Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1023
Nathália Araújo Bernardes, Fernanda Carrocini Capelim, Maria Clara Magalhães, Maria Emília Rosa, Isabel Nunes, Amanda Trabachini Lotierzo, Carlos Eduardo Ferreira, Rafael Osaki Urzedo
Introdução: A endometriose pode afetar vários órgãos, sendo a localização extrapélvica mais comum, especialmente na forma cutânea, que, apesar de rara, pode ser classificada como primária ou secundária. As formas primárias são extremamente incomuns e podem surgir na região perianal, inguinal ou umbilical, sem qualquer relação com cirurgias prévias. Por outro lado, as formas secundárias são mais frequentes e se desenvolvem em cicatrizes cirúrgicas anteriores. Relato de caso: B.A.P.M.V, uma mulher de 31 anos, foi encaminhada ao Ambulatório de Ginecologia devido a dor intensa na região umbilical, acompanhada de sangramento local durante o período menstrual. Ela relatou melhora significativa da dor e do sangramento umbilical após o início do uso de medroxiprogesterona. Negou dispareunia e não teve histórico de cirurgias abdominais. Durante a avaliação, constatou-se na paciente uma ressonância magnética pélvica que revelou traves retráteis retrocervicais e retrouterinas, com extensão para o fórnice vaginal posterior e parede anterior do reto, o que pode ser indicativo de endometriose profunda. Além disso, observou-se formação nodular grosseira na região umbilical, com conteúdo sanguíneo ou hiperproteico no seu interior e realce contrastante, sugerindo um possível foco endometriótico. A ultrassonografia pélvica transvaginal não apresentou alterações significativas, enquanto a ultrassonografia da parede abdominal mostrou imagem nodular hipoecoica na projeção da cicatriz umbilical, medindo 0,9 cm no seu maior diâmetro, sem fluxo detectado pelo Doppler, não sendo possível descartar a possibilidade de um foco de endometriose na cicatriz umbilical. Com base nesses achados, diagnosticou-se endometriose umbilical e a paciente foi indicada para realizar onfalectomia ampla, a fim de garantir a cura completa da doença. Comentários: Menos de 30% dos casos de endometriose cutânea surgem na ausência de cirurgia, sendo denominados endometriose cutânea primária. O diagnóstico da endometriose na cicatriz umbilical é essencialmente clínico, baseado na anamnese e no exame físico. A confirmação definitiva ocorre apenas por meio do estudo histológico do nódulo após a sua remoção. Portanto, essa é uma condição rara que deve ser considerada no diagnóstico diferencial de lesões na cicatriz umbilical em mulheres em idade fértil, mesmo que assintomáticas.
{"title":"Endometriose umbilical: relato de caso","authors":"Nathália Araújo Bernardes, Fernanda Carrocini Capelim, Maria Clara Magalhães, Maria Emília Rosa, Isabel Nunes, Amanda Trabachini Lotierzo, Carlos Eduardo Ferreira, Rafael Osaki Urzedo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1023","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1023","url":null,"abstract":"Introdução: A endometriose pode afetar vários órgãos, sendo a localização extrapélvica mais comum, especialmente na forma cutânea, que, apesar de rara, pode ser classificada como primária ou secundária. As formas primárias são extremamente incomuns e podem surgir na região perianal, inguinal ou umbilical, sem qualquer relação com cirurgias prévias. Por outro lado, as formas secundárias são mais frequentes e se desenvolvem em cicatrizes cirúrgicas anteriores. Relato de caso: B.A.P.M.V, uma mulher de 31 anos, foi encaminhada ao Ambulatório de Ginecologia devido a dor intensa na região umbilical, acompanhada de sangramento local durante o período menstrual. Ela relatou melhora significativa da dor e do sangramento umbilical após o início do uso de medroxiprogesterona. Negou dispareunia e não teve histórico de cirurgias abdominais. Durante a avaliação, constatou-se na paciente uma ressonância magnética pélvica que revelou traves retráteis retrocervicais e retrouterinas, com extensão para o fórnice vaginal posterior e parede anterior do reto, o que pode ser indicativo de endometriose profunda. Além disso, observou-se formação nodular grosseira na região umbilical, com conteúdo sanguíneo ou hiperproteico no seu interior e realce contrastante, sugerindo um possível foco endometriótico. A ultrassonografia pélvica transvaginal não apresentou alterações significativas, enquanto a ultrassonografia da parede abdominal mostrou imagem nodular hipoecoica na projeção da cicatriz umbilical, medindo 0,9 cm no seu maior diâmetro, sem fluxo detectado pelo Doppler, não sendo possível descartar a possibilidade de um foco de endometriose na cicatriz umbilical. Com base nesses achados, diagnosticou-se endometriose umbilical e a paciente foi indicada para realizar onfalectomia ampla, a fim de garantir a cura completa da doença. Comentários: Menos de 30% dos casos de endometriose cutânea surgem na ausência de cirurgia, sendo denominados endometriose cutânea primária. O diagnóstico da endometriose na cicatriz umbilical é essencialmente clínico, baseado na anamnese e no exame físico. A confirmação definitiva ocorre apenas por meio do estudo histológico do nódulo após a sua remoção. Portanto, essa é uma condição rara que deve ser considerada no diagnóstico diferencial de lesões na cicatriz umbilical em mulheres em idade fértil, mesmo que assintomáticas.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"30 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135595958","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1059
Isabela Hartmann Santhiago Lopes, Juliana Nogueira da Cunha, Letícia Maria Salas Julio, Maria Cecilia Rocha Fontoura Carvalho, Isabela Carim Fontoura, Juliana Dias Tinoco Soares, Gabriela Carvalho Silva
Objetivos: Analisar a correlação entre a realização do pré-natal e a ocorrência de diabetes mellitus gestacional (DMG). Fonte de dados: A presente revisão sistemática da literatura realizou um levantamento bibliográfico nas plataformas eletrônicas Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed) e CiteFactor. Os artigos selecionados foram publicados entre 2014 e 2021. Seleção de estudos: A pesquisa levou à análise de 102 artigos, que passaram por critérios de relevância, analisando o título, resumo e, posteriormente, o artigo completo, resultando na seleção de 5 estudos, incluindo estudos transversais, descritivos, coorte, coorte retrospectivo e um estudo bibliográfico analítico descritivo. Analisaram-se artigos originais relevantes para o objetivo desta revisão sistemática, sem restrições de idioma. Além disso, consideraram-se estudos previamente selecionados por revisões sistemáticas com ou sem metanálise publicadas anteriormente. Coleta de dados: A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores: assistência pré-natal, diabetes gestacional, gravidez, importância do pré-natal e diabetes induzida pela gravidez. Resultados: A partir da análise dos estudos selecionados, foi possível constatar que a assistência pré-natal desempenha um papel essencial no diagnóstico precoce de DMG. Dos cinco artigos selecionados, dois destacam a origem multifatorial de DMG, enfatizando a relevância do pré-natal para a detecção de alterações metabólicas maternas e a prevenção de complicações. Outros dois estudos enfatizam a importância da transmissão de informações às gestantes durante o atendimento pré-natal, como forma de promover mudanças comportamentais e reduzir os fatores de risco associados à doença. Todos os cinco estudos concordam que o número ideal de consultas pré-natais é de seis ou mais, sendo essencial para o monitoramento adequado da gestante e a prevenção de complicações. Conclusão: Em resumo, os dados desta revisão destacam a necessidade de um acompanhamento adequado durante a gravidez para a prevenção de complicações associadas a DMG. A falta de um pré-natal adequado expõe tanto a mãe quanto o recém-nascido a riscos graves. Os resultados enfatizam a importância da implementação de políticas de saúde voltadas para a detecção precoce e o manejo adequado de DMG, tanto antes quanto após a gestação, o que pode ser alcançado por meio da realização de um pré-natal de qualidade.
{"title":"Atenção pré-natal e diabetes mellitus gestacional: uma revisão sistemática","authors":"Isabela Hartmann Santhiago Lopes, Juliana Nogueira da Cunha, Letícia Maria Salas Julio, Maria Cecilia Rocha Fontoura Carvalho, Isabela Carim Fontoura, Juliana Dias Tinoco Soares, Gabriela Carvalho Silva","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1059","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1059","url":null,"abstract":"Objetivos: Analisar a correlação entre a realização do pré-natal e a ocorrência de diabetes mellitus gestacional (DMG). Fonte de dados: A presente revisão sistemática da literatura realizou um levantamento bibliográfico nas plataformas eletrônicas Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed) e CiteFactor. Os artigos selecionados foram publicados entre 2014 e 2021. Seleção de estudos: A pesquisa levou à análise de 102 artigos, que passaram por critérios de relevância, analisando o título, resumo e, posteriormente, o artigo completo, resultando na seleção de 5 estudos, incluindo estudos transversais, descritivos, coorte, coorte retrospectivo e um estudo bibliográfico analítico descritivo. Analisaram-se artigos originais relevantes para o objetivo desta revisão sistemática, sem restrições de idioma. Além disso, consideraram-se estudos previamente selecionados por revisões sistemáticas com ou sem metanálise publicadas anteriormente. Coleta de dados: A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores: assistência pré-natal, diabetes gestacional, gravidez, importância do pré-natal e diabetes induzida pela gravidez. Resultados: A partir da análise dos estudos selecionados, foi possível constatar que a assistência pré-natal desempenha um papel essencial no diagnóstico precoce de DMG. Dos cinco artigos selecionados, dois destacam a origem multifatorial de DMG, enfatizando a relevância do pré-natal para a detecção de alterações metabólicas maternas e a prevenção de complicações. Outros dois estudos enfatizam a importância da transmissão de informações às gestantes durante o atendimento pré-natal, como forma de promover mudanças comportamentais e reduzir os fatores de risco associados à doença. Todos os cinco estudos concordam que o número ideal de consultas pré-natais é de seis ou mais, sendo essencial para o monitoramento adequado da gestante e a prevenção de complicações. Conclusão: Em resumo, os dados desta revisão destacam a necessidade de um acompanhamento adequado durante a gravidez para a prevenção de complicações associadas a DMG. A falta de um pré-natal adequado expõe tanto a mãe quanto o recém-nascido a riscos graves. Os resultados enfatizam a importância da implementação de políticas de saúde voltadas para a detecção precoce e o manejo adequado de DMG, tanto antes quanto após a gestação, o que pode ser alcançado por meio da realização de um pré-natal de qualidade.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135599885","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1064
Caroline Rodrigues Cambeiro Gieler, Flavia Cunha dos Santos, Marcela Ignacchiti Lacerda Avila, Andréa Ribeiro Soares, Guilherme de Jesus, Nilson de Jesus
Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma doença hematológica que causa deformidade estrutural da hemoglobina. O curso da doença na gestação é imprevisível devido à alta variabilidade dos fenótipos clínicos da AF. Embora a maioria das gestações em mulheres com diagnóstico de anemia falciforme resulte em nascimentos de fetos saudáveis, essas gestações apresentam risco aumentado de complicações materno-fetais, além de maior chance de descompensação da doença subjacente. Objetivo: Avaliar os desfechos gestacionais em pacientes com doença falciforme (DF), analisando as potenciais variáveis associadas aos desfechos maternos, bem como aos desfechos fetais e neonatais. Métodos: Realizou-se análise transversal e retrospectiva de dados, por meio da revisão de prontuários físicos e eletrônicos. A população do estudo foi composta por pacientes com diagnóstico de DF acompanhadas no ambulatório de pré-natal de um hospital universitário no período de 1994 a 2020. Resultados: Analisaram-se 34 gestações em 29 pacientes portadoras de DF. A idade das pacientes no momento do parto variou de 17 a 32 anos, e cerca de metade das gestantes possuía o diagnóstico da doença há menos de 5 anos. O número de consultas pré-natal variou de 1 a 15. O diagnóstico da doença foi confirmado em 86% (25/29) das pacientes por meio de eletroforese de hemoglobina, sendo que a hemoglobinopatia do subtipo SS foi a mais comum, ocorrendo em 56% (14/25) dos casos. Das 34 gestações analisadas, 4 terminaram em aborto espontâneo e 2 gestantes faleceram. Cerca de um terço das gestantes (36,7%) apresentou crise falcêmica durante a gestação, e 46,7% tiveram a última crise há, pelo menos, um ano antes da gestação em estudo. Nove em trinta gestações (30%) desenvolveram pré-eclâmpsia (PE), sendo que uma delas evoluiu para eclâmpsia. Vinte por cento dos recém-nascidos nasceram pequenos para a idade gestacional, e 36,7% foram prematuros. Quase metade das pacientes foi internada devido a complicações da DF, e 40% necessitaram de hemotransfusões. Conclusão: As pacientes portadoras de DF apresentam altas taxas de complicações obstétricas e intercorrências clínicas durante a gestação, o que pode resultar em maiores índices de morbidade e mortalidade. O acompanhamento pré-natal em unidade especializada por uma equipe multidisciplinar, incluindo obstetrícia em conjunto com o Serviço de Hematologia, pode melhorar esses resultados.
{"title":"Desfechos obstétricos e intercorrências clínicas em gestantes com anemia falciforme acompanhadas no pré-natal de um hospital universitário","authors":"Caroline Rodrigues Cambeiro Gieler, Flavia Cunha dos Santos, Marcela Ignacchiti Lacerda Avila, Andréa Ribeiro Soares, Guilherme de Jesus, Nilson de Jesus","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1064","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1064","url":null,"abstract":"Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma doença hematológica que causa deformidade estrutural da hemoglobina. O curso da doença na gestação é imprevisível devido à alta variabilidade dos fenótipos clínicos da AF. Embora a maioria das gestações em mulheres com diagnóstico de anemia falciforme resulte em nascimentos de fetos saudáveis, essas gestações apresentam risco aumentado de complicações materno-fetais, além de maior chance de descompensação da doença subjacente. Objetivo: Avaliar os desfechos gestacionais em pacientes com doença falciforme (DF), analisando as potenciais variáveis associadas aos desfechos maternos, bem como aos desfechos fetais e neonatais. Métodos: Realizou-se análise transversal e retrospectiva de dados, por meio da revisão de prontuários físicos e eletrônicos. A população do estudo foi composta por pacientes com diagnóstico de DF acompanhadas no ambulatório de pré-natal de um hospital universitário no período de 1994 a 2020. Resultados: Analisaram-se 34 gestações em 29 pacientes portadoras de DF. A idade das pacientes no momento do parto variou de 17 a 32 anos, e cerca de metade das gestantes possuía o diagnóstico da doença há menos de 5 anos. O número de consultas pré-natal variou de 1 a 15. O diagnóstico da doença foi confirmado em 86% (25/29) das pacientes por meio de eletroforese de hemoglobina, sendo que a hemoglobinopatia do subtipo SS foi a mais comum, ocorrendo em 56% (14/25) dos casos. Das 34 gestações analisadas, 4 terminaram em aborto espontâneo e 2 gestantes faleceram. Cerca de um terço das gestantes (36,7%) apresentou crise falcêmica durante a gestação, e 46,7% tiveram a última crise há, pelo menos, um ano antes da gestação em estudo. Nove em trinta gestações (30%) desenvolveram pré-eclâmpsia (PE), sendo que uma delas evoluiu para eclâmpsia. Vinte por cento dos recém-nascidos nasceram pequenos para a idade gestacional, e 36,7% foram prematuros. Quase metade das pacientes foi internada devido a complicações da DF, e 40% necessitaram de hemotransfusões. Conclusão: As pacientes portadoras de DF apresentam altas taxas de complicações obstétricas e intercorrências clínicas durante a gestação, o que pode resultar em maiores índices de morbidade e mortalidade. O acompanhamento pré-natal em unidade especializada por uma equipe multidisciplinar, incluindo obstetrícia em conjunto com o Serviço de Hematologia, pode melhorar esses resultados.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135600503","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1078
Liege Vidal Araujo, Nilson Gomes
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Chlamydia trachomatis infecta mais de 90% da população e devido a isso, infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como ruptura prematura de membranas ovulares, considerada uma das três maiores causas de morbidade e mortalidade perinatal associada à prematuridade. As infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como endometrite puerperal e a síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. A pesquisa científica tem como objetivo identificar a associação da ruptura prematura de membranas ovulares com a C. trachomatis por meio de teste rápido, utilizando-se como caminho metodológico a pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e laboratorial. A C. trachomatis é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. E por ser, na maioria das vezes, assintomática, o não uso de preservativos facilita a sua propagação, implicando maior incidência de complicações materno-fetais. Os resultados da pesquisa concluem que C. trachomatis tem grande incidência entre gestantes com ruptura prematura de membranas ovulares, representando 60% do total de gestantes atendidas, ou seja, 12 pacientes, das 20 testadas. A porcentagem pode ser explicada pela ausência de exames específicos para diagnóstico de C. trachomatis nas Unidades Básicas do Município, visto que nenhuma das pacientes havia sido rastreada anteriormente, nunca haviam sido tratadas para esta infecção sexualmente transmissível (IST), contribuindo para a disseminação da doença e as complicações materno-fetais. Há necessidade de incorporação no município de um programa de rastreamento de clamídia para as populações-alvo. Correlacionou-se também que as altas taxas de infecção por C. trachomatis podem estar associadas à falta de conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis e suas formas de prevenção. Durante as consultas de pré-natal, os profissionais de saúde devem passar informações sobre medidas preventivas de infecções sexualmente transmissíveis e incentivar o uso de preservativo na gestação, porém de forma didática, certificando-se de que elas compreenderam. A fim de erradicar a C. trachomatis, deve-se realizar o diagnóstico e o tratamento corretos, divulgar medidas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, além de atualizar os profissionais de saúde do município visando à melhoria na qualidade de pré-natal, com abordagem em prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Com profissionais preparados nos postos de saúde pública, é possível melhorar a qualidade de vida das mulheres.
{"title":"Incidência de Chlamydia trachomatis em gestantes diagnosticadas com ruptura prematura de membranas ovulares na Maternidade Mariana Bulhões","authors":"Liege Vidal Araujo, Nilson Gomes","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1078","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1078","url":null,"abstract":"De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Chlamydia trachomatis infecta mais de 90% da população e devido a isso, infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como ruptura prematura de membranas ovulares, considerada uma das três maiores causas de morbidade e mortalidade perinatal associada à prematuridade. As infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como endometrite puerperal e a síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. A pesquisa científica tem como objetivo identificar a associação da ruptura prematura de membranas ovulares com a C. trachomatis por meio de teste rápido, utilizando-se como caminho metodológico a pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e laboratorial. A C. trachomatis é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. E por ser, na maioria das vezes, assintomática, o não uso de preservativos facilita a sua propagação, implicando maior incidência de complicações materno-fetais. Os resultados da pesquisa concluem que C. trachomatis tem grande incidência entre gestantes com ruptura prematura de membranas ovulares, representando 60% do total de gestantes atendidas, ou seja, 12 pacientes, das 20 testadas. A porcentagem pode ser explicada pela ausência de exames específicos para diagnóstico de C. trachomatis nas Unidades Básicas do Município, visto que nenhuma das pacientes havia sido rastreada anteriormente, nunca haviam sido tratadas para esta infecção sexualmente transmissível (IST), contribuindo para a disseminação da doença e as complicações materno-fetais. Há necessidade de incorporação no município de um programa de rastreamento de clamídia para as populações-alvo. Correlacionou-se também que as altas taxas de infecção por C. trachomatis podem estar associadas à falta de conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis e suas formas de prevenção. Durante as consultas de pré-natal, os profissionais de saúde devem passar informações sobre medidas preventivas de infecções sexualmente transmissíveis e incentivar o uso de preservativo na gestação, porém de forma didática, certificando-se de que elas compreenderam. A fim de erradicar a C. trachomatis, deve-se realizar o diagnóstico e o tratamento corretos, divulgar medidas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, além de atualizar os profissionais de saúde do município visando à melhoria na qualidade de pré-natal, com abordagem em prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Com profissionais preparados nos postos de saúde pública, é possível melhorar a qualidade de vida das mulheres.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650354","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1071
Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Fernando Maia Peixoto Filho, Maria Eduarda Furtado Fernandes Terra
Introdução: A doença hemolítica perinatal (DHPN) foi possivelmente descrita pela primeira vez em 1609, quando uma parteira relatou um caso de parto gemelar em que um dos bebês nasceu hidrópico e morreu logo após o nascimento, enquanto o outro nasceu vivo, mas desenvolveu icterícia intensa e faleceu alguns dias depois. Essa associação é extremamente rara, com uma probabilidade estimada de ocorrência de 1 em 16.000 para esses dois eventos independentes ocorrerem juntos. Os avanços subsequentes na área se concentraram em gestações únicas complicadas pela DHPN, e há uma escassez de literatura sobre essa condição em gestações múltiplas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi registrar e analisar casos de gestações gemelares complicadas pela DHPN acompanhadas em um ambulatório especializado do 1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Além disso, realizou-se um levantamento de artigos publicados sobre a evolução de gestações gemelares complicadas pela DHPN e elaboradas hipóteses sobre o impacto da sobreposição dessas condições nos desfechos perinatais e na acurácia dos testes pré-natais realizados em fetos expostos à DHPN na mesma gestação. Material e métodos: Selecionaram-se 4 casos de DHPN em recém-nascidos de gestação gemelar dicoriônica diamniótica acompanhados no 1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira entre 2006 e 2021. Os dados sobre a história materna, pré-natal, parto e recém-nascido foram coletados nos prontuários e avaliados para analisar os resultados perinatais desses bebês. Resultados: Observou-se discrepância na gravidade da anemia fetal entre os gêmeos nos casos descritos. Os mecanismos possivelmente envolvidos nesse processo são diversos e incluem a influência da incompatibilidade ABO entre a mãe e o feto na resposta imunológica materna aos antígenos eritrocitários fetais, diferenças nos haplótipos do sistema Rh e, consequentemente, na expressão do antígeno D nas hemácias fetais, diferenças na permeabilidade placentária e na capacidade de cada feto de responder à injúria causada pelos anticorpos maternos. Pesquisas em andamento estão investigando o papel de outras vias na atividade hemolítica dos anticorpos maternos contra o antígeno Rh(D), o que pode contribuir para um melhor entendimento dos diferentes graus de gravidade da doença em cada feto. Conclusão: Gestações gemelares apresentam um risco aumentado de prematuridade, restrição de crescimento intrauterino e anomalias genéticas, o que resulta em um impacto significativo na morbimortalidade neonatal. A aloimunização Rh(D) associada aumenta ainda mais os riscos perinatais. A avaliação do risco de anemia fetal moderada a grave por meio de métodos não invasivos e o tratamento correspondente são desafiadores, mas mostram-se promissores. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar se a acurácia dos testes Doppler de velocidade de pico sistólico na artéria cerebral média (PSV-ACM) é seme
{"title":"Gestação múltipla complicada por aloimunização Rh(D): uma série de casos","authors":"Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Fernando Maia Peixoto Filho, Maria Eduarda Furtado Fernandes Terra","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1071","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1071","url":null,"abstract":"Introdução: A doença hemolítica perinatal (DHPN) foi possivelmente descrita pela primeira vez em 1609, quando uma parteira relatou um caso de parto gemelar em que um dos bebês nasceu hidrópico e morreu logo após o nascimento, enquanto o outro nasceu vivo, mas desenvolveu icterícia intensa e faleceu alguns dias depois. Essa associação é extremamente rara, com uma probabilidade estimada de ocorrência de 1 em 16.000 para esses dois eventos independentes ocorrerem juntos. Os avanços subsequentes na área se concentraram em gestações únicas complicadas pela DHPN, e há uma escassez de literatura sobre essa condição em gestações múltiplas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi registrar e analisar casos de gestações gemelares complicadas pela DHPN acompanhadas em um ambulatório especializado do 1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Além disso, realizou-se um levantamento de artigos publicados sobre a evolução de gestações gemelares complicadas pela DHPN e elaboradas hipóteses sobre o impacto da sobreposição dessas condições nos desfechos perinatais e na acurácia dos testes pré-natais realizados em fetos expostos à DHPN na mesma gestação. Material e métodos: Selecionaram-se 4 casos de DHPN em recém-nascidos de gestação gemelar dicoriônica diamniótica acompanhados no 1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira entre 2006 e 2021. Os dados sobre a história materna, pré-natal, parto e recém-nascido foram coletados nos prontuários e avaliados para analisar os resultados perinatais desses bebês. Resultados: Observou-se discrepância na gravidade da anemia fetal entre os gêmeos nos casos descritos. Os mecanismos possivelmente envolvidos nesse processo são diversos e incluem a influência da incompatibilidade ABO entre a mãe e o feto na resposta imunológica materna aos antígenos eritrocitários fetais, diferenças nos haplótipos do sistema Rh e, consequentemente, na expressão do antígeno D nas hemácias fetais, diferenças na permeabilidade placentária e na capacidade de cada feto de responder à injúria causada pelos anticorpos maternos. Pesquisas em andamento estão investigando o papel de outras vias na atividade hemolítica dos anticorpos maternos contra o antígeno Rh(D), o que pode contribuir para um melhor entendimento dos diferentes graus de gravidade da doença em cada feto. Conclusão: Gestações gemelares apresentam um risco aumentado de prematuridade, restrição de crescimento intrauterino e anomalias genéticas, o que resulta em um impacto significativo na morbimortalidade neonatal. A aloimunização Rh(D) associada aumenta ainda mais os riscos perinatais. A avaliação do risco de anemia fetal moderada a grave por meio de métodos não invasivos e o tratamento correspondente são desafiadores, mas mostram-se promissores. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar se a acurácia dos testes Doppler de velocidade de pico sistólico na artéria cerebral média (PSV-ACM) é seme","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650444","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1118
Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Larissa Veras Menezes, Fernanda Rossi Bazzanella, Victor Faria de Oliveira, Yanka Costa Farias
Objetivo: O objetivo do presente documento consiste em realizar críticas científicas acerca da presença de potenciais alérgenos nos produtos de higiene feminina mais utilizados e se a utilização e composição desses itens agregam e otimizam a saúde do trato genital feminino. Fonte de dados: Os dados foram coletados das plataformas Google Acadêmico e National Library of Medicine (PubMed), utilizando os indexadores "higiene vulvar e sabonetes íntimos" e "vulvar hygiene". Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. Seleção de estudos: Foram avaliados 20 estudos prévios sobre o tema, realizando, por fim, a seleção de 5 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais e a metodologia empregada. Coleta de dados: Os artigos avaliados utilizaram métodos de pesquisa baseados na submissão de mulheres em idade reprodutiva a exames ginecológicos, laboratoriais e preenchimento de um questionário sobre higiene íntima. Além disso, realizaram análise das marcas mais vendidas de lenços umedecidos para a higiene íntima, bem como avaliaram mulheres saudáveis por 30 dias em uso diário de sabonetes íntimos na pele vulvar, comparando dois produtos específicos para a higiene íntima. Resultados: Os estudos analisados demonstram que o potencial de hidrogênio (pH) tem grande impacto na microbiota vulvovaginal e que a interação química desses produtos com a barreira cutânea não queratinizada da região genital feminina está fortemente associada ao desenvolvimento de dermatite de contato, haja vista a demonstração de estudos com lenços umedecidos rotulados como "natural", "fragrance-free", "soothing" e "organic" causando hipersensibilidade tipo IV, assim como todos os outros produtos testados. Foram apontados como os principais componentes sensibilizantes as fragrâncias e o tocoferol. Além disso, cerca de 70% das mulheres avaliadas utilizam produtos adstringentes para a rotina de higiene vulvar, coincidindo com o mesmo percentual de mulheres que já apresentaram queixas ginecológicas como infecção e dermatite. Conclusão: Entende-se, finalmente, que o impacto na microbiota e no pH vulvovaginal são norteadores na escolha da mercadoria de higiene ideal. É importante ressaltar que os produtos de higiene íntima usados por mulheres em idade reprodutiva, apresentados nos trabalhos aferidos, em sua maioria, apresentaram complicações como dermatite de contato e infecções, confirmando, assim, a complexidade na definição de itens da higiene feminina seguros a serem recomendados visando benefícios à saúde vulvovaginal.
{"title":"O impacto dos produtos de higiene íntima sobre a saúde vulvovaginal","authors":"Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Larissa Veras Menezes, Fernanda Rossi Bazzanella, Victor Faria de Oliveira, Yanka Costa Farias","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1118","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1118","url":null,"abstract":"Objetivo: O objetivo do presente documento consiste em realizar críticas científicas acerca da presença de potenciais alérgenos nos produtos de higiene feminina mais utilizados e se a utilização e composição desses itens agregam e otimizam a saúde do trato genital feminino. Fonte de dados: Os dados foram coletados das plataformas Google Acadêmico e National Library of Medicine (PubMed), utilizando os indexadores \"higiene vulvar e sabonetes íntimos\" e \"vulvar hygiene\". Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. Seleção de estudos: Foram avaliados 20 estudos prévios sobre o tema, realizando, por fim, a seleção de 5 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais e a metodologia empregada. Coleta de dados: Os artigos avaliados utilizaram métodos de pesquisa baseados na submissão de mulheres em idade reprodutiva a exames ginecológicos, laboratoriais e preenchimento de um questionário sobre higiene íntima. Além disso, realizaram análise das marcas mais vendidas de lenços umedecidos para a higiene íntima, bem como avaliaram mulheres saudáveis por 30 dias em uso diário de sabonetes íntimos na pele vulvar, comparando dois produtos específicos para a higiene íntima. Resultados: Os estudos analisados demonstram que o potencial de hidrogênio (pH) tem grande impacto na microbiota vulvovaginal e que a interação química desses produtos com a barreira cutânea não queratinizada da região genital feminina está fortemente associada ao desenvolvimento de dermatite de contato, haja vista a demonstração de estudos com lenços umedecidos rotulados como \"natural\", \"fragrance-free\", \"soothing\" e \"organic\" causando hipersensibilidade tipo IV, assim como todos os outros produtos testados. Foram apontados como os principais componentes sensibilizantes as fragrâncias e o tocoferol. Além disso, cerca de 70% das mulheres avaliadas utilizam produtos adstringentes para a rotina de higiene vulvar, coincidindo com o mesmo percentual de mulheres que já apresentaram queixas ginecológicas como infecção e dermatite. Conclusão: Entende-se, finalmente, que o impacto na microbiota e no pH vulvovaginal são norteadores na escolha da mercadoria de higiene ideal. É importante ressaltar que os produtos de higiene íntima usados por mulheres em idade reprodutiva, apresentados nos trabalhos aferidos, em sua maioria, apresentaram complicações como dermatite de contato e infecções, confirmando, assim, a complexidade na definição de itens da higiene feminina seguros a serem recomendados visando benefícios à saúde vulvovaginal.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650700","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1090
Pedro Carreiro da Silva Braga, Giulia Dállia Figueira do Nascimento, Ana Paula Esteves
Objetivo: Esta revisão busca entender a importância das síndromes hipertensivas durante a gestação, tendo em vista que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são a principal causa de morte materna no Brasil. Fonte de dados: Bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scopus, englobando artigos publicados entre 2003 e 2022. Além dos artigos utilizados, foram empregados livros e capítulos de livro de conhecimento prévio dos autores, bem como manuais, resoluções e normas técnicas. Seleção de estudos: Ao todo, identificaram-se 339 artigos na pesquisa inicial, dos quais foram selecionados 34 para leitura e revisão. A partir da leitura e revisão, excluíram-se os artigos cujos objetivos não convergiam com o tema da revisão ou traziam informações regionalizadas. Por fim, utilizaram-se 27 artigos para a construção da presente revisão. Coleta de dados: As palavras-chave da pesquisa foram "hipertensão", "gravidez", "eclâmpsia", "pré-eclâmpsia" e "mortalidade materna". Como critério para a pré-seleção dos artigos, utilizaram-se os seguintes filtros: (i) tipo de estudo realizado (revisões sistematizadas, estudos multicêntricos, estudo randomizado controlado e texto original) e (ii) idiomas (português e inglês). Foram excluídos os artigos que não estavam disponíveis para leitura gratuita, bem como as duplicidades e aqueles que não atendiam aos critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram pré-analisados por meio da leitura do resumo, e os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra. Resultados: Dos 27 artigos selecionados para revisão, a média de casos de pré-eclâmpsia (PE) no Brasil variou de 2,8 a 19,4%, dependendo da região e do grupo estudado. Os principais fatores de risco observados para PE e eclâmpsia incluem idade materna avançada, baixo nível socioeconômico (que se associa à baixa adesão ao pré-natal), diabetes gestacional, obesidade e hipertensão arterial prévia. A PE é uma associação entre hipertensão e proteinúria. Como desdobramento, a PE pode evoluir para um quadro de eclâmpsia (episódios de convulsão associados). A maioria das mulheres com PE foi submetida a cesariana, e os níveis de internação em unidade de tratamento intensivo alcançaram 11,8%. A PE também é fator de risco elevado para a mortalidade materna e fetal, com prevalências de 16,18 e 18,9%, respectivamente. O diagnóstico de PE das pacientes dos estudos foi baseado nas medidas de pressão arterial e proteinúria (93,1%). Conclusão: As síndromes hipertensivas são importantes complicações obstétricas em todo o mundo, principalmente no Brasil, onde exercem uma grande influência nas estatísticas, sendo a principal causa de morbimortalidade materna no país. Dessa forma, a implementação de protocolos padronizados para rastreamento e diagnóstico é fundamental para o controle dessa patologia. Com diagnóstico precoce e tratamento eficiente, a mortalidade materna poderá sofrer grande redução no país.
{"title":"Mortalidade materna por síndromes hipertensivas durante a gestação no Brasil","authors":"Pedro Carreiro da Silva Braga, Giulia Dállia Figueira do Nascimento, Ana Paula Esteves","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1090","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1090","url":null,"abstract":"Objetivo: Esta revisão busca entender a importância das síndromes hipertensivas durante a gestação, tendo em vista que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são a principal causa de morte materna no Brasil. Fonte de dados: Bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scopus, englobando artigos publicados entre 2003 e 2022. Além dos artigos utilizados, foram empregados livros e capítulos de livro de conhecimento prévio dos autores, bem como manuais, resoluções e normas técnicas. Seleção de estudos: Ao todo, identificaram-se 339 artigos na pesquisa inicial, dos quais foram selecionados 34 para leitura e revisão. A partir da leitura e revisão, excluíram-se os artigos cujos objetivos não convergiam com o tema da revisão ou traziam informações regionalizadas. Por fim, utilizaram-se 27 artigos para a construção da presente revisão. Coleta de dados: As palavras-chave da pesquisa foram \"hipertensão\", \"gravidez\", \"eclâmpsia\", \"pré-eclâmpsia\" e \"mortalidade materna\". Como critério para a pré-seleção dos artigos, utilizaram-se os seguintes filtros: (i) tipo de estudo realizado (revisões sistematizadas, estudos multicêntricos, estudo randomizado controlado e texto original) e (ii) idiomas (português e inglês). Foram excluídos os artigos que não estavam disponíveis para leitura gratuita, bem como as duplicidades e aqueles que não atendiam aos critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram pré-analisados por meio da leitura do resumo, e os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra. Resultados: Dos 27 artigos selecionados para revisão, a média de casos de pré-eclâmpsia (PE) no Brasil variou de 2,8 a 19,4%, dependendo da região e do grupo estudado. Os principais fatores de risco observados para PE e eclâmpsia incluem idade materna avançada, baixo nível socioeconômico (que se associa à baixa adesão ao pré-natal), diabetes gestacional, obesidade e hipertensão arterial prévia. A PE é uma associação entre hipertensão e proteinúria. Como desdobramento, a PE pode evoluir para um quadro de eclâmpsia (episódios de convulsão associados). A maioria das mulheres com PE foi submetida a cesariana, e os níveis de internação em unidade de tratamento intensivo alcançaram 11,8%. A PE também é fator de risco elevado para a mortalidade materna e fetal, com prevalências de 16,18 e 18,9%, respectivamente. O diagnóstico de PE das pacientes dos estudos foi baseado nas medidas de pressão arterial e proteinúria (93,1%). Conclusão: As síndromes hipertensivas são importantes complicações obstétricas em todo o mundo, principalmente no Brasil, onde exercem uma grande influência nas estatísticas, sendo a principal causa de morbimortalidade materna no país. Dessa forma, a implementação de protocolos padronizados para rastreamento e diagnóstico é fundamental para o controle dessa patologia. Com diagnóstico precoce e tratamento eficiente, a mortalidade materna poderá sofrer grande redução no país.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"91 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650759","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1088
José Ronyeryson dos Santos Evangelista, Juliana Umbelino da Silva Paixão, Wanderlon Valério Lopes, Pedro Filhagosa Diverio, Paula Cristina da Silva Jordão Moreira, Paula Vieira Villar, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Katia Gleicielly Frigotto
Objetivo: Realizar uma revisão sistemática dos anos de 2012–2022 sobre meningiomas na gravidez, buscando informações sobre prevalência, idade, idade gestacional (IG), sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento. Fonte de dados: Realizou-se pesquisa bibliográfica nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os descritores utilizados foram "meningioma AND (pregnant OR pregnancy)". Os critérios de inclusão foram artigos com texto completo disponível, publicados entre 2012 e 2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Artigos de revisão de literatura foram excluídos. Coleta de dados: Encontraram-se 130 artigos, dos quais 72 foram excluídos com base nos títulos, 20 foram excluídos com base nos resumos por não corresponderem ao tema, 15 eram repetidos e 2 foram excluídos por não estarem nos idiomas selecionados. Restaram 21 artigos para leitura na íntegra. Uma limitação deste estudo é que apenas um artigo se refere a casos de gestantes brasileiras. Resultados: A prevalência de meningioma em gestantes é de aproximadamente 5,6 casos por 100.000 grávidas, semelhante à prevalência em mulheres não grávidas. A progressão do meningioma durante a gravidez é geralmente lenta, mas as alterações hormonais podem estar relacionadas ao seu crescimento, principalmente devido aos receptores de progesterona. Outra hipótese é que as alterações hemodinâmicas da gravidez possam levar ao surgimento de sintomas em um meningioma já existente. No entanto, os únicos fatores de risco estabelecidos são o aumento da idade, exposição à radiação ionizante e algumas síndromes genéticas. A idade das gestantes com meningioma varia de 21 a 41 anos, com idade gestacional variando de 5 a 39 semanas (mediana de 32 semanas). Os sintomas mais comuns são cefaleia, hipoestesia, alterações visuais ou auditivas, náuseas, vômitos, letargia, convulsões e, nos casos de meningiomas espinhais, incontinência urinária e/ou fecal, e paresia dos membros. Geralmente, os sintomas surgem nos últimos trimestres da gestação, com redução pós-parto, mas podem recorrer em gestações subsequentes. O diagnóstico de meningioma durante a gravidez é feito preferencialmente por meio de ressonância magnética craniana (RMC), de preferência sem uso de contraste com gadolínio. O tratamento depende da avaliação individualizada de cada caso, sendo a observação até o pós-parto a abordagem preferencial quando possível, seguida da remoção do tumor. Se houver sinais ou sintomas neurológicos, podem ser utilizados corticosteroides, monoterapia em caso de convulsões e manitol em situações de urgência. A cesariana é a opção recomendada como primeira abordagem cirúrgica, seguida pela ressecção do tumor. No entanto, em casos de déficits neurológicos progressivos, a ressecção pode ser realizada antes do parto. Conclusão: Os casos de meningioma em gestantes são semelhantes aos casos em mulheres
{"title":"Meningiomas nas gestantes nos últimos 10 anos —revisão sistemática","authors":"José Ronyeryson dos Santos Evangelista, Juliana Umbelino da Silva Paixão, Wanderlon Valério Lopes, Pedro Filhagosa Diverio, Paula Cristina da Silva Jordão Moreira, Paula Vieira Villar, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Katia Gleicielly Frigotto","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1088","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1088","url":null,"abstract":"Objetivo: Realizar uma revisão sistemática dos anos de 2012–2022 sobre meningiomas na gravidez, buscando informações sobre prevalência, idade, idade gestacional (IG), sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento. Fonte de dados: Realizou-se pesquisa bibliográfica nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os descritores utilizados foram \"meningioma AND (pregnant OR pregnancy)\". Os critérios de inclusão foram artigos com texto completo disponível, publicados entre 2012 e 2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Artigos de revisão de literatura foram excluídos. Coleta de dados: Encontraram-se 130 artigos, dos quais 72 foram excluídos com base nos títulos, 20 foram excluídos com base nos resumos por não corresponderem ao tema, 15 eram repetidos e 2 foram excluídos por não estarem nos idiomas selecionados. Restaram 21 artigos para leitura na íntegra. Uma limitação deste estudo é que apenas um artigo se refere a casos de gestantes brasileiras. Resultados: A prevalência de meningioma em gestantes é de aproximadamente 5,6 casos por 100.000 grávidas, semelhante à prevalência em mulheres não grávidas. A progressão do meningioma durante a gravidez é geralmente lenta, mas as alterações hormonais podem estar relacionadas ao seu crescimento, principalmente devido aos receptores de progesterona. Outra hipótese é que as alterações hemodinâmicas da gravidez possam levar ao surgimento de sintomas em um meningioma já existente. No entanto, os únicos fatores de risco estabelecidos são o aumento da idade, exposição à radiação ionizante e algumas síndromes genéticas. A idade das gestantes com meningioma varia de 21 a 41 anos, com idade gestacional variando de 5 a 39 semanas (mediana de 32 semanas). Os sintomas mais comuns são cefaleia, hipoestesia, alterações visuais ou auditivas, náuseas, vômitos, letargia, convulsões e, nos casos de meningiomas espinhais, incontinência urinária e/ou fecal, e paresia dos membros. Geralmente, os sintomas surgem nos últimos trimestres da gestação, com redução pós-parto, mas podem recorrer em gestações subsequentes. O diagnóstico de meningioma durante a gravidez é feito preferencialmente por meio de ressonância magnética craniana (RMC), de preferência sem uso de contraste com gadolínio. O tratamento depende da avaliação individualizada de cada caso, sendo a observação até o pós-parto a abordagem preferencial quando possível, seguida da remoção do tumor. Se houver sinais ou sintomas neurológicos, podem ser utilizados corticosteroides, monoterapia em caso de convulsões e manitol em situações de urgência. A cesariana é a opção recomendada como primeira abordagem cirúrgica, seguida pela ressecção do tumor. No entanto, em casos de déficits neurológicos progressivos, a ressecção pode ser realizada antes do parto. Conclusão: Os casos de meningioma em gestantes são semelhantes aos casos em mulheres ","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"132 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650761","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: Há pouco mais de três anos, a população mundial passou a conviver com o SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, uma síndrome gripal com diferentes graus de gravidade e amplas repercussões clínicas. Estudos têm descrito que a infecção por SARS-CoV-2 durante a gestação pode causar manifestações clínicas que se assemelham à pré-eclâmpsia (PE), sendo denominada síndrome de pré-eclâmpsia-like (PE-like). Essa síndrome é caracterizada por alterações que incluem suprimento sanguíneo inadequado ao útero, estresse oxidativo do tecido placentário, intensa resposta inflamatória, lesão endotelial, agregação plaquetária, ativação do sistema de coagulação com eventos tromboembólicos e aumento da resistência vascular generalizada, resultando em importantes repercussões hemodinâmicas. Relato de caso: A.F.L., 26 anos, com duas gestações prévias e um aborto, encontrava-se na idade gestacional de 40 semanas e 4 dias quando foi encaminhada pela Clínica da Família à maternidade devido à perda de líquido há 2 dias e pico hipertensivo (170 × 110 mmHg). A paciente não apresentava comorbidades prévias e manteve pressão arterial adequada, conforme verificado em todas as consultas de pré-natal. Na admissão hospitalar, a paciente apresentava sintomas compatíveis com síndrome gripal, iniciados há 2 dias (coriza, cefaleia e mialgia). O teste rápido (antígeno) para COVID-19 realizado na paciente foi positivo. Foi observada proteinúria em traços. A paciente foi tratada com hidralazina, sulfato de magnésio e ampicilina, e foi decidida a interrupção da gestação por via alta devido à rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) prolongada. O recém-nascido apresentou Apgar de 8/9 e não teve intercorrências. Durante o pós-operatório, foi observada vasculite, e a paciente recebeu profilaxia de trombose venosa profunda com enoxaparina de baixo peso molecular. Comentários: Na pesquisa clínica, existem métodos para o diagnóstico diferencial entre síndrome de PE-like e PE, como fatores angiogênicos altamente específicos para insuficiência placentária, como o fator de crescimento placentário (PLGF) e o fator semelhante à tirosina quinase 1 (sFlt-1). Esses métodos podem ser úteis para apoiar a decisão médica em relação à interrupção da gestação. Embora seja difícil distinguir entre as duas síndromes devido às suas características semelhantes de grave disfunção endotelial, a síndrome PE-like isolada não indica necessariamente a interrupção da gestação (em gestações com menos de 37 semanas de idade gestacional), pois não é uma complicação de desordem placentária, mas sim uma manifestação clínica da infecção pelo SARS-CoV-2, que pode se resolver espontaneamente após a remissão da doença. No entanto, no contexto do mundo real, como no caso apresentado, tais recursos de apoio diagnóstico podem não estar disponíveis, e cabe ao médico obstetra estar atento a mais esse gatilho para a descompensação da pressão arterial durante o período gestacional, especialmente em um cenário de eme
{"title":"Síndrome de pré-eclâmpsia-like desencadeada por COVID-19 — relato de caso","authors":"Simone Raimondi de Souza, Rafaela Carvalho Rodrigues, Lilian Cristina Caldeira Thomé","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1103","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1103","url":null,"abstract":"Introdução: Há pouco mais de três anos, a população mundial passou a conviver com o SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, uma síndrome gripal com diferentes graus de gravidade e amplas repercussões clínicas. Estudos têm descrito que a infecção por SARS-CoV-2 durante a gestação pode causar manifestações clínicas que se assemelham à pré-eclâmpsia (PE), sendo denominada síndrome de pré-eclâmpsia-like (PE-like). Essa síndrome é caracterizada por alterações que incluem suprimento sanguíneo inadequado ao útero, estresse oxidativo do tecido placentário, intensa resposta inflamatória, lesão endotelial, agregação plaquetária, ativação do sistema de coagulação com eventos tromboembólicos e aumento da resistência vascular generalizada, resultando em importantes repercussões hemodinâmicas. Relato de caso: A.F.L., 26 anos, com duas gestações prévias e um aborto, encontrava-se na idade gestacional de 40 semanas e 4 dias quando foi encaminhada pela Clínica da Família à maternidade devido à perda de líquido há 2 dias e pico hipertensivo (170 × 110 mmHg). A paciente não apresentava comorbidades prévias e manteve pressão arterial adequada, conforme verificado em todas as consultas de pré-natal. Na admissão hospitalar, a paciente apresentava sintomas compatíveis com síndrome gripal, iniciados há 2 dias (coriza, cefaleia e mialgia). O teste rápido (antígeno) para COVID-19 realizado na paciente foi positivo. Foi observada proteinúria em traços. A paciente foi tratada com hidralazina, sulfato de magnésio e ampicilina, e foi decidida a interrupção da gestação por via alta devido à rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) prolongada. O recém-nascido apresentou Apgar de 8/9 e não teve intercorrências. Durante o pós-operatório, foi observada vasculite, e a paciente recebeu profilaxia de trombose venosa profunda com enoxaparina de baixo peso molecular. Comentários: Na pesquisa clínica, existem métodos para o diagnóstico diferencial entre síndrome de PE-like e PE, como fatores angiogênicos altamente específicos para insuficiência placentária, como o fator de crescimento placentário (PLGF) e o fator semelhante à tirosina quinase 1 (sFlt-1). Esses métodos podem ser úteis para apoiar a decisão médica em relação à interrupção da gestação. Embora seja difícil distinguir entre as duas síndromes devido às suas características semelhantes de grave disfunção endotelial, a síndrome PE-like isolada não indica necessariamente a interrupção da gestação (em gestações com menos de 37 semanas de idade gestacional), pois não é uma complicação de desordem placentária, mas sim uma manifestação clínica da infecção pelo SARS-CoV-2, que pode se resolver espontaneamente após a remissão da doença. No entanto, no contexto do mundo real, como no caso apresentado, tais recursos de apoio diagnóstico podem não estar disponíveis, e cabe ao médico obstetra estar atento a mais esse gatilho para a descompensação da pressão arterial durante o período gestacional, especialmente em um cenário de eme","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135649405","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1121
Arleia Ribeiro da Silva, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Caroline Alves de Oliveira Martins, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Amanda Milanezi Ramon
Introdução: A detecção precoce do câncer de colo de útero por meio do rastreamento de alterações colpocitológicas é uma estratégia importante. A prevenção primária inclui a vacinação contra o Papilomavírus humano (HPV), que é necessário para o desenvolvimento do câncer cervical. Além da persistência da infecção pelo HPV, fatores de risco como imunossupressão, tabagismo, uso de contraceptivos hormonais, múltiplos parceiros sexuais, idade, início precoce da atividade sexual e multiparidade também estão associados ao desenvolvimento de lesões pré-malignas e malignas. Objetivos: O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de alterações colpocitológicas em mulheres atendidas em um ambulatório de um grande hospital militar e avaliar o perfil epidemiológico dessas mulheres. Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional e transversal, utilizando dados coletados de prontuários no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2019. A população do estudo incluiu mulheres atendidas no ambulatório de ginecologia e patologia cervical, incluindo militares e dependentes civis de militares de todas as regiões do país e do exterior. Resultados: Foram incluídas no estudo 10.970 mulheres. Foram identificadas 217 mulheres com alterações colpocitológicas, o que resultou em uma prevalência de 1,98%. A média de idade dessas mulheres foi de 40 anos, a média de número de filhos foi de 1,55 e a idade média de início da atividade sexual foi de 18 anos. Em relação às variáveis categóricas, foi observado que 21,20% das pacientes com alterações colpocitológicas utilizavam contraceptivos hormonais e 9,22% das pacientes relataram uso de preservativo masculino. A prevalência de mulheres com algum fator de imunossupressão foi de 5,61%. Além disso, 5,99% das pacientes com alterações colpocitológicas eram tabagistas e 17,05% tinham mais de 3 filhos. A maior prevalência de alteração colpocitológica foi de lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) com 33,64%, seguida de células atípicas de significado indeterminado (ASC-US) com 33,18%. A regressão logística múltipla mostrou uma associação estatisticamente significativa entre tabagismo e lesões NIC 2+ (neoplasia intraepitelial de grau 2, grau 3 ou carcinoma invasor) confirmadas por histopatologia (p<0,05). Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre outras variáveis de risco, nem entre as alterações colpocitológicas como ASC-US e LSIL com lesões NIC 2+. Conclusão: A prevalência de alterações colpocitológicas em mulheres atendidas nesse hospital foi semelhante aos dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) de 2016. As alterações encontradas foram predominantemente de baixo risco para lesões NIC 2+. Além disso, identificou-se forte associação entre tabagismo e a evolução do câncer de colo de útero e suas lesões precursoras.
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