Pub Date : 2022-08-11DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42401
K. Adorno, Raquel Trentin Oliveira
Objetivamos, no presente artigo, refletir sobre a concepção do ato de narrar representada pela personagem Raimundo Silva, em História do cerco de Lisboa, de José Saramago. Para isso, buscamos pensar sobre como Raimundo Silva lê as suas experiências antes e depois do seu ato infrator, de colocar um “não no lugar de um “sim” em um documento histórico já consagrado pela tradição. A fim de evidenciar como a teoria pode servir para iluminar a literatura, aproximo-me do romance sob a chave de leitura da chamada teoria ricoeuriana de “A tríplice mimese”, pertencente à obra Tempo e Narrativa (1983 [1994]). Esse corpo teórico se torna importante por tratar da identidade narrativa, em que o ato de narrar, de “pôr-em-intriga” os acontecimentos, constitui a maneira pela qual o sujeito organiza as suas experiências práticas. Esse ponto pode vir a explicar a necessidade imperante de Raimundo Silva de modificar o texto de outrem e, assim, a sua própria identidade, cruzando os limites da sua função de corretor.
{"title":"A concepção do ato de narrar representada pela personagem Raimundo Silva, em História do cerco de Lisboa, de José Saramago","authors":"K. Adorno, Raquel Trentin Oliveira","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42401","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42401","url":null,"abstract":"Objetivamos, no presente artigo, refletir sobre a concepção do ato de narrar representada pela personagem Raimundo Silva, em História do cerco de Lisboa, de José Saramago. Para isso, buscamos pensar sobre como Raimundo Silva lê as suas experiências antes e depois do seu ato infrator, de colocar um “não no lugar de um “sim” em um documento histórico já consagrado pela tradição. A fim de evidenciar como a teoria pode servir para iluminar a literatura, aproximo-me do romance sob a chave de leitura da chamada teoria ricoeuriana de “A tríplice mimese”, pertencente à obra Tempo e Narrativa (1983 [1994]). Esse corpo teórico se torna importante por tratar da identidade narrativa, em que o ato de narrar, de “pôr-em-intriga” os acontecimentos, constitui a maneira pela qual o sujeito organiza as suas experiências práticas. Esse ponto pode vir a explicar a necessidade imperante de Raimundo Silva de modificar o texto de outrem e, assim, a sua própria identidade, cruzando os limites da sua função de corretor.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47400372","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-11DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.43049
Ana Maria Wertheimer
Para uma leitura reflexiva da obra de José Saramago, sobretudo dos romances construídos a partir de Levantado do chão até Ensaio sobre a cegueira, a teoria da carnavalização (elemento presente nas raízes do gênero romanesco, segundo os estudos de Mikhail Bakhtin) constitui um instrumento indispensável. Nesses romances, a teoria marxista da linguagem, desenvolvida pelo filósofo russo, articula-se com os intuitos ideológicos da prosa do celebrado escritor português. O presente artigo tem por objetivo analisar a carnavalização em Ensaio sobre a cegueira: a história de um inédito surto epidêmico que leva uma população à cegueira, com exceção de uma mulher que, não por acaso, é esposa de um médico oftalmologista. Pela voz do narrador onisciente, característico de José Saramago, e pela perspectiva da mulher do médico, são narrados acontecimentos que, para um leitor mais perspicaz, apontam para uma segunda voz, para um diálogo não finalizante, que dá margem a uma segunda interpretação ainda mais reveladora, o que está relacionado ao conceito de dialogismo. Com a virada do século XXI, Bakhtin e a teoria da carnavalização parecem ter sido superados pelas correntes pós-modernas; no entanto, Saramago continua a ser marxista, o que justifica uma investigação sobre aspectos carnavalescos em sua obra.
对于jose Saramago作品的反思性阅读,特别是从《Levantado do chao》到《Ensaio sobre a cegueira》的小说,狂欢化理论(根据巴赫金的研究,存在于小说流派的根源中的元素)是一个不可或缺的工具。在这些小说中,由俄罗斯哲学家发展起来的马克思主义语言理论与葡萄牙著名作家散文的意识形态目标相结合。这篇文章的目的是在一篇关于失明的文章中分析狂欢化:一个前所未有的流行病爆发的故事,导致一群人失明,除了一个女人,她不是偶然的,是眼科医生的妻子。Saramago无所不知的,典型的声音,和妻子的角度来看医生的事件,一个热心的读者都指向不finalizante对话的另一个声音,就能解释了第二个更透露,dialogismo概念有关。在21世纪初,巴赫金和狂欢化理论似乎被后现代潮流所超越;然而,萨拉马戈仍然是马克思主义者,这证明了对他作品中的狂欢方面的调查是合理的。
{"title":"A teoria da carnavalização e o romance Ensaio sobre a cegueira – ou por que ler Saramago","authors":"Ana Maria Wertheimer","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.43049","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.43049","url":null,"abstract":"Para uma leitura reflexiva da obra de José Saramago, sobretudo dos romances construídos a partir de Levantado do chão até Ensaio sobre a cegueira, a teoria da carnavalização (elemento presente nas raízes do gênero romanesco, segundo os estudos de Mikhail Bakhtin) constitui um instrumento indispensável. Nesses romances, a teoria marxista da linguagem, desenvolvida pelo filósofo russo, articula-se com os intuitos ideológicos da prosa do celebrado escritor português. O presente artigo tem por objetivo analisar a carnavalização em Ensaio sobre a cegueira: a história de um inédito surto epidêmico que leva uma população à cegueira, com exceção de uma mulher que, não por acaso, é esposa de um médico oftalmologista. Pela voz do narrador onisciente, característico de José Saramago, e pela perspectiva da mulher do médico, são narrados acontecimentos que, para um leitor mais perspicaz, apontam para uma segunda voz, para um diálogo não finalizante, que dá margem a uma segunda interpretação ainda mais reveladora, o que está relacionado ao conceito de dialogismo. Com a virada do século XXI, Bakhtin e a teoria da carnavalização parecem ter sido superados pelas correntes pós-modernas; no entanto, Saramago continua a ser marxista, o que justifica uma investigação sobre aspectos carnavalescos em sua obra.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67088685","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-07-11DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42979
Majda Bojić
O resgate do passado por meio da linguagem narrativa assim como a problematização do processo de criação literária são assuntos recorrentes dos romances de Ana Maria Machado que instigam ao debate sobre a fronteira entre o real e o imaginário, ficção e realidade, memória e imaginação, verdade e mentira. Este trabalho pretende analisar o romance A audácia dessa mulher a partir dos procedimentos narrativos que levamos em consideração enquanto sinais de ficcionalidade presentes no romance. A partir dessas ocorrências discutem-se as noções da referencialidade, motivação narrativa, verosimilhança e verdade ficcional. Enfoque especial será colocado na análise do narrador. Na elaboração do trabalho, contamos com o apoio de textos teóricos de Mieke Bal e Michael Riffaterre que abordam a questão da ficcionalidade em textos narrativos.
{"title":"“Nessas águas moventes onde se cruzam ficção e realidade”","authors":"Majda Bojić","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42979","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42979","url":null,"abstract":"O resgate do passado por meio da linguagem narrativa assim como a problematização do processo de criação literária são assuntos recorrentes dos romances de Ana Maria Machado que instigam ao debate sobre a fronteira entre o real e o imaginário, ficção e realidade, memória e imaginação, verdade e mentira. Este trabalho pretende analisar o romance A audácia dessa mulher a partir dos procedimentos narrativos que levamos em consideração enquanto sinais de ficcionalidade presentes no romance. A partir dessas ocorrências discutem-se as noções da referencialidade, motivação narrativa, verosimilhança e verdade ficcional. Enfoque especial será colocado na análise do narrador. Na elaboração do trabalho, contamos com o apoio de textos teóricos de Mieke Bal e Michael Riffaterre que abordam a questão da ficcionalidade em textos narrativos. ","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-07-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46989997","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-07-11DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42974
Natália Kanashiro de Medeiras
Este artigo tem como objetivo identificar alguns aspectos críticos, representados por meio do topos do mundo às avessas, em As intermitências da morte, de José Saramago. A narrativa do romance apresenta um fato inusitado: o desaparecimento da morte. Diante deste acontecimento absurdo, as personagens apresentam um estado enérgico e eufórico com a perspectiva de viverem na eternidade, entretanto, é neste momento que as expectativas narradas na obra são fraturadas, visto que se depararam com a continuidade dos aspectos problemáticos inerentes ao ser humano: a velhice, a doença, a omissão das instituições e, por último, o caráter narcísico do homem. Em consideração a isso, a realização da análise literária deste estudo foi subsidiada pelo diálogo teórico com os autores: Ariès (2012), Becker (1973), Bloom (2005), Berman (1986), Berrini (1998), Calbucci (1999), Gerth (1977), Hodgart (1969), Huizinga (2015) e Soethe (1998). Em suma, a investigação deste estudo sugere como resultado a utilização de recursos particularmente expressivos, como o mundo às avessas, para os comentários críticos na construção da narrativa saramaguiana, com vistas a realizar denúncias sociais.
{"title":"Entre a realidade e o absurdo","authors":"Natália Kanashiro de Medeiras","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42974","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42974","url":null,"abstract":"Este artigo tem como objetivo identificar alguns aspectos críticos, representados por meio do topos do mundo às avessas, em As intermitências da morte, de José Saramago. A narrativa do romance apresenta um fato inusitado: o desaparecimento da morte. Diante deste acontecimento absurdo, as personagens apresentam um estado enérgico e eufórico com a perspectiva de viverem na eternidade, entretanto, é neste momento que as expectativas narradas na obra são fraturadas, visto que se depararam com a continuidade dos aspectos problemáticos inerentes ao ser humano: a velhice, a doença, a omissão das instituições e, por último, o caráter narcísico do homem. Em consideração a isso, a realização da análise literária deste estudo foi subsidiada pelo diálogo teórico com os autores: Ariès (2012), Becker (1973), Bloom (2005), Berman (1986), Berrini (1998), Calbucci (1999), Gerth (1977), Hodgart (1969), Huizinga (2015) e Soethe (1998). Em suma, a investigação deste estudo sugere como resultado a utilização de recursos particularmente expressivos, como o mundo às avessas, para os comentários críticos na construção da narrativa saramaguiana, com vistas a realizar denúncias sociais.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"24 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-07-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67088388","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-07-11DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42476
V. Campos
Neste artigo, faz-se a análise dos narradores de Memorial do Convento e A Viagem do Elefante, de José Saramago, por meio da comparação entre os métodos narrativos que aproximam leitor e narradores. Em comum, há a recorrência a recursos estilísticos, como a metalinguagem e as marcas da oralidade, que buscam estabelecer uma comunicação com o leitor. No entanto, em Memorial do Convento, encontra-se um escritor de fôlego, cujas estratégias exigem repertório e releitura. Em A Viagem do Elefante, a linguagem é menos sofisticada e as reflexões do narrador vão além da consciência crítica, pois ele explica os fatos e correlaciona-os, a fim de ampliar o alcance de sua mensagem. Para a realização das análises, utiliza-se amparo crítico de Hutcheon (1991), Adorno (2008), Bakhtin (2010), Benjamin (2010), Genette (1979) e Friedman (2002), assim como de parte da fortuna crítica dedicada às metaficções historiográficas de Saramago, principalmente Cerdeira (2018), Raoni (2002) e Cruz (2013).
在这篇文章中,我们通过比较拉近读者和叙述者距离的叙事方法,分析了JoséSaramago的《Memorial do Convento》和《A Viagem do Elefante》的叙述者。共同的是,文体资源的重复,如元语言和口语标记,这些资源试图与读者建立沟通。然而,在Memorial do Convento中,有一位呼吸作家,他的策略需要曲目和重读。在《大象的旅程》中,语言不那么复杂,叙述者的思考超出了批判性意识,他解释了事实并将其关联起来,以扩大他的信息范围。为了进行分析,我们使用了Hutcheon(1991)、Adorno(2008)、Bakhtin(2010)、Benjamin(2010),Genette(1979)和Friedman(2002)的批判性支持,以及萨拉马戈历史元小说的部分批判性财富,主要是Cerdeira(2018)、Raoni(2002)和Cruz(2013)。
{"title":"Narradores e seus leitores em Memorial do Convento e A Viagem do Elefante","authors":"V. Campos","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42476","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42476","url":null,"abstract":"Neste artigo, faz-se a análise dos narradores de Memorial do Convento e A Viagem do Elefante, de José Saramago, por meio da comparação entre os métodos narrativos que aproximam leitor e narradores. Em comum, há a recorrência a recursos estilísticos, como a metalinguagem e as marcas da oralidade, que buscam estabelecer uma comunicação com o leitor. No entanto, em Memorial do Convento, encontra-se um escritor de fôlego, cujas estratégias exigem repertório e releitura. Em A Viagem do Elefante, a linguagem é menos sofisticada e as reflexões do narrador vão além da consciência crítica, pois ele explica os fatos e correlaciona-os, a fim de ampliar o alcance de sua mensagem. Para a realização das análises, utiliza-se amparo crítico de Hutcheon (1991), Adorno (2008), Bakhtin (2010), Benjamin (2010), Genette (1979) e Friedman (2002), assim como de parte da fortuna crítica dedicada às metaficções historiográficas de Saramago, principalmente Cerdeira (2018), Raoni (2002) e Cruz (2013).","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-07-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49162781","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-01DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42461
Mariana Perizzolo Lencina, W. Fioruci
O presente artigo identifica nas características da produção ficcional de José Saramago em sua fase finissecular uma preocupação maior com a linguagem, sugerindo, então, que ela passa a ocupar o lugar central que antes era do discurso histórico em seus romances. A partir disso, a análise se debruça sobre a obra Todos os Nomes, de 1997, na qual é possível supor diálogos entre o narrador de Saramago e as constituições narrativas de Borges, além de outras reflexões filosóficas de autores como Roland Barthes, Jacques Derrida e Michel Foucault. A principal reflexão a que este artigo se dedica é sobre a possível preocupação de Saramago em relação ao problema da representação do real pela linguagem.
本文从jose Saramago的小说创作的特点中发现了对语言的更大关注,从而表明语言在他的小说中占据了历史话语的中心位置。在此基础上,本文以1997年的《Todos os Nomes》为研究对象,探讨萨拉马戈的叙述者与博尔赫斯的叙事构成之间的对话,以及罗兰·巴特、雅克·德里达和米歇尔·福柯等作家的其他哲学思考。本文的主要反思是关于萨拉马戈可能对语言表征现实问题的关注。
{"title":"O problema da representação do Real em Todos os Nomes","authors":"Mariana Perizzolo Lencina, W. Fioruci","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42461","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42461","url":null,"abstract":"O presente artigo identifica nas características da produção ficcional de José Saramago em sua fase finissecular uma preocupação maior com a linguagem, sugerindo, então, que ela passa a ocupar o lugar central que antes era do discurso histórico em seus romances. A partir disso, a análise se debruça sobre a obra Todos os Nomes, de 1997, na qual é possível supor diálogos entre o narrador de Saramago e as constituições narrativas de Borges, além de outras reflexões filosóficas de autores como Roland Barthes, Jacques Derrida e Michel Foucault. A principal reflexão a que este artigo se dedica é sobre a possível preocupação de Saramago em relação ao problema da representação do real pela linguagem.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"96 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67088105","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-01DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42966
Pedro Brum Santos
A presente reflexão objetiva apontar componentes textuais para ilustrar modos de funcionamento do discurso na narrativa de José Saramago. Papel do autor, posição do narrador, ordenações temporais, amarrações tropológicas e atualização da modalidade romance histórico, dentre outros aspectos, como se procura demonstrar, colocam-se em ordem de uma diversidade de recursos que concorrem para a pluralidade de sentidos, objeto e efeito de vigor artístico e alcance abrangente.
{"title":"A harmonia possível das coisas","authors":"Pedro Brum Santos","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42966","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42966","url":null,"abstract":"A presente reflexão objetiva apontar componentes textuais para ilustrar modos de funcionamento do discurso na narrativa de José Saramago. Papel do autor, posição do narrador, ordenações temporais, amarrações tropológicas e atualização da modalidade romance histórico, dentre outros aspectos, como se procura demonstrar, colocam-se em ordem de uma diversidade de recursos que concorrem para a pluralidade de sentidos, objeto e efeito de vigor artístico e alcance abrangente.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67088264","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-22DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.42101
A. Botton
Nesta entrevista, o escritor gaúcho José Falero, autor do livro de contos Vila Sapo (2019), do romance Os supridores (2020) e do livro de crônicas Mas em que mundo tu vive? (2021), resgata aspectos de sua vida, relembra diversas experiências e a sua relação estabelecida com o espaço urbano de Porto Alegre; além disso, também expõe como se dá o seu processo de escrita e apresenta suas principais influências de leitura. Com isso, o objetivo desse diálogo é estabelecer um espaço possível de escuta de um agente emergente no campo literário brasileiro e que tem se consolidado nesse meio como um dos mais relevantes escritores na contemporaneidade. Desse modo, José Falero traz em suas respostas importantes reflexões sobre o contexto social brasileiro, sobre sua prática de escrita, sobre a literatura brasileira e sua visão de mundo.
在这次采访中,作家JoséFalero,短篇小说《Vila Sapo》(2019)、小说《Os supridores》(2020)和编年史《Mas em que mundo tu vive?(2021),拯救了他生活的方方面面,回忆了几次经历及其与阿雷格里港城市空间建立的关系;此外,还揭示了它的写作过程,以及它对阅读的主要影响。因此,这次对话的目的是建立一个可能的空间,倾听巴西文学领域一位新兴的代理人的意见,这位代理人在这种环境下巩固了当代最相关的作家之一的地位。因此,JoséFalero在他的回答中对巴西的社会背景、他的写作实践、巴西文学和他的世界观进行了重要的反思。
{"title":"Uma entrevista com o escritor José Falero","authors":"A. Botton","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.42101","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42101","url":null,"abstract":"Nesta entrevista, o escritor gaúcho José Falero, autor do livro de contos Vila Sapo (2019), do romance Os supridores (2020) e do livro de crônicas Mas em que mundo tu vive? (2021), resgata aspectos de sua vida, relembra diversas experiências e a sua relação estabelecida com o espaço urbano de Porto Alegre; além disso, também expõe como se dá o seu processo de escrita e apresenta suas principais influências de leitura. Com isso, o objetivo desse diálogo é estabelecer um espaço possível de escuta de um agente emergente no campo literário brasileiro e que tem se consolidado nesse meio como um dos mais relevantes escritores na contemporaneidade. Desse modo, José Falero traz em suas respostas importantes reflexões sobre o contexto social brasileiro, sobre sua prática de escrita, sobre a literatura brasileira e sua visão de mundo.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49173424","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-22DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.35687
Talita Jordina Rodrigues
Este trabalho pretende estabelecer um diálogo entre temas e autores que aparentemente não pertencem a um mesmo grupo, ou seja, não se relacionam de maneira natural. Os temas são a lógica e a literatura e os autores são Jorge Luis Borges e José Saramago. A discussão proposta parte de uma conferência do autor português a respeito do autor argentino, intitulada Algumas provas da existência real de Herbert Quain. A partir de uma análise detalhada desse texto, é possível observar que ele vai muito além daquilo que aparentemente se propõe: fazer uma homenagem a um autor e sua obra. Na verdade, o que Saramago faz de maneira engenhosa é tomar elementos propriamente borgeanos para falar a respeito de Borges, ou seja, sua homenagem não se restringe ao plano semântico, mas também se apresenta na forma. Incluindo ferramentas argumentativas da matemática e da filosofia, temas muito caros a Borges, Saramago constrói uma espécie de jogo no qual emergem discussões que vão da relação pouco natural entre as ciências exatas e humanas até os trânsitos entre os universos do real e do ficcional.
{"title":"Isto não é um ensaio","authors":"Talita Jordina Rodrigues","doi":"10.15448/1983-4276.2022.1.35687","DOIUrl":"https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.35687","url":null,"abstract":"Este trabalho pretende estabelecer um diálogo entre temas e autores que aparentemente não pertencem a um mesmo grupo, ou seja, não se relacionam de maneira natural. Os temas são a lógica e a literatura e os autores são Jorge Luis Borges e José Saramago. A discussão proposta parte de uma conferência do autor português a respeito do autor argentino, intitulada Algumas provas da existência real de Herbert Quain. A partir de uma análise detalhada desse texto, é possível observar que ele vai muito além daquilo que aparentemente se propõe: fazer uma homenagem a um autor e sua obra. Na verdade, o que Saramago faz de maneira engenhosa é tomar elementos propriamente borgeanos para falar a respeito de Borges, ou seja, sua homenagem não se restringe ao plano semântico, mas também se apresenta na forma. Incluindo ferramentas argumentativas da matemática e da filosofia, temas muito caros a Borges, Saramago constrói uma espécie de jogo no qual emergem discussões que vão da relação pouco natural entre as ciências exatas e humanas até os trânsitos entre os universos do real e do ficcional.","PeriodicalId":52736,"journal":{"name":"Navegacoes Revista de Cultura e Literaturas de Lingua Portuguesa","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"67088433","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-03-08DOI: 10.15448/1983-4276.2022.1.41459
Denise Rocha
O objetivo desse estudo é analisar no conto “A-Chan, a tancareira” (1950), de Henrique de Senna Fernandes (1923-2010), a condição de mestiça de Mei-Lai, loira e de olhos claros, filha de um português e de uma chinesa, que nasceu em Macau, no final da Guerra do Pacífico. A mãe da criança foi vendida pelos pais aos 6 anos de idade, para ser escrava doméstica (mui- chai) de uma tirana, que a ofertou à dona de um tancar, uma pequena embarcação de transporte de pessoas e mercadorias, na região do Porto Interior. No bairro flutuante macaense, a serva, frequentemente espancada, aprendeu o duro ofício e foi alforriada pela sua proprietária, de quem herdou o barco. Em 1944, o poder do acaso, cristalizado no pedido de Manuel, marinheiro da canhoneira Macau, para deslocamento pessoal dele, transformou a vida da jovem masculinizada, que tinha braços musculosos e mãos calejadas, mas era de natureza sensível e delicada. A narrativa do escritor macaense, que aborda a difícil situação dos pais e de Mei-Lai, que tinha traços europeus (eurasiana), em uma sociedade taoísta, colonizada por Portugal, será analisada segundo as reflexões sobre a identidade macaense, a mestiçagem e o estigma (Goffman).
本研究的目的是在Henrique de Senna Fernandes(1923-2010)的短篇小说《阿禅,一个坦卡雷拉》(1950)中,分析太平洋战争结束时出生在澳门的一个葡萄牙人和一个中国人的女儿,金发碧眼的梅莱的状况。孩子的母亲在6岁时被父母卖给了一位暴君,成为一名家庭奴隶(mui-chai),暴君将她交给了内港地区一艘运送人员和货物的油轮的所有者。在漂浮的澳门社区,这位经常挨打的仆人学会了这门硬手艺,并被船主释放,她从船主那里继承了这艘船。1944年,应澳门炮艇水手曼努埃尔(Manuel)因个人流离失所而提出的要求,机会的力量得以结晶,改变了这位男性化年轻女性的生活,她有着肌肉发达的手臂和长满老茧的手,但本质上敏感而细腻。这位澳门作家讲述了他的父母和具有欧洲(欧亚)特征的梅莱在葡萄牙殖民的道教社会中的艰难处境,并将根据对澳门人身份、混血和污名的反思进行分析(Goffman)。
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