são as populações LGBTI (particularmente transexuais), pobres, indígenas, negros, mulheres, entre outros, que configuram as denominadas minorias sociais. Contemporaneamente, notamos que o autoritarismo, a violência e os preconceitos vêm assumindo materialidade explícita como política do Estado (em seus diferentes níveis de governo), e sendo apoiados por ampla parcela da população. Neste artigo, a partir de uma reflexão teórica, arguimos que tais ocorrências não se iniciam recentemente, mas têm matrizes históricas não devidamente elaboradas pela sociedade brasileira, atuando, dessa maneira, nas suas intersubjetividades. Para sustentar o argumento, o artigo está organizado em três blocos de análise inter-relacionados. Inicialmente, discorremos sobre a colonialidade moderna, que ainda persiste nas relações entre países periféricos e centrais. Em seguida, tendo como referência Hanna Arendt, problematizamos a potencialidade do mal banal a enredar e circunscrever o sistema colonial mediante a invisibilização da alteridade nas relações humanas. Finalizamos com o debate sobre os efeitos da violência colonial no Brasil, escamoteados mediante a circulação dos mitos da cordialidade e pacifismo da população brasileira e o da democracia racial, impondo esquecimentos de nossa história.
{"title":"Banalização do Mal na Contemporaneidade e os Efeitos Necropolíticos na Sociedade Brasileira","authors":"Flávia Fernandes de Carvalhaes, R. Silva, Alexandre Bonetti Lima","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E10750","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E10750","url":null,"abstract":"A sociedade brasileira é atravessada por violências, preconceitos e autoritarismos, materializados em índices de morte e desigualdades sociais que se assemelham a um país em guerra. Os componentes capitais desses índices, invariavelmente, são as populações LGBTI (particularmente transexuais), pobres, indígenas, negros, mulheres, entre outros, que configuram as denominadas minorias sociais. Contemporaneamente, notamos que o autoritarismo, a violência e os preconceitos vêm assumindo materialidade explícita como política do Estado (em seus diferentes níveis de governo), e sendo apoiados por ampla parcela da população. Neste artigo, a partir de uma reflexão teórica, arguimos que tais ocorrências não se iniciam recentemente, mas têm matrizes históricas não devidamente elaboradas pela sociedade brasileira, atuando, dessa maneira, nas suas intersubjetividades. Para sustentar o argumento, o artigo está organizado em três blocos de análise inter-relacionados. Inicialmente, discorremos sobre a colonialidade moderna, que ainda persiste nas relações entre países periféricos e centrais. Em seguida, tendo como referência Hanna Arendt, problematizamos a potencialidade do mal banal a enredar e circunscrever o sistema colonial mediante a invisibilização da alteridade nas relações humanas. Finalizamos com o debate sobre os efeitos da violência colonial no Brasil, escamoteados mediante a circulação dos mitos da cordialidade e pacifismo da população brasileira e o da democracia racial, impondo esquecimentos de nossa história.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"426 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115998689","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E8756
Shimênia Vieira de Oliveira Cruz, Aléssia Silva Fontenelle
O presente trabalho objetiva promover uma reflexão no campo da sexualidade por meio da abordagem de alguns conceitos fundamentais para a psicanálise. O modo como esta delimita conceitualmente o corpo e o gozo nos auxilia nessa tarefa de articular as noções contemporâneas de sexualidade e gênero. A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo se deu a partir do estudo sistemático de produções do Campo Lacaniano, que acontecem uma vez por semana no NuPSaM (Núcleo de Psicanálise e Saúde Mental) da Universidade Federal do Vale do São Francisco. O texto, que ora se apresenta, foi elaborado a partir da I Jornada de Psicanálise da Univasf. Sabemos, com Freud, que a sexualidade está para além do instinto sexual, promovendo uma ruptura em relação aos órgãos genitais em si. Há, nesse sentido, uma função corpórea mais abrangente, ligada às pulsões, que visam a objetos que nada têm a ver com uma finalidade reprodutiva. Tal perspectiva é atravessada pela impossibilidade da relação sexual, pelo que não cessa de não se escrever. Assim, o que está em questão são as posições de gozo e a distinção do gozo fálico do gozo Outro, gozo esse suplementar e relativo ao enigma do feminino. Com isso, qualquer um pode se alojar numa ou outra posição (gozo suplementar ou fálico) frente ao real do sexo. Ao introduzir a pluralização do gozo, a sexualidade passa a ser abordada a partir da lógica, do singular. O gênero se aproxima da questão do ser, refere-se ao que desperta, em cada sujeito, a questão do que deseja e de quem deseja.
{"title":"Sexualidade, Corpo e Psicanálise","authors":"Shimênia Vieira de Oliveira Cruz, Aléssia Silva Fontenelle","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E8756","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E8756","url":null,"abstract":"O presente trabalho objetiva promover uma reflexão no campo da sexualidade por meio da abordagem de alguns conceitos fundamentais para a psicanálise. O modo como esta delimita conceitualmente o corpo e o gozo nos auxilia nessa tarefa de articular as noções contemporâneas de sexualidade e gênero. A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo se deu a partir do estudo sistemático de produções do Campo Lacaniano, que acontecem uma vez por semana no NuPSaM (Núcleo de Psicanálise e Saúde Mental) da Universidade Federal do Vale do São Francisco. O texto, que ora se apresenta, foi elaborado a partir da I Jornada de Psicanálise da Univasf. Sabemos, com Freud, que a sexualidade está para além do instinto sexual, promovendo uma ruptura em relação aos órgãos genitais em si. Há, nesse sentido, uma função corpórea mais abrangente, ligada às pulsões, que visam a objetos que nada têm a ver com uma finalidade reprodutiva. Tal perspectiva é atravessada pela impossibilidade da relação sexual, pelo que não cessa de não se escrever. Assim, o que está em questão são as posições de gozo e a distinção do gozo fálico do gozo Outro, gozo esse suplementar e relativo ao enigma do feminino. Com isso, qualquer um pode se alojar numa ou outra posição (gozo suplementar ou fálico) frente ao real do sexo. Ao introduzir a pluralização do gozo, a sexualidade passa a ser abordada a partir da lógica, do singular. O gênero se aproxima da questão do ser, refere-se ao que desperta, em cada sujeito, a questão do que deseja e de quem deseja.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122239019","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E9948
Adrielly Marconato Durante, Arnold Henrique Tavares, J. Portes, Marivete Gesser
O objetivo deste estudo foi o de compreender as percepções sobre deficiência entre estudantes de um curso de psicologia de uma universidade comunitária do estado de Santa Catarina. O estudo contou com a participação de dez estudantes que cursaram duas disciplinas de Psicologia e Inclusão I e II. Os dados foram obtidos a partir de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista semiestruturada, e analisados com base na análise de conteúdo. O referencial teórico norteador do estudo foi o relativo ao campo dos Estudos da Deficiência. Os resultados apontaram que as percepções sobre deficiência das participantes foram mediadas por concepções de deficiência relacionadas aos modelos médico, social e biopsicossocial. A formação em psicologia, as experiências sociais e as vivências no contexto familiar foram importantes para a constituição das percepções que as entrevistadas têm sobre deficiência. Por fim, destaca-se a importância de os cursos de psicologia oferecerem conhecimentos relacionados à deficiência e suas intersecções para que os profissionais dessa área possam desenvolver uma atuação voltada à garantia dos direitos humanos das pessoas com deficiência.
{"title":"Percepções sobre a Deficiência entre os Estudantes de Psicologia","authors":"Adrielly Marconato Durante, Arnold Henrique Tavares, J. Portes, Marivete Gesser","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9948","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9948","url":null,"abstract":"O objetivo deste estudo foi o de compreender as percepções sobre deficiência entre estudantes de um curso de psicologia de uma universidade comunitária do estado de Santa Catarina. O estudo contou com a participação de dez estudantes que cursaram duas disciplinas de Psicologia e Inclusão I e II. Os dados foram obtidos a partir de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista semiestruturada, e analisados com base na análise de conteúdo. O referencial teórico norteador do estudo foi o relativo ao campo dos Estudos da Deficiência. Os resultados apontaram que as percepções sobre deficiência das participantes foram mediadas por concepções de deficiência relacionadas aos modelos médico, social e biopsicossocial. A formação em psicologia, as experiências sociais e as vivências no contexto familiar foram importantes para a constituição das percepções que as entrevistadas têm sobre deficiência. Por fim, destaca-se a importância de os cursos de psicologia oferecerem conhecimentos relacionados à deficiência e suas intersecções para que os profissionais dessa área possam desenvolver uma atuação voltada à garantia dos direitos humanos das pessoas com deficiência.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"3 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"127552771","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E9413
Sinara Thereza dos Santos Fidelis, T. D. L. Torres, P. F. Bendassolli
O objetivo do estudo foi compreender a biografia laboral de pessoas privadas de liberdade, considerando suas experiências de trabalho dentro e fora do cárcere, utilizando o aporte teórico de sentidos, significados e função psicológica do trabalho. A pesquisa apresentou delineamento de abordagem qualitativa, descritiva e transversal, com características etnográficas e de observação participante. O contexto do estudo foi a Associação de Apoio e Assistência ao Condenado (APAC) de Macau/RN, e contou com a participação de 11 homens em estado privativo de liberdade. As temáticas das entrevistas individuais foram: história de vida laboral, trabalho na prisão e APAC. As narrativas foram submetidas a análises textuais de classificação hierárquica descendente (CHD) com auxílio de um software. Registros em diários de campo se somaram aos resultados de modo a compor uma análise global, considerando as narrativas dos apenados e a observação participante. Os resultados revelaram que, na APAC, a disciplina faz parte do cotidiano, utilizando o controle do comportamento dos chamados recuperandos, em condições dignas de vida, pautadas em preceitos religiosos e no autocontrole. O cumprimento da pena em condições humanas foi apontado como diferencial da APAC em relação ao sistema comum de encarceramento. Os recuperandos revelaram uma biografia laboral marcada por experiências precárias de trabalho, sofrendo humilhações, histórico de trabalho infantil e posicionamento submisso. O crime não era considerado trabalho por não ser digno. No entanto o crime promovia um posicionamento ativo e, sobretudo, oferecia poder, algo que não acontecia com o trabalho digno. O trabalho no cárcere é marcado pela exaustão e exploração no sistema comum, mas visto como laborterapia na APAC, com oportunidades de aprendizagem e exercício da dignidade humana. Mesmo que também marcado por impedimentos e dificuldades, é um espaço para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
本研究的目的是了解被剥夺自由者的工作传记,考虑到他们在监狱内外的工作经验,运用工作的意义、意义和心理功能的理论框架。本研究采用定性、描述性和横断面的方法,具有民族志特征和参与观察。这项研究的背景是澳门/RN的associacao de Apoio e assistacao ao penal (APAC),有11名被剥夺自由的人参与。个人访谈的主题为:工作生活史、监狱工作和亚太地区。在软件的帮助下,对叙事进行向下层次分类(CHD)的文本分析。实地日记的记录被添加到结果中,以构成一个全球分析,考虑到囚犯的叙述和参与观察。结果表明,在亚太地区,纪律是日常生活的一部分,在有尊严的生活条件下,在宗教戒律和自我控制的指导下,使用所谓的恢复者的行为控制。有人指出,在人道条件下服刑是亚太地区与普通监禁制度的区别。恢复者揭示了一个劳动传记,标志着不稳定的工作经验,遭受羞辱,童工的历史和顺从的地位。犯罪不被认为是工作,因为它不值得。然而,犯罪促进了一种积极的地位,最重要的是,它提供了权力,这是体面工作所没有的。监狱工作的特点是在共同制度下的疲惫和剥削,但在亚太地区被视为劳动治疗,有学习和行使人类尊严的机会。虽然也有障碍和困难,但这是一个发展应对战略的空间。
{"title":"Biografias Laborais de Pessoas Encarceradas: Entre o Crime e o Trabalho","authors":"Sinara Thereza dos Santos Fidelis, T. D. L. Torres, P. F. Bendassolli","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9413","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9413","url":null,"abstract":"O objetivo do estudo foi compreender a biografia laboral de pessoas privadas de liberdade, considerando suas experiências de trabalho dentro e fora do cárcere, utilizando o aporte teórico de sentidos, significados e função psicológica do trabalho. A pesquisa apresentou delineamento de abordagem qualitativa, descritiva e transversal, com características etnográficas e de observação participante. O contexto do estudo foi a Associação de Apoio e Assistência ao Condenado (APAC) de Macau/RN, e contou com a participação de 11 homens em estado privativo de liberdade. As temáticas das entrevistas individuais foram: história de vida laboral, trabalho na prisão e APAC. As narrativas foram submetidas a análises textuais de classificação hierárquica descendente (CHD) com auxílio de um software. Registros em diários de campo se somaram aos resultados de modo a compor uma análise global, considerando as narrativas dos apenados e a observação participante. Os resultados revelaram que, na APAC, a disciplina faz parte do cotidiano, utilizando o controle do comportamento dos chamados recuperandos, em condições dignas de vida, pautadas em preceitos religiosos e no autocontrole. O cumprimento da pena em condições humanas foi apontado como diferencial da APAC em relação ao sistema comum de encarceramento. Os recuperandos revelaram uma biografia laboral marcada por experiências precárias de trabalho, sofrendo humilhações, histórico de trabalho infantil e posicionamento submisso. O crime não era considerado trabalho por não ser digno. No entanto o crime promovia um posicionamento ativo e, sobretudo, oferecia poder, algo que não acontecia com o trabalho digno. O trabalho no cárcere é marcado pela exaustão e exploração no sistema comum, mas visto como laborterapia na APAC, com oportunidades de aprendizagem e exercício da dignidade humana. Mesmo que também marcado por impedimentos e dificuldades, é um espaço para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121108768","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2020-12-23DOI: 10.5020/23590777.RS.V20I3.E9594
Ludmilla Tassano Pitrowsky, S. Silva, Simone Perelson
O presente artigo propõe traçar uma linha de continuidade entre as ideias de Sándor Ferenczi e Michael Balint a respeito do vínculo analítico. O conceito de transferência, tal qual formulado por Freud, teria sofrido uma modificação em sua possibilidade de entendimento nos casos não neuróticos, chamados de narcísico-identitários ou borderline. Nesse sentido, estudamos a questão do vínculo analítico em autores que priorizaram a construção de uma clínica que abarcasse tais casos, como Ferenczi e Balint. A proposta clínica desses autores inclui, no processo analítico do paciente, a contratransferência, e mais, o psiquismo do analista em sua parte mais inconsciente. Em virtude disso, ressaltaram as dificuldades e desafios que essa clínica implica, denunciando a exigência de uma análise profunda do analista para o atendimento desses casos. A inclusão, portanto, do psiquismo do analista no setting implicaria um entendimento intersubjetivo do enquadre, produzindo uma nova maneira de enxergar a relação analítica e, consequentemente, a técnica.
{"title":"A Relação Transferencial em Ferenczi e Balint: Construindo o Lugar do Analista","authors":"Ludmilla Tassano Pitrowsky, S. Silva, Simone Perelson","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9594","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9594","url":null,"abstract":"O presente artigo propõe traçar uma linha de continuidade entre as ideias de Sándor Ferenczi e Michael Balint a respeito do vínculo analítico. O conceito de transferência, tal qual formulado por Freud, teria sofrido uma modificação em sua possibilidade de entendimento nos casos não neuróticos, chamados de narcísico-identitários ou borderline. Nesse sentido, estudamos a questão do vínculo analítico em autores que priorizaram a construção de uma clínica que abarcasse tais casos, como Ferenczi e Balint. A proposta clínica desses autores inclui, no processo analítico do paciente, a contratransferência, e mais, o psiquismo do analista em sua parte mais inconsciente. Em virtude disso, ressaltaram as dificuldades e desafios que essa clínica implica, denunciando a exigência de uma análise profunda do analista para o atendimento desses casos. A inclusão, portanto, do psiquismo do analista no setting implicaria um entendimento intersubjetivo do enquadre, produzindo uma nova maneira de enxergar a relação analítica e, consequentemente, a técnica.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122009366","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}