Pub Date : 2023-06-16DOI: 10.22297/2316-17952023v12e02307
Lúcia Rottava, Antonio Márcio Da Silva
O estudo aborda as escolhas linguísticas presentes na reescrita de textos produzidos por aprendizes novatos em contexto acadêmico e pela ferramenta ChatGPT. Tem-se por objetivo analisar essas escolhas linguísticas a partir do sistema lógico-semântico de expansão (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) presentes em versões reescritas de um mesmo texto. De natureza qualitativa e interpretativa, o corpus é constituído pela escrita e a reescrita de uma estudante de primeiro semestre de graduação e três versões produzidas pelo ChatGPT, visando à comparação dessas ocorrências. A análise enfoca a natureza das mudanças nos complexos oracionais de todas as versões reescritas, buscando compreender quais mudanças no sistema lógico-semântico são recorrentes. Os resultados mostram que a expansão por intensificação é priorizada pelo ChatGPT através do acréscimo de modificadores, o que difere das escolhas da estudante. O ChatGPT segue um padrão, iniciando com orações paratáticas estendidas (1^+2) e dá continuidade com complexos oracionais elaborados hipotaticamente (α^ =β). O ChatGPT oferece respostas diferentes de acordo com o comando dado, numa tentativa de se assemelhar à reescrita, mas mostra dificuldade em produzir seguindo instruções extensas e reconhecer variáveis contidas no feedback. A contribuição diz respeito a entender como o ChatGPT lê as orientações disponibilizadas para reescrever um texto.
{"title":"Sistema lógico-semântico de expansão na reescrita de textos acadêmicos: escolhas linguísticas de uma estudante versus as escolhas do ChatGPT","authors":"Lúcia Rottava, Antonio Márcio Da Silva","doi":"10.22297/2316-17952023v12e02307","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/2316-17952023v12e02307","url":null,"abstract":"O estudo aborda as escolhas linguísticas presentes na reescrita de textos produzidos por aprendizes novatos em contexto acadêmico e pela ferramenta ChatGPT. Tem-se por objetivo analisar essas escolhas linguísticas a partir do sistema lógico-semântico de expansão (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) presentes em versões reescritas de um mesmo texto. De natureza qualitativa e interpretativa, o corpus é constituído pela escrita e a reescrita de uma estudante de primeiro semestre de graduação e três versões produzidas pelo ChatGPT, visando à comparação dessas ocorrências. A análise enfoca a natureza das mudanças nos complexos oracionais de todas as versões reescritas, buscando compreender quais mudanças no sistema lógico-semântico são recorrentes. Os resultados mostram que a expansão por intensificação é priorizada pelo ChatGPT através do acréscimo de modificadores, o que difere das escolhas da estudante. O ChatGPT segue um padrão, iniciando com orações paratáticas estendidas (1^+2) e dá continuidade com complexos oracionais elaborados hipotaticamente (α^ =β). O ChatGPT oferece respostas diferentes de acordo com o comando dado, numa tentativa de se assemelhar à reescrita, mas mostra dificuldade em produzir seguindo instruções extensas e reconhecer variáveis contidas no feedback. A contribuição diz respeito a entender como o ChatGPT lê as orientações disponibilizadas para reescrever um texto.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-06-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47705626","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Neste artigo, o objetivo é discutir alguns desafios contemporâneos para o ensino formal do vernáculo no ensino médio considerando a tendência monologizante do que se compreende como engajamento em redes sociais digitais. Para isto, assume-se a “participação mais plena dos jovens nas diferentes práticas socioculturais que envolvem o uso das linguagens” prevista na BNCC Ensino Médio de Língua Portuguesa como mote para problematização da latente contradição entre o que, do senso comum, compreende-se como “discurso do sujeito” e o que, do ponto de vista dialógico, se define como efetiva participação sociocultural, que instala sujeitos do discurso. A discussão está fundamentada no que se tem chamado Análise Dialógica do Discurso e é encaminhada em dois principais blocos. O primeiro constitui um breve ensaio acerca do primado histórico-social que subjaz ao quadro teórico mobilizado para definição do que se entende por língua/linguagem, enunciado concreto e sujeito do discurso. O segundo consiste numa reflexão especulativa em que se cotejam, por um lado, práticas contemporâneas de engajamento em redes sociais digitais e, por outro, o desafio para o ensino formal contribuir com a interação social responsável dos jovens nesse tipo de prática. A articulação desses dois blocos demonstra como o distanciamento do senso comum acerca do que seja “interagir socialmente” indica mecanismos enunciativo-discursivos para efetiva participação cultural. Assim, conclui-se que a BNCC para o vernáculo no ensino médio constitui não uma orientação prescritiva, mas uma diretriz propositiva que mira o compromisso ético dos atores implicados na esfera da educação formal.
{"title":"Quando o “discurso do sujeito” não instala o sujeito do discurso: desafios para a implementação da BNCC de língua vernácula no ensino médio","authors":"Anderson Salvaterra Magalhães","doi":"10.22297/dl.v11i0.3865","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/dl.v11i0.3865","url":null,"abstract":"Neste artigo, o objetivo é discutir alguns desafios contemporâneos para o ensino formal do vernáculo no ensino médio considerando a tendência monologizante do que se compreende como engajamento em redes sociais digitais. Para isto, assume-se a “participação mais plena dos jovens nas diferentes práticas socioculturais que envolvem o uso das linguagens” prevista na BNCC Ensino Médio de Língua Portuguesa como mote para problematização da latente contradição entre o que, do senso comum, compreende-se como “discurso do sujeito” e o que, do ponto de vista dialógico, se define como efetiva participação sociocultural, que instala sujeitos do discurso. A discussão está fundamentada no que se tem chamado Análise Dialógica do Discurso e é encaminhada em dois principais blocos. O primeiro constitui um breve ensaio acerca do primado histórico-social que subjaz ao quadro teórico mobilizado para definição do que se entende por língua/linguagem, enunciado concreto e sujeito do discurso. O segundo consiste numa reflexão especulativa em que se cotejam, por um lado, práticas contemporâneas de engajamento em redes sociais digitais e, por outro, o desafio para o ensino formal contribuir com a interação social responsável dos jovens nesse tipo de prática. A articulação desses dois blocos demonstra como o distanciamento do senso comum acerca do que seja “interagir socialmente” indica mecanismos enunciativo-discursivos para efetiva participação cultural. Assim, conclui-se que a BNCC para o vernáculo no ensino médio constitui não uma orientação prescritiva, mas uma diretriz propositiva que mira o compromisso ético dos atores implicados na esfera da educação formal.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49116774","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A teoria do aparelhamento ou primação lexical formulada pelo professor e pesquisador britânico Michael Hoey (Lexical priming: A new theory of words and language; Abingdon, UK: Routledge, 2005) propõe que a configuração das línguas resulta de processos mentais individuais alimentados por encontros entre indivíduos e palavras. Conforme a teoria, experiências prévias preparam, aparelham ou primam os usuários das línguas a empregar certas palavras e outros recursos linguísticos em determinados contextos, domínios e gêneros textuais. Este trabalho teve como objetivo explorar a relação entre aparelhamento psicológico (psychological priming) – elemento central da teoria – e variação disciplinar, com foco na escrita acadêmica em português. Para tanto, foram compilados dois corpora especializados. O primeiro é composto por 24 artigos publicados na Revista Paulista de Pediatria; o segundo, por 24 artigos da Revista de Administração de Empresas. Com o auxílio de ferramentas de programas de análise linguística, foram estudados aspectos colocacionais, semânticos e distributivos de duas palavras-chave comuns a ambos os corpora: estudo e pesquisa. Como resultado, observaram-se diferenças entre os dados de pediatria e administração. Todavia, ao passo que as diferenças relativas a pesquisa são bem marcadas, as diferenças relativas a estudo são um pouco mais sutis. Os resultados mostram a relevância do fator campo de conhecimento ou disciplina para o aparelhamento psicológico de autores de artigos acadêmicos em língua portuguesa. Ainda, indicam a existência de palavras mais e menos propensas a assumir comportamentos distintos em disciplinas diversas.
{"title":"Indícios de aparelhamento psicológico em artigos acadêmicos de pediatria e administração","authors":"R. D. Aragão","doi":"10.22297/dl.v11i0.3899","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/dl.v11i0.3899","url":null,"abstract":"A teoria do aparelhamento ou primação lexical formulada pelo professor e pesquisador britânico Michael Hoey (Lexical priming: A new theory of words and language; Abingdon, UK: Routledge, 2005) propõe que a configuração das línguas resulta de processos mentais individuais alimentados por encontros entre indivíduos e palavras. Conforme a teoria, experiências prévias preparam, aparelham ou primam os usuários das línguas a empregar certas palavras e outros recursos linguísticos em determinados contextos, domínios e gêneros textuais. Este trabalho teve como objetivo explorar a relação entre aparelhamento psicológico (psychological priming) – elemento central da teoria – e variação disciplinar, com foco na escrita acadêmica em português. Para tanto, foram compilados dois corpora especializados. O primeiro é composto por 24 artigos publicados na Revista Paulista de Pediatria; o segundo, por 24 artigos da Revista de Administração de Empresas. Com o auxílio de ferramentas de programas de análise linguística, foram estudados aspectos colocacionais, semânticos e distributivos de duas palavras-chave comuns a ambos os corpora: estudo e pesquisa. Como resultado, observaram-se diferenças entre os dados de pediatria e administração. Todavia, ao passo que as diferenças relativas a pesquisa são bem marcadas, as diferenças relativas a estudo são um pouco mais sutis. Os resultados mostram a relevância do fator campo de conhecimento ou disciplina para o aparelhamento psicológico de autores de artigos acadêmicos em língua portuguesa. Ainda, indicam a existência de palavras mais e menos propensas a assumir comportamentos distintos em disciplinas diversas.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-05-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47329898","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Neste artigo, filiados à Semântica do Acontecimento, elaborada por Eduardo Guimarães (2002; 2005; 2018), que considera que os sentidos são constituídos no enunciado, na relação de uma palavra com outra, analisamos a designação das palavras ‘normal’/‘anormal’ em um arquivo constituído por nove textos midiáticos de circulação no Brasil, publicados no período de 2000 a 2019, nos quais as palavras ‘normal’/‘anormal’ constam de suas formulações. O interesse de reflexão sobre o par de palavras (‘normal’/‘anormal’) encontra-se em compreender como os seus sentidos se constituem nos enunciados nos quais elas comparecem como qualitativo de ser humano, e de que forma esses sentidos dialogam com a historicidade dos sentidos de ‘normalidade’. Os sentidos de tais palavras têm ganhado o cotidiano do brasileiro para designar diversas práticas, comportamentos, ideias, ações etc. Portanto, investigamos como o ‘normal’/‘anormal’ significa e faz significar o diferente como caução argumentativa de certas práticas segregacionistas. Essa análise mostra como o político atravessa a língua no acontecimento da enunciação, fazendo significar uma divisão desigual do real, na qual os sentidos de ‘normal’ caucionam argumentativamente essa divisão. Essa divisão funciona determinando como o enunciado pode e deve incluir certos sentidos e excluir outros. É assim que um enunciado concorre por espaço com outro(s) enunciado(s), instaurando uma disputa por significar. Em decorrência da constituição política do enunciado, analisamos a historicidade da palavra ‘normal’/’anormal’, para compreender de que forma sua significação é interpelada por questões políticas de poder dizer.
{"title":"Sentidos de ‘normal’/’anormal’ em circulação: o diferente como caução argumentativa","authors":"Gildo Antonio Moura Júnior, Cármen Agustini","doi":"10.22297/dl.v11i0.3997","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/dl.v11i0.3997","url":null,"abstract":"Neste artigo, filiados à Semântica do Acontecimento, elaborada por Eduardo Guimarães (2002; 2005; 2018), que considera que os sentidos são constituídos no enunciado, na relação de uma palavra com outra, analisamos a designação das palavras ‘normal’/‘anormal’ em um arquivo constituído por nove textos midiáticos de circulação no Brasil, publicados no período de 2000 a 2019, nos quais as palavras ‘normal’/‘anormal’ constam de suas formulações. O interesse de reflexão sobre o par de palavras (‘normal’/‘anormal’) encontra-se em compreender como os seus sentidos se constituem nos enunciados nos quais elas comparecem como qualitativo de ser humano, e de que forma esses sentidos dialogam com a historicidade dos sentidos de ‘normalidade’. Os sentidos de tais palavras têm ganhado o cotidiano do brasileiro para designar diversas práticas, comportamentos, ideias, ações etc. Portanto, investigamos como o ‘normal’/‘anormal’ significa e faz significar o diferente como caução argumentativa de certas práticas segregacionistas. Essa análise mostra como o político atravessa a língua no acontecimento da enunciação, fazendo significar uma divisão desigual do real, na qual os sentidos de ‘normal’ caucionam argumentativamente essa divisão. Essa divisão funciona determinando como o enunciado pode e deve incluir certos sentidos e excluir outros. É assim que um enunciado concorre por espaço com outro(s) enunciado(s), instaurando uma disputa por significar. Em decorrência da constituição política do enunciado, analisamos a historicidade da palavra ‘normal’/’anormal’, para compreender de que forma sua significação é interpelada por questões políticas de poder dizer.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"48133702","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
This paper discusses the use of digital online resources as a means to foster collaborative writing in EFL lessons. Two main online free platforms are suggested and briefly analyzed: Powtoon and Google Docs. The discussion finds theoretic support in the new literacies approach in the studies of the New London Group, Gee and Hayes (2012) and adopts a Bakhtinian orientation to language as social practice. The ideas presented are meant to be explored in EFL lessons in a variety of different learning levels and teaching contexts, ranging from basic to higher formal education as well as language schools. It is both a proposal and an exploratory study which aims at expanding the discussion concerning the processes of teaching and learning how to write in English in Brazilian formal educational contexts.
{"title":"EFL collaborative writing: text production and online resources","authors":"Eliane Fernandes Azzari","doi":"10.22297/DL.V8I1.3495","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3495","url":null,"abstract":"This paper discusses the use of digital online resources as a means to foster collaborative writing in EFL lessons. Two main online free platforms are suggested and briefly analyzed: Powtoon and Google Docs. The discussion finds theoretic support in the new literacies approach in the studies of the New London Group, Gee and Hayes (2012) and adopts a Bakhtinian orientation to language as social practice. The ideas presented are meant to be explored in EFL lessons in a variety of different learning levels and teaching contexts, ranging from basic to higher formal education as well as language schools. It is both a proposal and an exploratory study which aims at expanding the discussion concerning the processes of teaching and learning how to write in English in Brazilian formal educational contexts. ","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45450611","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Este artigo se insere no contexto das pesquisas das ciências da linguagem sobre a produção textual e sua relação com a subjetividade/intersubjetividade. Considerando essa problemática, o objetivo é colocar em foco escritos de Fiad, Abaurre e Mayrink-Sabinson, discutindo sua atualização no discurso sobre a produção textual na escola brasileira – é discutida, especificamente, a noção de “escrita como trabalho” e suas relações com a concepção de “estilo” em dois documentos oficiais. O suporte teórico deste texto é a Análise Dialógica do Discurso, que parte de escritos do Círculo de Bakhtin e seus comentadores. Os resultados problematizam como o discurso escolar incorporou a noção de “reescrita/refacção/planejamento” do texto, assumindo a produção textual como um processo; no entanto, produziu-se um apagamento da noção de “estilo” desenvolvida por Possenti, que influenciou, no Brasil, as pesquisas que tomam a escrita como trabalho. Os resultados indiciam que valores ideológicos sobre a escrita que circulam na esfera escolar definem essa atualização das noções em pauta.
{"title":"A produção textual na esfera escolar: considerações sobre a “escrita como trabalho”","authors":"Marina Célia Mendonça","doi":"10.22297/DL.V8I1.3492","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3492","url":null,"abstract":"Este artigo se insere no contexto das pesquisas das ciências da linguagem sobre a produção textual e sua relação com a subjetividade/intersubjetividade. Considerando essa problemática, o objetivo é colocar em foco escritos de Fiad, Abaurre e Mayrink-Sabinson, discutindo sua atualização no discurso sobre a produção textual na escola brasileira – é discutida, especificamente, a noção de “escrita como trabalho” e suas relações com a concepção de “estilo” em dois documentos oficiais. O suporte teórico deste texto é a Análise Dialógica do Discurso, que parte de escritos do Círculo de Bakhtin e seus comentadores. Os resultados problematizam como o discurso escolar incorporou a noção de “reescrita/refacção/planejamento” do texto, assumindo a produção textual como um processo; no entanto, produziu-se um apagamento da noção de “estilo” desenvolvida por Possenti, que influenciou, no Brasil, as pesquisas que tomam a escrita como trabalho. Os resultados indiciam que valores ideológicos sobre a escrita que circulam na esfera escolar definem essa atualização das noções em pauta.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"43816955","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O presente estudo analisa quatro propostas de escrita narrativa em Livros Didáticos de Português (LDP), de Ensino Fundamental (EF), do 6º ao 9º ano, publicados, respectivamente, em 1976, 1984, 1993 e 2009. O objetivo principal, ao analisar essas propostas, é verificar como esses materiais apresentam-se para o aluno e para o professor, sobretudo, por meio de comentários e orientações que auxiliam na realização da atividade de escrita. Pretende-se comparar (nas respectivas décadas) como é proposto o ensino de escrita a partir do LDP, no ambiente escolar. A escolha das propostas justifica-se por serem consideradas representativas das concepções do período a que pertencem. Busca-se responder à seguinte pergunta de pesquisa: Que tipo de controle é apresentado pelo LDP, por meio de propostas de escrita direcionadas ao aluno, de modo a levá-lo a reproduzir e/ou imitar um modelo de texto? Teoricamente, este estudo mobiliza o trabalho de Althusser (1985), que considera a escola como parte dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE); a concepção dialógica de Bakhtin (2000); e a proposta de Geraldi (1997, 2006, 2010), acerca das concepções de linguagem e da prática da produção textual. Como resultado, este estudo aponta, na Escola Básica, a prática de escrita concentrada, prioritariamente, em atividades de cópia, reprodução, reescritura e, em estágios mais avançados, em atividades que partem de modelos preestabelecidos, solicitando aos alunos que produzam textos com temas similares, seguindo a estrutura sugerida. São supostos ideais a serem seguidos e imitados pelos alunos, que consistem em mecanismos de controle resultantes do cerceamento na escrita.
{"title":"Mecanismos de controle em propostas de escrita narrativa do livro didático de português (1970 a 2009).","authors":"J. B. Ribeiro, Sulemi Fabiano-Campos","doi":"10.22297/DL.V8I1.3496","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3496","url":null,"abstract":"O presente estudo analisa quatro propostas de escrita narrativa em Livros Didáticos de Português (LDP), de Ensino Fundamental (EF), do 6º ao 9º ano, publicados, respectivamente, em 1976, 1984, 1993 e 2009. O objetivo principal, ao analisar essas propostas, é verificar como esses materiais apresentam-se para o aluno e para o professor, sobretudo, por meio de comentários e orientações que auxiliam na realização da atividade de escrita. Pretende-se comparar (nas respectivas décadas) como é proposto o ensino de escrita a partir do LDP, no ambiente escolar. A escolha das propostas justifica-se por serem consideradas representativas das concepções do período a que pertencem. Busca-se responder à seguinte pergunta de pesquisa: Que tipo de controle é apresentado pelo LDP, por meio de propostas de escrita direcionadas ao aluno, de modo a levá-lo a reproduzir e/ou imitar um modelo de texto? Teoricamente, este estudo mobiliza o trabalho de Althusser (1985), que considera a escola como parte dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE); a concepção dialógica de Bakhtin (2000); e a proposta de Geraldi (1997, 2006, 2010), acerca das concepções de linguagem e da prática da produção textual. Como resultado, este estudo aponta, na Escola Básica, a prática de escrita concentrada, prioritariamente, em atividades de cópia, reprodução, reescritura e, em estágios mais avançados, em atividades que partem de modelos preestabelecidos, solicitando aos alunos que produzam textos com temas similares, seguindo a estrutura sugerida. São supostos ideais a serem seguidos e imitados pelos alunos, que consistem em mecanismos de controle resultantes do cerceamento na escrita.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49348362","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
T. Silva, Magaly Quintana Pouzo Minatel, S. Guimarães
Este estudo teve como objetivo analisar se uma intervenção pedagógica pautada no ensino explícito de operações metatextuais (monitoramento da coerência, da coesão e da estrutura textual) seria capaz de ampliar e/ou aperfeiçoar o desempenho de estudantes na produção de textos de opinião. Participaram da pesquisa duas turmas de estudantes do 5.º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Curitiba-PR, sendo uma turma de intervenção e outra de controle. A intervenção pedagógica constituiu-se da aplicação de 20 sessões de ensino (sequência didática), em que todos os estudantes foram avaliados no pré-teste e no pós-teste das sessões. Os dados obtidos foram agrupados e analisados qualitativamente. Na comparação entre os grupos, evidenciou-se que os estudantes do grupo experimental obtiveram melhor desempenho na produção de textos de opinião do que os estudantes do grupo de controle. Concluiu-se que o ensino explícito de operações metatextuais (a partir de sequências didáticas com ênfase na argumentação e contra argumentação) é uma profícua estratégia didática para o desenvolvimento da escrita autônoma e competente de textos de opinião.
{"title":"O ensino explícito de operações metatextuais como estratégia didática para o desenvolvimento da escrita de textos de opinião","authors":"T. Silva, Magaly Quintana Pouzo Minatel, S. Guimarães","doi":"10.22297/DL.V8I1.3499","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3499","url":null,"abstract":"Este estudo teve como objetivo analisar se uma intervenção pedagógica pautada no ensino explícito de operações metatextuais (monitoramento da coerência, da coesão e da estrutura textual) seria capaz de ampliar e/ou aperfeiçoar o desempenho de estudantes na produção de textos de opinião. Participaram da pesquisa duas turmas de estudantes do 5.º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Curitiba-PR, sendo uma turma de intervenção e outra de controle. A intervenção pedagógica constituiu-se da aplicação de 20 sessões de ensino (sequência didática), em que todos os estudantes foram avaliados no pré-teste e no pós-teste das sessões. Os dados obtidos foram agrupados e analisados qualitativamente. Na comparação entre os grupos, evidenciou-se que os estudantes do grupo experimental obtiveram melhor desempenho na produção de textos de opinião do que os estudantes do grupo de controle. Concluiu-se que o ensino explícito de operações metatextuais (a partir de sequências didáticas com ênfase na argumentação e contra argumentação) é uma profícua estratégia didática para o desenvolvimento da escrita autônoma e competente de textos de opinião.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41829235","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O campo das inovações tecnológicas vem influenciando significativamente a forma de as pessoas interagirem e aprenderem, estimulando a criação de diversos recursos educacionais, dentre ele, os objetos de aprendizagem. Este texto tem por finalidade apresentar o miniconto multimodal A vida é mesmo assim..., objeto de aprendizagem elaborado pelos alunos da turma B, do 8º ano, 4ª etapa, da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental (EJAEF), do Centro de Referência para Educação de Jovens e Adultos Professor Severino Uchôa, instituição de ensino da rede estadual, situado no município de Aracaju, estado de Sergipe. Fundamentada na perspectiva sociointeracional e cognitiva de aprendizagem, partindo das ideias de Vygotsky (2000) e de Bakhtin (2010), foi elaborada uma sequência didática objetivando produzir minicontos multimodais através do aplicativo “VivaVídeo”, utilizando-se de imagens, sons e linguagem verbal na construção de uma sequência narrativa. A metodologia utilizada resultou na produção do referido miniconto e favoreceu aos alunos a compreensão do gênero, bem como a prática de letramentos múltiplos.
{"title":"Objeto de aprendizagem: de leitor a autor – uma proposta pedagógica para a criação de minicontos multimodais","authors":"Edleide Santos Roza, Ângela Menezes","doi":"10.22297/DL.V8I1.3498","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3498","url":null,"abstract":"O campo das inovações tecnológicas vem influenciando significativamente a forma de as pessoas interagirem e aprenderem, estimulando a criação de diversos recursos educacionais, dentre ele, os objetos de aprendizagem. Este texto tem por finalidade apresentar o miniconto multimodal A vida é mesmo assim..., objeto de aprendizagem elaborado pelos alunos da turma B, do 8º ano, 4ª etapa, da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental (EJAEF), do Centro de Referência para Educação de Jovens e Adultos Professor Severino Uchôa, instituição de ensino da rede estadual, situado no município de Aracaju, estado de Sergipe. Fundamentada na perspectiva sociointeracional e cognitiva de aprendizagem, partindo das ideias de Vygotsky (2000) e de Bakhtin (2010), foi elaborada uma sequência didática objetivando produzir minicontos multimodais através do aplicativo “VivaVídeo”, utilizando-se de imagens, sons e linguagem verbal na construção de uma sequência narrativa. A metodologia utilizada resultou na produção do referido miniconto e favoreceu aos alunos a compreensão do gênero, bem como a prática de letramentos múltiplos.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47873961","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Regina Celi Mendes Pereira, Bruna Vilela Costa Silva
As diretrizes para o Ensino de Língua Portuguesa influenciadas, sobretudo, a partir da utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como principal forma de acesso ao Ensino Superior situam a necessidade de investigar a atividade de escrita dentro da nova configuração assumida para as aulas de Língua Portuguesa (LP), buscando observar tal perspectiva, partindo das concepções construídas pelos professores que estão à frente desse processo. Procuramos compreender de que forma as prescrições trazidas nos documentos oficiais que regulamentam a elaboração do ENEM têm orientado o trabalho do professor de LP, no que se refere à metodologia adotada para as aulas de produção textual. Para alcançar o objetivo proposto nesta pesquisa exploratória, de cunho qualitativo-interpretativista, contamos com a colaboração de duas professoras de LP, que atuam em turmas de Ensino Médio de escolas da rede estadual de ensino da cidade de João Pessoa - Paraíba. Para subsidiar a análise, tomamos como base o quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), em interface com os pressupostos da Ergonomia, a partir do que propõem Bronckart (2012 [1999]; 2006; 2008) e Amigues (2004), entre outros autores que buscam compreender as relações que constituem a interação humana. Zabala e Arnou (2010) fundamentam nossa discussão no que diz respeito ao conceito de competência. A discussão empreendida ao longo do trabalho aponta um novo olhar para a aula de produção textual, advindo da reconfiguração do gênero redação escolar, para adequar-se ao modelo de texto dissertativo-argumentativo.
{"title":"O saber docente nos textos-discursos: como os professores trabalham o texto dissertativo-argumentativo?","authors":"Regina Celi Mendes Pereira, Bruna Vilela Costa Silva","doi":"10.22297/DL.V8I1.3494","DOIUrl":"https://doi.org/10.22297/DL.V8I1.3494","url":null,"abstract":"As diretrizes para o Ensino de Língua Portuguesa influenciadas, sobretudo, a partir da utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como principal forma de acesso ao Ensino Superior situam a necessidade de investigar a atividade de escrita dentro da nova configuração assumida para as aulas de Língua Portuguesa (LP), buscando observar tal perspectiva, partindo das concepções construídas pelos professores que estão à frente desse processo. Procuramos compreender de que forma as prescrições trazidas nos documentos oficiais que regulamentam a elaboração do ENEM têm orientado o trabalho do professor de LP, no que se refere à metodologia adotada para as aulas de produção textual. Para alcançar o objetivo proposto nesta pesquisa exploratória, de cunho qualitativo-interpretativista, contamos com a colaboração de duas professoras de LP, que atuam em turmas de Ensino Médio de escolas da rede estadual de ensino da cidade de João Pessoa - Paraíba. Para subsidiar a análise, tomamos como base o quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), em interface com os pressupostos da Ergonomia, a partir do que propõem Bronckart (2012 [1999]; 2006; 2008) e Amigues (2004), entre outros autores que buscam compreender as relações que constituem a interação humana. Zabala e Arnou (2010) fundamentam nossa discussão no que diz respeito ao conceito de competência. A discussão empreendida ao longo do trabalho aponta um novo olhar para a aula de produção textual, advindo da reconfiguração do gênero redação escolar, para adequar-se ao modelo de texto dissertativo-argumentativo.","PeriodicalId":53852,"journal":{"name":"Dialogo das Letras","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-03-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44361784","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}