Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1123
{"title":"Índice Remissivo por Autores","authors":"","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1123","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1123","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"275 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650695","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: As cardiopatias afetam cerca de 0,3 a 4% das gestações em países desenvolvidos. No Brasil, a incidência chega a 4,2% em centros de referência, sendo identificadas como as principais causas indiretas de mortalidade materna. A estenose mitral de origem reumática é a cardiopatia mais frequente no território brasileiro, enquanto nos EUA a cardiopatia congênita é a mais incidente. Quanto à miocardiopatia periparto, trata-se de uma forma de insuficiência cardíaca (IC) sistólica com redução da fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo, que afeta mulheres durante a gravidez ou no período pós-parto inicial. Esse diagnóstico é de exclusão e muitos dos achados da doença podem ser compatíveis com sinais e sintomas do final da gestação e do período periparto. Isso pode explicar uma incidência real desconhecida da doença, devido a provável subdiagnóstico. A via de parto e o momento do parto devem ser avaliados em conjunto com a Cardiologia, mas, em pacientes compensadas, não é necessária a antecipação do parto. Relato de caso: M.J.S., 38 anos, multípara, com 2 partos normais e 2 partos cesáreas prévios, está atualmente com 36 semanas e 5 dias de gestação. A paciente procurou atendimento de emergência queixando-se de edema de membros inferiores e dispneia. Ela realizou pré-natal de alto risco devido à IC com FE reduzida há três anos. Relata que, no puerpério tardio da gestação anterior, foi diagnosticada com miocardiopatia periparto. Durante esta gestação, ela fez uso de ácido acetilsalicílico (AAS), furosemida e bisoprolol. No ecocardiograma transtorácico (ECOTT) realizado 2 meses antes da consulta atual, a paciente apresentava uma FE de 47%, disfunção sistólica global leve do ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. Após a avaliação do exame físico, a paciente foi internada para vigilância clínica e foi realizado um novo ECOTT, que demonstrou agravamento da doença de base com refluxo mitral grave. Durante a internação, houve uma piora progressiva dos sintomas de congestão, apesar do aumento das doses da medicação diurética e do beta bloqueador. Após discussão conjunta com a Cardiologia, indicou-se a realização de cesariana a termo, com 38 semanas. O puerpério transcorreu fisiologicamente, com observação intensiva na Unidade Coronariana. A paciente apresentou melhora da queixa de dispneia e edema de membros inferiores após o parto e segue sob os cuidados da Cardiologia em acompanhamento ambulatorial. Comentário: A miocardiopatia periparto é um importante diagnóstico a ser considerado na avaliação de pacientes grávidas. No caso relatado, é possível observar a importância do acompanhamento multidisciplinar e individualizado da paciente cardiopata. Mulheres compensadas durante a gestação podem apresentar uma piora do quadro clínico da patologia de base, principalmente durante o terceiro trimestre.
{"title":"Manejo clínico de gestante com história de miocardiopatia periparto evoluindo com piora do quadro de insuficiência cardíaca no terceiro trimestre: relato de caso","authors":"Gabriela Oliveira de Menezes, Isabela Carmona Castro Rodriguez, Aline Silva Izzo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1082","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1082","url":null,"abstract":"Introdução: As cardiopatias afetam cerca de 0,3 a 4% das gestações em países desenvolvidos. No Brasil, a incidência chega a 4,2% em centros de referência, sendo identificadas como as principais causas indiretas de mortalidade materna. A estenose mitral de origem reumática é a cardiopatia mais frequente no território brasileiro, enquanto nos EUA a cardiopatia congênita é a mais incidente. Quanto à miocardiopatia periparto, trata-se de uma forma de insuficiência cardíaca (IC) sistólica com redução da fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo, que afeta mulheres durante a gravidez ou no período pós-parto inicial. Esse diagnóstico é de exclusão e muitos dos achados da doença podem ser compatíveis com sinais e sintomas do final da gestação e do período periparto. Isso pode explicar uma incidência real desconhecida da doença, devido a provável subdiagnóstico. A via de parto e o momento do parto devem ser avaliados em conjunto com a Cardiologia, mas, em pacientes compensadas, não é necessária a antecipação do parto. Relato de caso: M.J.S., 38 anos, multípara, com 2 partos normais e 2 partos cesáreas prévios, está atualmente com 36 semanas e 5 dias de gestação. A paciente procurou atendimento de emergência queixando-se de edema de membros inferiores e dispneia. Ela realizou pré-natal de alto risco devido à IC com FE reduzida há três anos. Relata que, no puerpério tardio da gestação anterior, foi diagnosticada com miocardiopatia periparto. Durante esta gestação, ela fez uso de ácido acetilsalicílico (AAS), furosemida e bisoprolol. No ecocardiograma transtorácico (ECOTT) realizado 2 meses antes da consulta atual, a paciente apresentava uma FE de 47%, disfunção sistólica global leve do ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. Após a avaliação do exame físico, a paciente foi internada para vigilância clínica e foi realizado um novo ECOTT, que demonstrou agravamento da doença de base com refluxo mitral grave. Durante a internação, houve uma piora progressiva dos sintomas de congestão, apesar do aumento das doses da medicação diurética e do beta bloqueador. Após discussão conjunta com a Cardiologia, indicou-se a realização de cesariana a termo, com 38 semanas. O puerpério transcorreu fisiologicamente, com observação intensiva na Unidade Coronariana. A paciente apresentou melhora da queixa de dispneia e edema de membros inferiores após o parto e segue sob os cuidados da Cardiologia em acompanhamento ambulatorial. Comentário: A miocardiopatia periparto é um importante diagnóstico a ser considerado na avaliação de pacientes grávidas. No caso relatado, é possível observar a importância do acompanhamento multidisciplinar e individualizado da paciente cardiopata. Mulheres compensadas durante a gestação podem apresentar uma piora do quadro clínico da patologia de base, principalmente durante o terceiro trimestre.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"8 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650768","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: O rastreamento do câncer de colo de útero é fundamental para a detecção de alterações celulares típicas da infecção pelo HPV. Dentre as alterações observadas, as lesões de baixo grau (LSIL) correspondem a 1% dos resultados e são reconhecidas pela literatura como benignas e com grande potencial de regressão espontânea em cerca de 12 meses. Mundialmente, as diretrizes recomendam o manejo conservador de LSIL, a fim de evitar o sobretratamento de pacientes e consequentes adversidades. Questiona-se quais são as taxas de progressão e regressão espontânea de LSIL, assim como quais são os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de lesões de alto grau (HSIL), definidas como pré-neoplásicas. Objetivo: A pesquisa teve como objetivo a análise dos desfechos de seguimentos ambulatoriais de pacientes com diagnóstico citológico inicial compatível com LSIL. Objetivou-se também o levantamento da taxa de progressão de LSIL para HSIL, da taxa de terapias excisionais, do tempo decorrido do diagnóstico até a excisão da lesão e da associação com fatores de risco. Métodos: Estudo observacional, analítico e retrospectivo que contou com a coleta de dados de 340 prontuários de pacientes do ambulatório de PTGI do CHC-UFPR. Para a análise, 110 mulheres foram inseridas na pesquisa e tiveram dados observados de acordo com os seguimentos ambulatoriais de 36 meses. Para essa etapa do estudo, considerou-se os desfechos de seguimento após 12 meses até 36 meses. Para fins estatísticos, aplicou-se a média e o desvio padrão para variáveis contínuas e o teste exato de Fisher para variáveis categóricas. A curva de sobrevida de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar a relação de tempo e desfecho, e a regressão de Cox foi utilizada para correlacionar variáveis. Resultados: Das pacientes do estudo, 17 foram incluídas na amostra final, sendo que 4 perderam o seguimento e 13 foram manejadas conforme diretrizes. O grupo "desfecho primário" foi definido por mulheres submetidas à terapia excisional ou que apresentaram persistência de HSIL no seguimento. Nesse grupo, foram incluídas 9 pacientes, sendo que as 8 restantes apresentaram regressão espontânea das lesões ou alterações com menor risco oncológico e, portanto, foram classificadas como "sem desfecho primário". A média de idade do grupo foi de 33,7 (±6,58) anos, com média de sexarca de 16,11 (±2,42) anos, com médias de 1 filho e 5 parceiros por mulher. Dentro do grupo, 55,5% usavam métodos contraceptivos hormonais e eram tabagistas. Uma paciente perdeu o seguimento e 8 foram submetidas ao tratamento invasivo, sendo que, destas 8, 1 apresentou resultado anatomopatológico compatível com ausência de malignidade e 7 apresentaram resultados compatíveis com lesão de alto grau e, portanto, tiveram manejo adequado. Conclusão: Após 12 meses de seguimento, uma pequena parcela das lesões progride para HSIL, portanto, manter a conduta expectante de LSIL se mostra apropriado e evita o sobretratamento e suas adversidades.
{"title":"Os desfechos de LSIL em seguimentos de 12 a 36 meses de pacientes de uma instituição pública","authors":"Bruna Leticia Souza Taveira, Rita Maira Zanine, Luciana Karine Dos Santos, Nathan Vinicius Mendes Prehl Paulique","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1119","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1119","url":null,"abstract":"Introdução: O rastreamento do câncer de colo de útero é fundamental para a detecção de alterações celulares típicas da infecção pelo HPV. Dentre as alterações observadas, as lesões de baixo grau (LSIL) correspondem a 1% dos resultados e são reconhecidas pela literatura como benignas e com grande potencial de regressão espontânea em cerca de 12 meses. Mundialmente, as diretrizes recomendam o manejo conservador de LSIL, a fim de evitar o sobretratamento de pacientes e consequentes adversidades. Questiona-se quais são as taxas de progressão e regressão espontânea de LSIL, assim como quais são os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de lesões de alto grau (HSIL), definidas como pré-neoplásicas. Objetivo: A pesquisa teve como objetivo a análise dos desfechos de seguimentos ambulatoriais de pacientes com diagnóstico citológico inicial compatível com LSIL. Objetivou-se também o levantamento da taxa de progressão de LSIL para HSIL, da taxa de terapias excisionais, do tempo decorrido do diagnóstico até a excisão da lesão e da associação com fatores de risco. Métodos: Estudo observacional, analítico e retrospectivo que contou com a coleta de dados de 340 prontuários de pacientes do ambulatório de PTGI do CHC-UFPR. Para a análise, 110 mulheres foram inseridas na pesquisa e tiveram dados observados de acordo com os seguimentos ambulatoriais de 36 meses. Para essa etapa do estudo, considerou-se os desfechos de seguimento após 12 meses até 36 meses. Para fins estatísticos, aplicou-se a média e o desvio padrão para variáveis contínuas e o teste exato de Fisher para variáveis categóricas. A curva de sobrevida de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar a relação de tempo e desfecho, e a regressão de Cox foi utilizada para correlacionar variáveis. Resultados: Das pacientes do estudo, 17 foram incluídas na amostra final, sendo que 4 perderam o seguimento e 13 foram manejadas conforme diretrizes. O grupo \"desfecho primário\" foi definido por mulheres submetidas à terapia excisional ou que apresentaram persistência de HSIL no seguimento. Nesse grupo, foram incluídas 9 pacientes, sendo que as 8 restantes apresentaram regressão espontânea das lesões ou alterações com menor risco oncológico e, portanto, foram classificadas como \"sem desfecho primário\". A média de idade do grupo foi de 33,7 (±6,58) anos, com média de sexarca de 16,11 (±2,42) anos, com médias de 1 filho e 5 parceiros por mulher. Dentro do grupo, 55,5% usavam métodos contraceptivos hormonais e eram tabagistas. Uma paciente perdeu o seguimento e 8 foram submetidas ao tratamento invasivo, sendo que, destas 8, 1 apresentou resultado anatomopatológico compatível com ausência de malignidade e 7 apresentaram resultados compatíveis com lesão de alto grau e, portanto, tiveram manejo adequado. Conclusão: Após 12 meses de seguimento, uma pequena parcela das lesões progride para HSIL, portanto, manter a conduta expectante de LSIL se mostra apropriado e evita o sobretratamento e suas adversidades.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"123 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650931","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1111
Tuani de Oliveira Castro, Priscila de Almeida Torre, Ana Ximena Zunino, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães
Introdução: A síndrome geniturinária da menopausa (SGM) é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes das alterações relacionadas ao hipoestrogenismo, por falência ovariana. O tratamento hormonal tópico com estrógenos é o de primeira linha para os sinais e sintomas moderados a graves, enquanto as terapias baseadas em energia, como os lasers e a radiofrequência (RF), são alternativas para mulheres com contraindicação ao uso hormonal. Entretanto, os tratamentos com energias ainda carecem de embasamento científico, podendo tornar-se opção para esses casos. Objetivo: Analisar a eficácia e a segurança da terapêutica da aplicação da radiofrequência fracionada microablativa (FRAXX) na mucosa vaginal e comparar com o uso de estriol tópico em mulheres com SGM. Métodos: Ensaio clínico piloto, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, que avaliou 30 mulheres com diagnóstico de SGM. Foram aplicados os questionários de função sexual (FSFI) e incontinência urinária (ICIQ-SF), além da avaliação do Índice de Saúde Vaginal (VHIS) e segurança do método, por meio da escala visual analógica (EVA). As participantes foram avaliadas antes e um mês após o término do tratamento, que consistiu em três sessões de FRAXX com intervalo de um mês entre elas. As participantes foram divididas em dois grupos: um grupo recebeu aplicação de estriol tópico por 21 dias como tratamento inicial e, posteriormente, três vezes por semana durante três meses, juntamente com um pulso mensal de placebo de FRAXX (Grupo E); o outro grupo recebeu um pulso mensal de RF por três meses, juntamente com placebo de creme vaginal (Grupo F). Resultados: Na avaliação do VHIS, observou-se melhora global pós-tratamento em ambos os grupos e em todas as variáveis, com destaque para a elasticidade, que apresentou melhora significativa com uma elasticidade visivelmente boa no grupo Estrogênio (E) (2,47 antes do tratamento e 3,80 após o tratamento, com valor de p igual a 0,001), e para a integridade epitelial, com epitélio fino e não friável no grupo FRAXX (3,00 antes do tratamento e 4,87 após o tratamento, com valor de p igual a 0,001), e proporção normal no grupo E. Durante a análise do questionário FSFI, observou-se melhora na pontuação em todos os domínios. Houve uma melhora global na pontuação mediana de 17,4 e 7,10 para os grupos E e F, respectivamente, antes do tratamento, para uma pontuação mediana pós-tratamento de 29,6 e 24,3. Não houve diferença global significativa pré e pós-tratamento entre os grupos. As queixas urinárias melhoraram em ambos os grupos, com redução mais significativa da pontuação em todas as pacientes do grupo FRAXX, atingindo uma pontuação pós-tratamento de ICIQ-SF mediana (Q1; Q3) de 3,00 (0,00; 5,00) para o grupo E e 0,00 (0,00; 0,00) para o grupo F, com valor de p igual a 0,071. Não foram constatados efeitos colaterais significativos estatisticamente em ambos os grupos. Conclusão: O uso do FRAXX demonstrou eficácia e segurança, resultando em melhora nos itens subjetivos
{"title":"Avaliação da eficácia e segurança do tratamento da síndrome genitourinária da menopausa por radiofrequência fracionada microablativa e estriol tópico","authors":"Tuani de Oliveira Castro, Priscila de Almeida Torre, Ana Ximena Zunino, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1111","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1111","url":null,"abstract":"Introdução: A síndrome geniturinária da menopausa (SGM) é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes das alterações relacionadas ao hipoestrogenismo, por falência ovariana. O tratamento hormonal tópico com estrógenos é o de primeira linha para os sinais e sintomas moderados a graves, enquanto as terapias baseadas em energia, como os lasers e a radiofrequência (RF), são alternativas para mulheres com contraindicação ao uso hormonal. Entretanto, os tratamentos com energias ainda carecem de embasamento científico, podendo tornar-se opção para esses casos. Objetivo: Analisar a eficácia e a segurança da terapêutica da aplicação da radiofrequência fracionada microablativa (FRAXX) na mucosa vaginal e comparar com o uso de estriol tópico em mulheres com SGM. Métodos: Ensaio clínico piloto, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, que avaliou 30 mulheres com diagnóstico de SGM. Foram aplicados os questionários de função sexual (FSFI) e incontinência urinária (ICIQ-SF), além da avaliação do Índice de Saúde Vaginal (VHIS) e segurança do método, por meio da escala visual analógica (EVA). As participantes foram avaliadas antes e um mês após o término do tratamento, que consistiu em três sessões de FRAXX com intervalo de um mês entre elas. As participantes foram divididas em dois grupos: um grupo recebeu aplicação de estriol tópico por 21 dias como tratamento inicial e, posteriormente, três vezes por semana durante três meses, juntamente com um pulso mensal de placebo de FRAXX (Grupo E); o outro grupo recebeu um pulso mensal de RF por três meses, juntamente com placebo de creme vaginal (Grupo F). Resultados: Na avaliação do VHIS, observou-se melhora global pós-tratamento em ambos os grupos e em todas as variáveis, com destaque para a elasticidade, que apresentou melhora significativa com uma elasticidade visivelmente boa no grupo Estrogênio (E) (2,47 antes do tratamento e 3,80 após o tratamento, com valor de p igual a 0,001), e para a integridade epitelial, com epitélio fino e não friável no grupo FRAXX (3,00 antes do tratamento e 4,87 após o tratamento, com valor de p igual a 0,001), e proporção normal no grupo E. Durante a análise do questionário FSFI, observou-se melhora na pontuação em todos os domínios. Houve uma melhora global na pontuação mediana de 17,4 e 7,10 para os grupos E e F, respectivamente, antes do tratamento, para uma pontuação mediana pós-tratamento de 29,6 e 24,3. Não houve diferença global significativa pré e pós-tratamento entre os grupos. As queixas urinárias melhoraram em ambos os grupos, com redução mais significativa da pontuação em todas as pacientes do grupo FRAXX, atingindo uma pontuação pós-tratamento de ICIQ-SF mediana (Q1; Q3) de 3,00 (0,00; 5,00) para o grupo E e 0,00 (0,00; 0,00) para o grupo F, com valor de p igual a 0,071. Não foram constatados efeitos colaterais significativos estatisticamente em ambos os grupos. Conclusão: O uso do FRAXX demonstrou eficácia e segurança, resultando em melhora nos itens subjetivos ","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"132 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650935","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1031
Amanda Guimarães Ferreira, Renata Morato Santos, José Augusto Bellotti Lima, Luiz Augusto Giordano, Mario Vicente Giordano, Sandra Maria Garcia de Almeida
Introdução: As malformações congênitas do aparelho genital feminino resultam de alterações no desenvolvimento embriológico dos ductos de Müller. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição e a paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido. Relato de caso: Uma mulher de 27 anos, nuligesta, apresentava dismenorreia intensa há quatro anos, além de dispareunia e disúria durante o fluxo menstrual. Apenas opioides proporcionavam alívio da dor. Também relatava secreção vaginal contínua desde a menarca, com aspecto variável, que aumentou e tornou-se fétida. A paciente tinha histórico pessoal de nefrectomia à esquerda devido a atrofia/displasia renal aos 10 anos. A menarca ocorreu aos 10 anos e ela não utilizava métodos contraceptivos. A ultrassonografia transvaginal revelou útero bicorno, e a ressonância magnética da pelve mostrou um útero com duas cavidades endometriais, distância intercornual de 3,6 cm, colo único e septação completa (componente fibroso) até o terço distal da vagina. À esquerda, o canal vaginal apresentava conteúdo de sinal heterogêneo com septação transversal no terço distal (fundo-cego), possivelmente correspondendo a hidro-hematocolpo. Também foi observado coto ureteral com inserção ectópica. Realizou-se histeroscopia, na qual foi observado colo com orifício externo transverso e canal cervical desviado para a direita. A cavidade uterina apresentava formato tubular e volume reduzido, sugerindo útero septado. O óstio tubário direito foi visualizado. Na vagina, havia abaulamento na parede lateral esquerda com área de flutuação, e foi drenada uma secreção purulenta fétida (40 mL) de cavidade não comunicante descrita como hematocolpopiométrio. A paciente recebeu prescrição de antibiótico venoso. A malformação mülleriana foi diagnosticada como útero septado completo com colo único associado a septo vaginal longitudinal e transversal, com hemivagina cega à esquerda (anomalia obstrutiva). A malformação do sistema urinário ipsilateral foi caracterizada como atrofia/displasia renal com nefrectomia prévia. Todos esses fatores configuram o quadro como uma variante da síndrome de Obstructed Hemivagina and Ipsilateral Renal Anomaly (OHVIRA syndrome), apresentando achados incomuns de útero septado completo e rim displásico/atrófico. Realizou-se histeroscopia cirúrgica com ressecção completa do septo vaginal, cervical e uterino, restaurando a anatomia da genitália interna e externa. Até o momento, a paciente relata melhora significativa na qualidade de vida, mas ainda apresenta leve dor pélvica e dispareunia. Conclusão: As malformações congênitas do trato genital feminino, mesmo que assintomáticas, podem evoluir para emergências abdominais ou complicar a gestação. Portanto, é importante realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. O presente relato de caso contribui para o conhecimento dessas anomalias, apresentando uma variante incomum da síndrome OHVIRA com evolução para hemato e piocolpo secun
{"title":"Malformação do aparelho genital feminino com evolução para hematopiocolpo: relato de caso","authors":"Amanda Guimarães Ferreira, Renata Morato Santos, José Augusto Bellotti Lima, Luiz Augusto Giordano, Mario Vicente Giordano, Sandra Maria Garcia de Almeida","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1031","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1031","url":null,"abstract":"Introdução: As malformações congênitas do aparelho genital feminino resultam de alterações no desenvolvimento embriológico dos ductos de Müller. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição e a paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido. Relato de caso: Uma mulher de 27 anos, nuligesta, apresentava dismenorreia intensa há quatro anos, além de dispareunia e disúria durante o fluxo menstrual. Apenas opioides proporcionavam alívio da dor. Também relatava secreção vaginal contínua desde a menarca, com aspecto variável, que aumentou e tornou-se fétida. A paciente tinha histórico pessoal de nefrectomia à esquerda devido a atrofia/displasia renal aos 10 anos. A menarca ocorreu aos 10 anos e ela não utilizava métodos contraceptivos. A ultrassonografia transvaginal revelou útero bicorno, e a ressonância magnética da pelve mostrou um útero com duas cavidades endometriais, distância intercornual de 3,6 cm, colo único e septação completa (componente fibroso) até o terço distal da vagina. À esquerda, o canal vaginal apresentava conteúdo de sinal heterogêneo com septação transversal no terço distal (fundo-cego), possivelmente correspondendo a hidro-hematocolpo. Também foi observado coto ureteral com inserção ectópica. Realizou-se histeroscopia, na qual foi observado colo com orifício externo transverso e canal cervical desviado para a direita. A cavidade uterina apresentava formato tubular e volume reduzido, sugerindo útero septado. O óstio tubário direito foi visualizado. Na vagina, havia abaulamento na parede lateral esquerda com área de flutuação, e foi drenada uma secreção purulenta fétida (40 mL) de cavidade não comunicante descrita como hematocolpopiométrio. A paciente recebeu prescrição de antibiótico venoso. A malformação mülleriana foi diagnosticada como útero septado completo com colo único associado a septo vaginal longitudinal e transversal, com hemivagina cega à esquerda (anomalia obstrutiva). A malformação do sistema urinário ipsilateral foi caracterizada como atrofia/displasia renal com nefrectomia prévia. Todos esses fatores configuram o quadro como uma variante da síndrome de Obstructed Hemivagina and Ipsilateral Renal Anomaly (OHVIRA syndrome), apresentando achados incomuns de útero septado completo e rim displásico/atrófico. Realizou-se histeroscopia cirúrgica com ressecção completa do septo vaginal, cervical e uterino, restaurando a anatomia da genitália interna e externa. Até o momento, a paciente relata melhora significativa na qualidade de vida, mas ainda apresenta leve dor pélvica e dispareunia. Conclusão: As malformações congênitas do trato genital feminino, mesmo que assintomáticas, podem evoluir para emergências abdominais ou complicar a gestação. Portanto, é importante realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. O presente relato de caso contribui para o conhecimento dessas anomalias, apresentando uma variante incomum da síndrome OHVIRA com evolução para hemato e piocolpo secun","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"273 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135594174","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1055
Aline Portelinha Rodrigues Cunha, Clara dos Santos Leal Costa, Eloá Costa Cândido Fontana, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Renato Teixeira Souza, Marcos Augusto Bastos Dias
Introdução: O número de natimortos no mundo tem diminuído gradualmente nos últimos anos, embora ainda seja significativo em termos absolutos. A taxa de mortalidade fetal é um indicador importante que reflete a qualidade da assistência obstétrica e perinatal em um país. Compreender os fatores envolvidos nos casos de natimortalidade e classificá-los adequadamente pode contribuir para a identificação de casos evitáveis e melhorar a assistência perinatal no Brasil. Objetivo: Identificar as causas e condições relacionadas aos óbitos de fetos com mais de 22 semanas assistidos em dois centros de referência no município do Rio de Janeiro, no período de 2009 a 2018. Além disso, pretende-se analisar as diferenças entre os centros e a reclassificação dos óbitos pelo sistema Codac. Métodos: Trata-se de estudo descritivo, observacional, retrospectivo, de base hospitalar, que inclui fetos natimortos e suas respectivas mães nas maternidades dos dois centros de referência selecionados. A população de ambos os centros foi descrita e comparada para cálculo do valor de p. Também foi calculado o coeficiente de concordância Kappa entre os códigos CID-10 atribuídos às causas de mortalidade em declarações de óbito de natimortos antes e depois da reclassificação pelo sistema Codac. Resultados: Foram encontradas diferenças populacionais entre os centros, principalmente em relação à etnia e situação conjugal. No Centro I, havia predominância de mulheres pretas e pardas e mulheres sem parceria. Quanto aos antecedentes obstétricos, mulheres com histórico de abortamentos e natimortos anteriores eram mais frequentes no Centro I. Em relação ao histórico da gestação atual, mulheres sem comorbidades eram maioria no Centro II, onde também se observou um início mais tardio do pré-natal. Fetos com restrição de crescimento e peso inferior a 1.000 g eram maioria no Centro I, o que reflete as diferenças entre as instituições. Quanto à investigação dos óbitos fetais, cada instituição realizava predominantemente um conjunto específico de exames, de acordo com seu perfil de assistência: o Centro I investigava causas relacionadas ao alto risco materno, enquanto o Centro II investigava causas relacionadas ao alto risco fetal. Após a reclassificação pelo sistema Codac, as principais causas de morte no Centro II estavam relacionadas a malformações congênitas, enquanto no Centro I estavam relacionadas à gravidez, parto e puerpério. Verificou-se ainda que a reclassificação pelo sistema Codac alterou o CID-10 atribuído à causa do óbito em 73,9% dos casos no Centro I e em 35,7% dos casos no Centro II, indicando que o refinamento desse sistema pode ser mais efetivo e útil no processo de investigação do óbito em diferentes cenários. Conclusão: Os resultados deste estudo evidenciam lacunas no processo de registro e investigação de natimortos no Brasil, desde a coleta de casos até a análise dos dados. Estima-se que esse cenário seja ainda mais desafiador em unidades localizadas fora de grandes centr
{"title":"Análise das causas declaradas de natimortalidade e sua reclassificação pelo sistema Codac em dois centros de referência no município do Rio de Janeiro","authors":"Aline Portelinha Rodrigues Cunha, Clara dos Santos Leal Costa, Eloá Costa Cândido Fontana, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Renato Teixeira Souza, Marcos Augusto Bastos Dias","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1055","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1055","url":null,"abstract":"Introdução: O número de natimortos no mundo tem diminuído gradualmente nos últimos anos, embora ainda seja significativo em termos absolutos. A taxa de mortalidade fetal é um indicador importante que reflete a qualidade da assistência obstétrica e perinatal em um país. Compreender os fatores envolvidos nos casos de natimortalidade e classificá-los adequadamente pode contribuir para a identificação de casos evitáveis e melhorar a assistência perinatal no Brasil. Objetivo: Identificar as causas e condições relacionadas aos óbitos de fetos com mais de 22 semanas assistidos em dois centros de referência no município do Rio de Janeiro, no período de 2009 a 2018. Além disso, pretende-se analisar as diferenças entre os centros e a reclassificação dos óbitos pelo sistema Codac. Métodos: Trata-se de estudo descritivo, observacional, retrospectivo, de base hospitalar, que inclui fetos natimortos e suas respectivas mães nas maternidades dos dois centros de referência selecionados. A população de ambos os centros foi descrita e comparada para cálculo do valor de p. Também foi calculado o coeficiente de concordância Kappa entre os códigos CID-10 atribuídos às causas de mortalidade em declarações de óbito de natimortos antes e depois da reclassificação pelo sistema Codac. Resultados: Foram encontradas diferenças populacionais entre os centros, principalmente em relação à etnia e situação conjugal. No Centro I, havia predominância de mulheres pretas e pardas e mulheres sem parceria. Quanto aos antecedentes obstétricos, mulheres com histórico de abortamentos e natimortos anteriores eram mais frequentes no Centro I. Em relação ao histórico da gestação atual, mulheres sem comorbidades eram maioria no Centro II, onde também se observou um início mais tardio do pré-natal. Fetos com restrição de crescimento e peso inferior a 1.000 g eram maioria no Centro I, o que reflete as diferenças entre as instituições. Quanto à investigação dos óbitos fetais, cada instituição realizava predominantemente um conjunto específico de exames, de acordo com seu perfil de assistência: o Centro I investigava causas relacionadas ao alto risco materno, enquanto o Centro II investigava causas relacionadas ao alto risco fetal. Após a reclassificação pelo sistema Codac, as principais causas de morte no Centro II estavam relacionadas a malformações congênitas, enquanto no Centro I estavam relacionadas à gravidez, parto e puerpério. Verificou-se ainda que a reclassificação pelo sistema Codac alterou o CID-10 atribuído à causa do óbito em 73,9% dos casos no Centro I e em 35,7% dos casos no Centro II, indicando que o refinamento desse sistema pode ser mais efetivo e útil no processo de investigação do óbito em diferentes cenários. Conclusão: Os resultados deste estudo evidenciam lacunas no processo de registro e investigação de natimortos no Brasil, desde a coleta de casos até a análise dos dados. Estima-se que esse cenário seja ainda mais desafiador em unidades localizadas fora de grandes centr","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"82 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135599694","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1061
Maria Eduarda Araujo Machado da Rocha, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Nilson Ramires de Jesus
Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, e a nefrite lúpica (NL) é uma manifestação frequente, com um aumento do risco de complicações. O micofenolato de mofetil (MMF) é um medicamento imunossupressor e é atualmente considerado o tratamento de primeira linha para NL. No entanto, desde o relato do primeiro caso de malformação congênita associada ao uso materno do MMF na década de 1990, esses imunossupressores têm sido evitados em pacientes que planejam engravidar. Objetivo: Avaliar os desfechos fetais e neonatais em pacientes com LES que engravidaram enquanto faziam uso de MMF, por meio de uma análise retrospectiva dos prontuários médicos. Métodos: Foram analisados todos os prontuários de pacientes com LES em busca daquelas que engravidaram enquanto estavam em uso de MMF, no período de 2009 a 2020. Resultados e discussão: Estudos anteriores sugeriram que a presença de abortamentos ou malformações poderia estar relacionada à dose de MMF e à duração do uso da medicação. Em relação aos casos de abortamento, o tempo de uso do MMF foi de 4, 8 e 16 semanas, e a dose utilizada foi de 1,5 g/dia. No caso em que o recém-nascido apresentou malformações esqueléticas, o tempo de uso do MMF foi de 10 semanas, e a dose prescrita era de 3 g/dia, a maior dose relatada. Das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) tiveram abortos espontâneos, e das 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido (6,25%) apresentou malformações ao nascer, sendo compatíveis com anomalias ósseas. Estudos anteriores indicaram que anomalias ósseas estavam presentes em 23% dos fetos com embriopatias relacionadas ao MMF. Um pequeno estudo prospectivo de 10 casos relatou que, com a exposição ao MMF no primeiro trimestre da gestação, nenhum dos neonatos nasceu com malformações, mas 40% sofreram aborto espontâneo. Esse estudo sugere que a taxa real de embriopatias associadas ao MMF possa estar entre 4 e 6%, o que se assemelha aos achados do presente estudo. Também é possível que os fetos que sofreram aborto espontâneo tivessem malformações maiores que não foram identificadas. Outro fator que dificulta a análise adequada do impacto do MMF é o fato de que o LES apresenta taxas aumentadas de aborto espontâneo, principalmente em casos de NL e atividade da doença. Conclusão: A presença de nefrite lúpica por si só é um marcador de mau prognóstico materno-fetal. O uso de MMF parece aumentar o risco de aborto espontâneo e teratogenicidade quando usado durante a gestação. Neste estudo, observou-se que, das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) tiveram abortos espontâneos e, entre as 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido (6,25%) apresentou malformações ao nascer.
{"title":"Avaliação dos desfechos fetais e neonatais de paciente com lúpus eritematoso sistêmico que engravidaram em uso de micofenolato de mofetila","authors":"Maria Eduarda Araujo Machado da Rocha, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Nilson Ramires de Jesus","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1061","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1061","url":null,"abstract":"Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, e a nefrite lúpica (NL) é uma manifestação frequente, com um aumento do risco de complicações. O micofenolato de mofetil (MMF) é um medicamento imunossupressor e é atualmente considerado o tratamento de primeira linha para NL. No entanto, desde o relato do primeiro caso de malformação congênita associada ao uso materno do MMF na década de 1990, esses imunossupressores têm sido evitados em pacientes que planejam engravidar. Objetivo: Avaliar os desfechos fetais e neonatais em pacientes com LES que engravidaram enquanto faziam uso de MMF, por meio de uma análise retrospectiva dos prontuários médicos. Métodos: Foram analisados todos os prontuários de pacientes com LES em busca daquelas que engravidaram enquanto estavam em uso de MMF, no período de 2009 a 2020. Resultados e discussão: Estudos anteriores sugeriram que a presença de abortamentos ou malformações poderia estar relacionada à dose de MMF e à duração do uso da medicação. Em relação aos casos de abortamento, o tempo de uso do MMF foi de 4, 8 e 16 semanas, e a dose utilizada foi de 1,5 g/dia. No caso em que o recém-nascido apresentou malformações esqueléticas, o tempo de uso do MMF foi de 10 semanas, e a dose prescrita era de 3 g/dia, a maior dose relatada. Das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) tiveram abortos espontâneos, e das 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido (6,25%) apresentou malformações ao nascer, sendo compatíveis com anomalias ósseas. Estudos anteriores indicaram que anomalias ósseas estavam presentes em 23% dos fetos com embriopatias relacionadas ao MMF. Um pequeno estudo prospectivo de 10 casos relatou que, com a exposição ao MMF no primeiro trimestre da gestação, nenhum dos neonatos nasceu com malformações, mas 40% sofreram aborto espontâneo. Esse estudo sugere que a taxa real de embriopatias associadas ao MMF possa estar entre 4 e 6%, o que se assemelha aos achados do presente estudo. Também é possível que os fetos que sofreram aborto espontâneo tivessem malformações maiores que não foram identificadas. Outro fator que dificulta a análise adequada do impacto do MMF é o fato de que o LES apresenta taxas aumentadas de aborto espontâneo, principalmente em casos de NL e atividade da doença. Conclusão: A presença de nefrite lúpica por si só é um marcador de mau prognóstico materno-fetal. O uso de MMF parece aumentar o risco de aborto espontâneo e teratogenicidade quando usado durante a gestação. Neste estudo, observou-se que, das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) tiveram abortos espontâneos e, entre as 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido (6,25%) apresentou malformações ao nascer.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"64 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135599957","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1052
Luísa Jannuzzi Fraga Pinheiro, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Nilson Ramires de Jesús, Denise Leite Maia Monteiro
Introdução: A amamentação é uma prática de suma importância para a saúde materna e neonatal. O aleitamento materno exclusivo é recomendado por, pelo menos, 4 meses e está associado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a uma redução de 13% na mortalidade infantil até os 5 anos. Apesar dos benefícios, muitas pacientes portadoras de doenças crônicas, como é o caso do lúpus eritematoso sistêmico (LES), são desencorajadas e mal orientadas sobre a realização do aleitamento materno. Objetivo: Descrever a forma e o tempo de aleitamento materno de pacientes com LES acompanhadas em centro terciário. Material e métodos: Estudo transversal realizado com pacientes com LES, com, pelo menos, seis meses pós-parto, no ano de 2022. Realizou-se contato telefônico e entrevista a partir de questionário semiestruturado. Discussão: Coletaram-se dados de 14 pacientes, com média de idade de 29 anos (16–19 anos). Dessas, apenas uma não amamentou, devido à internação de recém-nascido prematuro com duração de 9 meses e 20 dias, período no qual o recém-nato recebeu leite materno e fórmula pela sonda, e aleitamento exclusivo por fórmula após a alta hospitalar. A média de tempo do aleitamento materno entre as 13 pacientes que amamentaram foi de 6 meses, sendo que 5 pacientes ainda estão amamentando e todas iniciaram o aleitamento no hospital. Seis pacientes interromperam o aleitamento materno antes dos 4 meses, sendo uma devido ao uso de medicamentos para LES (MMF), 3 por baixa produção de leite, uma por complicação de mastite e uma por dificuldade na pega do neonato ao seio. Seis fizeram aleitamento materno exclusivo por, pelo menos, quatro meses. Entre as 14 pacientes, 7 relataram que seus filhos receberam leite artificial no hospital. Entre as pacientes que amamentaram e já interromperam a amamentação, a média do tempo de aleitamento materno foi de 5,8 meses (1-10 meses). Das 14 pacientes avaliadas, 11 informaram que foram orientadas sobre a amamentação durante as consultas pré-natais e nenhuma relatou ter recebido orientação sobre não poder amamentar de qualquer profissional da saúde. Conclusão: Observa-se que a maior parte das pacientes iniciou a amamentação, porém quase metade delas não cumpriu os 4 meses recomendados de aleitamento materno exclusivo. Contudo, apenas 2 pacientes das 13 que amamentaram precisaram interromper o aleitamento devido ao LES. Há ainda desafios para a amamentação que afetam pacientes independentemente de doenças crônicas associadas, como baixa produção de leite e dificuldades na pega do neonato. De forma positiva, constatamos que grande parte das pacientes recebeu orientação sobre amamentação durante o pré-natal e nenhuma foi orientada erroneamente de que haveria uma contraindicação à amamentação.
{"title":"Aleitamento materno de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico","authors":"Luísa Jannuzzi Fraga Pinheiro, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Nilson Ramires de Jesús, Denise Leite Maia Monteiro","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1052","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1052","url":null,"abstract":"Introdução: A amamentação é uma prática de suma importância para a saúde materna e neonatal. O aleitamento materno exclusivo é recomendado por, pelo menos, 4 meses e está associado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a uma redução de 13% na mortalidade infantil até os 5 anos. Apesar dos benefícios, muitas pacientes portadoras de doenças crônicas, como é o caso do lúpus eritematoso sistêmico (LES), são desencorajadas e mal orientadas sobre a realização do aleitamento materno. Objetivo: Descrever a forma e o tempo de aleitamento materno de pacientes com LES acompanhadas em centro terciário. Material e métodos: Estudo transversal realizado com pacientes com LES, com, pelo menos, seis meses pós-parto, no ano de 2022. Realizou-se contato telefônico e entrevista a partir de questionário semiestruturado. Discussão: Coletaram-se dados de 14 pacientes, com média de idade de 29 anos (16–19 anos). Dessas, apenas uma não amamentou, devido à internação de recém-nascido prematuro com duração de 9 meses e 20 dias, período no qual o recém-nato recebeu leite materno e fórmula pela sonda, e aleitamento exclusivo por fórmula após a alta hospitalar. A média de tempo do aleitamento materno entre as 13 pacientes que amamentaram foi de 6 meses, sendo que 5 pacientes ainda estão amamentando e todas iniciaram o aleitamento no hospital. Seis pacientes interromperam o aleitamento materno antes dos 4 meses, sendo uma devido ao uso de medicamentos para LES (MMF), 3 por baixa produção de leite, uma por complicação de mastite e uma por dificuldade na pega do neonato ao seio. Seis fizeram aleitamento materno exclusivo por, pelo menos, quatro meses. Entre as 14 pacientes, 7 relataram que seus filhos receberam leite artificial no hospital. Entre as pacientes que amamentaram e já interromperam a amamentação, a média do tempo de aleitamento materno foi de 5,8 meses (1-10 meses). Das 14 pacientes avaliadas, 11 informaram que foram orientadas sobre a amamentação durante as consultas pré-natais e nenhuma relatou ter recebido orientação sobre não poder amamentar de qualquer profissional da saúde. Conclusão: Observa-se que a maior parte das pacientes iniciou a amamentação, porém quase metade delas não cumpriu os 4 meses recomendados de aleitamento materno exclusivo. Contudo, apenas 2 pacientes das 13 que amamentaram precisaram interromper o aleitamento devido ao LES. Há ainda desafios para a amamentação que afetam pacientes independentemente de doenças crônicas associadas, como baixa produção de leite e dificuldades na pega do neonato. De forma positiva, constatamos que grande parte das pacientes recebeu orientação sobre amamentação durante o pré-natal e nenhuma foi orientada erroneamente de que haveria uma contraindicação à amamentação.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"128 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135600145","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1033
Bruna Obeica Vasconcellos, Helena de Sant’ Anna Fonseca Alves, Marcos Paulo Cardoso Marques, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Amanda Barata Reis, Walter Palis Ventura, Alberto Alves Borges, Jorge Fonte de Rezende Filho
Introdução: A endometriose é uma condição caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, resultando em sintomas como dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica. Além disso, a endometriose é uma das principais causas de infertilidade e tem um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres afetadas. Estudos recentes indicam que a endometriose está associada a uma resposta inflamatória na cavidade peritoneal, e o estresse oxidativo desempenha um papel importante na fisiopatologia da doença. Nesse contexto, a ozonioterapia tem sido considerada como uma opção de tratamento. Relato de caso: Apresentamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 31 anos de idade, com diagnóstico de endometriose profunda e queixas de dores abdominais moderadas. A paciente não estava usando métodos contraceptivos e tinha o desejo de engravidar. Ela aguardava agendamento de cirurgia por meio do Sistema de Regulação de Consultas e Exames (SISREG). Após receber seis ciclos de ozonioterapia no Hospital Municipal da Piedade, a paciente apresentou um teste de gravidez positivo. Ela iniciou o pré-natal com 12 semanas e 1 dia de gestação, conforme confirmado por ultrassonografia do primeiro trimestre. Não houve complicações durante a gestação, e a paciente deu à luz por meio de cesariana com 39 semanas devido a uma parada na progressão do trabalho de parto. Comentários: No caso apresentado, a ozonioterapia surgiu como abordagem alternativa após o insucesso das condutas tradicionais, permitindo a realização do desejo de engravidar em uma paciente com uma condição que poderia limitar essa possibilidade. Acredita-se que a endometriose esteja associada a um desequilíbrio entre espécies reativas e mecanismos antioxidantes devido à ativação de macrófagos pelo tecido endometrial. Esse desequilíbrio leva à oxidação e nitração de estruturas, o que explica, em parte, a alta taxa de infertilidade nessa condição. Além disso, o estresse oxidativo pode afetar processos como a maturação de oócitos, a esteroidogênese ovariana, a luteólise e a manutenção do corpo lúteo. A ozonioterapia melhora a oxigenação do corpo, modula as reações inflamatórias e aumenta o sistema antioxidante e imunológico, desempenhando um papel importante na redução de aderências e aumentando as chances de fertilidade. Além disso, oferece uma abordagem terapêutica menos invasiva e melhora a qualidade de vida das pacientes. No entanto, é importante ressaltar que a adoção da ozonioterapia como tratamento para endometriose enfrenta algumas dificuldades. Existem poucos estudos realizados sobre o tema, e os benefícios dessa abordagem não estão bem estabelecidos na literatura médica. Além disso, a ozonioterapia pode ser um tratamento de alto custo e de difícil acesso para a população em geral. Em conclusão, embora o caso apresentado demonstre sucesso na gravidez após a ozonioterapia, é necessário considerar as limitações e desafios associados a essa abordagem, devido à falta de estudos ro
{"title":"Ozonioterapia na endometriose: relato de caso","authors":"Bruna Obeica Vasconcellos, Helena de Sant’ Anna Fonseca Alves, Marcos Paulo Cardoso Marques, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Amanda Barata Reis, Walter Palis Ventura, Alberto Alves Borges, Jorge Fonte de Rezende Filho","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1033","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1033","url":null,"abstract":"Introdução: A endometriose é uma condição caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, resultando em sintomas como dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica. Além disso, a endometriose é uma das principais causas de infertilidade e tem um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres afetadas. Estudos recentes indicam que a endometriose está associada a uma resposta inflamatória na cavidade peritoneal, e o estresse oxidativo desempenha um papel importante na fisiopatologia da doença. Nesse contexto, a ozonioterapia tem sido considerada como uma opção de tratamento. Relato de caso: Apresentamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 31 anos de idade, com diagnóstico de endometriose profunda e queixas de dores abdominais moderadas. A paciente não estava usando métodos contraceptivos e tinha o desejo de engravidar. Ela aguardava agendamento de cirurgia por meio do Sistema de Regulação de Consultas e Exames (SISREG). Após receber seis ciclos de ozonioterapia no Hospital Municipal da Piedade, a paciente apresentou um teste de gravidez positivo. Ela iniciou o pré-natal com 12 semanas e 1 dia de gestação, conforme confirmado por ultrassonografia do primeiro trimestre. Não houve complicações durante a gestação, e a paciente deu à luz por meio de cesariana com 39 semanas devido a uma parada na progressão do trabalho de parto. Comentários: No caso apresentado, a ozonioterapia surgiu como abordagem alternativa após o insucesso das condutas tradicionais, permitindo a realização do desejo de engravidar em uma paciente com uma condição que poderia limitar essa possibilidade. Acredita-se que a endometriose esteja associada a um desequilíbrio entre espécies reativas e mecanismos antioxidantes devido à ativação de macrófagos pelo tecido endometrial. Esse desequilíbrio leva à oxidação e nitração de estruturas, o que explica, em parte, a alta taxa de infertilidade nessa condição. Além disso, o estresse oxidativo pode afetar processos como a maturação de oócitos, a esteroidogênese ovariana, a luteólise e a manutenção do corpo lúteo. A ozonioterapia melhora a oxigenação do corpo, modula as reações inflamatórias e aumenta o sistema antioxidante e imunológico, desempenhando um papel importante na redução de aderências e aumentando as chances de fertilidade. Além disso, oferece uma abordagem terapêutica menos invasiva e melhora a qualidade de vida das pacientes. No entanto, é importante ressaltar que a adoção da ozonioterapia como tratamento para endometriose enfrenta algumas dificuldades. Existem poucos estudos realizados sobre o tema, e os benefícios dessa abordagem não estão bem estabelecidos na literatura médica. Além disso, a ozonioterapia pode ser um tratamento de alto custo e de difícil acesso para a população em geral. Em conclusão, embora o caso apresentado demonstre sucesso na gravidez após a ozonioterapia, é necessário considerar as limitações e desafios associados a essa abordagem, devido à falta de estudos ro","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"47 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135594166","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1045
Polyana de Paula Mendes Machado, Cristiano Salles Rodrigues, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto, Nathalia da Cruz Assad Monteiro
Introdução: A doença de Behçet é uma afecção inflamatória multissistêmica, de causa desconhecida, caracterizada principalmente por úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. Sua incidência é rara, com ocorrência de 1 a cada 20.000 pessoas na faixa etária pediátrica. O diagnóstico é baseado principalmente nas manifestações clínicas, não havendo características genéticas, histológicas, laboratoriais ou exames de imagem específicos. O tratamento é realizado de forma empírica, adaptado às manifestações e sintomas apresentados pelo paciente. Relato de caso: L.P.L., uma menina de 11 anos, parda, nuligesta, virgem e sem uso de contraceptivos, procurou o serviço de pediatria do Hospital Plantadores de Cana em 27 de agosto de 2022 devido à presença de úlcera genital há 2 semanas. A paciente relatava também histórico de aftas orais recorrentes e lesões cutâneas. Não havia relato de alterações oculares ou articulares. Solicitou-se o parecer da ginecologia do serviço, que ao examinar a vulva constatou uma lesão ulcerada no grande lábio esquerdo, com bordas lisas, fundo sujo, endurecida e dolorosa à palpação. Além disso, observaram-se pústulas nos membros superiores e afta na cavidade oral. A principal hipótese diagnóstica traçada foi doença de Behçet. O tratamento inicial consistiu no uso de prednisona 40 mg ao dia e lidocaína em gel para alívio da dor. Após o atendimento inicial, a paciente foi encaminhada ao Ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior (PTGI) do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) para acompanhamento. Em setembro de 2022, a paciente retornou à consulta de PTGI no HEAA sem queixas. Relatou melhora das lesões após o uso do corticoide. No exame físico, observou-se regressão da úlcera genital. A paciente foi encaminhada ao reumatologista e oftalmologista para tratamento conjunto e acompanhamento. Comentários: A doença de Behçet, por ser multissistêmica, requer uma equipe multidisciplinar para melhor diagnóstico e tratamento em conjunto. Seguindo-se os critérios diagnósticos mais recentes, a paciente do caso apresenta cinco pontos devido às úlceras orais, às lesões cutâneas e à úlcera genital. É necessário obter uma pontuação igual ou maior que 4 para confirmar o diagnóstico clínico, não sendo necessários estudos complementares. O diagnóstico precoce e o acompanhamento regular e prolongado dessas pacientes são essenciais para minimizar os efeitos de surtos mais graves e prevenir sequelas significativas. É importante considerar outras causas além das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) quando as úlceras genitais não respondem aos tratamentos convencionais, especialmente em faixas etárias atípicas, como a infância.
简介:behcet病是一种病因不明的多系统炎症性疾病,主要以复发性口腔和生殖器溃疡、葡萄膜炎和皮肤损伤为特征。它的发病率很少见,在儿科年龄组中每2万人中就有1人发生。诊断主要基于临床表现,没有遗传、组织学、实验室特征或特定的影像学检查。治疗是根据病人的表现和症状进行的。病例报告:l.p.l.,一名11岁的女孩,棕色皮肤,无生育能力,未使用避孕药具,由于存在生殖器溃疡2周,于2022年8月27日寻求Plantadores de Cana医院儿科服务。患者还报告了复发性口腔溃疡和皮肤损伤的病史。没有眼部或关节变化的报告。我们征求了妇科的意见,妇科在检查外阴时发现左大唇有溃疡病变,边缘光滑,底部脏,触诊时硬化疼痛。此外,上肢有脓疱,口腔有鹅口疮。主要的诊断假设是behcet病。最初的治疗包括使用强的松40毫克/天和利多卡因凝胶缓解疼痛。在最初的护理后,患者被转到alvaro Alvim学校医院(HEAA)的下生殖道病理诊所(PTGI)进行随访。2022年9月,患者回到HEAA的PTGI会诊,没有任何抱怨。据报道,使用皮质类固醇后病变有所改善。体格检查显示生殖器溃疡消退。患者被转介风湿病医生和眼科医生进行联合治疗和随访。评论:behcet的疾病是多系统的,需要一个多学科的团队来更好地联合诊断和治疗。根据最新的诊断标准,该病例患者因口腔溃疡、皮肤损伤和生殖器溃疡出现5个点。需要达到等于或大于4的分数来确认临床诊断,不需要进一步的研究。对这些患者的早期诊断和定期和长期监测对于尽量减少更严重疫情的影响和防止严重后遗症至关重要。当生殖器溃疡对传统治疗无效时,特别是在非典型年龄组,如儿童,考虑性传播感染(sti)以外的其他原因是很重要的。
{"title":"Úlceras genitais na infância: relato de um caso de doença de Behçet","authors":"Polyana de Paula Mendes Machado, Cristiano Salles Rodrigues, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto, Nathalia da Cruz Assad Monteiro","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1045","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1045","url":null,"abstract":"Introdução: A doença de Behçet é uma afecção inflamatória multissistêmica, de causa desconhecida, caracterizada principalmente por úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. Sua incidência é rara, com ocorrência de 1 a cada 20.000 pessoas na faixa etária pediátrica. O diagnóstico é baseado principalmente nas manifestações clínicas, não havendo características genéticas, histológicas, laboratoriais ou exames de imagem específicos. O tratamento é realizado de forma empírica, adaptado às manifestações e sintomas apresentados pelo paciente. Relato de caso: L.P.L., uma menina de 11 anos, parda, nuligesta, virgem e sem uso de contraceptivos, procurou o serviço de pediatria do Hospital Plantadores de Cana em 27 de agosto de 2022 devido à presença de úlcera genital há 2 semanas. A paciente relatava também histórico de aftas orais recorrentes e lesões cutâneas. Não havia relato de alterações oculares ou articulares. Solicitou-se o parecer da ginecologia do serviço, que ao examinar a vulva constatou uma lesão ulcerada no grande lábio esquerdo, com bordas lisas, fundo sujo, endurecida e dolorosa à palpação. Além disso, observaram-se pústulas nos membros superiores e afta na cavidade oral. A principal hipótese diagnóstica traçada foi doença de Behçet. O tratamento inicial consistiu no uso de prednisona 40 mg ao dia e lidocaína em gel para alívio da dor. Após o atendimento inicial, a paciente foi encaminhada ao Ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior (PTGI) do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) para acompanhamento. Em setembro de 2022, a paciente retornou à consulta de PTGI no HEAA sem queixas. Relatou melhora das lesões após o uso do corticoide. No exame físico, observou-se regressão da úlcera genital. A paciente foi encaminhada ao reumatologista e oftalmologista para tratamento conjunto e acompanhamento. Comentários: A doença de Behçet, por ser multissistêmica, requer uma equipe multidisciplinar para melhor diagnóstico e tratamento em conjunto. Seguindo-se os critérios diagnósticos mais recentes, a paciente do caso apresenta cinco pontos devido às úlceras orais, às lesões cutâneas e à úlcera genital. É necessário obter uma pontuação igual ou maior que 4 para confirmar o diagnóstico clínico, não sendo necessários estudos complementares. O diagnóstico precoce e o acompanhamento regular e prolongado dessas pacientes são essenciais para minimizar os efeitos de surtos mais graves e prevenir sequelas significativas. É importante considerar outras causas além das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) quando as úlceras genitais não respondem aos tratamentos convencionais, especialmente em faixas etárias atípicas, como a infância.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"8 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135595610","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}