Pub Date : 2021-09-15DOI: 10.5020/23590777.RS.V21I2.E11466
F. Mattioni, Cristianne Maria Famer Rocha, Luiz Felipe Zago
Este artigo consiste em um ensaio teórico cujo objetivo é refletir, a partir de conceitos foucaultianos, sobre a construção da atuação clínica na Atenção Primária à Saúde (APS). Por meio da exposição de um caso fictício, são desenvolvidos argumentos por meio dos quais defendemos que a principal estratégia biopolítica utilizada na clínica realizada na APS, atualmente, é a governamentalidade. Apontamos algumas ferramentas teórico-metodológicas foucaultianas, inscritas na fase do ser-consigo ou da ética, como possíveis estratégias de análise para pensar possibilidades de ampliação da clínica, na perspectiva da inclusão do sujeito em sua construção. Para além do governo das condutas, que levam ao assujeitamento por meio da utilização de dispositivos de governamento, as noções de práticas de si, conhecimento de si e pharresía apontam para a possibilidade de construção de uma clínica na APS pautada por uma relação ética entre profissionais e usuários do sistema de saúde.
{"title":"Clínica da Pharresía: Possibilidades de Cuidado na Atenção Primária em Saúde","authors":"F. Mattioni, Cristianne Maria Famer Rocha, Luiz Felipe Zago","doi":"10.5020/23590777.RS.V21I2.E11466","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V21I2.E11466","url":null,"abstract":"Este artigo consiste em um ensaio teórico cujo objetivo é refletir, a partir de conceitos foucaultianos, sobre a construção da atuação clínica na Atenção Primária à Saúde (APS). Por meio da exposição de um caso fictício, são desenvolvidos argumentos por meio dos quais defendemos que a principal estratégia biopolítica utilizada na clínica realizada na APS, atualmente, é a governamentalidade. Apontamos algumas ferramentas teórico-metodológicas foucaultianas, inscritas na fase do ser-consigo ou da ética, como possíveis estratégias de análise para pensar possibilidades de ampliação da clínica, na perspectiva da inclusão do sujeito em sua construção. Para além do governo das condutas, que levam ao assujeitamento por meio da utilização de dispositivos de governamento, as noções de práticas de si, conhecimento de si e pharresía apontam para a possibilidade de construção de uma clínica na APS pautada por uma relação ética entre profissionais e usuários do sistema de saúde.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"57 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115950859","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-15DOI: 10.5020/23590777.RS.V21I2.E10752
M. D. M. Ramos, Damião Soares de Almeida Segundo, Wagner de Lara Machado, E. Cerqueira-Santos
Homens gays e bissexuais afeminados são alvo de dupla estigmatização por conta da antiafeminação e da homofobia da sociedade mesmo entre a comunidade não-heterossexual. O objetivo deste estudo foi investigar, de forma exploratória, a estrutura relacional da antiafeminação por meio de uma análise de rede. Realizou-se um levantamento on-line com 1.123 homens não-heterossexuais brasileiros, maiores de 18 anos e com média de idade de 26,85 anos (DP = 8,51). O modelo relacional da antiafeminação produzido neste estudo encontrou associações com a homofobia internalizada (rp = 0,32) e a predileção por parceiros mais másculos (rp = 0,45). Além disso, foi possível identificar relação indireta com abertura da orientação sexual, que ocorre por meio da homofobia internalizada. Este estudo, além de ser o primeiro a desenvolver uma análise de rede sobre a antiafeminação, contribui para o entendimento do fenômeno no contexto brasileiro, fornecendo perspectivas para o aprofundamento de pesquisas no campo.
{"title":"Modelo Relacional da Antiafeminação em Homens Não-Heterossexuais: Estudo Exploratório","authors":"M. D. M. Ramos, Damião Soares de Almeida Segundo, Wagner de Lara Machado, E. Cerqueira-Santos","doi":"10.5020/23590777.RS.V21I2.E10752","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V21I2.E10752","url":null,"abstract":"Homens gays e bissexuais afeminados são alvo de dupla estigmatização por conta da antiafeminação e da homofobia da sociedade mesmo entre a comunidade não-heterossexual. O objetivo deste estudo foi investigar, de forma exploratória, a estrutura relacional da antiafeminação por meio de uma análise de rede. Realizou-se um levantamento on-line com 1.123 homens não-heterossexuais brasileiros, maiores de 18 anos e com média de idade de 26,85 anos (DP = 8,51). O modelo relacional da antiafeminação produzido neste estudo encontrou associações com a homofobia internalizada (rp = 0,32) e a predileção por parceiros mais másculos (rp = 0,45). Além disso, foi possível identificar relação indireta com abertura da orientação sexual, que ocorre por meio da homofobia internalizada. Este estudo, além de ser o primeiro a desenvolver uma análise de rede sobre a antiafeminação, contribui para o entendimento do fenômeno no contexto brasileiro, fornecendo perspectivas para o aprofundamento de pesquisas no campo.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"13 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129807598","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-15DOI: 10.5020/23590777.RS.V21I2.E10248
Hevellyn Ciely da Silva Corrêa
As relações entre transferência e feminino na psicanálise surgem a partir da descoberta da transferência, em que, no caso Dora, a presença do feminino não se dá somente por se tratar de uma mulher, mas pelos tropeços no manejo do caso, que fizeram com que Freud postulasse a transferência justamente naquilo que o método falhara, revelando a dimensão erótica presente em todo tratamento. Essa revelação é feita não apenas pelo conteúdo trabalhado por Freud nesse caso, mas pelo mistério da feminilidade, o qual se colocou à Dora e ao próprio Freud. Dedicando-se a esse primeiro momento, em que o feminino comparece no laço transferencial, este artigo investiga as respostas dadas, de Freud a Lacan, ao feminino que se coloca como uma constante interrogação aos limites do significante fálico e, sem dele se apartar, revela uma posição não-toda fálica que pode contribuir com o manejo da transferência.
{"title":"Considerações sobre Feminino e Transferência: Do Caso Dora ao Não-Todo Fálico","authors":"Hevellyn Ciely da Silva Corrêa","doi":"10.5020/23590777.RS.V21I2.E10248","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V21I2.E10248","url":null,"abstract":"As relações entre transferência e feminino na psicanálise surgem a partir da descoberta da transferência, em que, no caso Dora, a presença do feminino não se dá somente por se tratar de uma mulher, mas pelos tropeços no manejo do caso, que fizeram com que Freud postulasse a transferência justamente naquilo que o método falhara, revelando a dimensão erótica presente em todo tratamento. Essa revelação é feita não apenas pelo conteúdo trabalhado por Freud nesse caso, mas pelo mistério da feminilidade, o qual se colocou à Dora e ao próprio Freud. Dedicando-se a esse primeiro momento, em que o feminino comparece no laço transferencial, este artigo investiga as respostas dadas, de Freud a Lacan, ao feminino que se coloca como uma constante interrogação aos limites do significante fálico e, sem dele se apartar, revela uma posição não-toda fálica que pode contribuir com o manejo da transferência.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"124985473","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-15DOI: 10.5020/23590777.RS.V21I2.E10888
K. Barbosa, Thalita Camargo Angelucci
O presente artigo visa discutir as concepções de sujeito, linguagem, discurso e figuração do real como estando intimamente ligadas e articuladas pela noção lacaniana de furo (trou). Apesar de essa última noção ser explicitada tardiamente dentro do ensino desse psicanalista, podemos encontrar outras indicações do que seria esse furo estrutural desde o início de suas elaborações. A partir do estabelecimento de uma hipótese sobre uma falta de ordem simbólico-estrutural no nível da linguagem, iremos aproximá-la ao conceito de ato discursivo proposto por Benveniste. Sabemos que esses dois autores - Benveniste e Lacan - travaram um extenso diálogo ao longo da construção de suas ideias. Porém, aqui, nosso objetivo será demonstrar como as concepções de linguagem e realidade desses autores nos levam, irremediavelmente, à seguinte hipótese: não é porque o mundo é dizível que a linguagem existe, mas, ao contrário, é a linguagem que torna o mundo indizível, pois nela própria está a impossibilidade de dizê-lo.
{"title":"No Início do Caminho tinha um Furo: Sujeito, Linguagem e Figuração do Real","authors":"K. Barbosa, Thalita Camargo Angelucci","doi":"10.5020/23590777.RS.V21I2.E10888","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V21I2.E10888","url":null,"abstract":"O presente artigo visa discutir as concepções de sujeito, linguagem, discurso e figuração do real como estando intimamente ligadas e articuladas pela noção lacaniana de furo (trou). Apesar de essa última noção ser explicitada tardiamente dentro do ensino desse psicanalista, podemos encontrar outras indicações do que seria esse furo estrutural desde o início de suas elaborações. A partir do estabelecimento de uma hipótese sobre uma falta de ordem simbólico-estrutural no nível da linguagem, iremos aproximá-la ao conceito de ato discursivo proposto por Benveniste. Sabemos que esses dois autores - Benveniste e Lacan - travaram um extenso diálogo ao longo da construção de suas ideias. Porém, aqui, nosso objetivo será demonstrar como as concepções de linguagem e realidade desses autores nos levam, irremediavelmente, à seguinte hipótese: não é porque o mundo é dizível que a linguagem existe, mas, ao contrário, é a linguagem que torna o mundo indizível, pois nela própria está a impossibilidade de dizê-lo.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132440932","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-09-15DOI: 10.5020/23590777.RS.V21I2.E8293
Alana Soares Albuquerque, T. M. G. Fonseca
Este trabalho tem como objetivo analisar como a noção de futuro que Deleuze esboça em sua filosofia do tempo pode ser relacionada ao pensamento decolonial, especialmente quando este se refere à possibilidade de imaginar outros futuros, ainda não capturados pelas promessas das utopias modernas ou pelos cenários pós-apocalípticos das distopias tecnológicas. Como herança do pensamento científico e moderno, o futuro vem sendo sequestrado pelas mais diversas técnicas de predição e antecipação. Já no território ficcional, os futuros imaginários das narrativas clássicas de ficção científica também foram colonizados, pois têm sido predominantes nesse tipo de ficção certas noções que estão intimamente ligadas a um ponto de vista eurocêntrico, como a noção de civilização, de “sociedades desenvolvidas”, ou até mesmo de humanidade. Por essa razão, destacamos a necessidade de dissociar o futuro de perspectivas finalistas que o fixam em certo tempo por vir. Para isso, recorremos aos conceitos de “terceira síntese do tempo” e de “geofilosofia”, elaborados por Deleuze (o segundo em parceria com Guattari), em uma tentativa de libertar a categoria do futuro das perspectivas lineares e cronológicas do tempo, ressaltando, por outro lado, sua abertura e multiplicidade. A partir de uma aproximação entre essa abordagem do futuro e os estudos decoloniais, apostamos, por fim, em uma perspectiva especulativa que inclua a incerteza, para assim dar à luz outras versões do futuro, não aqueles já prováveis, mas futuros ainda não pensados, outros mundos que estão, neste exato momento, também reivindicando por um chamado à existência.
{"title":"A Noção de Futuro na Filosofia de Deleuze e o Pensamento Decolonial: Algumas Aproximações","authors":"Alana Soares Albuquerque, T. M. G. Fonseca","doi":"10.5020/23590777.RS.V21I2.E8293","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V21I2.E8293","url":null,"abstract":"Este trabalho tem como objetivo analisar como a noção de futuro que Deleuze esboça em sua filosofia do tempo pode ser relacionada ao pensamento decolonial, especialmente quando este se refere à possibilidade de imaginar outros futuros, ainda não capturados pelas promessas das utopias modernas ou pelos cenários pós-apocalípticos das distopias tecnológicas. Como herança do pensamento científico e moderno, o futuro vem sendo sequestrado pelas mais diversas técnicas de predição e antecipação. Já no território ficcional, os futuros imaginários das narrativas clássicas de ficção científica também foram colonizados, pois têm sido predominantes nesse tipo de ficção certas noções que estão intimamente ligadas a um ponto de vista eurocêntrico, como a noção de civilização, de “sociedades desenvolvidas”, ou até mesmo de humanidade. Por essa razão, destacamos a necessidade de dissociar o futuro de perspectivas finalistas que o fixam em certo tempo por vir. Para isso, recorremos aos conceitos de “terceira síntese do tempo” e de “geofilosofia”, elaborados por Deleuze (o segundo em parceria com Guattari), em uma tentativa de libertar a categoria do futuro das perspectivas lineares e cronológicas do tempo, ressaltando, por outro lado, sua abertura e multiplicidade. A partir de uma aproximação entre essa abordagem do futuro e os estudos decoloniais, apostamos, por fim, em uma perspectiva especulativa que inclua a incerteza, para assim dar à luz outras versões do futuro, não aqueles já prováveis, mas futuros ainda não pensados, outros mundos que estão, neste exato momento, também reivindicando por um chamado à existência.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-09-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114511973","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9442
D. Schneider, A. Sousa, Charlene Fernanda Thurow, Claudia Daiana Borges, Gabriela Rodrigues, Juliana Cantele, Milene Strelow, V. Levy, P. Torres
O conceito de projeto de ser é central na obra de Jean-Paul Sartre e aspecto essencial da psicologia existencialista. Sartre toma essa temática da fenomenologia, que aborda a questão do projeto como uma dimensão importante da temporalidade do sujeito, na dinâmica que envolve o futuro. O existencialista aborda essa noção com diferentes designações ao longo de suas obras: projeto fundamental, projeto original e projeto de ser. Esses termos são sinônimos e utilizados em diferentes partes de sua elaboração teórica para elucidar aspectos que se colocam como mais relevantes para cada contexto. Neste ensaio teórico, desenvolvido por meio de uma revisão narrativa da literatura, com base nas obras do próprio Sartre ou de estudiosos e comentadores do filósofo, será utilizado o termo “projeto de ser”, dado que o desafio do método clínico existencialista consiste, justamente, no desvelamento do ser do sujeito, compreendido como ser-no-mundo. Objetiva-se desenvolver a compreensão desse conceito em sua aplicabilidade instrumental no campo da saúde. Para tanto, desenvolve-se a relação desse conceito com os princípios da saúde coletiva - como a questão da integralidade, da territorialidade, da promoção de saúde, da prevenção e do cuidado psicossocial - e suas contribuições para a inteligibilidade de fenômenos, particularmente o sofrimento psíquico e as psicopatologias. Discute-se que alguns conceitos existencialistas podem servir como fundamento epistêmico para a proposta de uma clínica ampliada, constituindo uma contribuição teórica e metodológica para a área.
{"title":"“Projeto de Ser” como Fundamento Epistemológico para Práticas em Saúde Coletiva","authors":"D. Schneider, A. Sousa, Charlene Fernanda Thurow, Claudia Daiana Borges, Gabriela Rodrigues, Juliana Cantele, Milene Strelow, V. Levy, P. Torres","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9442","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9442","url":null,"abstract":"O conceito de projeto de ser é central na obra de Jean-Paul Sartre e aspecto essencial da psicologia existencialista. Sartre toma essa temática da fenomenologia, que aborda a questão do projeto como uma dimensão importante da temporalidade do sujeito, na dinâmica que envolve o futuro. O existencialista aborda essa noção com diferentes designações ao longo de suas obras: projeto fundamental, projeto original e projeto de ser. Esses termos são sinônimos e utilizados em diferentes partes de sua elaboração teórica para elucidar aspectos que se colocam como mais relevantes para cada contexto. Neste ensaio teórico, desenvolvido por meio de uma revisão narrativa da literatura, com base nas obras do próprio Sartre ou de estudiosos e comentadores do filósofo, será utilizado o termo “projeto de ser”, dado que o desafio do método clínico existencialista consiste, justamente, no desvelamento do ser do sujeito, compreendido como ser-no-mundo. Objetiva-se desenvolver a compreensão desse conceito em sua aplicabilidade instrumental no campo da saúde. Para tanto, desenvolve-se a relação desse conceito com os princípios da saúde coletiva - como a questão da integralidade, da territorialidade, da promoção de saúde, da prevenção e do cuidado psicossocial - e suas contribuições para a inteligibilidade de fenômenos, particularmente o sofrimento psíquico e as psicopatologias. Discute-se que alguns conceitos existencialistas podem servir como fundamento epistêmico para a proposta de uma clínica ampliada, constituindo uma contribuição teórica e metodológica para a área.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"2 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133834474","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e11305
Ana maria Monte coelho Frota, E. Dutra
Este artigo trata de reflexões acerca da construção de um método de pesquisa em psicologia inspirado na filosofia de Martin Heidegger. Para tanto, inicia discutindo sobre a fenomenologia. Em seguida, debruça-se sobre Heidegger, discutindo brevemente alguns elementos de sua ontologia, sempre no sentido de aproximação de um caminho possível de pesquisa fenomenológica que se oriente nessa direção. Finalmente, apresenta o círculo hermenêutico, tal qual proposto por Heidegger, sugerindo possíveis caminhos de pesquisa fenomenológica com inspiração heideggeriana. Mais do que apresentar um modelo de pesquisa, procura abrir discussões geradoras de novas reflexões.
{"title":"Proposições para um Método Fenomenológico Hermenêutico para a Pesquisa de Campo","authors":"Ana maria Monte coelho Frota, E. Dutra","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e11305","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e11305","url":null,"abstract":"Este artigo trata de reflexões acerca da construção de um método de pesquisa em psicologia inspirado na filosofia de Martin Heidegger. Para tanto, inicia discutindo sobre a fenomenologia. Em seguida, debruça-se sobre Heidegger, discutindo brevemente alguns elementos de sua ontologia, sempre no sentido de aproximação de um caminho possível de pesquisa fenomenológica que se oriente nessa direção. Finalmente, apresenta o círculo hermenêutico, tal qual proposto por Heidegger, sugerindo possíveis caminhos de pesquisa fenomenológica com inspiração heideggeriana. Mais do que apresentar um modelo de pesquisa, procura abrir discussões geradoras de novas reflexões.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"79 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129456792","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9492
Maira Prieto Bento Dourado
Partindo da perspectiva heideggeriana sobre o ser-aí, apresento uma compreensão da criança na contemporaneidade tendo como fio condutor a noção de cuidado para compreender os modos de ser do homem no ciclo inicial da vida. Utilizei a fenomenologia como metodologia qualitativa, articulando a teoria à prática clínica da autora em psicoterapia infantil. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre cuidado embasada na filosofia de Heidegger, dialogando com autores afins. Posteriormente, um aprofundamento bibliográfico sobre o percurso histórico das formas de se relacionar com a criança e como acumulam novos conceitos e padrões. Por fim, apresento uma perspectiva heideggeriana do ser-aí da criança. A condução da criança ao psicoterapeuta envolve dificuldades denominadas cientificamente de “distúrbios”, que se referem ao não ajustamento a modelos normativos constituídos na sociedade e na cultura. São determinações históricas acerca do sentido da experiência infantil e constituem o espaço em que o ser do homem se constitui, mas é preciso pensar de que modo esse homem está em jogo em sua constituição. Em Heidegger, o cuidado se encontra na ontologia dos fenômenos e precede qualquer “atitude” ou “situação” vivida, é estar em jogo na sua existência. O filósofo defende que a criança pertence a uma fase cronológica do ser-aí, não há diferenciação entre ser-aí criança ou ser-aí adulto, e aponta a inclinação atual por diagnósticos, que fecham o homem como substância que possa ser examinada, medida e tratada como objeto. “Verdade”, “diagnóstico” e “cura” são palavras que se encaixam no pensamento calculante da ciência moderna, da técnica, e se revelam no discurso dos pais. O espaço terapêutico de cuidado permite a compreensão da criança não a partir de determinações a priori, mas sim naquilo que aparece: a criança será, então, compreendida a partir das suas próprias significações.
{"title":"A Criança Contemporânea e a Noção de Cuidado: Uma Reflexão a partir da Fenomenologia Hermenêutica","authors":"Maira Prieto Bento Dourado","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9492","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9492","url":null,"abstract":"Partindo da perspectiva heideggeriana sobre o ser-aí, apresento uma compreensão da criança na contemporaneidade tendo como fio condutor a noção de cuidado para compreender os modos de ser do homem no ciclo inicial da vida. Utilizei a fenomenologia como metodologia qualitativa, articulando a teoria à prática clínica da autora em psicoterapia infantil. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre cuidado embasada na filosofia de Heidegger, dialogando com autores afins. Posteriormente, um aprofundamento bibliográfico sobre o percurso histórico das formas de se relacionar com a criança e como acumulam novos conceitos e padrões. Por fim, apresento uma perspectiva heideggeriana do ser-aí da criança. A condução da criança ao psicoterapeuta envolve dificuldades denominadas cientificamente de “distúrbios”, que se referem ao não ajustamento a modelos normativos constituídos na sociedade e na cultura. São determinações históricas acerca do sentido da experiência infantil e constituem o espaço em que o ser do homem se constitui, mas é preciso pensar de que modo esse homem está em jogo em sua constituição. Em Heidegger, o cuidado se encontra na ontologia dos fenômenos e precede qualquer “atitude” ou “situação” vivida, é estar em jogo na sua existência. O filósofo defende que a criança pertence a uma fase cronológica do ser-aí, não há diferenciação entre ser-aí criança ou ser-aí adulto, e aponta a inclinação atual por diagnósticos, que fecham o homem como substância que possa ser examinada, medida e tratada como objeto. “Verdade”, “diagnóstico” e “cura” são palavras que se encaixam no pensamento calculante da ciência moderna, da técnica, e se revelam no discurso dos pais. O espaço terapêutico de cuidado permite a compreensão da criança não a partir de determinações a priori, mas sim naquilo que aparece: a criança será, então, compreendida a partir das suas próprias significações.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"456 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"132138819","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9445
Gisella Mouta Fadda, V. E. Cury
Este artigo apresenta uma investigação teórica sobre a constituição do fenômeno da intersubjetividade, considerado como uma passagem do eu ao outro, a partir dos princípios da antropologia fenomenológica de Edmund Husserl. É discutida, também, a relevante contribuição da filósofa e psicóloga alemã Edith Stein, discípula de Husserl, sobre a experiência empática. O conceito desenvolvido por Stein sobre a empatia fenomenológica, que pode ser traduzida, também, como “intropatia” ou “entropatia”, possibilita um olhar sui generis acerca do encontro com o outro. A qualidade desse encontro é de suma importância quando consideramos a relação entre psicoterapeuta e cliente no contexto da clínica psicológica humanista, orientada pelos princípios da abordagem centrada na pessoa, desenvolvida pelo psicólogo norte americano Carl Rogers. As implicações entre subjetividade e intersubjetividade são analisadas num movimento de interlocução criativa entre a filosofia fenomenológica e a psicologia clínica humanista, objetivando contribuir para uma aproximação entre dois campos que se afetam mutuamente ao se apropriarem da experiência humana a partir de ênfases complementares, estrutura universal e concretude singular.
{"title":"O Fenômeno da Intersubjetividade na Relação Psicoterapêutica","authors":"Gisella Mouta Fadda, V. E. Cury","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9445","DOIUrl":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9445","url":null,"abstract":"Este artigo apresenta uma investigação teórica sobre a constituição do fenômeno da intersubjetividade, considerado como uma passagem do eu ao outro, a partir dos princípios da antropologia fenomenológica de Edmund Husserl. É discutida, também, a relevante contribuição da filósofa e psicóloga alemã Edith Stein, discípula de Husserl, sobre a experiência empática. O conceito desenvolvido por Stein sobre a empatia fenomenológica, que pode ser traduzida, também, como “intropatia” ou “entropatia”, possibilita um olhar sui generis acerca do encontro com o outro. A qualidade desse encontro é de suma importância quando consideramos a relação entre psicoterapeuta e cliente no contexto da clínica psicológica humanista, orientada pelos princípios da abordagem centrada na pessoa, desenvolvida pelo psicólogo norte americano Carl Rogers. As implicações entre subjetividade e intersubjetividade são analisadas num movimento de interlocução criativa entre a filosofia fenomenológica e a psicologia clínica humanista, objetivando contribuir para uma aproximação entre dois campos que se afetam mutuamente ao se apropriarem da experiência humana a partir de ênfases complementares, estrutura universal e concretude singular.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2021-06-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"114520387","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-06-19DOI: 10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9303
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo, Myriam Moreira Protasio
O objetivo deste estudo é mostrar que a psicologia existencial e suas repercussões na clínica têm início no pensamento de Søren Aaybe Kierkegaard (1813-1855). Defendemos que há uma narrativa pregressa, esquecida e, portanto, inexplorada, da psicologia que se constitui nas condições de possibilidade da perspectiva existencial. Uma releitura das obras psicológicas de Kierkegaard nos permite reescrever outro percurso da psicologia, que ocorre à margem do que é mais conhecido e divulgado. Por meio de uma revisão narrativa da literatura de autores que constituíram sua compreensão da psicologia existencial fazendo referência ao pensamento de Kierkegaard, concluímos que as apropriações das teses desse filósofo ocorrem de diferentes formas, de acordo com a perspectiva epistemológica que as inspiram: psicologia empírica, psicologia existencial-humanista e psicologia existencial. Com este estudo identificamos que os elementos que diferenciam essas perspectivas, tanto no que diz respeito à formulação da psicologia como da clínica psicológica, são, respectivamente, os conceitos de liberdade e subjetividade humana e a compreensão de relação.
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