Pub Date : 2024-02-05DOI: 10.21665/2318-3888.v11n22p121-144
Alexandre Vicente
A experimentação animal é controversa. Caracterizada, sob o ponto de vista das ciências biomédicas, como um importante elo entre as pretensões científicas e os resultados, é também criticada como uma prática abominável pelos grupos ligados ao direito animal, em um debate que envolve interesses diversos. É clara a necessidade de estabelecer limites para sua realização. Este trabalho procurou comparar as duas principais tentativas brasileiras recentes de impor tais limites: o Código de Proteção aos Animais do Estado de São Paulo e a Lei Nº 11.794/2008, de abrangência nacional. A análise e comparação de políticas científicas e suas críticas é uma importante ferramenta de investigação das interações entre ciência, política e sociedade, e pode ajudar a apontar caminhos e soluções a serem consideradas. Concluiu-se que a experiência de São Paulo poderia ter servido como um importante exemplo para a formulação da lei nacional, mas parece ter sido ignorada.
{"title":"EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NO BRASIL","authors":"Alexandre Vicente","doi":"10.21665/2318-3888.v11n22p121-144","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v11n22p121-144","url":null,"abstract":"A experimentação animal é controversa. Caracterizada, sob o ponto de vista das ciências biomédicas, como um importante elo entre as pretensões científicas e os resultados, é também criticada como uma prática abominável pelos grupos ligados ao direito animal, em um debate que envolve interesses diversos. É clara a necessidade de estabelecer limites para sua realização. Este trabalho procurou comparar as duas principais tentativas brasileiras recentes de impor tais limites: o Código de Proteção aos Animais do Estado de São Paulo e a Lei Nº 11.794/2008, de abrangência nacional. A análise e comparação de políticas científicas e suas críticas é uma importante ferramenta de investigação das interações entre ciência, política e sociedade, e pode ajudar a apontar caminhos e soluções a serem consideradas. Concluiu-se que a experiência de São Paulo poderia ter servido como um importante exemplo para a formulação da lei nacional, mas parece ter sido ignorada.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"14 5","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139864729","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-05DOI: 10.21665/2318-3888.v11n22p76-93
Beto Vianna
Os linguistas sempre debateram a ontologia da diversidade linguística humana, se é o produto superficial de uma capacidade biológica ou psicológica comum, ou se é inerente às necessidades comunicacionais e experiências socioculturais da nossa espécie. Em ambos os casos, privilegia-se o código linguístico como locus de investigação, um modelo em que a linguagem é gerada por uma fisiologia ou uma cognição humanas, separando o linguístico (fatores internos ao código) do não linguístico (fatores externos, sociais, psicológicos, ambientais). No caminho explicativo da Biologia do Conhecer, o comportamento guia as mudanças estruturais, e não o inverso. A linhagem humana se constitui na deriva histórica (evolutiva e ontogênica) das coordenações de ações, um domínio linguístico comportamental em que se conserva o fenótipo ontogênico humano. Esse outro modo de ver a relação entre comportamento e fisiologia nos permite considerar historicamente não só o estabelecimento de domínios linguísticos, mas a formação dos sistemas sociais, humanos ou não, incluindo coderivas ontogênicas, que envolvem as relações entre humanos e outros organismos, em socialidades multiespécies.
{"title":"DOMÍNIO LINGUÍSTICO E SISTEMAS SOCIAIS MULTIESPÉCIES","authors":"Beto Vianna","doi":"10.21665/2318-3888.v11n22p76-93","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v11n22p76-93","url":null,"abstract":"Os linguistas sempre debateram a ontologia da diversidade linguística humana, se é o produto superficial de uma capacidade biológica ou psicológica comum, ou se é inerente às necessidades comunicacionais e experiências socioculturais da nossa espécie. Em ambos os casos, privilegia-se o código linguístico como locus de investigação, um modelo em que a linguagem é gerada por uma fisiologia ou uma cognição humanas, separando o linguístico (fatores internos ao código) do não linguístico (fatores externos, sociais, psicológicos, ambientais). No caminho explicativo da Biologia do Conhecer, o comportamento guia as mudanças estruturais, e não o inverso. A linhagem humana se constitui na deriva histórica (evolutiva e ontogênica) das coordenações de ações, um domínio linguístico comportamental em que se conserva o fenótipo ontogênico humano. Esse outro modo de ver a relação entre comportamento e fisiologia nos permite considerar historicamente não só o estabelecimento de domínios linguísticos, mas a formação dos sistemas sociais, humanos ou não, incluindo coderivas ontogênicas, que envolvem as relações entre humanos e outros organismos, em socialidades multiespécies.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"60 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139804493","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-05DOI: 10.21665/2318-3888.v11n22p09-25
Marina Cavalcante Vieira, Cristina Barretto de Menezes Lopes
Não existe cientista social que não se depare com imagens em suas pesquisas contemporâneas, sejam fotográficas, audiovisuais, memes que circulam em redes sociais ou imagens institucionais em páginas oficiais dos grupos estudados: as imagens circulam. O artigo a seguir surge como um convite para observarmos a importância dos campos das imagens, da performance e do digital como possibilidades exploratórias de pesquisas multissituadas em antropologia. O tema surge como um encontro entre pesquisadoras que se colocam a pensar imagens e performances a partir de origens e formações distintas. O objetivo do nosso trabalho é apresentar o conceito de etnografia multissituada, de George Marcus, diante da análise da performance de Richard Schechner e da emergência da antropologia digital, como forma de compreender a proliferação, circulação e multissituacionalidade das imagens contemporâneas. O texto apresenta a articulação desses diversos campos em uma discussão teórico-metodológica sobre as condições e possibilidades criativas de fazer pesquisa em antropologia, arte e teatro. As relações entre arte e antropologia se manifestam no contexto do experimentalismo em pesquisa e nos processos de construção de linguagens, promovendo conhecimentos interdisciplinares que desafiam as formas convencionais de conduzir pesquisa. O artigo apresenta um panorama e uma discussão sobre as mudanças paradigmáticas que norteiam as formas de fazer pesquisa nas ciências sociais hoje, como forma de contextualizar as aproximações contemporâneas entre arte e antropologia, em seguida apresentando as articulações entre imagens, performances e antropologia digital como etnografias multissituadas.
{"title":"IMAGENS MULTISSITUADAS, PERFORMANCE E O DIGITAL","authors":"Marina Cavalcante Vieira, Cristina Barretto de Menezes Lopes","doi":"10.21665/2318-3888.v11n22p09-25","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v11n22p09-25","url":null,"abstract":"Não existe cientista social que não se depare com imagens em suas pesquisas contemporâneas, sejam fotográficas, audiovisuais, memes que circulam em redes sociais ou imagens institucionais em páginas oficiais dos grupos estudados: as imagens circulam. O artigo a seguir surge como um convite para observarmos a importância dos campos das imagens, da performance e do digital como possibilidades exploratórias de pesquisas multissituadas em antropologia. O tema surge como um encontro entre pesquisadoras que se colocam a pensar imagens e performances a partir de origens e formações distintas. O objetivo do nosso trabalho é apresentar o conceito de etnografia multissituada, de George Marcus, diante da análise da performance de Richard Schechner e da emergência da antropologia digital, como forma de compreender a proliferação, circulação e multissituacionalidade das imagens contemporâneas. O texto apresenta a articulação desses diversos campos em uma discussão teórico-metodológica sobre as condições e possibilidades criativas de fazer pesquisa em antropologia, arte e teatro. As relações entre arte e antropologia se manifestam no contexto do experimentalismo em pesquisa e nos processos de construção de linguagens, promovendo conhecimentos interdisciplinares que desafiam as formas convencionais de conduzir pesquisa. O artigo apresenta um panorama e uma discussão sobre as mudanças paradigmáticas que norteiam as formas de fazer pesquisa nas ciências sociais hoje, como forma de contextualizar as aproximações contemporâneas entre arte e antropologia, em seguida apresentando as articulações entre imagens, performances e antropologia digital como etnografias multissituadas. ","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"72 5","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139863656","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-05DOI: 10.21665/2318-3888.v11n22p76-93
Beto Vianna
Os linguistas sempre debateram a ontologia da diversidade linguística humana, se é o produto superficial de uma capacidade biológica ou psicológica comum, ou se é inerente às necessidades comunicacionais e experiências socioculturais da nossa espécie. Em ambos os casos, privilegia-se o código linguístico como locus de investigação, um modelo em que a linguagem é gerada por uma fisiologia ou uma cognição humanas, separando o linguístico (fatores internos ao código) do não linguístico (fatores externos, sociais, psicológicos, ambientais). No caminho explicativo da Biologia do Conhecer, o comportamento guia as mudanças estruturais, e não o inverso. A linhagem humana se constitui na deriva histórica (evolutiva e ontogênica) das coordenações de ações, um domínio linguístico comportamental em que se conserva o fenótipo ontogênico humano. Esse outro modo de ver a relação entre comportamento e fisiologia nos permite considerar historicamente não só o estabelecimento de domínios linguísticos, mas a formação dos sistemas sociais, humanos ou não, incluindo coderivas ontogênicas, que envolvem as relações entre humanos e outros organismos, em socialidades multiespécies.
{"title":"DOMÍNIO LINGUÍSTICO E SISTEMAS SOCIAIS MULTIESPÉCIES","authors":"Beto Vianna","doi":"10.21665/2318-3888.v11n22p76-93","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v11n22p76-93","url":null,"abstract":"Os linguistas sempre debateram a ontologia da diversidade linguística humana, se é o produto superficial de uma capacidade biológica ou psicológica comum, ou se é inerente às necessidades comunicacionais e experiências socioculturais da nossa espécie. Em ambos os casos, privilegia-se o código linguístico como locus de investigação, um modelo em que a linguagem é gerada por uma fisiologia ou uma cognição humanas, separando o linguístico (fatores internos ao código) do não linguístico (fatores externos, sociais, psicológicos, ambientais). No caminho explicativo da Biologia do Conhecer, o comportamento guia as mudanças estruturais, e não o inverso. A linhagem humana se constitui na deriva histórica (evolutiva e ontogênica) das coordenações de ações, um domínio linguístico comportamental em que se conserva o fenótipo ontogênico humano. Esse outro modo de ver a relação entre comportamento e fisiologia nos permite considerar historicamente não só o estabelecimento de domínios linguísticos, mas a formação dos sistemas sociais, humanos ou não, incluindo coderivas ontogênicas, que envolvem as relações entre humanos e outros organismos, em socialidades multiespécies.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"21 11","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139864367","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-04DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p331-344
Erna Barros
A proposta deste artigo se volta a uma leitura do graffiti enquanto fenômeno urbano em diálogo com a estrutura da cidade como espaço de disputas a partir de uma perspectiva de gênero, buscando contribuir para uma discussão sobre o transitar das mulheres pelo ambiente público “por sobre os ombros” de grafiteiras que ressignificam estes espaços, apoiadas na representação de entendimentos sobre uma cidade pensada e planejada segundo uma ideia de universalidade do humano, ou seja, uma perspectiva hegemônica do masculino em detrimento do feminino. O texto busca refletir sobre a experiência das grafiteiras na Grande Aracaju, a partir de relatos apreendidos durante saídas para grafitar, junto a suas práticas cotidianas. Nesse contexto questões como o medo da cidade e a hostilidade de gênero são analisadas como formas de experimentar a cidade, compartilhando assim algumas impressões dessas saídas, apresentando as falas de algumas interlocutoras junto às impressões da autora sobre os caminhos que percorremos na cidade.
{"title":"A EXPERIÊNCIA DO FEMININO FRENTE ÀS HOSTILIDADES DA CIDADE","authors":"Erna Barros","doi":"10.21665/2318-3888.v9n18p331-344","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v9n18p331-344","url":null,"abstract":"A proposta deste artigo se volta a uma leitura do graffiti enquanto fenômeno urbano em diálogo com a estrutura da cidade como espaço de disputas a partir de uma perspectiva de gênero, buscando contribuir para uma discussão sobre o transitar das mulheres pelo ambiente público “por sobre os ombros” de grafiteiras que ressignificam estes espaços, apoiadas na representação de entendimentos sobre uma cidade pensada e planejada segundo uma ideia de universalidade do humano, ou seja, uma perspectiva hegemônica do masculino em detrimento do feminino. O texto busca refletir sobre a experiência das grafiteiras na Grande Aracaju, a partir de relatos apreendidos durante saídas para grafitar, junto a suas práticas cotidianas. Nesse contexto questões como o medo da cidade e a hostilidade de gênero são analisadas como formas de experimentar a cidade, compartilhando assim algumas impressões dessas saídas, apresentando as falas de algumas interlocutoras junto às impressões da autora sobre os caminhos que percorremos na cidade.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"126 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-03-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125682189","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-16DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p297-330
Luiz Felipe Zago, Matheus Henrique Da Fonseca de Oliveira
Este artigo descreve e analisa as formas de crítica à imprensa e ataque à identidade profissional de jornalistas existentes em tweets de Jair Bolsonaro e seus três filhos, Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro. O objetivo é descrever e analisar as críticas à imprensa e os ataques à identidade profissional de jornalistas publicadas nos seus respectivos perfis. Foram arquivadas 621 postagens feitas pelos políticos nos primeiros 15 dias de março de 2020, das quais 135 apresentaram conteúdos pertinentes ao recorte temático proposto. A análise aponta o protagonismo exercido pelas redes sociais digitais na mediação do debate público político. Resgata as relações que têm sido estabelecidas historicamente no Brasil entre o poder político e a imprensa, sobretudo no que toca à identidade profissional dos jornalistas. Reflete sobre a imprensa como instituição que historicamente ocupou o papel de Poder Moderador e supostamente garantidor da democracia. A partir da observação do conteúdo dos tweets arquivados, este trabalho identificou três finalidades principais nas publicações do clã: atacar a imprensa tradicional em geral, atacar veículos de comunicação específicos e atacar individualmente jornalistas. Constatou-se que o presidente e seus filhos tentam esvaziar a credibilidade da imprensa e atuam para fazer de seus perfis nas redes sociais os únicos meios fidedignos para informar a população sobre política.
{"title":"“CHORA, JORNALISTA”","authors":"Luiz Felipe Zago, Matheus Henrique Da Fonseca de Oliveira","doi":"10.21665/2318-3888.v9n18p297-330","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v9n18p297-330","url":null,"abstract":"Este artigo descreve e analisa as formas de crítica à imprensa e ataque à identidade profissional de jornalistas existentes em tweets de Jair Bolsonaro e seus três filhos, Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro. O objetivo é descrever e analisar as críticas à imprensa e os ataques à identidade profissional de jornalistas publicadas nos seus respectivos perfis. Foram arquivadas 621 postagens feitas pelos políticos nos primeiros 15 dias de março de 2020, das quais 135 apresentaram conteúdos pertinentes ao recorte temático proposto. A análise aponta o protagonismo exercido pelas redes sociais digitais na mediação do debate público político. Resgata as relações que têm sido estabelecidas historicamente no Brasil entre o poder político e a imprensa, sobretudo no que toca à identidade profissional dos jornalistas. Reflete sobre a imprensa como instituição que historicamente ocupou o papel de Poder Moderador e supostamente garantidor da democracia. A partir da observação do conteúdo dos tweets arquivados, este trabalho identificou três finalidades principais nas publicações do clã: atacar a imprensa tradicional em geral, atacar veículos de comunicação específicos e atacar individualmente jornalistas. Constatou-se que o presidente e seus filhos tentam esvaziar a credibilidade da imprensa e atuam para fazer de seus perfis nas redes sociais os únicos meios fidedignos para informar a população sobre política.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"131325588","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-16DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p278-296
H. Aragão
Analisaremos o romance O grande mentecapto: relato das aventuras e desventuras de Viramundo e de suas inenarráveis peregrinações (1979), de Fernando Sabino. O objetivo deste artigo é demonstrar algumas das várias faces da violência na cultura brasileira. Através da narrativa literária, perceberemos que as violências, no Brasil, são operadas contra determinados grupos sociais, historicamente invisibilizados e sistematicamente violentados desde os primórdios da nação. Se o método de análise literária é de recorte sociológico, a consideração final conduz-nos à multiplicidade de violências do Brasil e que podem e eventualmente devem ser modificadas, a partir da consciência e engajamento propiciados pela narrativa literária em questão.
{"title":"CORPOS QUE SURRAM E SÃO SURRADOS","authors":"H. Aragão","doi":"10.21665/2318-3888.v9n18p278-296","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v9n18p278-296","url":null,"abstract":"Analisaremos o romance O grande mentecapto: relato das aventuras e desventuras de Viramundo e de suas inenarráveis peregrinações (1979), de Fernando Sabino. O objetivo deste artigo é demonstrar algumas das várias faces da violência na cultura brasileira. Através da narrativa literária, perceberemos que as violências, no Brasil, são operadas contra determinados grupos sociais, historicamente invisibilizados e sistematicamente violentados desde os primórdios da nação. Se o método de análise literária é de recorte sociológico, a consideração final conduz-nos à multiplicidade de violências do Brasil e que podem e eventualmente devem ser modificadas, a partir da consciência e engajamento propiciados pela narrativa literária em questão.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130825166","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-16DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p345-362
Gustavo Guedes Brigante (Tradutor)
Em nossas discussões acerca do tema de fluidos sólidos, constantemente recorremos a palavras cotidianas, várias delas de derivação anciã e ricas em associação. Nós decidimos fazer uma lista de algumas das palavras que surgiram com maior frequência – exceto aquelas que já figuram como protagonistas das contribuições individuais – e distribuir entre nós a tarefa de escrever um tipo de mini-biografia para cada. O léxico resultante com 19 entradas, variando de ‘nuvem’ e ‘concreto’ para ‘onda’ e ‘madeira’, serve como uma conclusão para a coleção como um todo. Tradução de “A Solid Fluid Lexicon”, publicado originalmente em SAGE Journals, DOI: https://doi.org/10.1177/02632764211030976, 2021, em inglês, se enquadra nos termos do licenciamento gratuito, sem necessidade de autorização formal, previsto pela Creative Commons. A licença, sob a sigla CC BY-NC 4.0 (“Creative Commons by noncomercial use” - https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/), abrange artigos “abertos” da SAGE Journals e contempla apenas traduções cujas finalidades não sejam comerciais, desde que a fonte e licença sejam explicitadas no documento traduzido. Traduzido por Gustavo Guedes Brigante, Doutorando em Ciências Sociais (UFRN) e Mestre em Ciências Sociais (PUC/SP).
{"title":"UM LÉXICO DE FLUIDOS SÓLIDOS","authors":"Gustavo Guedes Brigante (Tradutor)","doi":"10.21665/2318-3888.v9n18p345-362","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v9n18p345-362","url":null,"abstract":"Em nossas discussões acerca do tema de fluidos sólidos, constantemente recorremos a palavras cotidianas, várias delas de derivação anciã e ricas em associação. Nós decidimos fazer uma lista de algumas das palavras que surgiram com maior frequência – exceto aquelas que já figuram como protagonistas das contribuições individuais – e distribuir entre nós a tarefa de escrever um tipo de mini-biografia para cada. O léxico resultante com 19 entradas, variando de ‘nuvem’ e ‘concreto’ para ‘onda’ e ‘madeira’, serve como uma conclusão para a coleção como um todo. \u0000 \u0000Tradução de “A Solid Fluid Lexicon”, publicado originalmente em SAGE Journals, DOI: https://doi.org/10.1177/02632764211030976, 2021, em inglês, se enquadra nos termos do licenciamento gratuito, sem necessidade de autorização formal, previsto pela Creative Commons. A licença, sob a sigla CC BY-NC 4.0 (“Creative Commons by noncomercial use” - https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/), abrange artigos “abertos” da SAGE Journals e contempla apenas traduções cujas finalidades não sejam comerciais, desde que a fonte e licença sejam explicitadas no documento traduzido. Traduzido por Gustavo Guedes Brigante, Doutorando em Ciências Sociais (UFRN) e Mestre em Ciências Sociais (PUC/SP).","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"57 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116132367","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-15DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p74-108
Lara Lima Satler, Beatriz De Almeida Prado
A cultura digital vem se mostrando uma alternativa viável e mais acessível para muitas mulheres, jovens e adolescentes, se comunicarem e se organizarem coletivamente a partir do tema corpo. Páginas e grupos que trazem relatos de experiências e questionamentos em redes sociais como o YouTube, Facebook e o Instagram vem aumentando em número e importância, facilitando a troca de conhecimento, a partilha de vivências e a ajuda mútua entre mulheres em um ambiente que é caracterizado principalmente pela possibilidade de interatividade. Reconhecendo que a mensagem veiculada na internet pode repercutir na vida e na autoestima de pessoas dentro e fora do ambiente digital tanto de maneira positiva como negativa, a presente pesquisa se propõe a investigar sobre a recepção das performances de Tour Pelo Meu Corpo, que são produzidas Luíza Junqueira e Ellora Haonne no YouTube. Objetiva-se compreender como estas se articulam à autoimagem corporal de seus públicos e de que maneira os processos de aceitação corporal podem se modificar a partir destas performances. Trata de uma pesquisa qualitativa, que utiliza-se da etnografia de mídia com Christine Hine para a produção de dados e busca categorizar os resultados obtidos a partir do modelo de codificação e decodificação de Stuart Hall. Por resultado percebe-se que, ao tornarem os vídeos da tag "tour pelo meu corpo" públicos, suas reflexões iniciam um questionamento ativista contra um único modelo de corpo magro como ideal.
{"title":"ATIVISMO ONLINE","authors":"Lara Lima Satler, Beatriz De Almeida Prado","doi":"10.21665/2318-3888.v9n18p74-108","DOIUrl":"https://doi.org/10.21665/2318-3888.v9n18p74-108","url":null,"abstract":"A cultura digital vem se mostrando uma alternativa viável e mais acessível para muitas mulheres, jovens e adolescentes, se comunicarem e se organizarem coletivamente a partir do tema corpo. Páginas e grupos que trazem relatos de experiências e questionamentos em redes sociais como o YouTube, Facebook e o Instagram vem aumentando em número e importância, facilitando a troca de conhecimento, a partilha de vivências e a ajuda mútua entre mulheres em um ambiente que é caracterizado principalmente pela possibilidade de interatividade. Reconhecendo que a mensagem veiculada na internet pode repercutir na vida e na autoestima de pessoas dentro e fora do ambiente digital tanto de maneira positiva como negativa, a presente pesquisa se propõe a investigar sobre a recepção das performances de Tour Pelo Meu Corpo, que são produzidas Luíza Junqueira e Ellora Haonne no YouTube. Objetiva-se compreender como estas se articulam à autoimagem corporal de seus públicos e de que maneira os processos de aceitação corporal podem se modificar a partir destas performances. Trata de uma pesquisa qualitativa, que utiliza-se da etnografia de mídia com Christine Hine para a produção de dados e busca categorizar os resultados obtidos a partir do modelo de codificação e decodificação de Stuart Hall. Por resultado percebe-se que, ao tornarem os vídeos da tag \"tour pelo meu corpo\" públicos, suas reflexões iniciam um questionamento ativista contra um único modelo de corpo magro como ideal. \u0000 ","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"43 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"125036793","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-15DOI: 10.21665/2318-3888.v9n18p05-15
João Dantas dos Anjos Neto, Marcio Markendorf, Marisa Martins Gama-Khalil
Os 60 anos da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) impendem uma reflexão histórica. Em primeiro lugar, diante do só feito de completarem seis décadas de publicações históricas, que cristalizam o mais acurado pensamento crítico e reflexivo acerca da educação nacional, como é possível perceber a partir dos textos publicados nesta edição comemorativa. Em segundo lugar, porque pensar a educação é uma exigência nacional premente: a sociedade brasileira não tem, ainda, a educação como pauta de discussão urgente – pelo menos não na medida necessária, como necessidade social e economicamente incontornável, como inadiável projeto de país. Não é trivial, em tais circunstâncias, que um periódico especializado na questão educacional sobreviva, por sessenta anos, ante o emudecimento generalizado da sociedade perante a questão educacional no País. E o que vem a ser a questão educacional do País? A questão educacional advém da insistência do país em permanecer, geração após geração, como campeão mundial em desigualdade social: o Brasil é um país continental, democrático, industrializado e exportador, com os piores indicadores sociais do mundo, superado apenas por certos países africanos devastados por longas guerras civis. A educação tanto pode ser um veículo de distribuição de renda e de desenvolvimento social e econômico quanto um mecanismo de concentração de renda e de entrave ao trabalho, à pesquisa e ao investimento. A questão educacional do País diz respeito, assim, à formulação de uma agenda para o desenvolvimento nacional a partir da educação. No ano 2002 o País apresentava uma taxa de analfabetismo de cerca de 11,8% na faixa etária de jovens acima de 15 anos, quando esse índice é de apenas 3,2% na Argentina, 4,2% no Chile e 8,8% no México. Considerando os diferentes segmentos da população, as desigualdades se acentuam, e verificamos que a taxa de analfabetismo entre negros e pardos é duas vezes superior à dos brancos; entre os que moram na zona rural é três vezes maior que a verificada na população urbana; e, finalmente, entre os que ganham até um salário mínimo, a taxa é vinte vezes maior que entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Apenas 9,4% das crianças de até 3 anos de idade possuem atendimento escolar (quando o Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001, aponta para um atendimento de 50% em 10 anos) e, na faixa de 4 a 6 anos, este índice é de 61,4%. Mesmo na faixa etária obrigatória (de 7 a 14 anos), temos ainda cerca de 1 milhão de crianças fora da escola. Na faixa de 15 a 17 anos, cuja meta é a universalização, a taxa de atendimento é de 83%. Na educação superior, a situação não é melhor: apenas 9% dos jovens a ela têm acesso, e aproximadamente um terço destes, a estabelecimentos públicos.
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