Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1120
Naiana da Silva Castro Rodrigues, Julia Lemos Leboreiro, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Marcos Paulo Cardoso Marques, Vanessa Rodrigues Apfel
Introdução: O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais incidente no Brasil e responsável por um número elevado de mortes entre a população feminina. Iniciar relações sexuais precocemente, ter múltiplos parceiros, histórico de infecções sexualmente transmissíveis e ter tido múltiplos partos são fatores de risco para o desenvolvimento dessa neoplasia. O exame de Papanicolaou é a principal estratégia para a detecção precoce de lesões precursoras em mulheres de 25 a 64 anos, e, se os dois primeiros exames apresentarem resultados normais, a repetição só será necessária após três anos. No entanto, em mulheres jovens com sintomas, pode ser necessário realizar o exame se houver sangramento vaginal anormal, dispareunia ou dor pélvica com edema de membros inferiores. Quanto ao rastreamento do câncer de colo de útero, o exame de Papanicolaou é o principal, visando identificar anormalidades celulares. Em relação à idade de início do rastreamento, é importante ressaltar que em pacientes menores de 21 anos com risco moderado, é sugerida a realização da colpocitologia. No caso em questão, apesar de a paciente não estar na faixa etária recomendada para a coleta do exame, ela apresentava sinais e sintomas sugestivos de câncer de colo de útero, o que levou a adotar uma conduta individualizada. Assim como a realização do exame citológico é imprescindível, é importante destacar a importância da anamnese e do exame físico no diagnóstico dessa patologia. Nessa paciente, foi possível observar sinais sugestivos de possível gravidade, como o sangramento vaginal. Durante a anamnese, é importante investigar as queixas da paciente, a presença de fatores de risco, a data da última coleta do citopatológico e seu resultado. O exame físico irá auxiliar no diagnóstico, permitindo observar sinais sugestivos de câncer de colo, como a lesão vegetante apresentada pela paciente. Relato de caso: Paciente de 24 anos, G1P1A0, sem comorbidades, compareceu à unidade queixando-se de sangramento transvaginal intermitente há mais de 1 ano, com o último citopatológico realizado há 2 anos. Durante o exame especular, foi observado colo róseo com presença de lesão vegetante em toda a extensão do lábio posterior e se estendendo para a parede vaginal lateral direita. A paciente foi encaminhada para colposcopia, na qual foi identificada uma lesão vegetante no lábio anterior, que se mostrou friável à manipulação. Foi realizada a biópsia, que diagnosticou carcinoma moderadamente escamoso. Conclusão: Neste relato, apesar de a paciente não estar dentro dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de colo de útero, constatou-se que em casos selecionados, excepcionalmente, os sinais e sintomas apresentados indicaram a necessidade de uma investigação mais aprofundada e uma conduta individualizada para a queixa inicial. Não se pode abrir mão de uma anamnese e exame físico adequados para esclarecer as possíveis hipóteses diagnósticas em cada caso. Devemos ter
{"title":"Patologia do trato genital: relato de caso","authors":"Naiana da Silva Castro Rodrigues, Julia Lemos Leboreiro, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Marcos Paulo Cardoso Marques, Vanessa Rodrigues Apfel","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1120","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1120","url":null,"abstract":"Introdução: O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais incidente no Brasil e responsável por um número elevado de mortes entre a população feminina. Iniciar relações sexuais precocemente, ter múltiplos parceiros, histórico de infecções sexualmente transmissíveis e ter tido múltiplos partos são fatores de risco para o desenvolvimento dessa neoplasia. O exame de Papanicolaou é a principal estratégia para a detecção precoce de lesões precursoras em mulheres de 25 a 64 anos, e, se os dois primeiros exames apresentarem resultados normais, a repetição só será necessária após três anos. No entanto, em mulheres jovens com sintomas, pode ser necessário realizar o exame se houver sangramento vaginal anormal, dispareunia ou dor pélvica com edema de membros inferiores. Quanto ao rastreamento do câncer de colo de útero, o exame de Papanicolaou é o principal, visando identificar anormalidades celulares. Em relação à idade de início do rastreamento, é importante ressaltar que em pacientes menores de 21 anos com risco moderado, é sugerida a realização da colpocitologia. No caso em questão, apesar de a paciente não estar na faixa etária recomendada para a coleta do exame, ela apresentava sinais e sintomas sugestivos de câncer de colo de útero, o que levou a adotar uma conduta individualizada. Assim como a realização do exame citológico é imprescindível, é importante destacar a importância da anamnese e do exame físico no diagnóstico dessa patologia. Nessa paciente, foi possível observar sinais sugestivos de possível gravidade, como o sangramento vaginal. Durante a anamnese, é importante investigar as queixas da paciente, a presença de fatores de risco, a data da última coleta do citopatológico e seu resultado. O exame físico irá auxiliar no diagnóstico, permitindo observar sinais sugestivos de câncer de colo, como a lesão vegetante apresentada pela paciente. Relato de caso: Paciente de 24 anos, G1P1A0, sem comorbidades, compareceu à unidade queixando-se de sangramento transvaginal intermitente há mais de 1 ano, com o último citopatológico realizado há 2 anos. Durante o exame especular, foi observado colo róseo com presença de lesão vegetante em toda a extensão do lábio posterior e se estendendo para a parede vaginal lateral direita. A paciente foi encaminhada para colposcopia, na qual foi identificada uma lesão vegetante no lábio anterior, que se mostrou friável à manipulação. Foi realizada a biópsia, que diagnosticou carcinoma moderadamente escamoso. Conclusão: Neste relato, apesar de a paciente não estar dentro dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de colo de útero, constatou-se que em casos selecionados, excepcionalmente, os sinais e sintomas apresentados indicaram a necessidade de uma investigação mais aprofundada e uma conduta individualizada para a queixa inicial. Não se pode abrir mão de uma anamnese e exame físico adequados para esclarecer as possíveis hipóteses diagnósticas em cada caso. Devemos ter","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"56 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650702","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: O linfoma de Hodgkin (LH) clássico é um dos principais tipos de linfoma diagnosticados durante a gestação, especialmente devido ao seu pico de incidência na faixa etária em que as mulheres estão em idade reprodutiva. No entanto, os sintomas decorrentes dessa doença muitas vezes se confundem com as alterações fisiológicas normais da gestação, o que torna o diagnóstico e o acompanhamento um desafio. O manejo do LH durante a gestação requer um equilíbrio delicado entre maximizar as chances de cura da mãe e minimizar os riscos potenciais para o desenvolvimento fetal. O tratamento de primeira linha consiste na quimioterapia (QT) com o protocolo ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina), considerado seguro durante a gestação, especialmente quando administrado nos segundo e terceiro trimestres. No entanto, as pacientes ainda podem enfrentar possíveis desfechos desfavoráveis. A doxorrubicina, uma antraciclina utilizada nesse protocolo, pode causar cardiotoxicidade como um efeito adverso. O dano miocárdico inclui a possibilidade de insuficiência cardíaca aguda, com comprometimento do ventrículo esquerdo. O risco de desenvolvimento de cardiomiopatia está relacionado à exposição cumulativa ao medicamento, portanto, as pacientes submetidas a esse tratamento devem ter sua função cardíaca avaliada periodicamente. Relato de caso: Foi atendida uma primigesta de 18 anos, com 36 semanas e 5 dias de gestação, portadora de pré-eclâmpsia (PE) sem sinais de gravidade, diagnosticada com LH do subtipo esclerose nodular (estágio IIB) e com histórico de 5 ciclos de QT utilizando-se o protocolo ABVD. A paciente não apresentava sinais de cardiomiopatia no início do tratamento. Ela procurou uma unidade hospitalar com relato de dispneia aos mínimos esforços, que se iniciou de forma súbita. Foi realizado um ecocardiograma transtorácico (ECOTT) que revelou disfunção sistólica grave do ventrículo esquerdo, com fração de ejeção (FE) de 28%. Em avaliação conjunta com um cardiologista, foi decidido que seria realizada uma cesariana. A cirurgia ocorreu sem intercorrências e resultou no nascimento de um recém-nascido com índice de Apgar de 9/9, sem necessidade de manobras de reanimação. A paciente foi mantida em observação em uma unidade fechada, evoluindo com um puerpério fisiológico. Ela recebeu alta hospitalar com medicações para o manejo da insuficiência cardíaca, e foram agendados retornos ambulatoriais para acompanhamento. O tratamento de quimioterapia foi ajustado pelo hematologista responsável. Comentário: A gestação de alto risco representa um desafio para o obstetra, especialmente devido à sua natureza imprevisível. É essencial garantir que a gestante tenha fácil acesso a serviços de saúde e receber suporte multiprofissional para lidar com as adversidades que possam surgir. O caso relatado acima ressalta a importância do treinamento clínico do obstetra para identificar alterações patológicas durante a gestação e intervir com segurança para gara
{"title":"Manejo obstétrico de gestante portadora de linfoma de Hodgkin e insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida secundária à cardiotoxicidade por quimioterapia: relato de caso","authors":"Isabela Carmona Castro Rodriguez, Gabriela Oliveira de Menezes, Aline Silva Izzo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1086","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1086","url":null,"abstract":"Introdução: O linfoma de Hodgkin (LH) clássico é um dos principais tipos de linfoma diagnosticados durante a gestação, especialmente devido ao seu pico de incidência na faixa etária em que as mulheres estão em idade reprodutiva. No entanto, os sintomas decorrentes dessa doença muitas vezes se confundem com as alterações fisiológicas normais da gestação, o que torna o diagnóstico e o acompanhamento um desafio. O manejo do LH durante a gestação requer um equilíbrio delicado entre maximizar as chances de cura da mãe e minimizar os riscos potenciais para o desenvolvimento fetal. O tratamento de primeira linha consiste na quimioterapia (QT) com o protocolo ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina), considerado seguro durante a gestação, especialmente quando administrado nos segundo e terceiro trimestres. No entanto, as pacientes ainda podem enfrentar possíveis desfechos desfavoráveis. A doxorrubicina, uma antraciclina utilizada nesse protocolo, pode causar cardiotoxicidade como um efeito adverso. O dano miocárdico inclui a possibilidade de insuficiência cardíaca aguda, com comprometimento do ventrículo esquerdo. O risco de desenvolvimento de cardiomiopatia está relacionado à exposição cumulativa ao medicamento, portanto, as pacientes submetidas a esse tratamento devem ter sua função cardíaca avaliada periodicamente. Relato de caso: Foi atendida uma primigesta de 18 anos, com 36 semanas e 5 dias de gestação, portadora de pré-eclâmpsia (PE) sem sinais de gravidade, diagnosticada com LH do subtipo esclerose nodular (estágio IIB) e com histórico de 5 ciclos de QT utilizando-se o protocolo ABVD. A paciente não apresentava sinais de cardiomiopatia no início do tratamento. Ela procurou uma unidade hospitalar com relato de dispneia aos mínimos esforços, que se iniciou de forma súbita. Foi realizado um ecocardiograma transtorácico (ECOTT) que revelou disfunção sistólica grave do ventrículo esquerdo, com fração de ejeção (FE) de 28%. Em avaliação conjunta com um cardiologista, foi decidido que seria realizada uma cesariana. A cirurgia ocorreu sem intercorrências e resultou no nascimento de um recém-nascido com índice de Apgar de 9/9, sem necessidade de manobras de reanimação. A paciente foi mantida em observação em uma unidade fechada, evoluindo com um puerpério fisiológico. Ela recebeu alta hospitalar com medicações para o manejo da insuficiência cardíaca, e foram agendados retornos ambulatoriais para acompanhamento. O tratamento de quimioterapia foi ajustado pelo hematologista responsável. Comentário: A gestação de alto risco representa um desafio para o obstetra, especialmente devido à sua natureza imprevisível. É essencial garantir que a gestante tenha fácil acesso a serviços de saúde e receber suporte multiprofissional para lidar com as adversidades que possam surgir. O caso relatado acima ressalta a importância do treinamento clínico do obstetra para identificar alterações patológicas durante a gestação e intervir com segurança para gara","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"117 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650763","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1095
Adriana Camara Colombo, Claudia Cristina de Oliveira, Cecília Turque dos Santos, Carolina Varella Leal Passos, Paula Varella Leal Passos, Christina Thereza Machado Bittar, Mauro Romero Leal Passos
Introdução: A sífilis congênita (SC) continua sendo um problema frequente no Brasil, e o estado do Rio de Janeiro apresenta o maior número de óbitos relacionados à SC em comparação com outros estados, registrando 188 óbitos em 2021. Relato de caso: Uma primigesta com idade entre 25 e 29 anos iniciou o pré-natal em agosto de 2022, e o teste rápido (TR) inicial para sífilis foi não reagente. No entanto, em janeiro de 2023, um novo TR foi realizado e apresentou resultado reagente. O tratamento foi administrado somente no dia seguinte, com uma única dose de 2,4 milhões de penicilina benzatina (PB). O exame VDRL foi coletado apenas em fevereiro de 2023, dias após o tratamento com a dose única de PB, e o resultado foi de 1:512. Em março de 2023, a gestante foi admitida em uma maternidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro após ter sido recusada em dois hospitais de outros municípios, com diagnóstico de óbito fetal. Foi iniciada a vigilância epidemiológica durante a internação, e a paciente negou ter apresentado manifestações clínicas de lesões recentes de sífilis em si mesma ou em seus parceiros sexuais. Quando questionada sobre o que pensava sobre o quadro que estava vivenciando, a gestante respondeu imediatamente: "me sinto culpada". Dez dias após a internação, foi realizada uma visita à unidade de saúde onde o pré-natal foi realizado, a fim de conversar com o profissional responsável pelo atendimento da gestante. O profissional relatou que "classificou como sífilis primária, pois era a primeira vez que a mulher apresentava teste positivo", justificando assim a administração de apenas uma dose de PB para o tratamento. Além disso, na unidade de saúde não há médico para acompanhar o pré-natal, e os exames são solicitados, agendados e coletados em dias diferentes, o que resulta em frequentes atrasos na obtenção dos resultados, como demonstrado na caderneta de pré-natal. O tratamento não é realizado no dia do diagnóstico, pois somente após a notificação do caso para a secretaria de saúde, mesmo no caso de gestantes, o posto recebe o antibiótico. Após a chegada da medicação, a gestante é convocada para receber a administração da penicilina. Fragmentos da placenta foram encaminhados para análise histopatológica, que revelou vilite crônica associada a alterações vasculares fetais, compatíveis com SC. Comentários: A SC e o óbito decorrente da SC refletem, na maioria dos casos, a inadequação do pré-natal, seja na forma como a gestante é atendida, seja na gestão dos fluxos de atendimento na rede básica de saúde. O caso descrito é mais um exemplo infeliz dessa situação.
{"title":"Óbito por sífilis congênita em município de Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2023: relato de caso","authors":"Adriana Camara Colombo, Claudia Cristina de Oliveira, Cecília Turque dos Santos, Carolina Varella Leal Passos, Paula Varella Leal Passos, Christina Thereza Machado Bittar, Mauro Romero Leal Passos","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1095","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1095","url":null,"abstract":"Introdução: A sífilis congênita (SC) continua sendo um problema frequente no Brasil, e o estado do Rio de Janeiro apresenta o maior número de óbitos relacionados à SC em comparação com outros estados, registrando 188 óbitos em 2021. Relato de caso: Uma primigesta com idade entre 25 e 29 anos iniciou o pré-natal em agosto de 2022, e o teste rápido (TR) inicial para sífilis foi não reagente. No entanto, em janeiro de 2023, um novo TR foi realizado e apresentou resultado reagente. O tratamento foi administrado somente no dia seguinte, com uma única dose de 2,4 milhões de penicilina benzatina (PB). O exame VDRL foi coletado apenas em fevereiro de 2023, dias após o tratamento com a dose única de PB, e o resultado foi de 1:512. Em março de 2023, a gestante foi admitida em uma maternidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro após ter sido recusada em dois hospitais de outros municípios, com diagnóstico de óbito fetal. Foi iniciada a vigilância epidemiológica durante a internação, e a paciente negou ter apresentado manifestações clínicas de lesões recentes de sífilis em si mesma ou em seus parceiros sexuais. Quando questionada sobre o que pensava sobre o quadro que estava vivenciando, a gestante respondeu imediatamente: \"me sinto culpada\". Dez dias após a internação, foi realizada uma visita à unidade de saúde onde o pré-natal foi realizado, a fim de conversar com o profissional responsável pelo atendimento da gestante. O profissional relatou que \"classificou como sífilis primária, pois era a primeira vez que a mulher apresentava teste positivo\", justificando assim a administração de apenas uma dose de PB para o tratamento. Além disso, na unidade de saúde não há médico para acompanhar o pré-natal, e os exames são solicitados, agendados e coletados em dias diferentes, o que resulta em frequentes atrasos na obtenção dos resultados, como demonstrado na caderneta de pré-natal. O tratamento não é realizado no dia do diagnóstico, pois somente após a notificação do caso para a secretaria de saúde, mesmo no caso de gestantes, o posto recebe o antibiótico. Após a chegada da medicação, a gestante é convocada para receber a administração da penicilina. Fragmentos da placenta foram encaminhados para análise histopatológica, que revelou vilite crônica associada a alterações vasculares fetais, compatíveis com SC. Comentários: A SC e o óbito decorrente da SC refletem, na maioria dos casos, a inadequação do pré-natal, seja na forma como a gestante é atendida, seja na gestão dos fluxos de atendimento na rede básica de saúde. O caso descrito é mais um exemplo infeliz dessa situação.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"83 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650893","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1097
Isabelle Gamberoni Assumpção, Ana Paula V. S. Esteves
Introdução: Os distúrbios hipertensivos são a maior causa de mortalidade materna. Estes estão associados a graves morbidades e ao maior desenvolvimento e morte por doença cardiovascular, além de complicações fetais. Um grupo de fatores de médio e alto risco está intimamente relacionado; identificando-os, a profilaxia e o diagnóstico precoce podem ser mais efetivos e gerar melhores desfechos. Objetivo: Analisar a população de grávidas diagnosticadas com hipertensão no hospital universitário. Métodos: Pesquisa quantitativa, retrospectiva, descritiva e analítica. Analisaram-se todas as internações obstétricas em 2019 e selecionaram-se casos de hipertensão. Em uma amostra de 1.485 internações, totalizaram 154 (10,4%) com tal diagnóstico. O projeto atendeu às Resoluções nº 466/12 e nº 530/19, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE nº 30255320.0.0000.5247. Resultados: A faixa etária média esteve em 28,6 anos. São brancas 50,6% (78); pardas 33% (51) e pretas 11% (17). A respeito da classificação, 60% (91) é referente à pré-eclâmpsia (PE) e 26% (39) dos diagnósticos foram de PE sobreposta, sendo 2,6% (4) HELLP. Quanto aos antecedentes obstétricos, 22,7% (35) têm história de perda, sendo 19% (29) aborto prévio e 4,5% (7) natimortos; 0,65% (1) tem história de trombofilia; 0,65% (1) tem antecedente de descolamento prematuro de placenta. Ademais, 9,7% (15) tem PE prévia e 0,65% (1) história familiar positiva para tal. Sobre a gravidez atual, 28,5% (44) eram primíparas, têm hipertensão crônica 28,5% (44); nefropatia 0,65% (1); 0,65% (1) tem trombofilia; 0,65% (1) possuíram gravidez múltipla; 1,95% (3) eram diabéticas prévias; 16,8% (26) desenvolveram na gestação; 5,8% (9) eram obesas; 20,1% (31) tinham mais de 35 anos e 7,8% (12) menos de 19. A via de parto mais prevalente foi a cesárea, totalizando 62,33% (96). Foram identificadas 4,5% (7) puérperas. Conclusão: O estudo permitiu caracterizar a incidência e o perfil das gestantes, relacionando-os com as características sociodemográficas, obstétricas, complicações, desfecho fetal e materno. Dentro da população amostral estudada, 75% (116) apresentou, pelo menos, um fator de risco na história epidemiológica, patológica ou obstétrica. Em relação à saúde pública, ressalta-se a necessidade de maior atenção às doenças não transmissíveis, bem como deve-se lançar mão de iniciativas que aumentem a conscientização para que o pré-natal tenha início precoce. Destaca-se a importância da capacitação dos profissionais da atenção primária sobre avaliação de risco, precisa medição da pressão, aconselhamento e garantia de disponibilidade de aspirina, bem como sua adesão. Enfatiza-se que o near miss deve ter cada vez mais destaque para que sejam detectados de forma precoce. Do mesmo modo, deve-se valorizar o aconselhamento sobre gestações futuras, uma vez que em caso de HELLP, o risco de recorrência é de até 27%, e se a gestação terminou antes de 32 semanas, o risco na gestação subsequente é de até 61%.
{"title":"Perfil das pacientes com pré-eclâmpsia em um hospital universitário","authors":"Isabelle Gamberoni Assumpção, Ana Paula V. S. Esteves","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1097","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1097","url":null,"abstract":"Introdução: Os distúrbios hipertensivos são a maior causa de mortalidade materna. Estes estão associados a graves morbidades e ao maior desenvolvimento e morte por doença cardiovascular, além de complicações fetais. Um grupo de fatores de médio e alto risco está intimamente relacionado; identificando-os, a profilaxia e o diagnóstico precoce podem ser mais efetivos e gerar melhores desfechos. Objetivo: Analisar a população de grávidas diagnosticadas com hipertensão no hospital universitário. Métodos: Pesquisa quantitativa, retrospectiva, descritiva e analítica. Analisaram-se todas as internações obstétricas em 2019 e selecionaram-se casos de hipertensão. Em uma amostra de 1.485 internações, totalizaram 154 (10,4%) com tal diagnóstico. O projeto atendeu às Resoluções nº 466/12 e nº 530/19, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE nº 30255320.0.0000.5247. Resultados: A faixa etária média esteve em 28,6 anos. São brancas 50,6% (78); pardas 33% (51) e pretas 11% (17). A respeito da classificação, 60% (91) é referente à pré-eclâmpsia (PE) e 26% (39) dos diagnósticos foram de PE sobreposta, sendo 2,6% (4) HELLP. Quanto aos antecedentes obstétricos, 22,7% (35) têm história de perda, sendo 19% (29) aborto prévio e 4,5% (7) natimortos; 0,65% (1) tem história de trombofilia; 0,65% (1) tem antecedente de descolamento prematuro de placenta. Ademais, 9,7% (15) tem PE prévia e 0,65% (1) história familiar positiva para tal. Sobre a gravidez atual, 28,5% (44) eram primíparas, têm hipertensão crônica 28,5% (44); nefropatia 0,65% (1); 0,65% (1) tem trombofilia; 0,65% (1) possuíram gravidez múltipla; 1,95% (3) eram diabéticas prévias; 16,8% (26) desenvolveram na gestação; 5,8% (9) eram obesas; 20,1% (31) tinham mais de 35 anos e 7,8% (12) menos de 19. A via de parto mais prevalente foi a cesárea, totalizando 62,33% (96). Foram identificadas 4,5% (7) puérperas. Conclusão: O estudo permitiu caracterizar a incidência e o perfil das gestantes, relacionando-os com as características sociodemográficas, obstétricas, complicações, desfecho fetal e materno. Dentro da população amostral estudada, 75% (116) apresentou, pelo menos, um fator de risco na história epidemiológica, patológica ou obstétrica. Em relação à saúde pública, ressalta-se a necessidade de maior atenção às doenças não transmissíveis, bem como deve-se lançar mão de iniciativas que aumentem a conscientização para que o pré-natal tenha início precoce. Destaca-se a importância da capacitação dos profissionais da atenção primária sobre avaliação de risco, precisa medição da pressão, aconselhamento e garantia de disponibilidade de aspirina, bem como sua adesão. Enfatiza-se que o near miss deve ter cada vez mais destaque para que sejam detectados de forma precoce. Do mesmo modo, deve-se valorizar o aconselhamento sobre gestações futuras, uma vez que em caso de HELLP, o risco de recorrência é de até 27%, e se a gestação terminou antes de 32 semanas, o risco na gestação subsequente é de até 61%.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135649097","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1098
Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Ana Beatriz de Mello Domingos, Victoria Abreu Gomes, Júlia Magalhães Motta
Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é um distúrbio da gravidez causado pela proliferação e diferenciação defeituosa do trofoblasto, podendo apresentar caráter benigno ou maligno. O diagnóstico de DTG é clínico e suspeita-se desse distúrbio na primeira metade da gestação quando há o surgimento de sangramento vaginal intermitente, ausência da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, sinais de toxemia, hipertireoidismo ou hiperêmese, além de valores anormais do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o volume uterino que não corresponde ao tempo de gestação. O tratamento padrão para a mola hidatiforme, uma forma de DTG benigna, é o esvaziamento uterino, geralmente realizado por meio de curetagem. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar o panorama atual dos procedimentos de curetagem uterina devido à mola hidatiforme realizados no Estado do Rio de Janeiro ao longo de 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura e coleta de dados observacional, descritiva e transversal dos procedimentos de curetagem uterina por mola hidatiforme, utilizando-se o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de agosto de 2012 a agosto de 2022. Foram avaliados o número de internações, gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, tempo de permanência e tipo de atendimento. Além disso, foram consultados artigos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). Resultados: No período analisado, foram registradas 944 internações para a realização de curetagem uterina por mola hidatiforme, com um gasto total de R$ 161.641,31. O ano de 2014 foi o que apresentou o maior número de internações (191) e também o maior valor gasto durante o período (R$ 37.730,72). Dos procedimentos realizados, 87 foram em caráter eletivo e 857 em caráter de urgência, com 466 ocorrendo no setor público, 89 no setor privado e 389 com regime de atendimento desconhecido. Todos os 944 procedimentos foram considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 0,11, correspondendo a um óbito ocorrido em 2014, em um atendimento de urgência no setor público. A média de tempo de internação foi de 2 dias, com um custo médio de R$ 171,23. Conclusão: Com base nesse estudo, observa-se que a maioria dos procedimentos de curetagem uterina para a resolução da mola hidatiforme é realizada em caráter de urgência, com baixo tempo de permanência hospitalar e médio risco cirúrgico, confirmando assim a classificação desse procedimento como de média complexidade.
{"title":"Perfil dos procedimentos de curetagem uterina para resolução de mola hidatiforme no estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos","authors":"Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Ana Beatriz de Mello Domingos, Victoria Abreu Gomes, Júlia Magalhães Motta","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1098","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1098","url":null,"abstract":"Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é um distúrbio da gravidez causado pela proliferação e diferenciação defeituosa do trofoblasto, podendo apresentar caráter benigno ou maligno. O diagnóstico de DTG é clínico e suspeita-se desse distúrbio na primeira metade da gestação quando há o surgimento de sangramento vaginal intermitente, ausência da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, sinais de toxemia, hipertireoidismo ou hiperêmese, além de valores anormais do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o volume uterino que não corresponde ao tempo de gestação. O tratamento padrão para a mola hidatiforme, uma forma de DTG benigna, é o esvaziamento uterino, geralmente realizado por meio de curetagem. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar o panorama atual dos procedimentos de curetagem uterina devido à mola hidatiforme realizados no Estado do Rio de Janeiro ao longo de 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura e coleta de dados observacional, descritiva e transversal dos procedimentos de curetagem uterina por mola hidatiforme, utilizando-se o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de agosto de 2012 a agosto de 2022. Foram avaliados o número de internações, gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, tempo de permanência e tipo de atendimento. Além disso, foram consultados artigos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). Resultados: No período analisado, foram registradas 944 internações para a realização de curetagem uterina por mola hidatiforme, com um gasto total de R$ 161.641,31. O ano de 2014 foi o que apresentou o maior número de internações (191) e também o maior valor gasto durante o período (R$ 37.730,72). Dos procedimentos realizados, 87 foram em caráter eletivo e 857 em caráter de urgência, com 466 ocorrendo no setor público, 89 no setor privado e 389 com regime de atendimento desconhecido. Todos os 944 procedimentos foram considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 0,11, correspondendo a um óbito ocorrido em 2014, em um atendimento de urgência no setor público. A média de tempo de internação foi de 2 dias, com um custo médio de R$ 171,23. Conclusão: Com base nesse estudo, observa-se que a maioria dos procedimentos de curetagem uterina para a resolução da mola hidatiforme é realizada em caráter de urgência, com baixo tempo de permanência hospitalar e médio risco cirúrgico, confirmando assim a classificação desse procedimento como de média complexidade.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"276 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135649406","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1099
Millena Duarte de Paula, Yasmim Garcia Ribeiro, Isabella Rodrigues Braga, Inglidy Oliveira de Souza, Bárbara Rodrigues Pereira, Ana Clara de Moraes Duarte, Giovana Secco Alberto Souza, Fernanda Amorim de Morais Nascimento Braga
Introdução: O pré-natal obstétrico é fundamental para promover a saúde materna e fetal, proporcionando um ambiente propício para a promoção do aleitamento materno e a identificação de possíveis vulnerabilidades socioeconômicas e doenças preexistentes que possam afetar a saúde da gestante e do feto. Objetivo: Analisar as características gestacionais do pré-natal de mulheres atendidas por um projeto de extensão em uma unidade básica de saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado com base nas ações desenvolvidas semanalmente pelo projeto de extensão intitulado "Grupo de apoio e promoção do aleitamento materno em unidade básica: promovendo uma rede de apoio e cuidados à saúde da mulher e criança". O projeto foi realizado no período de maio a novembro de 2021 na Unidade Básica de Saúde vinculada ao Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (PAISMCA) em São Pedro da Aldeia (RJ). Os dados foram analisados utilizando-se o software Excel for Windows® 365. As informações coletadas incluíram idade, profissão, estado civil, moradia, acesso à água encanada e rede de esgoto, renda familiar, planejamento familiar, doenças prévias, experiências anteriores com amamentação, além do início do acompanhamento nutricional e do pré-natal. Resultados: Durante os seis meses do projeto, foram acompanhadas 21 gestantes, com idade média de 31 anos. A maioria das gestantes vivia com o companheiro ou era casada, e a profissão declarada mais frequente foi "do lar". Todas as gestantes tinham acesso à água encanada em suas residências, e a maioria delas tinha acesso à rede de esgoto. A maioria também possuía casa própria e tinha renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. Todas as gestantes estavam em acompanhamento regular de pré-natal, sendo que a maioria iniciou o acompanhamento até a 9ª semana gestacional. A maioria das gestantes afirmou que a gestação atual não foi planejada. O acompanhamento nutricional foi iniciado após a 17ª semana gestacional para a maioria das gestantes. Além disso, algumas gestantes apresentavam doenças cardiovasculares pré-gestacionais, e a maioria delas teve experiências anteriores de amamentação. Conclusão: As gestantes acompanhadas apresentaram risco de vulnerabilidade social e de saúde, principalmente devido à não adesão ao acompanhamento nutricional desde o início do pré-natal e ao baixo índice de amamentação materna, abaixo das recomendações do Ministério da Saúde.
导言:产科产前护理对于促进孕产妇和胎儿健康至关重要,为促进母乳喂养提供有利环境,并查明可能影响孕妇和胎儿健康的社会经济脆弱性和现有疾病。摘要目的:分析在基础卫生单位外联项目中接受产前护理的妇女的妊娠特征。方法:这是一项经验报告类型的描述性研究,根据题为"基本单位母乳喂养支持和促进小组:促进妇女和儿童保健支持和护理网络"的推广项目每周制定的行动进行。该项目于2021年5月至11月期间在sao Pedro da Aldeia (RJ)与妇女、儿童和青少年综合保健方案(PAISMCA)有关的基本保健单位开展。数据分析使用Excel for Windows®365软件。收集的信息包括年龄、职业、婚姻状况、住房、获得自来水和污水的机会、家庭收入、计划生育、以前的疾病、以前的母乳喂养经验以及开始营养监测和产前护理。结果:在项目的6个月期间,随访了21名孕妇,平均年龄31岁。大多数孕妇与伴侣生活在一起或已婚,最常见的职业是“在家”。所有孕妇家中都有自来水,大多数孕妇都有下水道。大多数人也有自己的房子,家庭收入是最低工资的1到2倍。所有孕妇都定期接受产前监测,大多数孕妇在妊娠第9周开始随访。大多数孕妇表示,目前的怀孕不是计划好的。大多数孕妇在妊娠17周后开始营养监测。此外,一些孕妇患有妊娠前心血管疾病,其中大多数有母乳喂养经验。结论:受监测的孕妇存在社会脆弱性和健康风险,主要是由于不遵守产前营养监测和母乳喂养率低,低于卫生部的建议。
{"title":"Perfil obstétrico, demográfico e socioeconômico de gestantes assistidas por um projeto de extensão no município de São Pedro da Aldeia (RJ)","authors":"Millena Duarte de Paula, Yasmim Garcia Ribeiro, Isabella Rodrigues Braga, Inglidy Oliveira de Souza, Bárbara Rodrigues Pereira, Ana Clara de Moraes Duarte, Giovana Secco Alberto Souza, Fernanda Amorim de Morais Nascimento Braga","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1099","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1099","url":null,"abstract":"Introdução: O pré-natal obstétrico é fundamental para promover a saúde materna e fetal, proporcionando um ambiente propício para a promoção do aleitamento materno e a identificação de possíveis vulnerabilidades socioeconômicas e doenças preexistentes que possam afetar a saúde da gestante e do feto. Objetivo: Analisar as características gestacionais do pré-natal de mulheres atendidas por um projeto de extensão em uma unidade básica de saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado com base nas ações desenvolvidas semanalmente pelo projeto de extensão intitulado \"Grupo de apoio e promoção do aleitamento materno em unidade básica: promovendo uma rede de apoio e cuidados à saúde da mulher e criança\". O projeto foi realizado no período de maio a novembro de 2021 na Unidade Básica de Saúde vinculada ao Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (PAISMCA) em São Pedro da Aldeia (RJ). Os dados foram analisados utilizando-se o software Excel for Windows® 365. As informações coletadas incluíram idade, profissão, estado civil, moradia, acesso à água encanada e rede de esgoto, renda familiar, planejamento familiar, doenças prévias, experiências anteriores com amamentação, além do início do acompanhamento nutricional e do pré-natal. Resultados: Durante os seis meses do projeto, foram acompanhadas 21 gestantes, com idade média de 31 anos. A maioria das gestantes vivia com o companheiro ou era casada, e a profissão declarada mais frequente foi \"do lar\". Todas as gestantes tinham acesso à água encanada em suas residências, e a maioria delas tinha acesso à rede de esgoto. A maioria também possuía casa própria e tinha renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. Todas as gestantes estavam em acompanhamento regular de pré-natal, sendo que a maioria iniciou o acompanhamento até a 9ª semana gestacional. A maioria das gestantes afirmou que a gestação atual não foi planejada. O acompanhamento nutricional foi iniciado após a 17ª semana gestacional para a maioria das gestantes. Além disso, algumas gestantes apresentavam doenças cardiovasculares pré-gestacionais, e a maioria delas teve experiências anteriores de amamentação. Conclusão: As gestantes acompanhadas apresentaram risco de vulnerabilidade social e de saúde, principalmente devido à não adesão ao acompanhamento nutricional desde o início do pré-natal e ao baixo índice de amamentação materna, abaixo das recomendações do Ministério da Saúde.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"34 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135649408","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1025
Carlos Tadeu Aparecido Fernandes Silveira, Thainá Maciel Fraga Montoiro, Caroline Graça Mota Damasceno, Liz Azeredo Malatesta, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres
Introdução: A hidradenite supurativa (HS) é uma doença crônica caracterizada por inflamação, supuração e cicatrizes das glândulas apócrinas, principalmente nas axilas, virilhas e região anal. A patogênese da HS envolve disfunção da unidade pilossebácea apócrina, resultando em obstrução, dilatação e ruptura do folículo piloso. Isso desencadeia uma resposta imunológica local, levando à formação de lesões inflamatórias. Com a progressão da doença, ocorrem a formação de abscessos, úlceras, fístulas e fibrose cicatricial. A HS está frequentemente associada a múltiplas comorbidades, como obesidade, diabetes, artrite inflamatória e acne, entre outras. Relato de caso: Neste relato de caso, uma paciente de 70 anos, nuligesta e menopausada aos 51 anos, sem comorbidades conhecidas, procurou o Ambulatório de Ginecologia devido a prolapso uterino total, sendo submetida a histerectomia vaginal total. Durante o exame físico inicial, além do prolapso uterino, observaram-se extensas cicatrizes retráteis e deformantes no sulco genitofemoral, mais pronunciadas no lado direito do que no esquerdo, com secreção exsudativa. A paciente relatou episódios infecciosos recorrentes desde a puberdade e já havia passado por vários tratamentos clínicos ao longo da vida, além de ter realizado um procedimento cirúrgico aos 35 anos, que diminuiu a recorrência dos episódios na região afetada à esquerda. Comentários: Este caso chamou a atenção devido à gravidade das deformidades cutâneas na região afetada, causadas pelos episódios inflamatórios recorrentes, bem como pelo longo período de evolução da doença ativa (mais de 50 anos). Normalmente, a HS é mais comum em mulheres jovens com comorbidades, não sendo frequente em pacientes dessa faixa etária sem comorbidades, como é o caso dessa paciente. Portanto, esse caso é considerado singular e atípico, destacando a importância de considerar a possibilidade de HS mesmo em pacientes mais idosas e sem comorbidades, quando os sinais clínicos e a história são sugestivos dessa condição.
{"title":"Hidradenite supurativa severa e longa duração. Relato de caso","authors":"Carlos Tadeu Aparecido Fernandes Silveira, Thainá Maciel Fraga Montoiro, Caroline Graça Mota Damasceno, Liz Azeredo Malatesta, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1025","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1025","url":null,"abstract":"Introdução: A hidradenite supurativa (HS) é uma doença crônica caracterizada por inflamação, supuração e cicatrizes das glândulas apócrinas, principalmente nas axilas, virilhas e região anal. A patogênese da HS envolve disfunção da unidade pilossebácea apócrina, resultando em obstrução, dilatação e ruptura do folículo piloso. Isso desencadeia uma resposta imunológica local, levando à formação de lesões inflamatórias. Com a progressão da doença, ocorrem a formação de abscessos, úlceras, fístulas e fibrose cicatricial. A HS está frequentemente associada a múltiplas comorbidades, como obesidade, diabetes, artrite inflamatória e acne, entre outras. Relato de caso: Neste relato de caso, uma paciente de 70 anos, nuligesta e menopausada aos 51 anos, sem comorbidades conhecidas, procurou o Ambulatório de Ginecologia devido a prolapso uterino total, sendo submetida a histerectomia vaginal total. Durante o exame físico inicial, além do prolapso uterino, observaram-se extensas cicatrizes retráteis e deformantes no sulco genitofemoral, mais pronunciadas no lado direito do que no esquerdo, com secreção exsudativa. A paciente relatou episódios infecciosos recorrentes desde a puberdade e já havia passado por vários tratamentos clínicos ao longo da vida, além de ter realizado um procedimento cirúrgico aos 35 anos, que diminuiu a recorrência dos episódios na região afetada à esquerda. Comentários: Este caso chamou a atenção devido à gravidade das deformidades cutâneas na região afetada, causadas pelos episódios inflamatórios recorrentes, bem como pelo longo período de evolução da doença ativa (mais de 50 anos). Normalmente, a HS é mais comum em mulheres jovens com comorbidades, não sendo frequente em pacientes dessa faixa etária sem comorbidades, como é o caso dessa paciente. Portanto, esse caso é considerado singular e atípico, destacando a importância de considerar a possibilidade de HS mesmo em pacientes mais idosas e sem comorbidades, quando os sinais clínicos e a história são sugestivos dessa condição.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"142 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135594172","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1032
Ravine Sales Nunes, Ricardo José de Souza, Nathalia Cristina Cruz Silva
Introdução: O prolapso genital é caracterizado pela protrusão de órgãos pélvicos através ou além das paredes vaginais. É comum em mulheres multíparas, afetando até 50% delas, e pode causar sintomas relacionados ao trato urinário, intestinal e sexual. A disfunção sexual e os distúrbios do assoalho pélvico são problemas frequentemente associados, especialmente em mulheres que apresentam incontinência urinária ou fecal durante a atividade sexual. Portanto, é importante investigar a relação entre o diagnóstico de prolapso genital e seus impactos na atividade sexual dessas mulheres, uma vez que a sexualidade desempenha um papel importante na qualidade de vida e frequentemente é um objetivo do tratamento. Objetivo: Identificar o perfil da atividade sexual de mulheres com prolapso genital atendidas em um Ambulatório de Uroginecologia. Metodologia: O estudo foi conduzido em um hospital terciário e incluiu mulheres diagnosticadas com prolapso genital atendidas no Ambulatório de Uroginecologia entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023. Todas as pacientes envolvidas forneceram consentimento informado. Durante a anamnese, além de coletar dados demográficos, foram obtidas informações sobre a frequência de atividade sexual e o principal motivo para a abstinência sexual, quando aplicável. O diagnóstico de prolapso genital foi realizado por meio do exame físico, utilizando-se a classificação Pelvic Organ Prolapse Quantification (POP-Q) e considerando o estágio II ou superior. O prolapso foi classificado de acordo com o compartimento vaginal afetado: anterior (parede anterior da vagina), apical (útero ou cúpula vaginal) e posterior (parede posterior). A análise estatística foi realizada empregando-se frequências, porcentagens, mediana e intervalo interquartil. As variáveis numéricas foram analisadas utilizando-se o teste t de Student e as variáveis categóricas foram analisadas empregando-se o teste do qui-quadrado. Resultados: No total, 182 mulheres participaram do estudo, das quais 141 (77,5%) relataram não estar envolvidas em atividade sexual, enquanto 41 (22,5%) afirmaram estar ativas sexualmente. As mulheres que ainda mantinham atividade sexual eram, em média, 10 anos mais jovens do que aquelas sem atividade sexual (p<0,001). Outro fator relevante foi o sítio do prolapso vaginal afetado; as mulheres com prolapso apical relataram significativamente menos atividade sexual do que aquelas sem prolapso apical (p=0,042). A falta de parceiro foi a causa mais comum de abstinência sexual (71/182), seguida pelo prolapso genital (27/182). Além disso, 20 mulheres afirmaram não ter intenção de retomar a atividade sexual no futuro, e 9 mulheres não estavam ativas sexualmente devido a problemas do parceiro. Conclusão: Em conclusão, observou-se que, à medida que as mulheres envelhecem, há uma tendência de redução na atividade sexual, o que pode estar associado a uma maior prevalência de prolapso genital em mulheres mais velhas, bem como a fatores sociais, como a falta de parce
{"title":"O perfil de atividade sexual de mulheres com prolapso genital","authors":"Ravine Sales Nunes, Ricardo José de Souza, Nathalia Cristina Cruz Silva","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1032","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1032","url":null,"abstract":"Introdução: O prolapso genital é caracterizado pela protrusão de órgãos pélvicos através ou além das paredes vaginais. É comum em mulheres multíparas, afetando até 50% delas, e pode causar sintomas relacionados ao trato urinário, intestinal e sexual. A disfunção sexual e os distúrbios do assoalho pélvico são problemas frequentemente associados, especialmente em mulheres que apresentam incontinência urinária ou fecal durante a atividade sexual. Portanto, é importante investigar a relação entre o diagnóstico de prolapso genital e seus impactos na atividade sexual dessas mulheres, uma vez que a sexualidade desempenha um papel importante na qualidade de vida e frequentemente é um objetivo do tratamento. Objetivo: Identificar o perfil da atividade sexual de mulheres com prolapso genital atendidas em um Ambulatório de Uroginecologia. Metodologia: O estudo foi conduzido em um hospital terciário e incluiu mulheres diagnosticadas com prolapso genital atendidas no Ambulatório de Uroginecologia entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023. Todas as pacientes envolvidas forneceram consentimento informado. Durante a anamnese, além de coletar dados demográficos, foram obtidas informações sobre a frequência de atividade sexual e o principal motivo para a abstinência sexual, quando aplicável. O diagnóstico de prolapso genital foi realizado por meio do exame físico, utilizando-se a classificação Pelvic Organ Prolapse Quantification (POP-Q) e considerando o estágio II ou superior. O prolapso foi classificado de acordo com o compartimento vaginal afetado: anterior (parede anterior da vagina), apical (útero ou cúpula vaginal) e posterior (parede posterior). A análise estatística foi realizada empregando-se frequências, porcentagens, mediana e intervalo interquartil. As variáveis numéricas foram analisadas utilizando-se o teste t de Student e as variáveis categóricas foram analisadas empregando-se o teste do qui-quadrado. Resultados: No total, 182 mulheres participaram do estudo, das quais 141 (77,5%) relataram não estar envolvidas em atividade sexual, enquanto 41 (22,5%) afirmaram estar ativas sexualmente. As mulheres que ainda mantinham atividade sexual eram, em média, 10 anos mais jovens do que aquelas sem atividade sexual (p<0,001). Outro fator relevante foi o sítio do prolapso vaginal afetado; as mulheres com prolapso apical relataram significativamente menos atividade sexual do que aquelas sem prolapso apical (p=0,042). A falta de parceiro foi a causa mais comum de abstinência sexual (71/182), seguida pelo prolapso genital (27/182). Além disso, 20 mulheres afirmaram não ter intenção de retomar a atividade sexual no futuro, e 9 mulheres não estavam ativas sexualmente devido a problemas do parceiro. Conclusão: Em conclusão, observou-se que, à medida que as mulheres envelhecem, há uma tendência de redução na atividade sexual, o que pode estar associado a uma maior prevalência de prolapso genital em mulheres mais velhas, bem como a fatores sociais, como a falta de parce","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"31 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135594177","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1021
Rodrigo Dias da Rocha, Camilla Senise Nunes, Marina Nogueira Toledo, Paloma Boldrini, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres
Introdução: A maioria das anomalias congênitas do trato genital feminino (ACTGF) afeta o útero. No entanto, o espectro de ACTGF é grande, abrangendo anomalias do colo do útero, vagina, introito vulvar e trompas de falópio, com ou sem malformações associadas do ovário, trato urinário, esqueleto e outros órgãos. Essas anomalias podem ser avaliadas de forma abrangente com ressonância magnética para auxiliar na caracterização da anomalia, avaliação de complicações associadas e planejamento pré-operatório. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, gesta I, para I (parto cesáreo aos 18 anos de idade), menstruando regularmente desde os 13 anos de idade, com fluxo sanguíneo normal com duração de 3 dias, procurou o Ambulatório do Serviço de Ginecologia com relato de surgimento de dor pélvica tipo cólica há aproximadamente 1 ano, no período pré e pós-menstrual. Relata dispareunia profunda de longa data. Ao exame físico da primeira consulta, observou-se presença de abaulamento cístico em parede lateral. O colo uterino planificado e útero de tamanho e mobilidades normais ao toque vaginal. Os anexos não foram palpáveis. A ultrassonografia transvaginal mostrou útero septado em AVF, medindo 6,6 × 36 × 47 cm, com 2 ecos endometriais medindo, respectivamente, 8,9 cm o esquerdo e 9,8 cm o direito, eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo, respectivamente, o direito 2,7 × 2,3 cm e o esquerdo 6,0 × 4,2 mm, contendo um cisto de 4,2 cm sem fluxo ao doppler. Foi solicitada uma ressonância nuclear magnética da pelve que evidenciou útero septado parcialmente medindo 8,2 × 3,3 × 55 cm. Os ligamentos uterossacros estavam sem alterações. A vagina apresentava conteúdo hemático na sua porção superior e lateral esquerda, devendo-se considerar hemivagina obstruída. Em região parauterina esquerda, havia presença de formação cística serpinginosa com conteúdo hemático. Deve-se considerar a possibilidade de ureter ectópico com implantação vaginal. O rim direito estava normal, sem sinais de hidronefrose, e o rim esquerdo estava ausente. A paciente optou por não realizar abordagem cirúrgica devido à proximidade da menopausa. Comentários: O caso chama a atenção pelo diagnóstico tardio desta malformação urogenital, provavelmente devido ao fato de o septo uterino não ser completo, permitindo o escoamento do sangue menstrual do hemiútero esquerdo em direção à hemivagina direita, com acúmulo parcial na hemivagina esquerda. Diferentemente da síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich (SHWW), que é uma malformação urogenital caracterizada pela tríade de útero didelfo, hemivagina obstruída e agenesia renal ipsilateral, cujo diagnóstico é feito na puberdade e requer intervenção cirúrgica imediata.
{"title":"Diagnóstico tardio por ressonância magnética de malformação do sistema urogenital: relato de caso","authors":"Rodrigo Dias da Rocha, Camilla Senise Nunes, Marina Nogueira Toledo, Paloma Boldrini, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Katia Alvim Mendonça, Manoel Marques Torres","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1021","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1021","url":null,"abstract":"Introdução: A maioria das anomalias congênitas do trato genital feminino (ACTGF) afeta o útero. No entanto, o espectro de ACTGF é grande, abrangendo anomalias do colo do útero, vagina, introito vulvar e trompas de falópio, com ou sem malformações associadas do ovário, trato urinário, esqueleto e outros órgãos. Essas anomalias podem ser avaliadas de forma abrangente com ressonância magnética para auxiliar na caracterização da anomalia, avaliação de complicações associadas e planejamento pré-operatório. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, gesta I, para I (parto cesáreo aos 18 anos de idade), menstruando regularmente desde os 13 anos de idade, com fluxo sanguíneo normal com duração de 3 dias, procurou o Ambulatório do Serviço de Ginecologia com relato de surgimento de dor pélvica tipo cólica há aproximadamente 1 ano, no período pré e pós-menstrual. Relata dispareunia profunda de longa data. Ao exame físico da primeira consulta, observou-se presença de abaulamento cístico em parede lateral. O colo uterino planificado e útero de tamanho e mobilidades normais ao toque vaginal. Os anexos não foram palpáveis. A ultrassonografia transvaginal mostrou útero septado em AVF, medindo 6,6 × 36 × 47 cm, com 2 ecos endometriais medindo, respectivamente, 8,9 cm o esquerdo e 9,8 cm o direito, eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo, respectivamente, o direito 2,7 × 2,3 cm e o esquerdo 6,0 × 4,2 mm, contendo um cisto de 4,2 cm sem fluxo ao doppler. Foi solicitada uma ressonância nuclear magnética da pelve que evidenciou útero septado parcialmente medindo 8,2 × 3,3 × 55 cm. Os ligamentos uterossacros estavam sem alterações. A vagina apresentava conteúdo hemático na sua porção superior e lateral esquerda, devendo-se considerar hemivagina obstruída. Em região parauterina esquerda, havia presença de formação cística serpinginosa com conteúdo hemático. Deve-se considerar a possibilidade de ureter ectópico com implantação vaginal. O rim direito estava normal, sem sinais de hidronefrose, e o rim esquerdo estava ausente. A paciente optou por não realizar abordagem cirúrgica devido à proximidade da menopausa. Comentários: O caso chama a atenção pelo diagnóstico tardio desta malformação urogenital, provavelmente devido ao fato de o septo uterino não ser completo, permitindo o escoamento do sangue menstrual do hemiútero esquerdo em direção à hemivagina direita, com acúmulo parcial na hemivagina esquerda. Diferentemente da síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich (SHWW), que é uma malformação urogenital caracterizada pela tríade de útero didelfo, hemivagina obstruída e agenesia renal ipsilateral, cujo diagnóstico é feito na puberdade e requer intervenção cirúrgica imediata.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"99 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550478","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1036
Marina Albernaz Nunes, Vivianne Andreis Grigolo, Rosana Mara da Silva, Matheus de Lima Kauling, Letícia Golferari Inheguez
Introdução: Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo de útero é o 3º câncer mais comum no Brasil entre as mulheres, e sua incidência no município de Jaraguá do Sul (SC), em 2021, foi de 4,09% da população feminina entre 18 e 90 anos. Essa doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas diversos, tornando a realização do exame preventivo, a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e o conhecimento dos sinais e sintomas essenciais para o diagnóstico e tratamento precoce, fatores cruciais para a melhoria do prognóstico e aumento das chances de cura. Diante desse contexto, estudantes de Medicina do 2º semestre desenvolveram um projeto em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia para conscientizar, promover e prevenir o câncer de colo de útero. Objetivos: O principal objetivo do projeto foi conscientizar os estudantes de Medicina e a população em geral sobre a importância da prevenção do câncer de colo de útero. Acredita-se que profissionais de saúde bem-informados e uma sociedade capacitada a disseminar informações corretas contribuem para a detecção precoce da doença, reduzindo sua morbimortalidade e trazendo benefícios para a população. Além disso, como objetivo específico, buscou-se compartilhar as informações de forma clara e objetiva. Metodologia: O estudo utilizou abordagem teórico-prática e qualitativa, adotando o tipo de pesquisa-ação. Utilizaram-se materiais como banners, informativos e enquetes nas redes sociais (Instagram) para avaliar o conhecimento da população em geral e dos estudantes na área da saúde sobre o câncer de colo de útero. Para a divulgação de informações, realizou-se transmissão ao vivo (live) no Instagram com uma profissional da área de ginecologia e obstetrícia, a fim de esclarecer dúvidas e abordar o tema. Além disso, ministrou-se uma aula em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Jaraguá do Sul, na qual profissionais de saúde qualificados abordaram a importância da coleta do exame preventivo (Papanicolau) para a detecção precoce do câncer de colo de útero. Resultados: Durante a intervenção em Educação em Saúde, que ocorreu de fevereiro a junho de 2021, os alunos do 2º semestre de Medicina conseguiram alcançar um total de 1.021 indivíduos, incluindo estudantes, profissionais da saúde e a comunidade em geral. A disseminação dessas informações foi benéfica para os acadêmicos de Medicina e profissionais da saúde, proporcionando uma melhor compreensão das condutas e orientações a serem adotadas no cuidado dos pacientes. Na comunidade, a divulgação das informações foi útil para que as pessoas fiquem atentas aos primeiros sinais de alerta e busquem a orientação de profissionais de saúde qualificados, assim como a realização de exames periódicos para diagnóstico precoce. Conclusão: A metodologia adotada no projeto demonstrou ser abrangente, atingindo grande público e promovendo a conscientização e prevenção do câncer de colo de út
简介:根据国家癌症研究所(印加)的数据,宫颈癌是巴西妇女中第三常见的癌症,2021年jaragua do Sul (SC)市的发病率为18至90岁女性人口的4.09%。这种疾病可能无症状或有多种症状,因此进行预防性检查、接种人类乳头瘤病毒(HPV)疫苗以及了解体征和症状对诊断和早期治疗至关重要,是改善预后和增加治愈机会的关键因素。在此背景下,第二学期的医学生与妇产科学术联盟合作开发了一个项目,以提高人们对宫颈癌的认识、促进和预防。目的:该项目的主要目标是提高医学生和一般人群对预防宫颈癌重要性的认识。人们认为,消息灵通的保健专业人员和能够传播正确信息的社会有助于及早发现疾病,降低其发病率和死亡率,并为人口带来好处。此外,作为一个具体目标,我们寻求以清晰和客观的方式分享信息。方法:本研究采用理论-实践和定性的方法,采用行动研究的类型。我们使用横幅、新闻和社交网络(Instagram)上的调查等材料来评估一般人群和学生在健康领域对宫颈癌的知识。为了传播信息,我们在Instagram上与妇产科领域的专业人士进行了直播,以澄清疑问并解决问题。此外,还与jaragua do Sul医学院的妇产科学术联盟合作举办了一门课程,合格的保健专业人员在课程中讨论了收集预防性检查(巴氏涂片检查)对早期发现宫颈癌的重要性。结果:在2021年2月至6月进行的健康教育干预中,第二学期医学学生共接触了1021人,包括学生、卫生专业人员和整个社区。这些信息的传播有利于医学学者和卫生专业人员,使他们更好地了解在病人护理中应采取的行为和指导方针。在社区内,信息的传播有助于使人们注意到第一个警告信号,并寻求合格保健专业人员的指导,以及进行定期检查以进行早期诊断。结论:该项目采用的方法是全面的,面向广大公众,提高社会和学术界对宫颈癌的认识和预防。传播关于预防宫颈癌重要性的信息对于降低与该疾病有关的发病率和死亡率至关重要。
{"title":"Projeto de conscientização sobre o câncer de colo de útero em uma instituição médica de ensino em Jaraguá do Sul (SC)","authors":"Marina Albernaz Nunes, Vivianne Andreis Grigolo, Rosana Mara da Silva, Matheus de Lima Kauling, Letícia Golferari Inheguez","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1036","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1036","url":null,"abstract":"Introdução: Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo de útero é o 3º câncer mais comum no Brasil entre as mulheres, e sua incidência no município de Jaraguá do Sul (SC), em 2021, foi de 4,09% da população feminina entre 18 e 90 anos. Essa doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas diversos, tornando a realização do exame preventivo, a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e o conhecimento dos sinais e sintomas essenciais para o diagnóstico e tratamento precoce, fatores cruciais para a melhoria do prognóstico e aumento das chances de cura. Diante desse contexto, estudantes de Medicina do 2º semestre desenvolveram um projeto em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia para conscientizar, promover e prevenir o câncer de colo de útero. Objetivos: O principal objetivo do projeto foi conscientizar os estudantes de Medicina e a população em geral sobre a importância da prevenção do câncer de colo de útero. Acredita-se que profissionais de saúde bem-informados e uma sociedade capacitada a disseminar informações corretas contribuem para a detecção precoce da doença, reduzindo sua morbimortalidade e trazendo benefícios para a população. Além disso, como objetivo específico, buscou-se compartilhar as informações de forma clara e objetiva. Metodologia: O estudo utilizou abordagem teórico-prática e qualitativa, adotando o tipo de pesquisa-ação. Utilizaram-se materiais como banners, informativos e enquetes nas redes sociais (Instagram) para avaliar o conhecimento da população em geral e dos estudantes na área da saúde sobre o câncer de colo de útero. Para a divulgação de informações, realizou-se transmissão ao vivo (live) no Instagram com uma profissional da área de ginecologia e obstetrícia, a fim de esclarecer dúvidas e abordar o tema. Além disso, ministrou-se uma aula em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Jaraguá do Sul, na qual profissionais de saúde qualificados abordaram a importância da coleta do exame preventivo (Papanicolau) para a detecção precoce do câncer de colo de útero. Resultados: Durante a intervenção em Educação em Saúde, que ocorreu de fevereiro a junho de 2021, os alunos do 2º semestre de Medicina conseguiram alcançar um total de 1.021 indivíduos, incluindo estudantes, profissionais da saúde e a comunidade em geral. A disseminação dessas informações foi benéfica para os acadêmicos de Medicina e profissionais da saúde, proporcionando uma melhor compreensão das condutas e orientações a serem adotadas no cuidado dos pacientes. Na comunidade, a divulgação das informações foi útil para que as pessoas fiquem atentas aos primeiros sinais de alerta e busquem a orientação de profissionais de saúde qualificados, assim como a realização de exames periódicos para diagnóstico precoce. Conclusão: A metodologia adotada no projeto demonstrou ser abrangente, atingindo grande público e promovendo a conscientização e prevenção do câncer de colo de út","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135595611","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}